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quarta-feira, 27 de julho de 2016

JOSÉ ASSUNÇÃO AFONSO LIMA, O ADEPTO DO ANO DO GINÁSIO FIGUEIRENSE

Foto Manuel Correia
Na segunda atribuição deste prémio, criado e regulamentado em 2015, foi escolhido o antigo e valoroso guarda redes de futebol do Ginásio, residente em New Bedford (USA), para onde emigrou na década de oitenta do século passado.
Parabéns ao Zé, meu conterrâneo e um Amigo de sempre.

Nota de rodapé.
O Zé Lima, foi um dos fundadores, e primeiro presidente da Direcção do Grupo Desportivo Cova-Gala.

Legalizado em 19 de Maio passado, tem sido gerido por uma Comissão Directiva.
Realizou em 9 de Junho de 1978, em casa emprestada, na sede do Centro Social da Cova e Gala, a sua primeira Assembleia Geral , com a seguinte ordem de trabalhos :
1º - Apresentação de contas ;
2º - Informações ;
3º - Apresentação e A provação dos Estatutos ;
4º- Eleição dos corpos gerentes .
As contas, foram aprovadas por unanimidade .
Seguiram-se varias informações a perguntas formuladas por diversos sócios .
Os estatutos , depois de discutidos, foram aprovados também por unanimidade .
Logo após, procedeu-se á eleição dos novos Corpos Gerentes, ficando eleita por maioria a única lista apresentada, assim constituída :
Assembleia Geral : Presidente, Carlos Alberto Jesus Lima ; 1º Secretário, António Catulo ; 2º Secretário, Carlos Mano .
Direcção: Presidente, José Lima ; Vice-Presidente, António Lebre; Secretários , Domingos Casqueira e Tó Samuel ; Vogais Alexandre, João Cura e Gafanhão, Suplentes Armando, José Luís Ramos e José Xico.
Conselho Fiscal: Presidente, Nelson ; Secretário, Domingos Roda ; Relator, Luís Pereira Mano.
P.S. -
(Esta postagem foi actualizada às 16 horas).

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Para quando a criação do Dia do Covagalense?

Capitão João Pereira Mano, um covagalense
cuja memória nunca deverá ser esquecida
Um dia é uma personagem com identidade própria. 
Tem alma. 
É uma maneira de ser. 
É um modo.  
É como uma personagem das nossas vidas. 
Cria uma onda. 
Tem uma cadência própria. 
Há dias extraordinários, horríveis. 
E há dias felizes.


Nota de rodapé:
Confesso que me é indiferente, se a expressão das ideias que há praticamente 10 anos por aqui vou partilhando, agrada, desagrada ou vai de encontro ao que pensa o resto da manada. 
Contudo, isso não impede que tenha consideração e estima por quase todos. 
Era o que mais faltava: se eu posso ter - e tenho - a minha opinião, só tenho que apreciar a franqueza dos outros, mesmo que discorde do conteúdo das suas opiniões.
Para isso, é claro, é necessária esta coisa simples: que tenham opinião com ideias e conteúdo...
Compreendo perfeitamente, que ande por aí gente sedenta de protagonismo, que não diz o que pensa, porque não está para arriscar a ausência da ribalta num qualquer evento que se vá realizando, por ali ou por aqui... 
Esse, não é, de todo, o meu caso e, muito menos, o meu problema. "Cozinho" este Outra Margem há praticamente 10 anos, apenas e só, porque gosto.
Esta história de ter tomates (simbólicos, leia-se, logo abrangentes...) para dizer o que se pensa, não é, de todo, um património de esquerda ou de direita. Vai muito para além disso.
E sabem que mais: já não tenho idade, nem pachorra, nem vontade e muito menos, paciência,  para aturar "inocentes"...
Não é só na Cova e Gala, é também na Figueira, em Portugal e no mundo que isto acontece:  os melhores são, geralmente, os que menos são ouvidos. 
Isso deve ter uma explicação simples.
Eu tenho a minha: é pela mesma razão que as plantas brotam da terra em silêncio...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A propósito da Festa de S. Pedro de 1968, fica uma recordação de um grande covagalense: António Fernandes Camarão Júnior

Segundo João Pereira Mano, a Festa de S. Pedro da Cova e Gala, foi trazida de Ílhavo pelos habitantes que fundaram a Cova e, mais ou menos 40 depois, a Gala.
Os habitantes da Cova e da Gala, em 1968, dedicavam-se ainda em grande número à faina da pesca longínqua ao bacalhau nos bancos da Terra Nova e Gronelândia.
Daí, como se pode ver no cartaz que obtive via o meu Amigo Zé Lima, nesse ano de 68, a Festa ter-se realizado nos dias 13, 14 e 15 de Janeiro, em vez de, como agora, realizar-se em finais de Junho – o dia do Santo Padroeiro da Cova e Gala, como todos sabemos, acontece a 29 do mês 6 do ano.
Como, nos dias de hoje, a pesca do bacalhau deixou de ser uma actividade relevante para os pescadores covagalenses, a Festa realiza-se em Junho no dia do Santo Padreiro (a 29. Não sendo domingo, a procissão tem lugar no domingo próximo).
Se a memória não me atraiçoa, nesta Festa de 1968, o Mordomo foi o Senhor António Camarão
Então com 16 anos de idade, fui um dos ajudantes do Senhor António Camarão, em representação do meu Pai, que não pode prestar a sua colaboração por estar numa viagem ao Cabo Branco a bordo do Praia de Cascais, cujo capitão era o covagalense Luís Viana.
Lembro-me do esforço que teve de ser feito pela Comissão de Festas desse ano, que para arranjar o dinheiro necessário para o programa apresentado, teve de calcorrear várias Terras do nosso concelho (Buarcos, Vila Verde, Lares, Lavos, Alqueidão, Costa de Lavos, Leirosa).
De todos os que, nesse ano, constituíam a  equipa que muito teve de trabalhar para realizar a Festa, lembro esse Homem extraordinário e líder nato que se chamava António Camarão, e de quem recolhi vários ensinamentos que me foram úteis ao longo da minha vida.
Para o Senhor António Fernandes Camarão Júnior, uma personalidade rara na defesa da honestidade de processos e rigor com que se deve utilizar o dinheiro do Povo, com quem me cruzei ao longo da vida, fica uma palavra de saudade, o meu reconhecimento e a minha homenagem.
Dele, ficou na minha memória uma imagem que me acompanhou ao longo da vida, uma pessoa fraterna, exigente e honesta, um companheiro de estrada e de viagem cujo exemplo nunca esqueci. 
Honra à sua memória.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

NOJO E INDIGNAÇÃO. EM DEFESA DOS PESCADORES, E DA MARINHA PORTUGUESA

(...) Quem vai conseguir evitar que os barcos pequenos, as embarcações de pesca e os iates de recreio, quando passarem a ter que entrar e sair nessa nova barra criada devido à nova orientação do molhe norte, se exponham ao mar de través...?
Esta será uma situação que poderá vir a ser desastrosa para os pescadores e os iatistas, e ruinosa para o futuro das pescas e da marina de recreio. (...) [01.03.2006]
(...) Quem vai ter a culpa dessa catástrofe...? (...) [01.10.2008]
Alfredo Pinheiro Marques, 2006, 2008

