«O dia de hoje, 24 de Agosto, é um dia muito especial. Não somente por outras razões — e a menor delas não é seguramente o facto de ser o dia, de marés vivas (antigamente), que em Portugal é considerado como sendo "o dia de São Bartolomeu" ou "dia em que o Diabo anda à solta"… e por causa disso em São Bartolomeu do Mar, em Ponta da Barca, e em outros locais, as comunidades marítimas e fluviais o festejarem especialmente com rituais antiquíssimos que fazem parte da Cultura Popular Marítima Portuguesa — mas também porque esta data de 24 de Agosto é a data em que neste país ocorre a efeméride da revolução de 24 de Agosto de 1820… através da qual foi aqui instalado o Liberalismo, e assim se começaram a dar os primeiros passos decisivos (que, depois, ainda iriam ser muito demorados, dolorosos, e incompletos), para a ultrapassagem daquele que, desde sempre, e para sempre, foi, é, e continua a ser, o principal problema estrutural deste país que se chama Portugal, e da sua História: o Feudalismo… O regime senhorial-feudal caracterizado pelo senhorialismo económico monopolista e provinciano, pela feudalização jurídico-política, de tipo local, autenticamente vassálico, e que, muitas vezes, anedoticamene, ou tragicamente, chega a situações extremas, e ridículas, de caciquismo mafioso.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
terça-feira, 25 de agosto de 2020
CELEBRAR O DIA 24 DE AGOSTO E O LIBERALISMO, CONTRA O FEUDALISMO, NA FIGUEIRA DA FOZ DO MONDEGO
domingo, 31 de março de 2013
O erro que consistia em considerar José dos Santos Barreto como "o primeiro fundador da Cova", em vez de o considerar como aquilo que ele na verdade foi: um elemento da geração seguinte, que nela foi marcante economicamente, e que só por isso ficou mais conhecido para o futuro
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
CEMAR-CENTRO DE ESTUDOS DO MAR: Continuar por mais 200 anos...
quarta-feira, 4 de outubro de 2006
AS PONTES DA FIGUEIRA
A avaria de um camião, ontem de manhã, na estrada 109, à entrada da Gala, lançou o caos na travessia entre as duas margens do Mondego. Tal, ficou a dever-se ao facto de um pesado de transportes especiais, de grandes dimensões, se ter avariado na Ponte dos Arcos.
A ocorrência deu-se cerca das 08H30, no sentido Figueira/Leiria. As filas de trânsito, chegaram a atingir cerca de 15 quilómetros.
As entradas e saídas da cidade da Figueira da Foz e da freguesia de São Pedro estiveram condicionadas durante sete horas.
Numa altura em que a Ponte dos Arcos tem os dias contados, vimos com a devida vénia, recuperar um texto publicado pelo http:// ALBUM FIGUEIRENSE, em Agosto de 2004:
“Proponho que se represente com urgência ao governo para que sejam imediata e oficialmente abertas ao público as pontes sobre o Mondego ou para que (pelo menos) seja facultado o trânsito de peões pelas mesmas pontes desde o dia 1º do próximo mês de janeiro”Estas são palavras de José Francisco Vaz, vereador, proferidas na sessão de 12 de dezembro de 1906 da Câmara da Figueira da Foz.Quando José Vaz falou na sessão camarária do dia 12 já as pontes estavam abertas aos peões que pagassem 20 reis ao arrematante da barca de passagem, uma sociedade constituída por Domingos Simões Calhau e José Ferreira Santos. Esta tinha contrato para fazer a passagem até ao final do ano de 1906, mas o povo, sabendo que as pontes estavam feitas, forçava a sua abertura.“Os habitantes das freguesias do sul do concelho atribuem à Câmara o firme propósito de os privar da passagem pelas mesmas pontes”, disse também o vereador José Vaz, sem referir, contudo, que as populações, em protesto, tinham derrubado os sacos de areia que serviam de vedação.As pontes, a do braço norte que só foi substituída pela “ponte da Figueira da Foz” aberta em 12 de Março de 1982, e a do braço sul que durou menos tempo e foi substituída pela “ponte dos arcos” em 1942, acabaram por ser abertas no dia 14, apenas para os peões.No dia 22 de Dezembro veio a autorização superior “para também poderem também transitar pelas pontes sobre o Mondego veículos de qualquer espécie” pelo que a empresa de Viação Rippert “estabeleceu uma carreira extraordinária para Lavos” logo no dia seguinte. O mesmo fez o “conhecido Alquilador Achadiço” que pôs um carro a circular para sul “partindo da Praça Nova”.As duas margens estavam agora mais perto."
"Seguimos de perto o texto “As pontes do Mondego (Morraceira)”, da autoria do Cap. João P. Mano, inserto no seu livro “Lavos, Nove Séculos de História”. O Cap. João Pereira Mano é também autor da obra “Terras do Mar Salgado” e tem publicados centenas de textos avulso em periódicos, tudo resultado de décadas de investigação aturada em fontes directas. É, sem sombra de dúvida, o maior investigador figueirense vivo e o maior conhecedor da história marítima do concelho. "
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
O corpo e a alma
São Pedro, Freguesia, “foi criada em 1985”. Antes, como a maioria certamente se lembra, fazíamos parte da vizinha freguesia de Lavos.
