António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
quinta-feira, 21 de junho de 2007
Memória de um Homem
Estou muito mais pobre.
Foi esta tarde a enterrar, no cemitério de Buarcos, o meu Amigo Luís da Cruz Falcão Martins, um Homem bom, honesto, simples e de carácter.
Os homens de carácter são a consciência da sociedade a que pertencem. A medida natural dessa força é a resistência às circunstâncias.
O “velho” Falcão foi sempre um resistente.
Ainda há pouco tempo, em Abril deste ano, na última vez em que estivémos com ele, eu e o Alexandre Campos, pudemos verificar isso.
Até sempre Companheiro.
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2 comentários:
Associo-me ao pesar aqui manifestado pelo Agostinho. O Falcão era um homem raro: Competente, culto, solidário e extremamente discreto!
Lembro-me, agora, do seu filho Luís, que foi meu colega de infantário e que morreu ainda criança.
O "Einstein", como amigavelmente o tratávamos, aludindo aos seus brancos e longos cabelos.
Um homem raro como diz o Pedro: nunca lhe ouvíamos uma crítica, mas a maneira como nos sugeria fosse o que fosse, na sua humildade, fazia-nos ver que o caminho não era bem aquele.
Sempre com um sentido de humor apurado, a dar-nos aquela força que nos momentos mais difíceis parecia que faltava.
Até sempre, Falcão.
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