A apresentar mensagens correspondentes à consulta em breve ordenadas por data. Ordenar por relevância Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta em breve ordenadas por data. Ordenar por relevância Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Santana vai a eleições na Figueira em 2025?

Na passsada sexta-feira, o Nascer do Sol noticiava que Santana Lopes «foi convidado pelo Governo para subsituir Ana Jorge, ainda antes da exoneração da actual provedora. 0 presidente da Câmara da Figueira da Foz terá respondido que só estaria disponível para ocupar o lugar no final do mandato, em Outubro de 2025. Santana quer apagar a imagem de alguém que não cumpre os mandatos até ao fim, como aconteceu anteriormente na Figueira da Foz, na Câmara de Lisboa e na própria Santa Casa - que abandonou antes da data prevista para fundar e ser candidato pelo partido Aliança.»
Perante esta notícia, Santana Lopes, na sua página do facebook, prestou o seguinte esclarecimento:
«Por conversa hoje de manhã com o Diretor do Sol já compreendi a notícia de primeira página sobre o suposto convite para eu voltar à Santa Casa. Percebi que lhes foi dito por fonte autorizada que eu não seria o novo Provedor porque não queria sair da Figueira. O Diretor do Sol enviou- me uma mensagem na terça - feira dizendo “já me disseram que não quer sair da Figueira”. Eu nada respondi porque essa parte é verdadeira. Deu por adquirido que o convite tinha sido mesmo feito, só queria saber se eu não aceitava mesmo. Sempre agiu corretamente comigo. Ontem no Expresso da Meia- Noite perguntaram- me se eu tinha sido convidado. Eu só podia responder a verdade: não. Mas o Sol não mentiu. Pelo respeito que tenho, quero fazer este esclarecimento.»

Vivi 20 anos em ditadura. Sabemos o que era Portugal antes do 25 de Abril de 1974: havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. 
E havia medo, muito medo. E apesar do medo, houve sempre quem lutasse para que as coisas mudassem. 
E aconteceu o Dia das Surpresas.
E as coisas, por breve período, para quem tinham de mudar, mudaram.
Agora, 50 anos passados, olhamos para o futuro com apreensão. Aliás, penso que não sou só eu a pensar, que o cenário no país pode piorar. 
E tem piorado. 

Na Figueira aconteceu o mesmo. 
Todavia, de vez em quando, temos uma ou outra pequena supresa, sobretudo apreciada pelos pessimistas, como só eles têm a capacidade de o fazer.
"A intelectualidade" nunca gostou de Pedro Santana Lopes: "considera-o um demagogo volúvel"
Essa, foi uma vantagem que se revelou perversa para quem o menosprezou. 
O país (e a Figueira)  também não gosta da "intelectualidade" com o seu ar jactancioso, convencido e superior, as suas indignações e a sede de mordomias e de prestígio.
Santana Lopes, apesar das confusões com os títulos dos livros e o nome das peças musicais, do seu passado de homem do futebol, da sua herança de sedutor com um rasto de hipotéticos corações destroçados, conquistou a Figueira e depois Lisboa - essa Lisboa da "intelectualidade" e da "opinião esclarecida".

E em 2021 conquistou de novo a Figueira...
2025 está bater-nos à porta.
Santana "já não vai ser recandidato?", perguntava um leitor do OUTRA MARGEM um dia destes.
Caso vá a eleições na Figueira, Santana Lopes vai disputá-las em pleno.
Esta, é a única certeza que, a meu ver, existe na Figueira em Maio de 2024.

segunda-feira, 6 de maio de 2024

“É na sustentabilidade das associações de bombeiros voluntários que está o nó górdio de todo um conjunto de coisas”...

«Margarida Blasco, Ministra da Admnistração Interna, anunciou que iniciará em breve conversações com a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), tendo em cima da mesa as propostas do programa do Governo e o caderno reivindicativo da liga, adiantou o presidente dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz (BVFF), Lídio Lopes, ao DIÁRIO AS BEIRAS. O dirigente, falando à margem das comemorações do Dia Internacional do Bombeiro, promovidas pela LBP no Casino Figueira, com a participação de Margarida Blasco, elencou as principais reivindicações dos bombeiros. Em declarações a este jornal, Lídio Lopes destacou que, “fundamentalmente”, está “a questão da sustentabilidade das associações humanitárias de bombeiros”. O dirigente ressalvou que “da sustentabilidade decorre tudo o que tem a ver com a necessidade”. Ou seja, indicou: “Decorre a nossa capacidade de acolher as carreiras de bombeiros com justos salários para os bombeiros profissionais”. Além daquela reivindicação, “decorre a capacidade” das associações humanitárias de bombeiros “no universo das viaturas, dos equipamentos de proteção individual e da prestação do socorro em quaisquer situações dos riscos definidos no plano nacional de emergência”. Lídio Lopes tem vindo a criticar a definição unilateral, por parte do Estado, do preço e do prazo de pagamento dos serviços prestados pelos bombeiros relativos ao transporte de doentes. 

Uma questão de sustentabilidade.

“É na sustentabilidade das associações de bombeiros voluntários que está o nó górdio de todo um conjunto de coisas”, defendeu o presidente dos BVFF. “Não esquecemos o Fundo de Proteção Social do Bombeiro, nem estamos a falar do plano de reequipamento dos corpos de bombeiros com viaturas, que são matérias à parte, embora também pudessem ser tratadas no âmbito da sustentabilidade das associações”, ressalvou. 
Aos jornalistas, no final das referidas comemorações, Margarida Blasco defendeu que é necessário “reforçar o sistema de Proteção Civil” ao nível dos municípios.»

segunda-feira, 22 de abril de 2024

O que é “Ficheiros Secretos”, um espectáculo de Luís Osório?

Sábado à noite, entre curioso e intrigado (um amigo meu, que muito prezo, tinha-me confidenciado que nem morto lá ía...), fui ao CAE ver esta perfomance de Luís Osório.

A coisa prometia. Tinha como convidados Santana Lopes, Conceição Monteiro, Luísa Amaro e Cândido Costa.

“Ficheiros Secretos”, com o sub-título de "Histórias Nunca Contadas da Política e da Sociedade Portuguesas", é um livro  publicado pelo jornalista em 2021, que foi adaptado para os palcos, num espectáculo difícil de definir, mas que tem esgotado as salas por onde passa.

Ao que li, "é uma performance inédita de um jornalista e escritor reconhecido que arrisca agora o que nunca foi feito. Luís Osório assume o papel de narrador da história recente de Portugal, convocando para o palco memórias de personagens marcantes como Álvaro Cunhal, Mário Soares, José Saramago, Amália Rodrigues, Francisco Sá Carneiro, Jorge Sampaio, entre muitos outros. 

O autor conduz a audiência numa viagem pelo último século português e pela vida de alguns dos protagonistas que marcaram o nosso tempo. 

Uma viagem partilhada com o público e com convidados absolutamente surpreendentes."