Nunca me senti tão indignado. E até tinha prometido a mim próprio que iria calar-me (iria fazer aquilo que, nesta vida, sempre tive dificuldade em fazer… e que, sem dúvida, para futuro, tenho que começar a aprender… pois, infelizmente, toda esta miséria, esta vergonha portuguesa, já chegou a tal ponto que já nem sequer é possível acrescentar mais nada…). Mas é claro que não vou conseguir calar-me. São demasiado grandes o meu nojo e a minha indignação. Vou mesmo (uma vez mais…) falar, escrever e assinar o meu nome em baixo.
Toda a gente sabe que o Centro de Estudos do Mar (CEMAR) e o seu director (e autor destas linhas), Alfredo Pinheiro Marques, são quem, na Figueira da Foz, em 2006, 2007 e 2008 —, quando o erro do porto comercial foi avolumado (e avolumado para o dobro…!) —, teve a coragem de tomar posição pública, falar, escrever, assinar o nome, enviar textos para jornais, enfrentar publicamente a situação. Quem falou, e falou a tempo, quando havia que falar (e quando tantos e tantos se calaram… e assobiaram para o lado… ou até aplaudiram…). E já andávamos a alertar para as coisas do litoral, do porto e das areias, desde 1996…

E toda a gente sabe que, para além do autor destas linhas, a outra pessoa que, então, na Figueira da Foz, também tomou posição, e teve a coragem de falar, escrever, e assinar, foi o nosso caro Amigo Senhor Manuel Luís Pata, o homem a quem a Figueira da Foz deve os livros sobre a pesca do bacalhau (e, também ele, um Associado do Centro de Estudos do Mar - CEMAR). Cumprimos portanto, ambos, a nossa obrigação, manifestando-nos contra a insensatez… Tal como, antes de nós, já o haviam feito os falecidos Senhor Raul Bruno de Sousa e Capitão João Pereira Mano (este último, também, um Associado Honorário do CEMAR).
É por isso que, agora… quando todos falam, escrevem, vociferam e trocam acusações, em vozearias cruzadas (e até políticos partidários se atrevem a vir fazer política devido a uma tragédia…!), eu quereria conseguir calar-me, e simplesmente rezar com os que sabem rezar, e chorar com os que, uma vez mais, têm que chorar. Mas não sei, nem consigo. Porque a minha indignação é ainda maior do que o meu nojo e a minha tristeza.

Nunca (em toda a minha vida…) me senti tão indignado como me sinto, agora, em Novembro de 2015, quando leio nos jornais que está a haver quem, em partidos políticos, em entidades e administrações portuárias que foram nomeadas "anteontem" (politicamente…), e em instituições judiciais que nada percebem de navegação, afirme que "a barra está desassoreada", atribua culpas aos próprios pescadores (por não usarem os coletes)… e acuse a Marinha (que é quem tem que os salvar quando naufragam) de falta de profissionalismo… de ser "incompetente" [sic], e de fazer declarações que são "chorrilhos sem nexo" [sic]…!
A minha indignação não tem limites, quando vejo que há quem esteja a querer investigar, criminalmente, a actuação da Marinha de Guerra Portuguesa… (!) e esteja a querer condenar, criminalmente, em tribunal — por "homicídio" [sic]…! —, um mestre poveiro de uma pequena embarcação de pesca que sobreviveu a um naufrágio em que viu morrer os seus companheiros à sua frente… Condená-lo por ter cometido o pretenso "crime" de não utilizar a Cartografia…! Porque "não usou a rota prevista na carta náutica"… (!)… A rota que (para uma embarcação pequena como a sua) seria sempre, na verdade, uma rota impossível, e suicidária… (!) — pois o próprio porto, pela sua conformação, totalmente errada (e, por isso, sempre assoreada), tal como se encontra, é impossível para barcos assim pequenos.

Como se a própria sucessão — ininterrupta… — dos naufrágios e das mortes, ao longo dos últimos anos, na barra do porto fluvial da Foz do Mondego, não fosse a prova, indesmentível, de que o que está errado é O PRÓPRIO PORTO (e não a navegação que nele venham a fazer as pequenas embarcações de pesca)…!

Como se esse erro não tivesse sido apontado, por nós, desde 2006 e 2008 (nas vésperas de tal erro ser aumentado, para o dobro, com mais 400 metros)…!

Está-se a iniciar, em 16.11.2015, um julgamento criminal, em Coimbra, de quem sobreviveu à tragédia em que, em 25.10.2013 (no dia do aniversário da morte do "Príncipe Perfeito" de Portugal, Dom João II, em 1495…) morreram, na barra do Mondego, quatro dos seus companheiros…? Pois eis que, entretanto (um mês e uma semana antes do início desse julgamento…), em 06.10.2015, morreram aí, EXACTAMENTE NO MESMO LOCAL, mais outros CINCO (5) pescadores…! Exactamente nas mesmas circunstâncias: desrespeitando (tendo que desrespeitar…) a tal célebre "Carta Náutica"…
A carta do porto impossível (para barcos pequenos…) do Mondego…

E agora…? Alguém vai querer julgar também os mortos de 06.10.2015…?

O barco que agora em 06.10.2015 naufragou na barra impossível do porto impossível do Mondego, erradamente construído no interior do estuário do rio, era o barco de Aveiro (Ílhavo) que, antigamente, durante muitos anos, havia sido comandado pelo nosso caro Amigo Mestre Alcino Clemente, da Praia de Mira ("este homem já era pescador antes de nascer"…), o homem que nos orgulhamos de ter connosco, como Associado, e membro do Conselho Consultivo e Científico, do Centro de Estudos do Mar; o homem com quem, desde há vinte anos, temos compartilhado tantos e tantos combates cívicos, na Praia de Mira e não só.
Os pescadores que agora em 06.10.2015 morreram eram Amigos e tripulação do Mestre Alcino, que com ele haviam navegado, e pescado, durante muitos anos.

Não há limites para a nossa tristeza e para a nossa indignação. Vai ser preciso contar esta História, para o Futuro. Vamos ser nós que a vamos contar.
ALFREDO PINHEIRO MARQUES
Director do Centro de Estudos do Mar - CEMAR
24.11.2015

domingo, 6 de setembro de 2015

Sempre chega o dia da surpresa

Todos vivem com um medo tremendo de que não gostem deles. 
Todos. 
Incluindo os que escrevem. 
Sobretudo, todos os que escrevem.
Apesar do que estudaram e leram para escrever. 
Apesar do que valem por terem lido e estudado. 
Apesar do que conseguem por terem adquirido conhecimento. 
Apesar do que valem e realizam, a auto-estima, nos momentos cruciais, por vezes, vacila.
O valor do que escrevem por terem lido e estudado, tem um tempo muito curto. 
Mas, por vezes, acontece o dia da surpresa...
Para ficar a saber do que se trata é necessário clicar na imagem.

