terça-feira, 24 de setembro de 2019

Da vaca que voa à vaca que foge do prato

"Há anos que vivemos em emergência climática, com poucas decisões estruturais, decisões estruturadas e Estados que cumpram os objectivos. Aliás, estados e cidadãos, porque, por exemplo, nas metas de reciclagem e de adesão à economia circular estamos muito aquém dos objectivos e basta percorrer o território urbano e suburbano para perceber que os comportamentos individuais ditam a lei do mais poluidor. Portanto, alegram-se as consciências que as cantinas da Universidade de Coimbra deixem de ter carne de vaca nos seus menus – que alívio para a tesouraria da academia – mas conformam-se que quem puder possa ir a uma cadeia de fast-food emborcar um hambúrguer e de seguida aliviar os sobrantes na berma de uma estrada qualquer do tecido urbano. São as mesmas consciências que se conformaram com o abandono do Interior que conduziu ao despovoamento desses territórios, à redução das actividades agroalimentares e silvícolas e a um foco geral em apenas uma parte do país. E voltam a atacar com uma popularidade proibitiva que fustiga o mundo rural. Longe vão os tempos em que a academia era um fervilhar de liberdade, agora envereda pelo proibicionismo, em linha com as tendências.
Com tantas habilidades e transformismos políticos, não espantará que a vaca que voa do próximo ciclo político se apresente sem género definido, como convém a quem faz da coerência uma coisa do século passado, descontinuada e sem possibilidade de reciclagem.
À cautela, o melhor mesmo é não deixar que outros decidam por si, a 6 de outubro, vote!"

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