Tudo isso se concretizou. No sábado passado, Luís Osório esteve completamente exposto e sem rede. Até teve uma "branca", breve (na Figueira é assim: é tudo "breve"), que ultrapassou com toda a naturalidade, quando se queria referir a um episódio que envolvia Carmona Rodrigues, antigo presidente da Câmara de Lisboa e o nome não saía.

Frente ao público, foi ele, só, mais as histórias dos seus fantasmas - bons e maus. 

Mas, afinal, o que é “Ficheiros Secretos”?

Um espectáculo de segredos, confissões, medo e esperança?

Confesso que não sei explicar. 

Para mim, foi algo inaudito.

Algo que nunca tinha visto ou ouvido. Um desafio absolutamente incrível e espantoso, que Luís Osório coloca a si mesmo e que já foi presenciado por mais de 20 mil pessoas deste País.

Eu, fui uma delas. E saí do CAE a pensar sobre o que tinha presenciado e não consigo ainda explicar por palavras ao que tinha assistido.

Continua presente a entrada de Luís Osório na sala, trazendo uma mala vermelha, carregada de memórias de familiares, daqueles que o tratavam por Miguel.

Durante a exposição perante o público, desnudou-se e aos seus fantasmas - sobretudo o da mãe, que deixou de cantar no dia em que ele nasceu. Continuam presentes os pequenos episódios das figuras públicas trazidas à colação. Focou relações familiares, lutas interiores ou episódios engraçados.

Nestas pequenas histórias, Luís Osório mostrou algo importante: um contributo para a definição e a compreensão do País que somos, nas suas grandezas, misérias e imperfeições. 

Como ele, também acredito que “podemos saber os grandes factos históricos de trás para a frente, mas estes não têm a dimensão humana”.

Continuo a vê-lo desaparecer pela porta lateral do CAE, por onde tinha entrado, e continuo sem encontrar as palavras para explicar o que vi sábado passado, à noite, no CAE.

terça-feira, 12 de março de 2024

A realidade move-se e Montenegro vai ter de definir em breve quem é o "inimigo" e quem é o "adversário"...

Contudo, a vida para Ventura pode complicar-se. 
O Chega, espera pela "sorte grande" (depois da "ejaculação precoce", ao Chega resta-lhe o quê?. "Vejamos: para o governo não vai, acordo parlamentar não vejo como. Festeja o quê? Ah, sim, tem uma bancada gigante, tem. E quadros? E políticas que não andem ao sabor da espuma dos dias e do ressentimento? Apesar dos 48 deputados obtidos na eleição de domingo, ao Chega resta-lhe sonhar que a legislatura dure muito pouco e possa culpar os outros do que não fizeram pela maioria estável de direita"...)
A realidade, porém, move-se. Como sublinha Filipe Tourais na sua página do facebook o "PSD não fica por aqui. Terá que decidir qual dos dois, PS ou Chega, será o inimigo e qual dos dois será o adversário. São lógicas completamente distintas. O adversário é para ir vencendo no jogo das diferenças ao longo do tempo.  O inimigo é para aniquilar o mais rapidamente possível. Tivemos disto muito recentemente. O PS esmagou os inimigos PCP e Bloco em 2021 após o chumbo do Orçamento e poupou o adversário PSD, que também o chumbou.
Teremos notícias muito brevemente sobre qual será a escolha do inimigo e do adversário do PSD na eleição dos vice-presidentes da AR. O Chega voltará a tentar eleger o seu pela primeira vez. O PSD não poderá disfarçar. Se votar a favor e garantir a eleição de um fascista para a vice-presidência  da casa da democracia, o Chega será o adversário. Se votar contra e não o permitir, o Chega será o inimigo. Ambas as escolhas terão o seu preço e comportam riscos e dificuldades garantidas."

A leitura pode ser um murro no estômago para muitos à esquerda, mas vale a pena...

O texto é longo. Muitos, inclusive "das esquerdas", podem não gostar nem concordar com tudo. Mas está aqui muita reflexão. Muito incómodo. E muita verdade.
Por Miguel Carvalho: 10 IDEIAS SOBRE AS LEGISLATIVAS

«1 - Quem me conhece sabe que ando, no mínimo há dois anos, a dizer a frase que Pedro Nuno Santos proferiu esta noite, (exceptuando a percentagem, claro, pois não seria bruxo para adivinhar): não há tantos racistas e xenófobos em Portugal como se pretende fazer crer. Mas o que fez a esquerda para perceber a potencial base eleitoral do Chega e o seu crescimento? Zero. O Chega cresce à custa das mentiras, enganos e sonhos por cumprir que só responsabilizam PS, PSD e, em parte, o CDS. Mas também cresce porque há uma esquerda que julga que lhe basta ter uma agenda e imensas certezas sobre um povo que, como se nota, não conhece de todo. Nem escuta de verdade. 

Pedro Nuno Santos e Rui Tavares parecem ter sido os únicos a perceber, ainda que tarde, que há um trabalho que a esquerda tem de fazer (além de renovar-se, claro): falar com os eleitores, ouvi-los, mostrar que as ideias, mesmo quando são muito boas, também se explicam e podem demorar a convenver quem acumula muitos desencantos, de muitos anos, por esse País fora. Há um quotidiano devastador, no País rural e suburbano, que precisa de ser vivido e percebido, e para os quais não chega uma resposta "pronto-a-vestir". Uma esquerda que só tem agenda e acha que não deve discuti-la terra a terra serve para pouco ou nada.

2 - Para aqueles que achavam que antigos eleitores de esquerda nunca votariam no Chega, eis a resposta, contundente. Ou acham que aqueles 18 por cento vieram de Marte? Pois, é outra tese que ando a pregar há mais de dois anos, quase sempre em minoria. E nem um certo jornalismo que vive numa bolha consegue ouvir ou perceber. Sim, há muitos eleitores ex-PCP, ex-BE, ex-PS que votaram Chega. Ontem como hoje, por fé, sem terem lido Marx nem Mussolini. Mais do que estigmatizá-los, talvez fosse melhor ouvi-los e perguntar-lhes porque escolheram Ventura. Mas isso dá muito trabalho, não é?

3 - Insisto: uma boa parte dos eleitores do Chega é resgatável para o "lado bom" da democracia. Estão lá, foram lá parar pelas mais variadas razões. E é preciso entendê-las, dar uma solução a muitos problemas que se eternizam. Mas o que temos assistido, sobretudo à esquerda, é a um discurso de trincheira que varre tudo a estigmas. Não, não são todos saudosistas, racistas, xenófobos. Há muitos, mas não são todos. Bem sei que a mentira, a desonestidade, o discurso do ódio, anda de Ferrari. Mas o jornalismo e a política que se dão ao respeito não podem responder a estes fenómenos com o discurso de trincheira, estigmatizante, mesmo que a verdade ande, inevitavelmente, de trotinete nos tempos que correm. O escrutínio é necessário e urgente. Mas também deve ser metódico e inclusivo. Quem analisa o Chega não deve confundir quem manda com quem vota. Parece óbvio, mas a verdade é que não foi. O resultado está à vista.