Em tempo.
Fica o agradecimento devido ao Capitão João Pereira Mano e ao dr. Jorge Mendes.

domingo, 23 de agosto de 2015

"A Cova-Gala, como notável exemplo de Solidariedade", um livro que merece ser lido por todos, em especial pelos covagalenses...

foto António Agostinho
Jorge Mendes, advogado em Lisboa, nascido em Coimbra a 3 de Dezembro de 1945, um escritor para mim completamente desconhecido, publicou um livro "que tinha projectado escrever, não com o propósito de trazer ao conhecimento dos leitores grandes acontecimentos históricos que estivessem por revelar, pois esse trabalho estava superiormente feito pelo Comandante João Pereira Mano e Manuel Luís Pata", mas para "dar a conhecer os covagalenses e as suas vidas ao longo dos últimos 225, ou seja, desde 1790".  

Adquiri os dois volumes deste livro na Junta de Freguesia de S. Pedro apenas na passada sexta-feira, pelo que, até ao momento, só tive tempo de fazer a chamada leitura em diagonal.
Gostei. Talvez porque fala numa linguagem que é também minha. O que não me admirou, pois o autor tem uma longa ligação à Cova-Gala: a sua esposa descende, por via materna, de famílias da Cova - "Malaquias" e "Gonçalves" - e, por isso mesmo, desde há dezenas de anos passa na Gala uma parte das férias, fins de semana e outros dias, numa casa em frente ao antigo "Portinho".
Repito: gostei. Talvez porque fala de nós tal como o fomos, somos e sentimos, da nossa idiossincrasia, dos trabalhos e das dificuldades colossais por que passámos, das nossas conquistas e derrotas, tristezas e alegrias, das quatro "viagens" desde finais do século XVIII - a pesca das "artes", a cabotagem do comércio, as campanhas do bacalhau e as migrações (Tejo, Cascais) e a emigração para a América.

Para lá das memórias e da história passada a letra de forma, fica um contributo mais para a história da Cova-Gala, duas Aldeias que, de tão pequenas e insignificantes, pouca atenção merecem daqueles que determinam a política e a cultura no nosso concelho. 
Presumo que seja uma edição de autor. Não conheço o escritor desta obra (a não ser de vista - e eu para ele sou um completo desconhecido...), pelo que estou completamente à vontade para recomendar  aos covagalenses  e a todos os que se interessam pelo conhecimento, para se dirigirem à Junta de Freguesia de S. Pedro, onde por 10 euros, podem adquirir os dois volumes deste excelente testemunho que é o livro "A Cova-Gala, como notável exemplo de Solidariedade", escrito por Jorge Mendes, que traz ao nosso conhecimento referências humanas passadas e outros importantes "documentos" da história da Cova-Gala - a minha Terra, onde continua a haver uma certa doçura de viver que cada vez é mais difícil de encontrar noutros locais. Só espero que não estraguem mais do que já está irremediavelmente estragado.  
Continua a dar gosto dizer que a Cova-Gala é a  minha Terra - apesar dos apesares continua a ser a minha Identidade, a minha História, a minha Alma. Este livro reforçou esta minha firme convicção de sempre.
Como covagalense fica o meu agradecimento ao dr. Jorge Mendes.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Que mal é que a Cova e Gala fizeram aos políticos?..

Isto, passou-se a 28 de Dezembro de 2009.
Carlos Simão, na altura presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro há 16 anos, disse no decorrer da Assembleia de Freguesia, realizada nesse dia, esta coisa absolutamente extraordinária: “Cova Gala é um nome interno, ou seja, não existe em lado nenhum. O que existe é Freguesia de S. Pedro da Figueira da Foz."
Relativamente à ascensão da Freguesia de S. Pedro a Vila, Carlos Simão foi curto e claro: "fui eu e o Sr. Domingos Laureano que fornecemos informações ao deputado Miguel de Almeida com o intuito de fundamentar o pedido da ascensão da nossa Freguesia a Vila de S. Pedro da Figueira da Foz”.
Carlos Simão, na oportunidade, foi mais longe e afirmou.
“Oficialmente nunca irei representar a Cova Gala.”
Na altura, o então presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro, sublinhou o seu ponto de vista sobre a aceitação dos covagalenses em relação ao nome da Vila: “aquilo que eu sei, é que há pessoas que gostam mais de Vila de S. Pedro do que Vila da Cova e Gala."

Perante isto, quem não conheça o nosso passado, ao entrar agora pela porta grande na Aldeia, fica por saber que está na Cova e Gala.
Isto é grave - mexe com os sentimentos mais profundos dos descendentes dos ílhavos que ainda cá moram.
Embora real, porque existe, vive e pulsa, Cova Gala parece não ter tido passado, nem presente para quem foi o mentor da elevação a Vila de S. Pedro e não Cova e Gala - como deveria ter sido, por respeito ao passado e ao sentir dos descendentes dos ílhavos que fundaram, primeiro a Cova e, cerca de 40 anos depois, a Gala. 
Contudo, para mim e certamente para muito mais gente, a Cova Gala não está morta - apesar de não ter monumentos edificados com o nosso dinheiro em sítios privilegiados e estratégicos - e muito menos poderemos permitir que se possa assim, tão facilmente, ignorar.
Muito embora sem nome no mapa, nem monumentos, a Gala está bem situada. Fica do lado sul da foz do Mondego. E, como as terras que seguem um rio até ao mar, é um prolongamento do Cabedelo – ou seja, aquele cabo de areia que se forma à barra dos rios. O lugar, chama-se Gala. É uma aldeia de pescadores. Ao fundo e antes das dunas, que a separam do grande areal da praia, junta-se intimamente – quer dizer: sem uma nítida separação – a um lugar que tem o nome de Cova. Os dois lugares estão ao mesmo nível – o das águas do mar - e formam a Aldeia.
Do lado norte, há uma cidade e essa, sim, vem registada nos mapas de terra e nas cartas de mar – chama-se Figueira da Foz. 
Embora queiram apagar a Cova e Gala - a nossa raiz - como demonstrei em 7 de Dezembro de 2009, o que não existe é a Vila de S. Pedro.