Mas, como começou São Pedro de facto?
Segundo o Cap. João Pereira Mano, não só o maior investigador figueirense vivo, mas também o maior conhecedor da história marítima do nosso concelho, autor de obras como “Terras do Mar Salgado”, com centenas de textos avulso publicados em periódicos, tudo resultado de décadas de investigação aturada em fontes directas, “decorria o ano de 1793, quando Manuel Pereira se descolou a Lavos, com a sua mulher Luísa dos Santos e alguns familiares, para baptizar seu filho Luís, que nascera havia quatro dias, no lugar da Cova. A certidão do recém-nascido passou assim a ostentar como local de nascimento o lugar da Cova, passando a povoação a ver reconhecida oficialmente a sua existência.”
Ainda de acordo com o mesmo investigador, “a povoação da Gala nasceu da deslocação de alguns pescadores mais para nascente, na zona ribeirinha, onde ergueram barracas para recolha de redes e apetrechos de pesca. Igualmente à beira rio, surgiram depois grandes armazéns em madeira para salga, conservação e comercialização da sardinha com origem nas artes de pesca da Cova”...
É possível, que estas miudezas históricas, para alguns, interessem pouco.
Mas, como escreveria Saramago, “a mim interessa-me muito, não só saber, mas ver, no exacto sentido da palavra, como veio mudando São Pedro desde aqueles dias.” Parafraseando Saramago, “se o cinema já existisse então, se as mil e uma mudanças por que São Pedro passou ao longo destes 200 e alguns anos tivessem sido registadas, poderíamos ver essa Cova e essa Gala a crescer e a mover-se como um ser vivo.”
Tal como magistralmente escreve Saramgo sobre Lisboa, “fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória. Memória que é a de um espaço e de um tempo, memória no interior da qual vivemos, como uma ilha entre dois mares: um que dizemos passado, outro que dizemos futuro. Podemos navegar no mar do passado próximo graças à memória pessoal que conservou a lembrança das suas rotas, mas para navegar no mar do passado remoto teremos de usar as memórias que o tempo acumulou, as memórias de um espaço continuamente transformado, tão fugidio como o próprio tempo. Esse filme, comprimindo o tempo e expandindo o espaço, seria a memória perfeita da Cova e Gala.
O que sabemos dos lugares é coincidirmos com eles durante um certo tempo no espaço que são. O lugar estava ali, a pessoa apareceu, depois a pessoa partiu, o lugar continuou, o lugar tinha feito a pessoa, a pessoa havia transformado o lugar.”
A Cova e Gala da minha infância foi sempre a das casas térreas e pobres de madeira, cheias de aberturas nas paredes, por onde no inverno o ar gélido passava como cão por vinha vindimada .
Quando, mais tarde, as circunstâncias me permitiram viver noutros ambientes, a memória que prefiro guardar é a da Cova e Gala dos meus primeiros anos, a Cova e Gala “da gente de pouco ter e de muito sentir”, a Terra pequena e modesta nos costumes e nos horizontes da compreensão do resto do País e do mundo.
São Pedro, entretanto, transformou-se muito por fora nos últimos anos.
Em nome do chamado progresso, alterou-se o perfil e o panorama da Cova e Gala, colocaram-se toneladas de betão onde outrora existiu a madeira das casas antigas.
Tal como Saramago, gostaria de poder continuar a acreditar que, apesar de tudo, “o espírito da Cova e Gala sobrevive”, pois “é o espírito que faz eternas terras”.
Para mim, chegava que a Cova e Gala fosse uma Terra culta, moderna, limpa e organizada – e, se possível, sem perder nada da sua alma.
Será pedir muito?
quinta-feira, 6 de julho de 2006
“Às raparigas da minha terra”
Nem só no Algarve há moiras,
Nos extensos areais.
Aqui, nas areias loiras,
Andam muitas, muitas mais.
Não são moiras encantadas ...
Quer em casa ou a pescar,
Ou em longas caminhadas,
São moiras ... a trabalhar!
Na minha terra, a cachopa
É tão airosa e lavada!
A areia lhe cora a roupa,
O sol a deixa corada ...
Na cidade quando passa
Dama elegante ao pé dela ...
Não tem ritmo, a graça
Do seu pisar de gazela.
Emília Maria, Poetisa nascida na Gala (ou na Costa de Lavos) a 16 de Março de 1909, de seu nome completo Emília Maria Bagão e Silva, faleceu a 22 de Março de 1979, na Figueira da Foz.
A Poetisa era filha de Elísio dos Santos Silva, da Costa de Lavos, e de Clementina Bagão, mais conhecida por Clementina da Banca.
João Bagão, um conhecidíssimo guitarrista do fado de Coimbra, era seu meio irmão.