4 - A esquerda tem de ser reponsabilizada pelo que ofereceu de bandeja hoje: a incapacidade de se entender após a "Geringonça"; uma maioria absoluta gerida com amadorismo e sem integridade em muitos setores da governação; posições controversas sobre a guerra na Ucrânia; uma agenda exposta de forma arrogante, como se bastassem as certezas quanto ao seu brilhantismo para que todo um povo as aplaudisse como avanços civilizacionais que são. Parte da esquerda não percebeu o povo português nos anos seguintes ao 25 de Abril. Não, a revolução não estava madura. Como nunca esteve. Passaram 50 anos e a culpa é apenas do povo que não percebe o bem que a esquerda lhe faz?

5 - Uma nota sobre o PCP: podem dar as voltas que quiserem, cultivar a vitimização do costume, repetirem o "olhe que não, olhe que não", mas a posição sobre a Guerra na Ucrânia é algo que eleitores de esquerda de sempre (fora os outros) jamais esquecerão. Na mentalidade de muitos, ainda habituados a pensar entre quatro paredes, a Rússia ainda é um bocadinho a União Soviética. E todos sabemos como Putin também adora ir buscar essas referências históricas enquanto financia a extrema-direita europeia. Mais: um partido que remete um João Ferreira para a humilhação de um 10º lugar em Lisboa merece parte do que lhe aconteceu. O PCP podia, em devido tempo, ter reunido o melhor do que hoje é o BE ou o Livre (e parte do PS até). Escolheu o seu caminho, sempre cheio de certezas sobre o que o povo quer e acabará por reconhecer à CDU. Agora o lema é resistir. Até quando? É assim que se defendem os trabalhadores? É assim que se oferece uma vida melhor? É assim que se representa quem não tem, nas suas vidas, outra representação que não seja dada pelo PCP? É assim que se defende Abril? "Mais 15 dias e isto piava de outra maneira". A sério, Paulo Raimundo? Já agora: na Festa do Avante dos 50 anos do 25 de Abril ainda teremos as barraquinhas da Coreia do Norte e do MPLA? É só para saber...

6 - Chamem-me doido, mas não estou a ver bem o que Ventura vai fazer com tanta euforia, além de berrar mais alto. Aqueles deputados todos vão servir para quê, exatamente, se Montenegro mantiver a palavra dada? Para já, só há um nome para isto: ejaculação precoce. Vejamos: para o governo não vai, acordo parlamentar não vejo como. Festeja o quê? Ah, sim,  tem uma bancada gigante, tem. E quadros? E políticas que não andem ao sabor da espuma dos dias e do ressentimento? Ao Chega resta-lhe sonhar que a legislatura dure muito pouco e possa culpar os outros do que não fizeram pela maioria estável de direita. Aí sim, pode ser que lhe saia a sorte grande.

7 - Montenegro fez uma boa campanha, apesar do CDS, do PPM e do cheiro das tintas. Mas o cordão sanitário ao Chega não é convicção. É tática. Montenegro deve ter percebido a tempo que os custos de um qualquer acordo com o Chega seriam devastadores. Temo mesmo que muita gente com peso abandonasse de vez o partido. E com estrondo. Que PSD sobraria para a História depois de um acordo que faria Sá Carneiro dar voltas no túmulo? No momento de avaliar o que pesava mais, escolheu o que pensava ser menos destrutivo para o partido. E vendeu-o como convicção. Fez bem.

8 - O crescimento do Chega deve também muito ao jornalismo "pingue-pongue", de pouco escrutínio de fundo e muito ruído, de declaração e contra-declaração, de casos e casinhos, sem distinção de envergadura e gravidade. Há um jornalismo que também esteve em jogo nestas eleições e perdeu. Prefere a preguiça do Portugal sentado, do comentário e do parlatório, e menos o País real, que há muito anseia por se fazer ouvir no centro das decisões, mas não é escutado. Despovoado, esquecido, negligenciado, deserdado, votou para se fazer ouvir. Não gostaram? É o que lhes resta. Se lhes chamarem "fachos" só vai piorar, acreditem...

9 - Excelente discurso de Pedro Nuno Santos. Goste-se ou não do estilo, foi claro, frontal. Percebe-se que não está ali para "engonhar" e a política precisa dessa transparência, para o bem ou para o mal. Mas o PS tem muito, muito para fazer para recuperar a imagem de um partido confiável, que não trai nem se prostitui de pantufas, quando lhe dá jeito. É o trabalho de uma geração, talvez possa ser esta. “Não há 18% votantes racistas ou xenófobos em Portugal, mas há muitos portugueses zangados que sentem que não tem tido representação, queremos reconquistar a confiança destes portugueses". Estas palavras são todo um programa. Começar agora é um pouco tarde, mas ainda não é o fim do mundo.

10 - O Livre fala para uma esquerda que se cansou do mofo da esquerda. Para poder ser esquerda de novo. Uma esquerda que aprende com os erros é coisa rara. Talvez haja caminho por aqui. Sem Joacines nem outros erros de casting ou de avaliação pode ser que este seja, para muitos, o início de uma bela amizade. (O Livre foi terceiro no Centro Histórico do Porto. O que é que está a acontecer nos subterrâneos da política que ainda não detetamos?).

P.S. Perdoem, mas não estou pessimista em relação à liberdade e à democracia. Pelo contrário. Acho que, para muitos, este é o princípio do fim, embora não pareça. E entretanto, pode ser que o tempo faça cinza da brasa e outra maré cheia venha da maré vaza...

P.S. II Para um artigo que escrevi há umas semanas e será publicado em breve na Divergente, escrevi: "Nos próximos atos eleitorais, a começar pelas Legislativas de março, o eventual aumento da participação eleitoral pode acabar no colo de uma reforçada direita radical ciberpopulista, que afronta a mediação informativa profissional e reduz o escrutínio jornalístico a terra queimada". E mais não digo, leiam o resto depois.»

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Afastaram-se do PCP, mas voltam para o salvar da ameaça do desaparecimento

 Margarida Davim via Diário de Notícias

«Ex-dirigentes sindicais, muitos dos quais se desfiliaram do PCP, assinam documento de apelo ao voto na CDU. Ecologistas independentes pedem regresso do PEV ao Parlamento. E de várias áreas da esquerda há quem venha defender a importância do PC. É um apelo ao voto que começa com uma invocação da memória. Da forma como o PCP, juntamente com “outros democratas que lutavam pela liberdade, pela democracia e pela paz”, ajudou a construir direitos dos trabalhadores que ficaram firmados na Constituição de 1976. É em nome dessa história que, um conjunto de ex-sindicalistas da CGTP, vários dos quais saíram entretanto do PCP, assinam  um manifesto de apelo ao voto na CDU no dia 10 de março. Entre os signatários estão nomes como o do antigo secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, que se desfiliou do PCP há mais de 12 anos, de José Luís Judas, que depois de deixar de ser comunista foi presidente da Câmara de Cascais pelo PS, ou de António Avelãs, histórico sindicalista da Fenprof, que já esteve no BE e nas últimas autárquicas foi candidato pelo movimento independente Cidadãos por Lisboa.


