quinta-feira, 26 de setembro de 2019

QUEM TEM EXPERIÊNCIA DE VIDA E CONHECE A REALIDADE CONCELHIA SABE DO QUE FALA...

E os presidentes de junta Senhor!!!

"No início da década de 80 do século passado, ainda os ideais democráticos andavam pela terra concelhia, havia presidentes de junta, que sendo parcos em recursos, materiais e académicos, eram abastados em dimensão humana, abnegação e ambição, pelas suas terras. A câmara só tinha um carro para deslocações do presidente e vereadores e reduzido equipamento para os trabalhos nas freguesias, mas eles juntavam-se periodicamente num fórum chamado inter-juntas, para ali esgrimirem argumentos com o presidente de câmara e decidirem o melhor que sabiam e podiam para suas freguesias. Conhecendo alguns como conheci, ai do presidente que se aventurasse a anunciar obras faraónicas sem atender a tanta dificuldade primária.

Depois, pouco a pouco, houve os que se deixaram cativar por empregos para os amigos e familiares, e até conseguiram manobrar os restantes, ao ponto de numa noite nevoeiro de 1989, em véspera da entrega das listas eleitorais no tribunal, alterar o nome proposto para candidato à câmara, chantageando o partido e pondo em causa o compromisso selado pelo secretário-geral, que cá se havia deslocado para resolver o imbróglio, uns dias antes. Nesta, como noutras situações, quem mandava, bem ou mal, eram os presidentes de junta. E não havia telemóveis nem redes sociais! Se houvesse…
Uns tempos depois do festeiro-mor aterrar na Figueira, também pensou que o concelho era só a cidade e mandou fazer o seu orçamento. Porém, não sabendo que ainda havia por aqui alguns presidentes à antiga, na sequência de uma acalorada reunião na quinta das Olaias, não teve outro remédio se não alterar tudo à última hora, poupando-se assim ao escândalo de ver sair alguns pela porta fora na hora da votação.
Podia continuar a descrever muitas tomadas de força que se seguiram ao longo dos anos, gizadas por presidentes de junta. O resultado de algumas é evidente nos documentos anexos às atas das sessões da Assembleia Municipal dos mandatos seguintes. Como não gosto de ser juiz em causa própria, deixo esse trabalho para outros.
Por agora, limito-me a perguntar: Se a nova obra do jardim for discutida na sessão da Assembleia Municipal, o que farão os presidentes de junta na hora da votação? Tomarão posição? Irão beber um café? Ou preferem ignorar as carências das suas freguesias e ficar mal na objectiva dos seus eleitores?"
J.A.A.M.

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