(Informações recolhidas a partir do livro Terras do Mar Salgado, do Capitão João Pereira Mano)
sexta-feira, 27 de novembro de 2015
NOJO E INDIGNAÇÃO. EM DEFESA DOS PESCADORES, E DA MARINHA PORTUGUESA
Esta será uma situação que poderá vir a ser desastrosa para os pescadores e os iatistas, e ruinosa para o futuro das pescas e da marina de recreio. (...) [01.03.2006]
(...) Quem vai ter a culpa dessa catástrofe...? (...) [01.10.2008]
Nunca me senti tão indignado. E até tinha prometido a mim próprio que iria calar-me (iria fazer aquilo que, nesta vida, sempre tive dificuldade em fazer… e que, sem dúvida, para futuro, tenho que começar a aprender… pois, infelizmente, toda esta miséria, esta vergonha portuguesa, já chegou a tal ponto que já nem sequer é possível acrescentar mais nada…). Mas é claro que não vou conseguir calar-me. São demasiado grandes o meu nojo e a minha indignação. Vou mesmo (uma vez mais…) falar, escrever e assinar o meu nome em baixo.
Toda a gente sabe que o Centro de Estudos do Mar (CEMAR) e o seu director (e autor destas linhas), Alfredo Pinheiro Marques, são quem, na Figueira da Foz, em 2006, 2007 e 2008 —, quando o erro do porto comercial foi avolumado (e avolumado para o dobro…!) —, teve a coragem de tomar posição pública, falar, escrever, assinar o nome, enviar textos para jornais, enfrentar publicamente a situação. Quem falou, e falou a tempo, quando havia que falar (e quando tantos e tantos se calaram… e assobiaram para o lado… ou até aplaudiram…). E já andávamos a alertar para as coisas do litoral, do porto e das areias, desde 1996…
E toda a gente sabe que, para além do autor destas linhas, a outra pessoa que, então, na Figueira da Foz, também tomou posição, e teve a coragem de falar, escrever, e assinar, foi o nosso caro Amigo Senhor Manuel Luís Pata, o homem a quem a Figueira da Foz deve os livros sobre a pesca do bacalhau (e, também ele, um Associado do Centro de Estudos do Mar - CEMAR). Cumprimos portanto, ambos, a nossa obrigação, manifestando-nos contra a insensatez… Tal como, antes de nós, já o haviam feito os falecidos Senhor Raul Bruno de Sousa e Capitão João Pereira Mano (este último, também, um Associado Honorário do CEMAR).
É por isso que, agora… quando todos falam, escrevem, vociferam e trocam acusações, em vozearias cruzadas (e até políticos partidários se atrevem a vir fazer política devido a uma tragédia…!), eu quereria conseguir calar-me, e simplesmente rezar com os que sabem rezar, e chorar com os que, uma vez mais, têm que chorar. Mas não sei, nem consigo. Porque a minha indignação é ainda maior do que o meu nojo e a minha tristeza.
Nunca (em toda a minha vida…) me senti tão indignado como me sinto, agora, em Novembro de 2015, quando leio nos jornais que está a haver quem, em partidos políticos, em entidades e administrações portuárias que foram nomeadas "anteontem" (politicamente…), e em instituições judiciais que nada percebem de navegação, afirme que "a barra está desassoreada", atribua culpas aos próprios pescadores (por não usarem os coletes)… e acuse a Marinha (que é quem tem que os salvar quando naufragam) de falta de profissionalismo… de ser "incompetente" [sic], e de fazer declarações que são "chorrilhos sem nexo" [sic]…!
A minha indignação não tem limites, quando vejo que há quem esteja a querer investigar, criminalmente, a actuação da Marinha de Guerra Portuguesa… (!) e esteja a querer condenar, criminalmente, em tribunal — por "homicídio" [sic]…! —, um mestre poveiro de uma pequena embarcação de pesca que sobreviveu a um naufrágio em que viu morrer os seus companheiros à sua frente… Condená-lo por ter cometido o pretenso "crime" de não utilizar a Cartografia…! Porque "não usou a rota prevista na carta náutica"… (!)… A rota que (para uma embarcação pequena como a sua) seria sempre, na verdade, uma rota impossível, e suicidária… (!) — pois o próprio porto, pela sua conformação, totalmente errada (e, por isso, sempre assoreada), tal como se encontra, é impossível para barcos assim pequenos.
Como se a própria sucessão — ininterrupta… — dos naufrágios e das mortes, ao longo dos últimos anos, na barra do porto fluvial da Foz do Mondego, não fosse a prova, indesmentível, de que o que está errado é O PRÓPRIO PORTO (e não a navegação que nele venham a fazer as pequenas embarcações de pesca)…!
Como se esse erro não tivesse sido apontado, por nós, desde 2006 e 2008 (nas vésperas de tal erro ser aumentado, para o dobro, com mais 400 metros)…!
Está-se a iniciar, em 16.11.2015, um julgamento criminal, em Coimbra, de quem sobreviveu à tragédia em que, em 25.10.2013 (no dia do aniversário da morte do "Príncipe Perfeito" de Portugal, Dom João II, em 1495…) morreram, na barra do Mondego, quatro dos seus companheiros…? Pois eis que, entretanto (um mês e uma semana antes do início desse julgamento…), em 06.10.2015, morreram aí, EXACTAMENTE NO MESMO LOCAL, mais outros CINCO (5) pescadores…! Exactamente nas mesmas circunstâncias: desrespeitando (tendo que desrespeitar…) a tal célebre "Carta Náutica"…
A carta do porto impossível (para barcos pequenos…) do Mondego…
E agora…? Alguém vai querer julgar também os mortos de 06.10.2015…?