A importância do “chão do PCP”

“Se o chão em que assenta o PCP desaparecer, ele é insubstituível”, declara Manuel Carvalho da Silva ao DN. E que chão é esse? “Uma preocupação programática, estrutural, intrínseca à sua essência, com o mundo do trabalho e os trabalhadores”, responde o antigo sindicalista, lembrando como o Partido Comunista em Portugal tem as suas raízes no movimento sindical do início do século XX. “O PCP é filho do sindicalismo e não o contrário, como muitas vezes por aí se diz”, nota.

“Não menorizo o papel de outras forças políticas. Mas o enfraquecimento do PCP será o desaparecimento de um chão que faz falta à luta dos trabalhadores”, defende Carvalho da Silva, que decidiu assinar o texto também pela forma como este manifesto sublinha a importância de uma frente mais ampla, lembrando como há 50 anos se uniram “trabalhadores e trabalhadoras comunistas, católicos, socialistas, de demais partidos e independentes” na construção de Abril.

“Tem grande significado na atualidade esta mensagem de que o movimento sindical precisa desta pluralidade”, frisa o antigo secretário-geral da CGTP, que chegou a apelar ao voto em António Costa para a Câmara de Lisboa nas autárquicas de 2009, mas que assegura que, apesar do afastamento do PCP, o seu quadro de valores “se mantém o mesmo”.

As “poderosíssimas ameaças da direita pró fascista”

Num momento em que as sondagens dão a perspetiva de uma quebra eleitoral acentuada para a CDU e em que a extrema-direita aparece em tendência oposta, Manuel Carvalho da Silva lembra que “a sociedade portuguesa deve muito ao PCP” e que esse é um partido em que há “um apego institucional às instituições da democracia que é muito significativo” e que entende ser particularmente relevante neste contexto político.

No texto, que é assinado por 50 históricos do sindicalismo em Portugal, defende-se que há neste momento uma tentativa deliberada de fazer desaparecer o Partido Comunista. “Dois grandes objetivos da direita são, no imediato, aprofundar o ataque aos direitos dos trabalhadores, aos sindicatos e à CGTP-IN, e enfraquecer, ou mesmo anular a existência eleitoral do PCP”, lê-se no documento, que afirma que são “poderosíssimas as ameaças das forças da direita, incluindo a direita pró fascista”, que não esconde as suas “intenções de regresso a um passado ditatorial”.

“É um momento crítico”, diz ao DN António Avelãs, que entendeu ser “uma atitude justa” apelar ao voto na CDU nestas eleições, defendendo que essa “tem sido a mais séria e consistente na defesa dos trabalhadores” e pela qual tem “um profundo respeito”, apesar de todas as divergências que, sublinha, o separam de outros dos signatários do mesmo texto. “Há divergências que me afastam de outros camaradas que assinam o documento, mas o que há de comum é muito mais importante”, argumenta.

Ecologistas pedem voto no PEV

Este sábado, o Partido Ecologista Os Verdes (PEV) – que juntamente com o PCP integra a CDU – apresentou também um documento de apelo ao voto na coligação comunista, subscrito por 130 ecologistas, a esmagadora maioria dos quais independentes.

“Nestes dois anos em que o Partido Ecologista Os Verdes deixou de ter representação parlamentar, as matérias ambientais e da sustentabilidade perderam enfoque na agenda parlamentar e deixaram de ter expressão regular na Assembleia da República”, alegam os subscritores do documento, que acreditam que “a presença de deputados dos Verdes na Assembleia da República é fundamental para alertar, denunciar, propor e encontrar soluções estruturalmente sustentáveis” para o momento de emergência climática que se vive.

“Os Verdes fazem falta na Assembleia da República! É fundamental que esta voz determinada e consequente regresse ao Parlamento para que a agenda ecologista seja marcante e constante, para que o ambiente – o suporte da vida – seja priorizado e não negligenciado”, escrevem.

Estes dois apelos ao voto na CDU juntam-se a um outro manifesto, divulgado no início de janeiro, pela plataforma Iniciativa dos Comuns, que agregou ex-militantes comunistas e bloquistas, anarquistas e independentes num apelo comum ao voto.

Apelo da Iniciativa dos Comuns já foi subscrito por 400 pessoas

“Não somos militantes do PCP, nem do PEV e não partilhamos todas as suas posições. Mas sabemos da importância e seriedade das suas propostas em áreas fundamentais. Propostas que enfrentam interesses entranhados, do imobiliário à banca, e que são feitas em nome de um país que se quer solidário e autónomo”, lê-se no texto, que foi subscrito por ativistas sociais, como os rappers Flávio Almada e Xulajji, por jornalistas, como José António Cerejo ou Emídio Fernando, mas também por nomes ligados à cultura ou à ciência.

“Por jogar o seu jogo e não cair nas armadilhas do soundbite, o PCP tem sido silenciado. O verdadeiro cordão de silêncio é à volta do PCP, e isso é objetivo. Só isso já me faz gostar dele”,dizia na altura ao DN o escritor Rui Zink para justificar o apelo ao voto na CDU, apesar de todas as críticas que tinha feito publicamente aos comunistas a propósito da guerra na Ucrânia.

“Embora eu discorde em muitas coisas do partido, faz muita falta a voz do PCP na Assembleia da República”, afirmava também ao DN o jornalista José António Cerejo, assumindo pela primeira vez o apoio a uma força política por já estar reformado.

“Na hora de elegermos quem nos represente, a redução da política a uma simples tarefa de gestão dos danos provocados pelos interesses capitalistas, sem contrapeso político, convida-nos a optar pelo ‘mal menor’. E, no entanto, se deu a maioria absoluta ao Partido Socialista, a lógica do ‘mal menor’ nada resolveu”, defende-se no texto que foi subscrito por 400 pessoas dos bairros, universidades, empresas e órgãos de comunicação social e de diversos sectores sociais, todas sem filiação partidária, para defender a importância do voto na CDU nestas legislativas.

