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quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Por vontade dos homens, a barra "mais perigosa do país" é a da Figueira

Barra da Figueira da Foz, por vontade dos homens, tornou-se numa armadilha mortal para os pescadores.
Ao contrário do que disse o Dr. Santana Lopes ontem à RTP (ver aqui), há 20 anos nem para todas as pessoas "a fé" era o prolongamento do molhe norte. 
O meu saudoso Amigo Manuel Luís Pata, fartou-se de dizer o seguinte: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".
Em 2003, lembro-me bem da sua indignação por um deputado figueirense - no caso o Dr. Pereira da Costa - haver defendido o que não tinha conhecimentos para defender: "uma obra aberrante, o prolongamento do molhe norte".
Na altura, Manuel Luís Pata escreveu e publicou em jornais, que o Dr. Pereira da Costa prestaria um bom serviço à Figueira se na Assembleia da República tivesse dito apenas: "é urgente que seja feito um estudo de fundo sobre o Porto da Figueira da Foz".
Como se optou por defender o acrescento do molhe norte, passados 18 anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra". 
Por outro lado, o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira"
Em devido tempo, foram feitos avisos a que ninguém, com responsabilidades, ligou. Apesar de algumas  vozes discordantes – principalmente de homens ligados e conhecedores do mar e da barra da Figueira – foi concluído o prolongamento do molhe norte.
"A obra do aumento de quatrocentos (400) metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz foi exigida, anunciada, e aprovada, em 2006, 2007 e 2008; teve início neste último ano; realizou-se ao longo de 2009; e ficou pronta em 2010 — e, por isso, logo a partir desse ano começou a alterar as condições da deriva sedimentar, e com o tempo acumulou as areias, ao longo dos anos (até começarem mesmo a contornar a cabeça do molhe norte…), e esse acrescido assoreamento das areias levou, concomitantemente, ao consequente alteamento das vagas nessa zona. Um assoreamento que, como era previsível, se avolumou mais e mais, ao longo dos anos. Os resultados não se fizeram esperar."
Tal com este blogue previu há anos (tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade.
«O naufrágio que culminou na morte de quatro pessoas no sábado, voltou a recordar as condições de entrada e saída do Porto da Figueira da Foz. Os pescadores alertam não só para o problema grave do assoreamento da barra, mas também para a forma como foi construído o prolongamento do molhe Norte.»
Ontem, na TVI e na RTP passaram duas reportagens sobre esta nossa barra.
Para ver, clicar aqui e aqui.

quarta-feira, 10 de março de 2021

Esta nossa barra: vamos continuar a correr atrás do prejuízo...

Tal com este blogue previu há anos (tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu. A pesca está a definhar - tudo nos está a ser levado...), o porto da Figueira da Foz está a passar por graves dificuldades devido à falta de condições de navegabilidade. O assoreamento da barra quase paralisou a pesca porque os barcos não conseguem sair. O porto comercial também regista uma quebra de actividade.
A resposta imediata (que não a medida de fundo), passa pela realização de dragagens. Os operadores garantem que este ano não foram feitas a tempo, em particular as dragagens preventivas que deveriam ter acontecido no fim do verão.
A Figueira da Foz tem, neste momento, três dragas a retirar areia, mas os operadores dizem que agora apenas se está a remediar o erro cometido no fim do verão.
Os cálculos da administração portuária apontam para que, desde novembro, tenha duplicado a quantidade de sendimentos que é preciso retirar para garantir as condições de acesso ao porto.
Ontem, o presidente da organização de produtores de peixe Centro Litoral, António Miguel Lé, e o empresário do sector portuário Paulo Mariano reuniram-se nas instalações da Docapesca da Figueira da Foz, com a secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho. 
O estado da barra, que tem afeactado as actividades ligadas à pesca e ao porto comercial fez parte da agenda.  Os responsável públicos, segundo o que se pode ler na edição de hoje do Diário as Beiras,  "garantiram aos interlocutores que estão empenhados em repor a segurança marítima."
Nesta reunião, participaram também a presidente da Administração do Porto da Figueira da Foz, Fátima Alves, elementos do gabinete do ministro do Mar (Ricardo Serrão Santos), o director geral da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, José Simão, e altos responsáveis da administração da Docapesca.
No final do encontro, António Miguel Lé afirmou aos jornalistas, "que as três dragas que estão a operar junto à barra da Figueira da Foz só darão o seu trabalho por concluído quando estiverem repostas as quotas que permitam navegar em segurança."
Ficou igualmente definido que as partes voltarão a reunir-se no próximo dia 30, “para se fazer o ponto de situação”.
Questionado acerca do actual estado da barra para as embarcações de pesca, o armador e dirigente figueirense disse que “a situação é muito má”. E explicou porquê: "Temos um porto  com falta de água [devido ao assoreamento]”. 
O canal de acesso aos portos de pesca e comercial soma uma quantidade anormal de dias em que está condicionado ou fechado, devido, sobretudo, ao excesso de areia e, também, à agitação marítima"