O barco que agora em 06.10.2015 naufragou na barra impossível do porto impossível do Mondego, erradamente construído no interior do estuário do rio, era o barco de Aveiro (Ílhavo) que, antigamente, durante muitos anos, havia sido comandado pelo nosso caro Amigo Mestre Alcino Clemente, da Praia de Mira ("este homem já era pescador antes de nascer"…), o homem que nos orgulhamos de ter connosco, como Associado, e membro do Conselho Consultivo e Científico, do Centro de Estudos do Mar; o homem com quem, desde há vinte anos, temos compartilhado tantos e tantos combates cívicos, na Praia de Mira e não só.
Os pescadores que agora em 06.10.2015 morreram eram Amigos e tripulação do Mestre Alcino, que com ele haviam navegado, e pescado, durante muitos anos.
Não há limites para a nossa tristeza e para a nossa indignação. Vai ser preciso contar esta História, para o Futuro. Vamos ser nós que a vamos contar.
sábado, 11 de agosto de 2018
A Aldeia e a vila que não existe...
De acordo com alguns documentos, estudados pelo único Homem que realizou verdadeira pesquisa histórica sobre as origens da Cova e Gala, o Capitão João Pereira Mano, tempos houve em que pescadores naturais de Ílhavo, desceram a costa portuguesa à procura de peixe e água potável que lhes permitisse a sobrevivência.
Sediaram-se na cova de uma duna, um local a que passaram a chamar de Cova.
A Gala, é uma povoação mais recente, nasceu cerca de 40 anos depois, quando alguns dos pescadores se deslocaram para nascente e ergueram pequenas barracas ribeirinhas, para recolha de redes e apetrechos de pesca.
Apesar do passado de cerca de 250 anos destas duas povoações, a Freguesia de S. Pedro é recente, foi criada em 1985.
A Vila de São Pedro, criada em 5 de Junho de 2009, é a “a povoação de São Pedro ( uma coisa que não existe!..), no concelho da Figueira da Foz, distrito de Coimbra, elevada à categoria de Vila”.
Se duvidam disto, leiam o Diário da República nº. 150, 1ª. Série, Lei nº. 58/2009.
Um Povo que não preserve o seu passado e as suas raízes não tem futuro. E a Cova e a Gala têm um passado de que todos nos devemos orgulhar.
E, temos de saber preservar, com rigor e com verdade, e não ao sabor conjuntural dos interesses politiqueiros, seja de quem for."
António Agostinho, 7 de dezembro de 2009
Enquanto que a fundação da Aldeia se estruturou em torno da satisfação de necessidades elementares das suas gentes, que ela enquanto Aldeia garantiu de facto ao maior número, a invenção de uma vila que não existe, estando longe de garanti-las adequadamente à maioria dos seus habitantes, moveu-se por outras causas: o desejo de imortalidade do homem, manifestado pela criação de monumentos.
Porém, a verdade histórica está escrita...
domingo, 2 de novembro de 2008
Nós, covagalenses, temos tão pouco...
Em nome da modernidade, a velha Ponte dos Arcos foi recentemente demolida sem apelo nem agravo.
Em nome da modernidade, a Capela de S. Pedro (o monumento mais valioso e emblemático da Cova e Gala, património colectivo das populações das duas povoações, pois, segundo documentos que o investigador covagalense João Pereira Mano estudou, a Capela de S. Pedro original tinha sido edificada em 1820) foi completamente adulterada em 2000 e 2001.
Em nome da modernidade, As Alminhas, um raro vestígio do nosso passado, ainda intacto, encontra-se no estado que a foto mostra, por culpa de nós todos, no geral, mas da EDP, em particular.
Será que somos uma terra de alarves e não temos civilização para fazer respeitar a memória espiritual do que nos foi legado e era um património vivo daquilo que fomos?
Será que somos uma terra de lepes, canalha de mão estendida a quem encheram os bolsos sem antes ensinarem a mastigar de boca fechada?
O resultado é esta vileza: deixar demolir a velha Ponte dos Arcos, não ter preservado a velha Capela e permitir As Alminhas no estado que a foto documenta.
Já imaginaram o que seria arrasar a casa de Dickens em Londres, onde ele só viveu escassos meses? (está lá, para ser visitada)
Destruir a casa de Balzac em Paris, onde o homem viveu com um nome falso, e mesmo assim não se livrava dos credores? (também lá está)
Arrasar as ruínas de Conimbriga, que foi habitada entre o séc. IX a.c. e Sécs. VII-VIII da nossa era, para construir uma auto-estrada ou um bloco de apartamentos? (estão lá e preservadas)
Mas o pior, muito pior para nós covagalenses, periféricos e provincianos, é que eles, ingleses e franceses têm tanto, e tantas casas, de Dickens, de Balzac, de Thackeray... E, por esse país fora, há tantos e tantos vestígios da passagem dos romanos pela península ibérica...
E, nós covagalenses, temos tão pouco...
domingo, 6 de setembro de 2015
Sempre chega o dia da surpresa
Todos.