“Em breve celebraremos os cinquenta anos do 25 de Abril. É uma questão de memória, mas também de futuro. A revolta e a alegria das pessoas comuns que há meio século saíram à rua deram pleno sentido à longa história da resistência antifascista e das lutas anticoloniais. É na sua esteira que vos escrevemos, a fim de partilharmos as nossas preocupações com a situação atual e para vos dirigirmos um apelo mobilizador”, lê-se no texto, que foi buscar o título a um verso do poeta recentemente falecido Manuel Gusmão, para se apresentarem como a “esperança que não fica à espera”

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Estudo para as marinas

Imagem via Diário as Beiras
Em 
nota publicada, a APFF nas suas redes sociais informa que "a reunião de arranque do Estudo para o Desenvolvimento e Valorização da Marina Atlântica da Figueira da Foz decorreu na quarta-feira passada, na Figueira da Foz. Contou com a presença, para além dos membros do Conselho de Administração e quadros da APFF, da Câmara Municipal da Figueira da Foz e dos consultores da TISPT – Consultores em Transportes, Inovação e Sistemas, S.A., empresa vencedora do concurso público, lançado no passado mês de setembro. 
A concretização deste estudo permitirá habilitar o Conselho de Administração da APFF no processo de tomada de decisão sobre a viabilidade da concessão da marina existente, sua eventual ampliação e construção de um espaço de receção aos navios de cruzeiro, enquanto estratégia e reforço da posição competitiva do Porto da Figueira da Foz no negócio da náutica de recreio e de cruzeiros costeiros.
O prazo máximo de execução deste estudo é de 130 dias, sendo o valor de adjudicação de 45.000,01€."
Na edição de hoje, o Diário as Beiras informa que "o estudo abrange a atual marina, que deverá passar a ser gerida por privados, ao abrigo de um contrato de concessão, e a construção de uma segunda marina no Cabedelo, na margem Sul da cidade."
Esta será maior e mais moderna. “A concretização deste estudo irá habilitar o conselho de administração da APFF no processo de tomada de decisão sobre a viabilidade da concessão da marina existente, sua eventual ampliação e construção de um espaço de receção aos navios de cruzeiro”.
Ainda segundo o mesmo jornal, o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, adiantou que "será formalizada em breve a adjudicação da empreitada de aprofundamento da barra, do canal de navegação e da bacia de manobras da zona portuária. O valor desta obra é superior a 22 milhões de euros. A obra será financiada por fundos públicos e a comparticipação financeira de privados que utilizam a infraestrutura portuária. 
Com o aumento do calado, o Porto da Figueira da Foz passará a ser frequentado por navios de maior porte e, logo, com mais capacidade de carga. Com esta intervenção, determinante para o seu desenvolvimento, a infraestrutura portuária tornar-se-á mais competitiva. E mais segura para a navegação. 
Se aquelas as obras forem concluídas em tempo útil, a zona portuária servirá de base logística para a construção do futuro parque eólico em alto-mar, ao largo da costa figueirense, que será o maior do continente marítimo português. E também servirão outros investimentos anunciados para o concelho. 
Por outro lado, está prevista a transposição de três milhões de metros cúbicos de areia, do areal urbano para as praias da margem Sul do concelho. A tutela do Ambiente já fez o projeto de execução, estudo de impacte ambiental e análise do custo/benefício, seguindo-se a candidatura da empreitada ao Programa Ação Climática e Sustentabilidade. Todavia, o ciclo de investimentos anunciado pelo Governo para o combate à erosão costeira na margem esquerda da foz do Mondego, sem precedentes, só ficará concluído com a instalação de um sistema mecânico permanente de transposição de areias, de Norte para Sul da barra (bypass). Não obstante aqueles investimentos, Santana Lopes insiste que deve haver uma draga em permanência no Porto da Figueira da Foz. Até porque as obras anunciadas não porão fim ao assoreamento da barra, tendo em conta que se localiza numa foz."

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Decisões tomadas em reunião de Câmara realizada ontem

Expansão do Parque das Abadias, para Norte, foi aprovada com os votos da FAP e do PSD
A vereação do PS absteve-se.
O documento vai ser votado na sessão do dia 15 deste mês da Assembleia Municipal.
O protocolo entre o Município da Figueira da Foz e a produtora dos festivais RFM Somnii e BR Fest, a MOT, foi aprovado por unanimidade.
Segundo o DIÁRIO AS BEIRAS, «a expansão do Parque das Abadias, para Norte, poderá arrancar “muito em breve”. Foi o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, quem o disse, ontem, aos jornalistas, no final da reunião de câmara. Trata-se de uma área de 11,3 hectares, incluindo 5,5 hectares de zonas verdes. Nos restantes hectares, alguns proprietários dos terrenos abrangidos poderão construir, mas sujeitos a diversas restrições. 
A expansão do parque terá dois troços, o primeiro até aos terrenos situados em frente ao Ginásio Clube Figueirense e o segundo até à Serra da Boa Viagem. 
Em vez de seguir o caminho das expropriações, o executivo camarário da Figueira da Foz optou pela constituição de uma Unidade Operativa de Planeamento e Gestão. Deste modo, a autarquia negociou com os 12 proprietários das 19 parcelas de terrenos e isentou o município de pagar aos privados pelos terrenos que serão utilizados na expansão do parque. 
Naquela modalidade, os proprietários que podem urbanizar os seus terrenos pagarão aos que não podem construir nas áreas que cederam. Esta solução entre privados envolve valores de cerca de 800 mil euros. 
O município ainda não definiu o orçamento para a expansão do parque, uma vez que, neste momento, ainda decorre a elaboração dos projetos. Santana Lopes defendeu que o prolongamento do Parque das Abadias “será algo muito importante para a cidade e enquadra-se nos objetivos da Europa Verde”. E acrescentou: “É uma obra a que damos importância, e espero que possa arrancar muito em breve”.
Em setembro passado, numa entrevista ao DIÁRIO AS BEIRAS, Santana Lopes tinha admitido que a expansão das Abadias deverá pôr em causa a execução do projeto do Parque Verde, na Várzea de Tavarede. Este processo foi herdado dos mandatos do PS. Indagado sobre se mantém o projeto, o autarca sustentou que a sua execução implica um suporte financeiro “muito pesado” - estão em causa entre cinco e seis milhões de euros. 
No entanto, parte da área verde deverá ser incluída na regeneração da entrada da cidade. 
“O parque urbano que vamos fazer é continuar o parque das Abadias, que é um parque verde urbano excecional. Aquele [a Várzea] tem outras componentes: divisão de propriedades, solo agrícola… Não se justifica. Falei com o professor Sidónio Pardal [paisagista e autor do projeto] e sei o que ele me diz sobre os custos do projeto, que é interessante, mas é muito pesado em termos financeiros”, frisou Santana Lopes, na entrevista de Setembo do corrente ano.
Voltando à reunião de ontem (imagem via DIÁRIO AS BEIRAS).

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Natália Correia: "feria-a um verso mal dito, um comentário político desalinhado ou o sorver do gelado com maior alarido durante a leitura de um poema"

 

Foto sacada daqui

Senhores jurados sou um
poeta um multipétalo uivo um defeito e ando com
uma camisa de vento ao contrário do esqueleto
Sou um vestíbulo do impossível um lápis de
armazenado espanto e por fim com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim Sou em código o azul
de todos (curtido couro de cicatrizes) uma
avaria cantante na maquineta dos felizes
Senhores banqueiros sois a cidade o vosso enfarte
serei não há cidade sem o parque do sono que
vos roubei Senhores professores que puseste
a prémio minha rara edição de raptar-me em
crianças que salvo do incêndio da vossa lição
Senhores tiranos que do baralho de em pó volverdes
sois os reis sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis Senhores
heróis até aos dentes puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos umas estrofes mais
além Senhores três quatro cinco e sete que
medo vos pôs na ordem ? que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem ? Senhores
juízes que não molhais a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro sem que ele cante
minha defesa Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever ó
subalimentados do sonho ! a poesia é para comer.