Cova Gala é uma Terra com história e memória. Não nasceu em 1993.
A Cova e a Gala, têm origem na fixação de pescadores, oriundos de Ílhavo, nas dunas da praia da Cova, por volta 1750/1770. De acordo com alguns documentos, estudados pelo único Homem que realizou verdadeira pesquisa histórica sobre as origens da Cova e Gala, o Capitão João Pereira Mano, tempos houve em que pescadores naturais de Ílhavo, desceram a costa portuguesa à procura de peixe e água potável que lhes permitisse a sobrevivência. Sediaram-se na cova de uma duna, um local a que passaram a chamar de Cova. A Gala, é uma povoação mais recente, nasceu cerca de 40 anos depois, quando alguns dos pescadores se deslocaram para nascente e ergueram pequenas barracas ribeirinhas, para recolha de redes e apetrechos de pesca. Apesar do passado de cerca de 250 anos destas duas povoações, a Freguesia de S. Pedro é recente, foi criada em 1985.
A Aldeia, não pode ser uma Terra onde não se saiba de nada, a não ser o que é filtrado pelo poder.
Os covagalenses têm o direito a saber mais do que o que mais convém aos políticos.
Nem tudo pode ser eliminado. É também para isso que mantemos este espaço há quase 10 anos, onde a luta pela reposição da verdade histórica vai, naturalmente, continuar.

Cova e Gala vão continuar a ter corpo e alma.
Um Povo que não consiga preservar o seu passado e as suas raízes não tem futuro. E a Cova e a Gala são detentoras de um passado de que todos nos devemos orgulhar e que temos de saber preservar, com rigor e com verdade, e não ao sabor conjuntural dos interesses politiqueiros, seja de quem for.
A Cova e Gala de hoje está diferente - e nem tudo foi para melhor. Lembrar o passado sem nostalgias é a melhor forma de preservar as raízes.
A preservação da memória da Cova Gala está em risco.
A incultura, sempre que potenciada pela arrogância, leva a resultados desastrosos. Os danos já estão à vista.
A história mostra que políticos sem ideias constituem um verdadeiro perigo...

sábado, 27 de junho de 2015

DISTINÇÕES HONORÍFICAS E HOMENAGENS PARA NOVENTA E OITO [98] ENTIDADES, INSTITUIÇÕES E PESSOAS NA FIGUEIRA DA FOZ…

foto de Pedro Agostinho Cruz, que me
 convidou para o acompanhar na entrega,
 que fez no passado dia 9 a este velho e
 incansável lutador
 
pelo progresso
da nossa Figueira, de
 um exemplar
do ALERTA COSTEIRO 14/15
Nos últimos dias, através dos jornais e outros órgãos de informação, tomámos conhecimento de que, comemorando-se em 24.06.2015 o dia anual do Município da Figueira da Foz (Portugal), para além dos habituais festejos e folias de praia, localmente tradicionais — e também uma "Procissão e tradicional Benção do Mar" [sic]... (que, de facto, não tem nada de verdadeiro, pois é uma mentira que foi inventada, para ser "tradicional", por volta do ano de 1998 [!], ao mesmo tempo da preparação da Expo de Lisboa…) —, foi também agora celebrada, nesse mesmo dia 24.06.2015 (numa cerimónia solenizada à maneira local, numa instalação que parece que se chama "Centro de Artes e Espectáculos Pedro Santana Lopes"...), uma atribuição de distinções honoríficas, e homenagens, conferidas a noventa e oito (98) entidades, instituições e pessoas individuais desta cidade (segundo o jornal, tratou-se de "...98 entidades repartidas entre funcionários do Município, entidades e personalidades figueirenses, PMEs", etc.).

O Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque (CEMAR) — a pequena associação científica privada que, neste ano de 2015 (desde 27 de Janeiro), por acaso, está a celebrar os vinte (20) anos da sua fundação (pois foi criada, por escritura pública assinada no salão nobre da Câmara Municipal da Figueira da Foz, em 27.01.1995, e tendo como primeira sede o Forte de Santa Catarina, na Foz do Mondego) —, congratula-se portanto com o facto de que, ao que parece, nesta cidade, são consideradas como existentes e como homenageáveis (e em números tão significativos) tantas entidades, instituições e pessoas que tão publicamente se prestigiam localmente como merecedoras de tais distinções e homenagens municipais. Mas não pode, nem deve, deixar de lamentar que não tenha sido tida em conta a sugestão, que atempada e discretamente havíamos formulado (perante quem havíamos julgado que dirigia e representava a cidade), de que fosse homenageado, em vida, neste ano de 2015, um homem como o nosso Exº. Amigo (e Associado Honorário do CEMAR) Senhor Manuel Luís Pata, o homem a quem a Figueira da Foz deve um capítulo tão importante da sua História Marítima como é a publicação dos três volumes sobre a Pesca do Bacalhau pelos Navios Figueirenses (uma actividade que, no passado, foi tão central, tão importante e tão emblemática para a economia, a sociedade e a identidade local figueirense); e a quem a Figueira da Foz deve o esforço para a organização do movimento cívico que, ingloriamente, tentou salvar da destruição o último navio bacalhoeiro figueirense (o "José Cação", antigo "Sotto Mayor", que acabou por ser entregue para a sucata); e a quem a Figueira da Foz deve (em parceria com o seu conterrâneo Capitão João Pereira Mano) o esclarecimento do equívoco e do erro científico (que, nas últimas décadas do século XX, estava cada vez mais disseminado, avolumado, e generalizado… por estar a ser doutoralmente repetido a partir dos "milieus" da "comunidade científica"…) de se andar a chamar "Xávega" [sic] e "Barco da Xávega" [sic] à "Arte" e ao "Barco da Arte" ("Barco do Mar") da Beira Litoral; etc..

Enfim, o Senhor Manuel Luís Pata, neto, bisneto e trineto de pescadores, a quem a Figueira da Foz deve tudo isso, e muito mais do que isso, pela sua voluntariosa e inglória tentativa de defesa do Património Local, ao longo de muitas décadas.
A quem a Figueira da Foz deve e, infelizmente, vai continuar a dever.

De facto, o nosso Exº. Amigo Senhor Manuel Luís Pata, um homem corajoso, e de opiniões desassombradas — e que, por isso, na Figueira da Foz, é alguém que sempre muito admirámos, e continuamos a admirar —, é o homem que em 1997, 2000, 2002, 2003, havia coligido, publicado, e re-publicado (com a nossa colaboração, do CEMAR, que nos orgulhamos de então ter prestado) os livros, que vão ficar para sempre, sobre a Figueira da Foz e a Pesca do Bacalhau. E é o homem que, em 1998-1999, tentou em vão salvar da destruição o último navio figueirense (e com uma denúncia cívica que, em 07.09.1998, chegou a ter que ser feita em conferência de imprensa realizada na rua, na via pública, à porta do Museu e Auditório Municipal…! [em mesas, e cadeiras, fornecidas, à última hora, pelo Centro de Estudos do Mar...], devido à proibição de utilização desse Auditório Municipal...). E é o homem que, além disso — para além dessa sua defesa do Património Cultural e Histórico —, teve sempre também a coragem de se manifestar em defesa do Património Natural e Ambiental… apontando a catástrofe da acumulação das areias represadas pelo molhe norte do porto comercial da Figueira da Foz (as areias que, ao longo das últimas décadas, cada vez mais, afastaram a cidade do mar, destruíram o turismo urbano, e fizeram falta, dramaticamente, nas outras praias, escavadas e ameaçadas, do sul da Foz do Mondego).

