terça-feira, 17 de maio de 2011

Cenas do quotidiano (I)

Um domingo destes, ao fim da tarde, numa pequena cidade da zona oeste, 120 quilómetros a sul da Figueira da Foz e a cerca de 70 de Lisboa.
Uma senhora de idade para mim indefinida, mas que presumo andar à volta dos 50 e poucos anos, com ar triste e cansado, mete 7 ou 8 produtos de primeira necessidade em cima da pequena passadeira rolante que os conduz à “caixa" do supermercado, coloca o cartão multibanco na mão da funcionária que o passa na máquina, uma, duas, três vezes, e perante a atrapalhação e embaraço da senhora de idade para mim indefenida, mas que presumo andar à volta dos 50 e poucos anos, pagamento nada…
A bicha continua a alongar-se. É então que uma gaja platinada, bem nutrida e com “um par de mamas a parecer bem” com um ar enfastiado, tipo “mete nojo”, abriu a bocarra e dispara de maneira que toda a superfície comercial ouvisse: “se já sabia que o cartão não tinha dinheiro não percebo o que veio fazer ao supermercado!”
A senhora de idade para mim indefinida, mas que presumo andar à volta dos 50 e poucos anos, com ar ainda mais triste e cansado, presumo  que se tivesse um buraco no chão ter-se-ia enterrado, tal a aflição que li na sua cara.
Sem dar tempo a que ninguém pudesse reagir, foi-se embora do supremercado, deixando os 7 ou 8 produtos de primeira necessidade em cima da mesa da “caixa”...
Olhei bem para a gaja platinada, bem nutrida e  com “um par de mamas a parecer bem”, com um ar ainda mais enfastiado, tipo “mete mais  nojo”, e pensei: será que esta vaca vai conseguir  jantar com o mesmo apetite?..

6 comentários:

João Pita disse...

É por estas e por outras que eu tenho enorme orgulho em ter sido parido na geração de 53. Grande casta esta geração gerou, passe a redundância.
Grande post, amigo Agostinho.
O imediatismo e a superficialidade tomou conta desta porra toda.
Já não importa ver para além do que à nossa frente "não" está, mesmo que parecendo-o.
A humanidade e o seu sentido vai muito para além do que nos entra pelos olhos adentro.
Há todo um mundo interior de sentimento, de empatia, de sintonia altruista cada vez mais distante que nos devia tornar mais humanos e menos ANIMAIS.
Abraço(bem humano) Agostinho.

ANTÓNIO AGOSTINHO disse...

Há coisas que me revoltam... A sério...
Um abraço também para ti.
E obrigado por me entenderes!..

Rogério Neves disse...

António li este post três vezes seguidas e cada vez que chegava ao fim sentia-me mais incomodado.
Infelizmente atiraram-nos para uma sociedade podre onde casos como este proliferam no dia a dia.
Não me leves a mal mas vou "roubar-te" o post e vou editá-lo no meu Marcha do Vapor.
Abraço para ti...

ANTÓNIO AGOSTINHO disse...

Tudo bem Rogério, estás sempre à vontade...
Um abraço

anamar disse...

E não interviu???
Haverá mais casos por esses meses fora...
:((
Abraço

ANTÓNIO AGOSTINHO disse...

Como escrevi no post: A senhora de idade para mim indefinida, mas que presumo andar à volta dos 50 e poucos anos, com ar ainda mais triste e cansado, presumo que se tivesse um buraco no chão ter-se-ia enterrado, tal a aflição que li na sua cara.
Sem dar tempo a que ninguém pudesse reagir, foi-se embora do supremercado, deixando os 7 ou 8 produtos de primeira necessidade em cima da mesa da “caixa”...
Há acontecimentos que por vezes nos ultrapassam, de tão inesperados e chocantes...
Abraço