Nome maior da poesia portuguesa do século XX, Natália Correia, que hoje completaria 100 anos, foi também uma combatente pelas liberdades públicas e privadas.
Na madrugada de 25 de Abril de 1974, Natália Correia voltava do seu bar Botequim, no bairro lisboeta da Graça. Sentindo-se sem sono, pôs-se a ler os versos de Abenamar, poeta do século XI nascido em Silves. 
Mas não chegou a adormecer. Em breve, receberia um telefonema a anunciar-lhe a existência de movimentos de tropas em direção a Lisboa, com a Baixa da cidade, onde estavam os ministérios, já ocupada por tanques. 
Como escreveria no diário que iniciou nesse preciso momento, a direção do movimento era ainda tão indistinta como os vultos iluminados pela primeira luz da manhã: o dia iria chegar "cheio de graça libertadora" ou ferido "pelas tremuras da caquexia ultradireitista?" Quando, por volta das 7 da manhã, uma rádio transmite o seu poema Queixa das Almas Jovens Censuradas, interpretado por José Mário Branco, Natália não teve dúvidas: a ditadura, que ela combatera com palavras e atos, aproximava-se do seu fim.
«O Dever de Deslumbrar- Biografia de Natália Correia», editado pela Contraponto, é uma obra que chega no ano do centenário da escritora e poeta, que se assinala hoje, dia 13 de setembro de 2023, e permite ficar a conhecer a realidade do país nos seus 70 anos de vida.

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Agora falo eu

By Pedro Cruz
«Mais logo, os conselheiros de estado voltam a sentar-se à mesa que tem Marcelo na cabeceira. Mas, desta vez, não vão para falar. Vão apenas para ouvir. Ouvir António Costa, que tinha um avião para apanhar em julho e, por isso, acontece esta parte II de uma reunião que Marcelo quer que seja recordada e à qual quer dar importância.

Na primeira parte deste encontro do órgão consultivo do PR, falaram todos os conselheiros e, tirando uma ou outra exceção, os diagnósticos de como vai Portugal não foram nada simpáticos para o Governo. É certo que Cavaco Silva não disse, cara a cara, a António Costa, nem metade do que tinha andado a dizer e a escrever no espaço público nas semanas que antecederam a primeira parte da reunião. Limitou-se, o antigo primeiro-ministro e Presidente a falar de contas, do orçamento, da despesa e da receita. No mesmo caminho seguiu Miguel Cadilhe, antigo ministro das finanças de Cavaco, que arrasou os números do governo e explicou porque é que afinal as contas certas não são tão certas nem tão folgadas como diz o atual ministro das Finanças.
Daqui a pouco, o conselho de Estado vai ouvir António Costa, o penúltimo a falar. Será o tempo do primeiro-ministro poder fazer a sua defesa, explicar aos restantes conselheiros que rumo segue o governo, o que anda a fazer e o que pretende para o futuro breve, com a preparação do OE a ser trabalhada.

Por fim, Marcelo.

Marcelo já não quer nem precisa de ouvir mais nada. Aliás, já fez saber que já sabe o que vai dizer, que o discurso está escrito, que se foi "escrevendo sozinho" enquanto tirava notas das intervenções dos conselheiros. Ou seja, o que Marcelo já disse é que, independentemente do que venha a dizer António Costa, as conclusões já estão tiradas. Marcelo quis que se soubesse que não precisa de ouvir António Costa para saber o que dirá. A estratégia de desvalorização da intervenção de António Costa é apenas mais um episódio - na minha opinião, grave - do contrapoder que, desde maio passado, quando Galamba ficou no governo contra a vontade de Marcelo, o presidente está disposto a exercer nestes dois anos e meio que faltam para o fim do mandato e numa altura em que o espaço público já se agita com nomes e disponibilidades de presidenciáveis.
Além disso, além disto, Marcelo já ameaçou que esta coisa do Mais Habitação não fica assim. "A regulamentação terá de me vir parar às mãos", disse, este fim de semana, o chefe de Estado, depois de lembrar, mais uma vez, que ele acha que o pacote não vai funcionar. E lamentou não ter havido abertura do PS para um acordo - nem que fosse pequeno - com o PSD para que o programa se tornasse mais abrangente e «estrutural». Marcelo vetou, o diploma vai voltar sem ser mexido, ele vai (ter de) promulgar e, depois, vai esperar que o documento regresse a Belém, já regulamentado.
A frente de batalha entre PR e PM está aberta, por mais que digam, um e outro, que cada um está a cumprir escrupulosamente o seu papel e que, um e outro, estão a atuar dentro das competências e atribuições que a constituição lhes confere.
Este é o conselho de Estado de Marcelo. Que marcou em maio, que lembrou frequentemente que era em julho, que teve de interromper, que retoma agora. Marcelo já tomou o pulso ao conselho. A questão é, agora, o que dirá o PR a fechar a reunião e, já agora, se os conselheiros refletem de facto a sociedade portuguesa. Ou se, pelo contrário, a sala do conselho é apenas (mais) uma bolha.»

terça-feira, 15 de agosto de 2023

O sonho "demasiado alto" de José Esteves terá sido o "azar" de Carlos Monteiro nas autárquicas de Setembro de 2021?

Diário as Beiras, edição de 15 de Setembro de 2023.
"José Esteves tinha um sonho: construir uma piscina de marés em Buarcos, numa zona rochosa, semelhante à de Leça da Palmeira, projetada por Siza Vieira.
Entretanto, em 2019, o então presidente da Câmara da Figueira da Foz João Ataíde assumiu a Secretaria de Estado do Ambiente, sendo substituído pelo “vice” Carlos Monteiro. Com este autarca ao leme da autarquia, o sonho de José Esteves foi-se desvanecendo."

José Esteves, no início de Abril de 2021, em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, afirmou: «o presidente da Junta de Buarcos e São Julião decidiu que não se recandidata ao terceiro e último mandato, porque “não quis” e “era altura de dar lugar a outro” candidato do PS.  
Na oportunidade, para abrir espaço à candidatura de Milu Palaio, a número dois do executivo daquela freguesia.
José Esteves saiu da Junta da Buarcos e Sâo Julião sem ver concretizado um desiderato no qual se empenhou: uma piscina de marés em Buarcos
Para Carlos Monteiro, que substituiu João Ataíde, "a piscina de marés nunca foi uma prioridade para o município, colocando à frente a construção de uma piscina municipal coberta na cidade".