E é o homem que, já antes disso, em 17.10.1997, se havia prontificado a testemunhar, corajosamente, a destruição dos seis (6) exemplares antigos de arquitectura naval — barcos tradicionais, seleccionados, obtidos, e estudados, para fins museológicos, pelo próprio Arq. Octávio Lixa Filgueiras (a maior autoridade científica, em Portugal, sobre arquitectura naval tradicional em madeira…) —… os seis (6) exemplares únicos e insubstituíveis (incluindo um "Meio Batel-do-Sal", verdadeiro… e um "Barco-da-Arte", grande, da Leirosa…) que foram destruídos no pátio interior do Museu Municipal da Figueira da Foz.

Não somente pela publicação dos seus três volumes, mas também por todas estas outras razões, acima citadas — pela denúncia da destruição do património de Arquitectura Naval local, e pela denúncia da destruição do património ambiental marítimo (aquilo que, nas suas próprias palavras, veio a ser, em frente à Figueira da Foz, "a Praia da Calamidade"… —, Manuel Luís Pata, descendente de uma das primeiras (se não a primeira) família de patriarcas pescadores ilhavenses que no século XVIII criaram as povoações a sul da Foz do Mondego (Cova, Gala, etc.), é credor de um reconhecimento, na sua cidade, que ainda não lhe foi prestado.

Pela nossa parte — pela parte do Centro de Estudos do Mar - CEMAR (em que, desde há muitos anos, já nos orgulhávamos de o ter como associado) —, fizemos o que nos competia: neste mesmo ano de 2015, em 29.03.2015 (por ocasião do vigésimo [20º] aniversário do próprio Centro de Estudos do Mar, que, neste mesmo ano de 2015, estamos a celebrar), atribuímos ao Senhor Manuel Luís Pata o título de "Associado Honorário" do CEMAR, pelo seu Mérito Cultural e Histórico (mérito, acrescido, de alguém que é um autodidacta).

Não é demais repetir que, para além dessas matérias culturais, também nas outras matérias, as do Património Natural e Ambiental (dinâmica sedimentar das areias, porto comercial errado, erosão costeira), foi Manuel Luís Pata quem chamou as coisas pelos seus nomes — chamou bois aos bois... —, pronunciando-se sobre o maior e o mais grave de todos os problemas da Figueira da Foz, o problema que levou à decadência e ao desaparecimento, no todo nacional, desta região e desta Cidade de Mar.

O problema que, ainda hoje (e, agora, mais do que nunca), continua a ser decisivo, momentoso, e grave, para o Presente e o Futuro da Figueira da Foz e da sua praia… Mas perante o qual, em vez de se procurarem e se encontrarem quaisquer soluções verdadeiras e efectivas, só se têm aumentado, acrescentado, e avolumado, os maiores erros vindos do Passado… Assim se agudizando as contradições, eternizando os impasses, e se originando as situações insustentáveis, absolutamente previsíveis, e de extraordinária gravidade (que nenhuma hipocrisia pseudo-"ambientalista" vai poder disfarçar), que cada vez mais se aproximam, nos desenlaces do futuro próximo dessa "Praia da Calamidade" que é, infelizmente, a da Figueira da Foz.

Em suma, para além da dramática gravidade da catástrofe cultural que é o estado de destruição, abandono, e desprezo, do Património Cultural e Histórico Marítimo da Figueira da Foz (uma área em que este homem, só, absolutamente autodidacta, e descendente de Pescadores, fez o que pôde, e fez muito, somente com os seus próprios meios, enfrentando todas as contrariedades que lhe foram movidas nos círculos que eram supostos defender e preservar esse Património Cultural), também acerca da calamidade ambiental irresolúvel em que a Figueira da Foz desde há décadas se encontra sepultada (com toda a gente a fingir que não vê, quando a areia, tanta, está à frente dos olhos…) foi Manuel Luís Pata quem tomou sempre posição pública, voluntariosamente, corajosamente, à sua maneira.
Foi ele quem disse o essencial: "a Figueira da Foz virou costas ao Mar…!".

É essa coragem que distingue a verdadeira intervenção e serviço de utilidade pública (e da parte de quem nem sequer recebe, para fazer tal intervenção cultural ou ambiental, quaisquer remunerações, reformas, etc., pagas com dinheiro público…!). É a coragem de quem tenta voluntariosamente ser útil à sua terra, metendo ombros a tarefas e a obras que são trabalhosas e meritórias (em vez de viver simplesmente em agrados e ambições de carreirismo pessoal, em intrigas políticas fáceis, nos bastidores, acotovelando à esquerda e à direita, à sombra do poder do momento). É a coragem de quem é capaz de se pronunciar, não menos voluntariosamente, sobre tudo o que é verdadeiramente importante, não receando, para isso, tocar nas feridas dos assuntos verdadeiramente graves e polémicos (em vez de mostrar a cara em artigos de jornal para escrever sobre insignificâncias pessoais e diletantismos, "culturais", pseudo-"progressistas").
É a coragem — típica de Pescador…? (mesmo quando um pouco brusca…?) — de quem é capaz de tentar mesmo fazer alguma coisa, a sério (mesmo que não consiga…)… e, para isso, é capaz de tentar enfrentar, de frente, qualquer vaga, seja de que tipo for. Em vez de viver no (e do) manhoso tacticismo, no (e do) elogio mútuo, no (e do) tráfico de influências, nos bastidores do poder que anseia e rodeia, e ao qual espera chegar rodeando.
Enquanto todos os verdadeiros problemas, os do Presente e do Futuro, culturais ou ambientais, ficam por resolver (e, por isso, se agravam)… e todos os verdadeiros patrimónios, os do Passado, culturais ou ambientais, se vão perdendo com o tempo ("como neve diante do sol")... Enquanto as nuvens negras das catástrofes, quer culturais e sociais, quer ambientais e ecológicas, se avolumam, em dias de sol, no horizonte próximo.

A Cultura e a Natureza estão, talvez, estranha e paradoxalmente ligadas de uma forma muito íntima, de maneira muito simbólica: quem sabe se, um dia, na luxuosa pobreza extrema, e na merecida desgraça última, quando se enfrentar as vagas assassinas de um tsunami que venha a devastar uma área de ocupação humana ao nível do mar — mas… será possível que haja alguém que, em pleno século XXI, esteja a querer legitimar ("ecologicamente"…!!!), e a, assim, adensar e avolumar (!) uma ocupação humana (dita "turística", e "cultural"… e, até, "ambiental"…! [e, na verdade, pré-imobiliária…?!]) ao nível do mar…?! —, irá ser lembrada, e recordada, com saudade, a geometria fina e a silhueta esguia, cortante, dos antigos "Barcos-da-Arte" ("Barcos-do-Mar"), em "meia-lua"… Que, nesse dia, já não existirão… nem existirá ninguém que os saiba construir...! (embora, provavelmente, vá continuar a existir gente funcionária e política, paga com dinheiro público, que estará pronta para tentar continuar a viver à custa dessas tais matérias, "culturais", e "ambientais", dos barcos antigos, e das praias ecológicas…).

