Luís Marques Mendes afirmou ontem na SIC que o Executivo de Luís Montenegro "não mentiu", mas também não foi claro. Criou e alimentou a ambiguidade.
Tal como fez Luís Marques Mendes, a tentar dourar a pílula ("no primeiro casinho da era Montenegro, o Governo não esteve bem"), as esfarrapadas explicações para evitar o mais possível de danos ao Governo e a Montenegro, face à denúncias entretanto feitas, arrasam-se de uma forma muito simples.
Perguntando simplesmente isto: porque é que, em vez de andarem a falar de 1.500 milhões, não falaram antes e só de 200 milhões?
Como explica Filipe Tourais, «Pedro Nuno Santos apontou o embuste.
O “choque fiscal” em sede de IRS, aquela que foi apresentada por Luís Montenegro como a principal medida da sua governação e alegada sucedânea dos aumentos salariais que o PSD também põe à espera da chegada da fada da produtividade, afinal apenas acrescentará cerca de 200 milhões à redução de 1327 milhões já em vigor, inscrita em Orçamento pelo Governo anterior. A revelação do novo Ministro das Finanças em directo no telejornal da noite passada não deixa de ser uma originalidade. Montenegro andou a fazer campanha e a conquistar votos a vender medidas do principal adversário como sendo suas.
De facto, Montenegro coloca o país perante uma enorme impostura, de sua exclusiva responsabilidade e autoria. Mas também podemos olhar para a trapaça como elogio, porventura o maior que António Costa recebeu do sucessor até agora.
Sempre que a governação muda de cor e, apesar das animadas discussões para consumo mediático, o sucessor prolonga no tempo o essencial das medidas do antecessor, o elogio está lá, no meio do amontoado de coincidências plenas que as teatralizações de ambos transformem nas mais estridentes diferenças. Estas produções valem o que valem e não passam de espectáculo.
Infelizmente, os foguetórios não melhoram a vida a ninguém.»
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