Hoje é dia de greve geral em Espanha. Contra a reforma laboral. Há oito dias, foi dia de greve geral em Portugal. Contra a reforma laboral. Ainda ontem, houve uma manifestação junto da Assembleia da República. Contra a reforma laboral.
Os controladores aéreos portugueses, que não aderiram à greve geral, convocaram cinco dias de greve para Abril.
Porque continua o movimento sindical agarrado a velhas capelinhas? Porque não foi possível organizar uma grande jornada de luta ibérica? Quando compreenderão os sindicatos que só a globalização da força do trabalho poderá opor-se à globalização capitalista e que é urgente uma estratégia global?
Eu sei que é complicado. Afinal, ainda esta semana, João Proença (esse grandessíssimo humorista...), o novo porta-voz do governo para as questões laborais, fez questão de afirmar que a adesão à última greve «dita» geral foi a mais reduzida de todas as greves gerais organizadas pela CGTP.
Via abrasivo
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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