Com o nosso Exº. Amigo Senhor Manuel Luís Pata, aprendemos, há muito tempo, o lema que ele sempre proclama (e que nós sempre repetimos): "O Mar não gosta de cobardes… não gosta de quem lhe vira as costas…".

Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque (CEMAR)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

CEMAR-CENTRO DE ESTUDOS DO MAR: Continuar por mais 200 anos...

“O dia exacto do aniversário dos VINTE ANOS do Centro de Estudos do Mar ocorreu no passado dia 27 do corrente, mas as celebrações vão estender-se até ao próximo dia 31 de Janeiro (31 de Janeiro… um dia histórico, bem republicano, e bem tripeiro, diga-se de passagem…) e irão encerrar-se com um encontro de Amigos, convidados, antigos e actuais associados, que vai ter lugar ao longo da tarde desse dia (a tarde do próximo Sábado)

Os nossos Amigos Pescadores, Marinheiros e Poetas da Praia de Mira — os Gandareses que, nesse dia, virão à Foz do Mondego… — irão apresentar-nos alguns dos seus poemas, músicas e canções. O mestre de cerimónias vai ser o nosso caro Mestre Alcino Clemente, Mestre do Largo Pescador do Alto, poeta e cantor ("este homem já era pescador antes de nascer"…), um dos associados do CEMAR de mais bravo talento (e que, hoje em dia, parece que está a ser finalmente reconhecido, televisivamente, pelo país e o mundo…).
Infelizmente neste dia de Janeiro de 2015 já não vão estar connosco Associados, Amigos, ou membros do Conselho Consultivo e Científico, como Paulo Rocha, do Furadouro e Tokyo, João Pereira Mano, da Cova-Gala, Salvador Dias Arnaut, de Coimbra e Penela, Eric Axelson, de Cape Town, Charles Ralph Boxer, de Macau e Londres, José Pires de Azevedo, Maria Helena dos Santos Alves, José Vieira Marques, Manuel Romão, da Figueira da Foz, Hélio Osvaldo Alves, de Guimarães, João Osório de Castro, de Lisboa, Octávio Lixa Filgueiras, do Porto, Max Justo Guedes, do Rio de Janeiro, e outros que não esquecemos. E também sentiremos a falta do Senhor Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz em 1995, Eng. Manuel Alfredo Aguiar de Carvalho, que conosco assinou a constituição do Centro de Estudos do Mar em 27.01.1995. De entre os associados iniciais, os fundadores de 1995, o nosso caro Amigo Carlos Matoso Filipe está longe, no coração da Europa, mas o nosso caro Amigo Victor Camarneiro está aqui perto, em Montemor-o-Velho, no coração do Baixo Mondego, e certamente vai estar connosco nesse dia de festa. Quantos combates, de que nos orgulhamos, pelo Futuro -- pelo Povo, e pela Justiça... --, temos para recordar, em vinte anos, nas terras do Infante Dom Pedro e do Fernão Mendes Pinto…!
É provável que o nosso património, nesse dia 31.01.2015, se enriqueça também com alguns poemas que nos sejam dedicados pelos nossos Amigos, da Praia de Mira, Senhor João Nogueira, Mestre de Vida (e membro da mesa da Assembleia Geral do CEMAR), e Manuel Gabriel, também ele Mestre do Largo Pescador do Alto (e integrante do nosso Conselho Consultivo e Científico).

Hoje mesmo, o património do CEMAR desde já ficou enriquecido também com a oferta, que agora quis fazer - com a sua extraordinária generosidade de sempre -, o nosso Amigo Arq. Fernando Simões Dias. Ele ofereceu, para o nosso acervo museológico, um belíssimo modelo, à escala 1/40, feito por si - um modelos dos seus, à sua maneira, com o seu nível de qualidade e rigor…! --, de uma "Caravela do Século XV", da "Época dos Descobrimentos"…! Esta é uma peça especial, e que ficará para sempre num lugar de destaque em qualquer instalação museológica que o CEMAR organize, ou em que participe. Guardá-la-emos para sempre na "Casa do Infante Dom Pedro", ou no "Museu do Mar da Foz do Mondego"

Com Amigos assim - que sabem criar obras como estas - como poderíamos não continuar por mais 200 anos…?
Vamos continuar (apesar de todas as dificuldades que nos sejam semeadas no caminho)...

Recebido por mail

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Conviver com as memórias...

 Conheci bem o Comandante João Mano: recordo, com emoção, ter colaborado com o actual vereador da Cultura, António Tavares, então o Director do Linha do Oestena feitura de uma das últimas entrevistas que ele concedeu a um jornal da nossa cidade Aliás, foi mais uma agradável conversa, que decorreu no modesto pré-fabricado da Gala, naquele recanto, espécie de pequeno alpendre, que se vislumbra do lado direito da foto abaixo, tendo como pano de fundo, os viveiros e as salinas que existem na traseira desta modesta casa de férias que o Capitão Mano tinha na sua Aldeia natal e que se conseguiam espreitar para lá do canavial que delimita o quintal

Há menos de um mês – precisamente a 24 de junho p.p. - estive no CAE da Figueira da Foz, propositadamente, para assistir à entrega da distinção que, em agosto de 2012, por unanimidade, a Câmara da Figueira da Foz tinha atribuído a título póstumo ao Comandante João Pereira Mano: a Medalha de Mérito Cultural em Prata Dourada.
Contudo, ainda não perdi a esperança de que,  um dia, a Homenagem que ainda falta prestar ao Capitão João Pereira Mano acabe por acontecer na Figueira.
Em 2005, a Junta de Freguesia de São Pedro decidiu  homenagear algumas personalidades locais, com a atribuição  do seu nome a ruas da nossa Terra. Uma dessas figuras, foi o Capitão João Pereira Mano.
Hoje de manhã, como acontece praticamente todos os dias, na minha habitual caminhada matinal, cruzei-me com a placa que identifica a Rua Comandante João Mano (nasceu  na  Gala, então freguesia de Lavos, concelho da Figueira da Foz, em 2 de Setembro de 1914 e faleceu em Lisboa em Agosto de 2012. Os restos mortais repousam desde a tarde do dia 10 de agosto de 2012, uma sexta feira, no cemitério de Lavos), na minha opinião, até ao presente,  o maior investigador figueirense e o maior conhecedor da história marítima do concelho da Figueira da Foz, autor de livros fundamentais para o conhecimento das nossas raízes, como Lavos, Nove Séculos de História” e Terras do Mar Salgado”, tudo resultado de décadas de investigação aturada em fontes directas.
A minha eterna gratidão ao Capitão João Pereira Mano,  por me ter dado a conhecer e a entender muito melhor, a minha Terra e a minha Raiz.
Uma das consequências da passagem dos anos é passarmos a coexistir com pessoas que apenas perduram na nossa memória.
Essa realidade, para mim já longa,  não tem sido fácil de gerir: já dura desde 6 junho de 1974, data em que morreu o meu Pai.
Foi isso que senti, hoje de manhã, ao cruzar-me com a placa toponímica do Comandante João Mano. Por vezes, ainda me custa acreditar que o Comandante João Mano morreu quase há dois anos...
O tempo a passar por nós é, também, isto: a soma, sempre crescente, das ausências
Nos últimos anos de vida, o Comandante João Mano já não tinha condições para se deslocar à sua Gala natal. Então, passou a ser-me uma voz familiar ao telefone, vinda lá de Lisboa, apesar do sofrimento que, para mim, na fase final, era falar com ele, pois apercebia-me dos problemas respiratórios que o atormentaram na fase final e quase o impediam de ter uma conversa prolongada.
Foi uma voz que se calou há quase dois anos, mas que, enquanto respirar, jamais se apagará da minha memória.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Autarquia figueirense entrega Medalha de Mérito Cultural em Prata Dourada à família do Comandante João Pereira Mano