Incluindo os que escrevem.
Sobretudo, todos os que escrevem.
Apesar do que estudaram e leram para escrever.
Apesar do que valem por terem lido e estudado.
Apesar do que conseguem por terem adquirido conhecimento.
Apesar do que valem e realizam, a auto-estima, nos momentos cruciais, por vezes, vacila.
O valor do que escrevem por terem lido e estudado, tem um tempo muito curto.
Mas, por vezes, acontece o dia da surpresa...
Para ficar a saber do que se trata é necessário clicar na imagem.
Em tempo.
Fica o agradecimento devido ao Capitão João Pereira Mano e ao dr. Jorge Mendes.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Cova-Gala, a raiz!..
De acordo com alguns documentos, estudados pelo único Homem que realizou verdadeira pesquisa histórica sobre as origens da Cova e Gala, o Capitão João Pereira Mano, tempos houve em que pescadores naturais de Ílhavo, desceram a costa portuguesa à procura de peixe e água potável que lhes permitisse a sobrevivência.
Sediaram-se na cova de uma duna, um local a que passaram a chamar de Cova.
A Gala, é uma povoação mais recente, nasceu cerca de 40 anos depois, quando alguns dos pescadores se deslocaram para nascente e ergueram pequenas barracas ribeirinhas, para recolha de redes e apetrechos de pesca.
Apesar do passado de cerca de 250 anos destas duas povoações, a Freguesia de S. Pedro é recente, foi criada em 1985.
A Vila de São Pedro, criada em 5 de Junho de 2009, é a “a povoação de São Pedro ( uma coisa que não existe!..), no concelho da Figueira da Foz, distrito de Coimbra, elevada à categoria de Vila”.
Se duvidam disto, leiam o Diário da República nº. 150, 1ª. Série, Lei nº. 58/2009.
Um Povo que não preserve o seu passado e as suas raízes não tem futuro. E a Cova e a Gala têm um passado de que todos nos devemos orgulhar.
E, temos de saber preservar, com rigor e com verdade, e não ao sabor conjuntural dos interesses politiqueiros, seja de quem for.
quarta-feira, 28 de junho de 2023
Têm início hoje 5 dias de Festa em S. Pedro
Está quase a fazer uma ano: num domingo, a 3 de Julho de 2022, "os festeiros" Santana Lopes e Jorge Aniceto não deixaram morrer a Festa em honra de São Pedro na Cova e Gala.
quinta-feira, 14 de abril de 2016
Para quando a criação do Dia do Covagalense?
Capitão João Pereira Mano, um covagalense cuja memória nunca deverá ser esquecida |
Tem alma.
É uma maneira de ser.
É um modo.
É como uma personagem das nossas vidas.
Cria uma onda.
Tem uma cadência própria.
Há dias extraordinários, horríveis.
E há dias felizes.
Nota de rodapé:
Confesso que me é indiferente, se a expressão das ideias que há praticamente 10 anos por aqui vou partilhando, agrada, desagrada ou vai de encontro ao que pensa o resto da manada.
Contudo, isso não impede que tenha consideração e estima por quase todos.
Era o que mais faltava: se eu posso ter - e tenho - a minha opinião, só tenho que apreciar a franqueza dos outros, mesmo que discorde do conteúdo das suas opiniões.
Para isso, é claro, é necessária esta coisa simples: que tenham opinião com ideias e conteúdo...
Compreendo perfeitamente, que ande por aí gente sedenta de protagonismo, que não diz o que pensa, porque não está para arriscar a ausência da ribalta num qualquer evento que se vá realizando, por ali ou por aqui...
Esse, não é, de todo, o meu caso e, muito menos, o meu problema. "Cozinho" este Outra Margem há praticamente 10 anos, apenas e só, porque gosto.
Esta história de ter tomates (simbólicos, leia-se, logo abrangentes...) para dizer o que se pensa, não é, de todo, um património de esquerda ou de direita. Vai muito para além disso.
E sabem que mais: já não tenho idade, nem pachorra, nem vontade e muito menos, paciência, para aturar "inocentes"...
Não é só na Cova e Gala, é também na Figueira, em Portugal e no mundo que isto acontece: os melhores são, geralmente, os que menos são ouvidos.
Isso deve ter uma explicação simples.
Eu tenho a minha: é pela mesma razão que as plantas brotam da terra em silêncio...
domingo, 18 de setembro de 2022
CELEBREMOS O 24 DE AGOSTO NA FIGUEIRA DA FOZ E O LIBERALISMO CONTRA O FEUDALISMO...
Crónica publicada na edição do mês de Agosto da Revista ÓBVIA
Foi neste dia, em 1820, que através de uma revolução, foi instalado o Liberalismo.
Foi nesta data que, há duzentos e dois anos, se começaram a dar os primeiros passos, que estão a ser longos, demorados, dolorosos e tímidos, para ultrapassar o principal problema estrutural deste País: o feudalismo, um sistema caracterizado pelo elitismo económico monopolista e tacanho, pela feudalização jurídico-política que nos conduziu pelos caminhos do "chico-espertismo" de caciquismo ridículo e oportunista.