Em 2023, temos 2 piscinas com água salgada aquecida idênticas àquela que foi instalada em 2022 em Vila Nova de Gaia, com 25 por 20 metros e profundidade máxima de um metro, num projeto desenvolvido pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA). 
Voltemos à edição de hoje do Diário as Beiras.
José Esteves que não se recandidatou ao último mandato, diz: "é claro que [as piscinas de praia] não são o meu projeto", contudo, "é melhor que nada".. 
Questionado se tomou a decisão de não se recandidatar por Carlos Monteiro não ter avançado com o seu projeto, começou por dizer que “não queria falar nisso”, seguindo-se um breve momento de silêncio. Depois, respondeu assim: “Fico no “nim”

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

A «estória» do IC1/109...

Em 2023, o piso da 109, entre a Ponte dos Arcos e a as celuloses, está um brinquinho.

Todavia, não foi fácil: foi um assunto que se arrastou por mais de uma dezena de anos.

Em 2016, a Câmara Municipal emitiu um comunicado e divulgou nas redes sociais que a empresa pública Infraestruturas de Portugal (IP) anunciava o investimento de 3,25 milhões de euros para as obras da sua requalificação, valor que seria distribuído em dois anos, sendo 1,2 milhões em 2016 e 2,05 milhões em 2017.
Passaram os anos.

Para quem gosta de conhecer, com rigor, vale a pena conhecer a «estória» do IC1/109, pois nesta vida nada acontece por acaso.
Como tudo de importante que tem a ver com a Figueira e o seu concelho, a «estória» pode ser lida, com muitos pormenores, aqui no OUTRA MARGEM.

Só por curiosidade, recorde-se.
Em Janeiro de 2020, «contactado pelo DIÁRIO AS BEIRAS, Carlos Monteiro considerou “um mau princípio de conversa alguém que tem responsabilidades políticas afirmar que estas situações se resolvem com influências”. O presidente da autarquia acrescentou que “os governos e as câmaras não funcionam por influências, funcionam porque as obras são necessárias”.
Assim sendo, conclui: “O Governo entende que a obra é necessária, mas ainda não conseguiu realizá-la devido à situação calamitosa do país deixa-da pelo Governo do PSD”
"O poder funciona porque as obras são necessárias"!  
Brutal, não acham esta resposta "breve" do presidente cooptado?...
Necessidade havia. Oh se havia...
Foto sacada daqui

domingo, 2 de julho de 2023

E𝐬𝐭𝐞 𝐯𝐞𝐫𝐚̃𝐨 𝐚𝐨 𝐬𝐞𝐮 𝐝𝐢𝐬𝐩𝐨𝐫 𝐭𝐨𝐝𝐨𝐬 𝐨𝐬 𝐝𝐢𝐚𝐬 𝐝𝐚 𝐬𝐞𝐦𝐚𝐧𝐚

Via Município da Figueira da Foz

"Claridade, Varina e Flamingo: os três veículos elétricos municipais– semelhantes a um carrinho de golfe, vão, em breve, começar a realizar o transporte de banhistas pelo areal.

O serviço será assegurado gratuitamente, de segunda-feira a domingo, das 10h00 às 18h00."

segunda-feira, 26 de junho de 2023

24 de Junho, dia de reflexão

Em finais de Junho de 2023, mais ou menos a meio do mandato desta segunda passagem de Santana Lopes como presidente de câmara, o concelho precisa que lhe mostrem a realidade tal qual ela é, sem máscaras e sem disfarce. 
Os figueirenses têm de perceber, uma vez por todas, as causas do definhamento da sua cidade e do seu concelho. E têm de entender que na construção do futuro, não existem milagres: há planeamento, trabalho, competência, capacidade de concretização e visão na definição do desenvolvimento do nosso concelho.
O passado não pode, nem deve, ser esquecido, mas o importante é o futuro.
Venha a "valorização do porto", a "duplicação da via férrea entre Coimbra e a Figueira da Foz". Mas, não se esqueçam da Linha do Oeste, antes que lhe aconteça o que sabemos que se passou com a Linha da Beira Alta.
24 de Junho, como sempre acontece na Figueira, foi dia de reflexão e discursos bem intencionados. Todavia, é preciso mais. Como diz o Povo,  "de boas intenções e de boas palavras está o inferno cheio."
Ainda bem que, pelo menos uma vez no ano, nos interrogamos como foi possível a Figueira chegar ao que chegou. 
A explicação não é difícil e muito menos complexa: chegou aqui com políticas de uma inimaginável estupidez, conduzidas por políticos que ignoravam militantemente a história e a realidade do concelho e se limitaram a imitar o que se fazia noutros lados. 
Olhem para Buarcos e para o Cabedelo.
Os responsáveis são conhecidos. 
Nestes últimos anos, a Figueira viu uma geração desbaratar milhões a implementar e a pôr em prática políticas urbanísticas, que nem para modernizar uma cidade que ainda vive à sombra dos mitos passados, serviram.
Neste momento, a pouco mais de 2 anos de novas eleições - autárquicas e presidenciais - vislumbra-se já que a Figueira e Santana vão ter um enorme desafio em 2025.
Sem querer adiantar muito, a "pitonisa" prevê que em 2025, "o que pode ser o melhor para Santana, pode ser um problema para a Figueira".
Para memória futura, via Diário as Beiras, fica algo do que ficou dito em 24 de Junho de 2023 na Figueira.
O presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, na sessão solene do Dia da Cidade, que se celebra a 24 de junho, fez um discurso apontando com o dedo para o desenvolvimento do concelho, defendendo a definição do caminho a seguir, envolvendo diversas vontades, mas sem ilusões. “Temos falado sobre o quão decisivo é para a Figueira da Foz [e para a região] as opções que venham ser tomadas nestas matérias. O desenvolvimento da Linha do Norte ou da Linha da Beira Alta… Há um pedido que temos de fazer todos, aos outros e nós próprios, é que façamos bem o esclarecimento, não criemos ilusões, para não sermos enganados no meio de confusões”
Santana Lopes defendeu que “não há nada pior para decisões estratégicas do que a nebulosa nos seus pressupostos, e também nos seus objetivos”. De seguida, acrescentou: “A Figueira da Foz prefere saber com o que conta, o que partilha, aquilo que poderá encontrar no futuro, mas ter a certeza de qual é a estrada do seu desenvolvimento, que foi trilhada antes por quem me antecedeu e será trilhada por outros, no futuro”
Por isso, defendeu: “[É preciso] saber-se, por parte do poder central, do regional e do local, qual é a estrada que temos de seguir, independentemente das mudanças nas escolhas do eleitorado”.
O autarca figueirense falou a seguir ao presidente da Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra (CIM-RC), Emílio Torrão. O convidado afiançou que a estrutura que lidera está empenhada em “valorizar o Porto da Figueira da Foz”, que “é tão importante para o concelho como para todo o território, sendo o único acesso a exportações e importações via marítima da Região de Coimbra, e fundamental para o país”.
Emílio Torrão afirmou, ainda, que a CIM-RC também está empenha na “duplicação da ferrovia entre Coimbra e a Figueira da Foz, e posterior ligação a Espanha”. O mesmo empenhamento manifestou em relação à “mitigação dos efeitos da erosão costeira” e para afirmar a Figueira da Foz como o “centro da economia azul que em breve florescerá e que tornará toda esta costa num ainda maior ativo”.