João Pereira Mano, nasceu na Gala, então freguesia de Lavos, concelho da Figueira da Foz, em 2 de Setembro de 1914.
Em 24 de junho de 2014, a Câmara entregou a distinção à família numa cerimónia que decorreu no Centro de Artes e Espectáculos, nas comemorações do Dia da Cidade.
Na qualidade de Amigo e admirador da obra do Comandante João Pereira Mano,  a convite da família, tive o maior prazer em estar presente na cerimónia.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Medalhas e diplomas do 24 de junho e a homenagem que falta fazer ao Capitão João Pereira Mano

De harmonia com uma notícia do jornal AS Beiras, a Câmara Municipal da Figueira da Foz vai distinguir, no Dia da Cidade,  os casos de sucesso empresarial (PME Excelência e PME Líder) no ano 2013, atribuindo um total de 57 diplomas de reconhecimento. A autarquia irá atribuir, ainda, medalhas a personalidades e aos funcionários municipais aposentados. Desta forma, Luís Pinto, Heitor Chichorro e Conceição Ruivo receberão a medalha de mérito cultural.
A cerimónia de entrega das distinções honoríficas realiza-se, pelas 11H30, no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz. 
A título póstumo, serão também distinguidos com a medalha de mérito cultural Alfredo Paredes e João Pereira Mano.
João Pereira Mano, nasceu  na  Gala, então freguesia de Lavos, concelho da Figueira da Foz, em 2 de Setembro de 1914.  Faleceu em Lisboa. Os restos mortais do Capitão João Pereira Mano, repousam desde a tarde do dia 10 de agosto de 2012, uma sexta feira, no cemitério de Lavos.
Os velhos morrem. Os novos (ainda) não sabem de nada.
Essa ignorância é sabiamente organizada, e semeada, nas entidades oficiais para isso próprias: "as escolas", as "instituições de cultura" e "a comunidade científica".
Os livros do Capitão João Pereira Mano (1914-2012) — "Terras do Mar Salgado: São Julião da Figueira da Foz - São Pedro da Cova-Gala - Buarcos - Costa de Lavos e Leirosa..." (1997) e "Lavos: Nove Séculos de História" (2000) — são as melhores obras que, desde sempre, foram escritas e publicadas sobre a História Marítima e Local da Figueira da Foz (Portugal).
Por isso, a mais digna, a mais útil e mais adequada de todas as Homenagens que poderiam ser prestadas a este autor falecido em 07.08.2012 — um autor que nos dias da sua vida foi não somente o maior e o mais prestigiado de todos os capitães da Marinha Mercante da Figueira da Foz (condecorado em 1973 com a Medalha Naval de Vasco da Gama da Marinha Portuguesa) mas também o maior e o mais importante de todos os especialistas da História Marítima Figueirense (sem que, para isso, tenha precisado de ter sido licenciado ou doutorado em qualquer espécie de universidade) — é a rápida reedição facsimilada dos seus livros, os quais, desde há muitos anos, estão totalmente esgotados, e por isso há muito deixaram de ser acessíveis ao grande público.
Essa reedição será agora muito fácil e muito barata, pois, pela parte do editor, sem fins lucrativos, CEMAR-Centro de Estudos do Mar, tal como sempre, não pretende receber nem um só cêntimo de dinheiro público.
Pela parte da impressora original, a Tipografia Cruz & Cardoso, casa de tão grandes tradições na História Cultural da cidade da Figueira da Foz, tanto quanto sabemos, existem ainda hoje em dia lá conservados os materiais originais da impressão, e portanto poderá ser feita uma reimpressão a qualquer momento, com toda a facilidade, para que, assim, possam voltar aos olhos do público os melhores, os mais importantes e rigorosos, os mais bem fundamentados e documentados, e os mais bem escritos, de todos os textos alguma vez publicados sobre a História Marítima e Local da Figueira da Foz e das regiões vizinhas do sul da Foz do Mondego. 

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Engenheiro Baldaque da Silva, João Pereira Mano e Manuel Luís Pata

“Em 1913 o engenheiro Baldaque da Silva apresentou o seu projecto de construção de um porto oceânico e comercial ao sul do Cabo Mondego. Fê-lo sob a curiosa designação de “Representação dirigida ao Congresso Nacional da República Portuguesa sobre o engrandecimento da Beira e a construção do porto oceânico comercial do Cabo Mondego”, apoiado no tratamento estatístico da actividade económica de toda a região.
Não é o do conhecimento do autor destas linhas as razões da sua não materialização e se a mesma teria viabilidade técnica e económica, sendo embora um apetecível exercício de imaginação reflectir sobre essa possibilidade. O facto é que o projecto foi apresentado, devidamente fundamentado, com um cunho eminentemente regionalista apoiado na evidente preocupação de juntar sinergias.

Aproveitando a boleia da crónica desta semana do eng. Daniel Santos no jornal As Beiras, recordo um texto do CapitãoJoão Pereira Mano,  (autor de "Terras do Mar Salgado: São Julião da Figueira da Foz…" [1997], Associado  Honorário do CEMAR-Centro de Estudos do Mar [2008], e Medalha de Ouro de Mérito, a título póstumo [2012], da cidade da Figueira da Foz), acerca do Com. Antonio Arthur Baldaque da Silva e acerca do seu projecto de porto oceânico de águas profundas a construir no Cabo Mondego (Buarcos):
(…) Autor de diversos projectos de portos portugueses, e mesmo estrangeiros, o engenheiro Baldaque da Silva — filho do engenheiro Silva que em 1859 conseguiu restabelecer a barra da Figueira ao Norte, depois de ter construído o dique ou paredão do Cabedelo —  foi o autor do projecto do “Porto oceânico-comercial do Cabo Mondego” que, além do molhe de abrigo  —  agora muito bem lembrado na imprensa pelo figueirense Bruno de Sousa  —  delineava uma doca comercial de 52 hectares de área, só aberta nos 150 metros da sua entrada, limitada a Oeste pela parte do molhe que termina nos Formigais, e concluía por uma portentosa rede de canais a ligar o novo porto a Aveiro, Leiria e Coimbra — já não  falando em estruturas diversas, como sejam diques, doca de pesca e o respectivo cais. Na altura, e ainda anos depois, os jornais da Figueira bateram-se pela execução deste, ou de parte deste projecto, tendo mesmo “A Voz da Justiça” começado a publicar o trabalho deste denodado engenheiro hidrógrafo, a partir do  nº 1136, de 21 de Out. de 1913. Mas, como é óbvio, nada conseguiram. Porém, se a Figueira quiser ter um PORTO só ali o terá. Como a Cidade Invicta  teve o seu em Leixões. E, no Cabo Mondego, há ou havia, para tal, condições muito mais propícias do que aquelas que a foz do rio Leça ofereceu
(in MANO, João Pereira, Terras do Mar Salgado: São Julião da Figueira da Foz, São Pedro da Cova-Gala, Buarcos, Costa de Lavos e Leirosa, Figueira da Foz: Centro de Estudos do Mar, 1997, pp. 321-322.)