Desde a Idade Média que, neste país, secularmente periférico e subdesenvolvido, mesmo depois da revolução de 1820, com especial relevância no período da ditadura do Estado Novo (desde a aprovação da Constituição portuguesa de 1933 até ao seu derrube pela Revolução de 25 de Abril de 1974) e depois, que os resquícios do feudalismo continuam e estão muito longe de serem ultrapassados e, muito menos, resolvidos.
Também por isso, o 24 de Agosto tem de continuar a ser recordado na Figueira.
Presumo que ninguém desconhece que, em 1820, na chegada do Liberalismo ao nosso país, foi determinante o jurista Manuel Fernandes Tomás.
Citando o meu Amigo e saudoso Capitão João Pereira Mano, no seu livro «Terras do Mar Salgado» (uma das maias importantes e obras que, desde sempre, foram escritas e publicadas sobre a História Marítima e Local da Figueira da Foz), "a família de Manuel Fernandes Tomás era uma família dos ambientes marítimos e comerciais da Figueira da Foz".
Para a afirmação de uma República livre e responsável, o exercício da "cidadania" na construção do Estado, tendo em vista a mudança da sociedade no sentido da modernização e do futuro, é acção decisiva e determinante.
Manuel Fernandes Tomás, que viveu entre 1771 e 1822, foi um dos principais obreiros da decisiva revolução de 1820. Para além da sua acção organizativa e política para a vitória da revolução de 24 de Agosto de 1820, antes, «foi um importante jurisconsulto apontado para a modernização e racionalização do ordenamento jurídico português, por isso o autor que produziu o "Repertorio geral ou índice alphabetico das leis extravagantes do reino de Portugal, publicadas depois das ordenações, compreendendo também algumas anteriores que se acham em observância", em 1815.»
Em 2022, duzentos e dois anos decorridos após a revolução e a Constituição Liberal de 1820, continua a ser pertinente recordar a figura do "Patriarca da Liberdade”.
A celebração da memória, faz parte do combate pelo Progresso e pelo Futuro.
Na Figueira, sempre foi proibido questionar convenções. Quem o faz, é imediatamente alvo de campanhas de ostracização.
Se algo ameaça a postura convencional, então é porque é extremista, ou marginal, ou pior.
Assim, não é de surpreender que – talvez na Figueira mais do que em qualquer outra cidade - os génios sejam quase todos póstumos.
É biografia recorrente aquela que acaba por concluir que, em vida, a excelsa pessoa nunca foi compreendida ou admirada. Manuel Fernandes Tomás foi preciso morrer na miséria e na amargura para postumamente lhe reconhecerem o devido valor.
Vivemos na Figueira, uma cidade em que no ano de 2022, a realidade continua a não coincidir com a representação da realidade. Isto, não obstante a realidade da representação da realidade.
O que significa que, enquanto realidade, nos encontramos algures, menos na cidade chamada Figueira da Foz, onde em 31 de julho de 1771 nasceu Manuel Fernandes Tomás, e onde todos devíamos abertamente falar de liberdade...
Numa democracia, não se entende a necessidade de existirem organizações secretas, compostas por elementos afectos, transversalmente, às diversas instituições públicas e privadas. Existem elementos da política, dos partidos, dos poderes judiciais, do poder económico e empresarial, entre outros...
Putativamente, até os cangalheiros, gatos e os periquitos devem estar representados (porque estes também são dignos de defenderem os seus interesses). Ao longo dos anos, muitos escândalos rebentaram ligados a estas organizações, de gente livre e de bons costumes, como soe dizer-se na linguagem maçónica. Os casos abanam as confrarias, mercearias, regulares, irregulares, mas cair não caiem, aguentam-se nos pilares, ou nas colunas dos templos, como eles dizem. Os interesses instalados, são muito sólidos e resistentes. Existem muitas coisas, demasiado importantes, que são
decididas à luz da vela, sob chão axadrezado, que os profanos (os Zézitos do Povinho), segundo os iluminados, não conseguem ver o alcance da coisa. Nestes espaços, são escolhidos candidatos a deputados, Presidentes de Câmara, vereadores, dirigentes da administração pública afectos aos partidos de poder (PS, PSD, CDS) e são escolhidos elementos em lugar chave da sociedade dita civil, numa lógica de nacional porreirismo fraterno, onde se trocam favores e a meritocracia é engavetada.
Isto, contraria a bondade dos objectivos desta organização secular e as boas práticas. Ainda assim, existem bons exemplos, como é o caso do homenageado - Fernandes Tomás, que morreu na penúria, para honrar os altos valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Mas, o que abunda são os beatos,
que batem com a mão no peito nas missas... É caso para dizer: bem prega Frei Tomás, olha para o que ele diz e não para o que faz.
Adiante: estamos próximo do “24 de agosto, dia de arejar os aventais”.
domingo, 23 de agosto de 2015
"A Cova-Gala, como notável exemplo de Solidariedade", um livro que merece ser lido por todos, em especial pelos covagalenses...
foto António Agostinho |
Adquiri os dois volumes deste livro na Junta de Freguesia de S. Pedro apenas na passada sexta-feira, pelo que, até ao momento, só tive tempo de fazer a chamada leitura em diagonal.