De harmonia com o Diário as Beiras, António Miguel Lé,  saiu “relativamente satisfeito” da reunião, acrescentando: “É ver para crer”. Não obstante, ressalvou: “Em relação ao meu ministério [das Pescas], estou totalmente satisfeito, porque são pessoas empenhadas e interessadas”
“Saio desta reunião satisfeito, porque, pela parte da secretária de Estado (Teresa Coelho), há um empenhamento fortíssimo para se solucionar, de vez, este problema”, disse, por seu lado, Paulo Mariano.
“Penso que conseguimos demonstrar a grandeza do porto à administração portuária. Esperemos que o Ministério do Ambiente também se conjugue, para que todos os interesses se transformem no interesse supremo do Porto da Figueira da Foz, para evitar constrangimentos futuros”.
Apesar das tentativas, até à hora do fecho da edição de ontem, o Diário as Beiras, não conseguiu "recolher declarações de Fátima Alves, nem dos restantes participante na reunião." 

sábado, 21 de abril de 2018

Esta nossa barra está numa situação crítica...

Na Figueira, há mais de 100 anos que os engenheiros se dedicam a fazer estudos para a construção de uma barra...
Vou recuar até ao já longínquo ano de 1996. 
Manuel Luís Pata,  no extinto  Correio da Figueira, a propósito da obra, entretanto  concretizada, do prolongamento do molhe norte da barra da nossa cidade para sul, publicava então isto.
“Prolongar em que sentido? Decerto que a ideia seria prolonga-lo em direcção ao sul, para fazer de quebra-mar.
Se fora da barra fosse fundo, que o mar não enrolasse, tudo estaria correcto, mas como o mar rebenta muito fora, nem pensar nisso!..
E porquê?... Porque, com  os molhes tal como estão (como estavam em 1996...), os barcos para entrarem na barra  vêm com o mar pela popa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em direcção ao sul, teriam forçosamente que se atravessar ao mar, o que seria um risco muito grande...
Pergunto-me! Quantos vivem do mar, sem o conhecer?”


A Administração do Porto da Figueira da Foz (APFF) deverá realizar dragagens na barra este fim de semana, assim as condições marítimas o permitam. 
A notícia foi avançada, ontem, pelo administrador Luís Leal, depois do comandante da capitania, Silva Rocha, ter alertado para o assoreamento do acesso às infraestruturas portuárias locais. 
Hoje, pode ler-se nos jornais AS BEIRAS e Diário de Coimbra, que “a barra está, neste momento, numa situação crítica”, afirmou o militar, Silva Rocha realçou que, desde o início do ano, a barra esteve condicionada 63 dias  a embarcações com comprimento inferior a 11 metros, outros 29 dias a embarcações com menos de 35 metros e encerrada durante 13 dias. Luís Leal adiantou que serão retirados 100 mil metros cúbicos da areia da barra, para repor o calado de 6,5 metros, que, devido ao assoreamento, neste momento, se encontra nos seis metros. A administração portuária vai iniciar dragagens, no final de setembro, a montante do molhe norte, que poderão transferir entre um e três milhões de metros cúbicos de sedimentos do areal urbano para a Praia da Cova. A quantidade de areia a definir está pendente da APA, que tem de se prenunciar se aquela transposição de areia necessita ou não de estudo de impacte ambiental. Aquele foi um tema abordado no debate promovido, ontem, pela APFF, nas suas instalações, sobre um estudo realizado pela Universidade de Aveiro sobre, justamente, o transporte de areias de norte para sul, no qual participaram Luís Leal (moderador) e Silva Rocha.