E, já agora, aproveito para recordar ainda o que me tem dito ao longo dos anos o velho e experiente Manuel Luís Pata, nas inúmeras e enriquecedoras conversas que ao longo da minha vida com ele tenho tido:  “a Figueira nasceu numa paisagem ímpar. Porém, ao longo dos tempos, não soubemos tirar partido das belezas da Natureza, mas sim destruí-las com obras aberrantes. Na sua opinião, a única obra do homem  de que deveríamos ter orgulho e preservá-la, foi a reflorestação da Serra da Boa Viagem por Manuel Rei. Fez o que parecia impossível, essa obra foi reconhecida por grandes técnicos de renome mundial. E, hoje, o que dela resta? – Cinzas!..

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Uma sugestão para salvar o único exemplar da bateira da Cova-Gala


“Na Figueira da Foz, e sobretudo na sua terra natal (Cova-Gala), João Pereira Mano não precisa de qualquer apresentação. Homem do Mar, ficou-lhe esta região a dever, para sempre, a salvaguarda de muita da sua memória colectiva (e não só pela escrita, embora, naturalmente, essa seja a dimensão em que mais vai perdurar o seu contributo). Em 1997 o Capitão João Pereira Mano desempenhou também um importante papel na identificação e na obtenção de uma bateira do Mondego, típica da Cova-Gala (bateira FF-304-L Maria Augusta Mano), que veio a ser meritoriamente doada pelo seu último proprietário, o Ex°. Senhor Manuel Mano, para futuros fins museológicos, e que assim veio juntar-se aos outros três diferentes exemplares de arquitectura naval local que o CEMAR já havia antes, em 1995, 1996, e 1997, conseguido que fossem obtidos, restaurados, e doados à cidade e à sua autarquia, com vista aos referidos fins museológicos.” (daqui)

fotos António Agostinho
Todavia, infelizmente, essas embarcações tiveram um fim inglório e triste...
Neste momento, o único exemplar da bateira da Cova-Gala encontra-se no Largo das Alminhas, na Gala, como a foto documenta. Sujeito que está à chuva e ao sol, na melhor das hipóteses, daqui por dois anos terá o mesmo destino que as embarcações oferecidas pelo CEMAR à Câmara da Figueira tiveram: o apodrecimento.
Enquanto é tempo, deixo aqui uma sugestão e, ao mesmo tempo, um apelo a quem de direito, para preservar tão importante exemplar único (pelo menos que eu conheça) da bateira da Cova-Gala: a sua deslocação para o portinho da Gala para fazer parte do espólio do Núcleo Museológico que aí está a ser construído e que irá ser aberto ao público em breve.  

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Recordando um texto de João Pereira Mano a propósito de Baldaque da Silva

O projecto do Engenheiro Hidrógrafo Com. Antonio Arthur Baldaque da Silva para a construção do "Porto Oceânico-Comercial do Cabo Mondego" (1913), o porto de águas profundas, no Centro de Portugal (Buarcos - Figueira da Foz), destinado a servir todas as regiões do Centro-Norte de Portugal e até mesmo Castilla-León,  projecto esse aprovado no tempo da I República Portuguesa, mas que, depois, nunca foi construído e que, com o tempo, veio a ser substituído pelos projectos de outros portos principais (Leixões, e Sines) e de outros portos regionais (Aveiro, Viana) que, ao longo do século XX, vieram a ser construídos no litoral ocidental de Portugal, foi recordado no passado dia 17 do corrente, no decorrer da Conferência “Apoio Oceanográfico à Segurança Marítima na Figueira da Foz”, que se realizou no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz.
A propósito, recorde-se um texto do Capitão João PereiraMano,  (autor de
"Terras do Mar Salgado: São Julião da Figueira da Foz…" [1997], Associado Honorário do CEMAR-Centro de Estudos do Mar [2008], e Medalha de Ouro de Mérito, a título póstumo [2012], da cidade da Figueira da Foz), acerca do Com. Antonio Arthur Baldaque da Silva e acerca do seu projecto de porto oceânico de águas profundas a construir no Cabo Mondego (Buarcos):
(…) Autor de diversos projectos de portos portugueses, e mesmo estrangeiros, o engenheiro Baldaque da Silva — filho do engenheiro Silva que em 1859 conseguiu restabelecer a barra da Figueira ao Norte, depois de ter construído o dique ou paredão do Cabedelo —  foi o autor do projecto do “Porto oceânico-comercial do Cabo Mondego” que, além do molhe de abrigo  —  agora muito bem lembrado na imprensa pelo figueirense Bruno de Sousa  —  delineava uma doca comercial de 52 hectares de área, só aberta nos 150 metros da sua entrada, limitada a Oeste pela parte do molhe que termina nos Formigais, e concluía por uma portentosa rede de canais a
ligar o novo porto a Aveiro, Leiria e Coimbra — já não  falando em estruturas diversas, como sejam diques, doca de pesca e o respectivo cais. Na altura, e ainda anos depois, os jornais da Figueira bateram-se pela execução deste, ou de parte deste projecto, tendo mesmo “A Voz da Justiça” começado a publicar o trabalho deste denodado engenheiro hidrógrafo, a partir do  nº 1136, de 21 de Out. de 1913. Mas, como é óbvio, nada conseguiram. Porém, se a Figueira quiser ter um PORTO só ali o terá. Como a Cidade Invicta  teve o seu em Leixões. E, no Cabo Mondego, há ou havia, para tal, condições muito mais propícias do que aquelas que a foz do rio Leça ofereceu. (…)

(in MANO, João Pereira, Terras do Mar Salgado: São Julião da Figueira da Foz, São Pedro da Cova-Gala, Buarcos, Costa de Lavos e Leirosa, Figueira da Foz: Centro de Estudos do Mar, 1997, pp. 321-322.
João Pereira Mano, nasceu na  Gala, então freguesia de Lavos, concelho da Figueira  da Foz, em 2 de Setembro de 1914. Faleceu em Lisboa, em 8 de Agosto de 2012.)