Gostei. Talvez porque fala numa linguagem que é também minha. O que não me admirou, pois o autor tem uma longa ligação à Cova-Gala: a sua esposa descende, por via materna, de famílias da Cova - "Malaquias" e "Gonçalves" - e, por isso mesmo, desde há dezenas de anos passa na Gala uma parte das férias, fins de semana e outros dias, numa casa em frente ao antigo "Portinho".
Repito: gostei. Talvez porque fala de nós tal como o fomos, somos e sentimos, da nossa idiossincrasia, dos trabalhos e das dificuldades colossais por que passámos, das nossas conquistas e derrotas, tristezas e alegrias, das quatro "viagens" desde finais do século XVIII - a pesca das "artes", a cabotagem do comércio, as campanhas do bacalhau e as migrações (Tejo, Cascais) e a emigração para a América.
Para lá das memórias e da história passada a letra de forma, fica um contributo mais para a história da Cova-Gala, duas Aldeias que, de tão pequenas e insignificantes, pouca atenção merecem daqueles que determinam a política e a cultura no nosso concelho.
Presumo que seja uma edição de autor. Não conheço o escritor desta obra (a não ser de vista - e eu para ele sou um completo desconhecido...), pelo que estou completamente à vontade para recomendar aos covagalenses e a todos os que se interessam pelo conhecimento, para se dirigirem à Junta de Freguesia de S. Pedro, onde por 10 euros, podem adquirir os dois volumes deste excelente testemunho que é o livro "A Cova-Gala, como notável exemplo de Solidariedade", escrito por Jorge Mendes, que traz ao nosso conhecimento referências humanas passadas e outros importantes "documentos" da história da Cova-Gala - a minha Terra, onde continua a haver uma certa doçura de viver que cada vez é mais difícil de encontrar noutros locais. Só espero que não estraguem mais do que já está irremediavelmente estragado.
Continua a dar gosto dizer que a Cova-Gala é a minha Terra - apesar dos apesares continua a ser a minha Identidade, a minha História, a minha Alma. Este livro reforçou esta minha firme convicção de sempre.
Como covagalense fica o meu agradecimento ao dr. Jorge Mendes.
terça-feira, 18 de janeiro de 2022
Figueira, obviamente uma cidade de mar e rio
A crónica de António Agostinho publicada na Revista Óbvia em Dezembro de 2021
Sou filho, neto e bisneto de pescadores da "faina maior", a pesca do bacalhau.
A pesca do bacalhau, à linha, com dóris de um só homem, uma heróica e sofrida singularidade portuguesa, foi uma autêntica escravatura. "Maus tratos, má comida, má dormida... Trabalhavam vinte horas, com quatro horas de descanso e isto, durante seis meses. A fragilidade das embarcações ameaçava a vida dos tripulantes".
A pesca do bacalhau, nas primeiras décadas do século XX, contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da Figueira da Foz. Nas campanhas de 1913/14, foi o nosso porto que mais navios enviou à Terra Nova: 15 , ou seja, quase metade de toda a frota nacional.
No final do século passado, o poder político pensou colocar um monumento no molhe norte, para homenagear aqueles que, durante décadas, fizeram da pesca do bacalhau um marco na história marítima da Figueira da Foz.
Essa ideia dos políticos, não deixou de constituir outra singularidade, mas esta figueirense.
Cito Manuel Luís Pata: "o lugar escolhido não era uma homenagem, mas sim falta de bom senso. O acrescento ao molhe norte foi uma obra sem qualquer estudo racional. Considero que o aumento de 400 metros foi uma obra criminosa, porém, como apregoam que vivemos em democracia, sinto-me com o direito de proibir que o meu nome e dos meus familiares falecidos sejam colocados em tal local! O lugar certo seria no "José Cação", o último bacalhoeiro da Figueira da Foz."
Recorde-se: em 1998, houve uma tentativa de transformar este navio em museu. Santana Lopes tinha tomado posse de presidente da Câmara Municipal há poucos meses. O Dr. António Cação chegou a oferecê-lo à Câmara Municipal. Porém, a oferta não foi aceite. Sem o apoio da Câmara, acabou por ser demolido em 2002-2003. Hoje, poderíamos ter o navio "José Cação" transformado em Museu, instalado numa abertura feita na Morraceira, junto à Ponte dos Arcos.
Recordo as palavras do vereador Miguel Almeida: “esta proposta (a oferta do navio que o dr. António Cação fez em devido tempo à Câmara Municipal da Figueira da Foz, presidida na altura por Santana Lopes) foi o pior que nos podia ter acontecido”.
Como disse na altura Manuel Luís Pata, “nem toda a gente entende que na construção do futuro é necessário guardar a memória”.
Ílhavo tem um belo museu, o navio Santo André, e tem o casco do Santa Maria Manuela. E o que tem a Figueira que honre os seus filhos que andaram na "faina maior"?
Quem quiser saber a importância que a "faina maior" teve na Figueira da Foz, até à década de 80 do século passado, tem de recorrer aos livros que Manuel Luís Pata publicou em 1997, 2001 e 2003. Lá estão coligidas notícias, referências escritas e testemunhos orais, textos, comentários e recordações pessoais, sobre a Figueira da Foz e a relevância da Pesca do Bacalhau no desenvolvimento do nosso concelho.