domingo, 18 de junho de 2023

Serviço público: por ser verdade e para que conste, "ao abrigo do acordo assinado entre a administração portuária e o município da Figueira da Foz, o edifício que serviu de sede administrativa do antigo parque de campismo, onde também funcionou um restaurante, uma esplanada e um café, ficou de fora da mudança de titulares dos imóveis"

Não sei porquê, mas quase sempre que vou ao Cabedelo, sou abordado sobre o estado de degradação do mamarracho com mau aspecto, que é agora o  edifício que serviu de sede administrativa ao antigo parque de campismo que existiu no Cabedelo.
Lá tenho que recorrrer ao que foi publicado pelo Diário as Beiras, na edição de 19 de Maio de 2023.
"Os concessionários que aguardavam luz verde para instalarem os seus equipamentos na zona requalificada do Cabedelo já podem levantar as licenças de construção, uma vez que a passagem dos terrenos e de três edifícios, da administração portuária para o Município da Figueira da Foz, já foi formalizada. 
São quatro os espaços concessionados: um destinado a restauração e os outros a escolas de surf. 
Àqueles quatro, em breve poderão juntar-se outros três. 
«Possivelmente, vamos avançar com a concessão dos balneários do antigo parque de campismo, que também deverão ser utilizados para apoios de praia [restauração], negócios relacionados com a actividade do surf ou outros» - disse na altura o vereador Manuel Domingues. 
Ao abrigo do acordo assinado entre a administração portuária e o município da Figueira da Foz, o edifício que serviu de sede administrativa do antigo parque de campismo, onde também funcionou um restaurante e café, ficou de fora da mudança de titulares dos imóveis. 
Para ver melhor, clicar na imagem
Este imóvel instalado na nova praça do Cabedelo é o mais cobiçado.  
O edifício-sede do antigo parque de campismo integra o estudo de viabilidade económica para a concessão da futura marina do Cabedelo, daí ter sido excluído do pacote de transferência de património da administração portuária para o município."

Recorde-se, que o edifício que serviu de sede administrativa do antigo parque de campismo, que eu conheço como as palmas das minhas mãos, que condicionou todo o projecto de requalificação do Cabedelo, que deu, por responsabilidade da gestão socialista então à frente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, naquilo que já todos sabem, que se encontra em estado de degradação em marcha acelerada, tem tudo para tonar-se numa BELA e TURÍSTICA ruína, a acompanhar, num futuro não muito longínquo, a ruína geral que vai ser o resultado do plano de requlificação  do Cabedelo levado a cabo pelo município da Figueira da Foz entre 2017 e 2022.
Naqule edifício, em tempos não muito recuados, existiu, na minha opinião, a mais bela e aprazível esplanada debruçada sobre o mar do concelho da Figueira da Foz.
Isso, porém, são águas passadas. Neste momento, face ao estado do edifício, não seria mais precavido, sensato e lógico, tentar avançar já para a sua concessão e recuperação, em vez de se estar à espera de uma putativa concessão inserida no processo da futura marina do Cabedelo, que ninguém, neste momento, sabe quando vai acontecer, ou se vai mesmo acontecer?

quarta-feira, 14 de junho de 2023

"Cedência do imóvel, pelo Município da Figueira da Foz, exclui a área contígua, terrenos onde é permitida construção de habitação"

 Via Diário as Beiras
"A Universidade de Coimbra (UC) vai instalar-se no antigo terminal rodoviário. As obras de reabilitação vão iniciar-se em breve. Santana Lopes tinha preferência pelo Sítio das Artes para a instalação do campus da UC, que manifestou quando ainda era candidato à presidência da Câmara da Figueira da Foz. Contudo, o conjunto de edifícios, vizinho do antigo terminal rodoviário, fora cedido pelo anterior executivo camarário, por 50 anos, ao IEFP, para ali instalar um centro de formação profissional. As obras de reabilitação para este efeito deverão começar nos próximos meses."

sábado, 3 de junho de 2023

A ida de Ricardo Silva para vereador e as consequências políicas que daí poderão advir...

Sobre este assunto, estou em crer que a "procissão ainda nem saiu do adro"...


Será que o rebuliço político em que a Figueira viveu nos últimos 2 anos, pelo menos aparentemente, vai amainar com a ida de Ricardo Silva para o executivo liderado por Pedro Santana Lopes? 
Digo aparentemente, porque neste momento, a meu ver, existem algumas incertezas para quem está interessado no futuro da Figueira.
 
Os adversários e os inimigos de Santana aparecerão em terreno partidário.
O PS/Figueira, se já estava feito em cacos, ruiu ontem.
E, isso, mais tarde ou mais cedo, vai ter de ser revertido.
O Movimento FAP, como todas as coisas escritas na areia, desapareceu ontem. 
E, esse facto, a meu ver, não tem reversão possível.
O PSD/Figueira deve estar um caos. A facção que apoiou a candidatura de Pedro Machado, com Ricardo Silva como número 2 na lista para a Câmara e mandatário da candidatura, deve estar ao rubro.
A actual direcção concelhia do PSD, que foi eleita manifestando apoio total ao desempenho do executivo de Santana, deve estar a sentir-se, no mínimo, muito confusa.
A bancada do PSD na Assembleia Municipal, presumo que com o regresso breve de Teotónio Cavaco, não sei bem como se vai sair depois do desempenho que teve nos últimos cerca de dois anos - em especial o seu chefe de bancada Rascão Marques.
Os cerca de 60 membros do PSD expulsos pela concelhia liderada por Ricardo Silva, devem estar a engolir em seco.
Tudo isto, mais tarde ou mais cedo, vai ter custos políticos.

Santana, como político experiente e experimentado que é, deve ter medido todos os riscos, pelo que este escrito não lhe estará a dar nenhuma novidade.
É claro, que existe a explicação de sempre: este sapo foi engolido para o bem da Figueira e do PSD - e já agora, digo eu, a bem da sua putativa candidatura presidencial e a bem do socialdemocrata Ricardo Silva.
Vou acreditar que os críticos de Santana na Figueira vão permanecer mudos, para não prejudicar a Figueira, a FAP, o PSD, o País, a Lua, Marte e por aí além.
Aos que foram expulsos por Ricardo Silva recomendo que tenham calma, pois o tempo vai resolver também essa parte do problema.
Vamos lá é a ver, se aquelas virgens impolutas que gostavam de dizer o que entendiam que tinham de dizer para bem da Figueira, se vão manter caladas...