Como escreveu Pinheiro Marques: "se a Figueira da Foz tem reunidos os elementos para a sua História Marítima nos séculos XIX-XX, deve-o à Cova-Gala (São Pedro): deve-o ao Capitão João Pereira Mano e ao Senhor Manuel Luís Pata."
E, já agora, por ser justo, ao Dr. Pinheiro Marques e ao "Centro de Estudos do Mar (CEMAR) que esteve na publicação dos seus livros, desde 1997."
A Figueira tem uma história rica e importante no panorama marítimo português. Porém, ao contrário do que acontece, por exemplo, em Ílhavo, pouco existe como testemunho da forte ligação dos figueirenses ao mar e ao rio.
Na Figueira, é esta a situação no final de 2021, ano em que o Dr. Pedro Santana Lopes foi de novo eleito presidente. No acto de posse disse: “as pessoas têm de saber que quando quiserem estudar, investigar e tratar de assuntos do mar o melhor sítio em Portugal é a Figueira da Foz”.
Presumo que o Dr. Pedro Santana Lopes não desconheça que o Governo vai investir 87 milhões de euros na economia do mar e à Figueira não vai tocar nada. No passado dia 16 do passado mês de Novembro, Ricardo Serrão Santos, Ministro do Mar, na abertura do Expo Fish Portugal, em Peniche, "afirmou que o Governo vai investir 87 milhões de euros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), em centros de investigação e de desenvolvimento de produtos para a economia do mar no Algarve, Lisboa, Oeiras, Peniche, Aveiro e Porto. Nos Açores haverá um hub similar financiado por outro projeto da componente Mar no PRR".
Os figueirenses sabem que, desta vez, o Dr. Santana Lopes prometeu cumprir três mandatos, o máximo permitido por lei. Porém, para quem quer uma Figueira “na frente, liderante”, o tempo começou a contar. Para “a Figueira vir ser a capital do mar, liderar na investigação e na ciência, e, para isso, fazer nascer um centro de investigação em ciências do mar”, dada a fortíssima concorrência (por exemplo de Aveiro), vai ser necessário muito trabalho.
A Figueira é uma terra de mar e rio. Tem cabimento, pois, a ideia de tornar a Figueira "no melhor sítio para estudar, investigar e tratar de assuntos do mar em Portugal.” Contudo, sem esquecer o que ainda não foi feito: prestar tributo à memória.
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Que mal é que a Cova e Gala fizeram aos políticos?..
Isto é grave - mexe com os sentimentos mais profundos dos descendentes dos ílhavos que ainda cá moram.
Embora real, porque existe, vive e pulsa, Cova Gala parece não ter tido passado, nem presente para quem foi o mentor da elevação a Vila de S. Pedro e não Cova e Gala - como deveria ter sido, por respeito ao passado e ao sentir dos descendentes dos ílhavos que fundaram, primeiro a Cova e, cerca de 40 anos depois, a Gala.
Muito embora sem nome no mapa, nem monumentos, a Gala está bem situada. Fica do lado sul da foz do Mondego. E, como as terras que seguem um rio até ao mar, é um prolongamento do Cabedelo – ou seja, aquele cabo de areia que se forma à barra dos rios. O lugar, chama-se Gala. É uma aldeia de pescadores. Ao fundo e antes das dunas, que a separam do grande areal da praia, junta-se intimamente – quer dizer: sem uma nítida separação – a um lugar que tem o nome de Cova. Os dois lugares estão ao mesmo nível – o das águas do mar - e formam a Aldeia.
Do lado norte, há uma cidade e essa, sim, vem registada nos mapas de terra e nas cartas de mar – chama-se Figueira da Foz.
A Cova e a Gala, têm origem na fixação de pescadores, oriundos de Ílhavo, nas dunas da praia da Cova, por volta 1750/1770. De acordo com alguns documentos, estudados pelo único Homem que realizou verdadeira pesquisa histórica sobre as origens da Cova e Gala, o Capitão João Pereira Mano, tempos houve em que pescadores naturais de Ílhavo, desceram a costa portuguesa à procura de peixe e água potável que lhes permitisse a sobrevivência. Sediaram-se na cova de uma duna, um local a que passaram a chamar de Cova. A Gala, é uma povoação mais recente, nasceu cerca de 40 anos depois, quando alguns dos pescadores se deslocaram para nascente e ergueram pequenas barracas ribeirinhas, para recolha de redes e apetrechos de pesca. Apesar do passado de cerca de 250 anos destas duas povoações, a Freguesia de S. Pedro é recente, foi criada em 1985.
Um Povo que não consiga preservar o seu passado e as suas raízes não tem futuro. E a Cova e a Gala são detentoras de um passado de que todos nos devemos orgulhar e que temos de saber preservar, com rigor e com verdade, e não ao sabor conjuntural dos interesses politiqueiros, seja de quem for.
A preservação da memória da Cova Gala está em risco.
A incultura, sempre que potenciada pela arrogância, leva a resultados desastrosos. Os danos já estão à vista.
A história mostra que políticos sem ideias constituem um verdadeiro perigo...