Esta nossa barra, ai esta nossa barra!.. 
Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar, o turismo já faliu - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O que nos vale é que temos uma política bem definida para a orla costeira...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

As preocupações causadas por esta nossa barra continuam presentes... E vão continuar a acompanhar-nos...

Armadores e pescadores reclamam segurança na barra

António Miguel Lé, José Festas e José Miguel, presidentes, respectivamente, da Cooperativa de Produtores de Peixe Centro Litoral, Associação Pro-Maior e Associação de Pesca Artesanal da Região de Aveiro, reuniram-se recentemente  com o comandante da Capitania da Figueira da Foz, Silva Rocha, tendo na agenda o assoreamento da barra.
Em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, o figueirense António Miguel Lé adiantou que a reunião teve como objectivo “sensibilizar aquela autoridade para pressionar quem de direito para zelar pela segurança dos homens do mar na Figueira da Foz, que estão completamente ao abandono”. E acrescentou que “nenhuma das recomendações feitas pelo grupo de trabalho para a segurança da barra foi cumprida”. O grupo de trabalho foi constituído em 2015 pela ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, do qual também fez parte António Miguel Lé. Surgiu na sequência do naufrágio do pesqueiro “Olívia Ribau”, em outubro daquele ano, à entrada da barra da Figueira da Foz, que provocou a morte de cinco dos sete tripulantes.
“Em relação às conclusões do grupo de trabalho, nada foi feito, o que revela uma total falta de consideração e respeito pela ministra e pelo sector das pescas, que começa a ficar muito inquieto e revoltado”, disse António Miguel Lé.
“As dragagens resolvem no imediato, mas, depois, tudo fica na mesma. Por isso, tem de se encontrar outra solução”, concluiu o armador.
A Administração do Porto da Figueira da Foz tem feito dragagens correctivas junto à barra. A próxima arranca no início de março. No entanto, a dinâmica sedimentar faz o jogo do gato e do rato: basta haver uma tempestade marítima para as areias regressarem à zona de onde foram retiradas, alimentando um círculo vicioso que preocupa armadores e pescadores.
“A afirmação de António Miguel Lé está focada na questão das dragagens. A questão que me foi colocada tem a ver com o assoreamento dos fundos da barra”, ressalvou o comandante da capitania ao DIÁRIO AS BEIRAS.
Depois da tragédia do Olívia Ribau, a Autoridade Marítima Nacional preencheu o quadro da estação do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), cujos elementos (seis) operam todos os dias. Por outro lado, os meios encontram-se todos operacionais.


Via DIÁRIO AS BEIRAS

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Na Figueira vai acabar tudo bem!.. ("Socorro"...)

No jornal  Diário as Beiras, edição de hoje, pode ler-se «um pedido de socorro dos armadores figueirenses ao ministro do mar».


Só fica admirado quem anda desatento aos problemas do concelho.

Aqui, pelo OUTRA MARGEM, há muito que tudo foi alertado. Tudo o que previmos, infelizmente, se cumpriu.


O assoreamento da barra da Figueira vem de longe. 

E de projecto em projecto, de obra em obra, de erro sobre erro, chegámos ao prolongamento do molhe norte em 400 metros.

Registe-se, a propósito do  sinistro do Olívia Ribau, que o presidente da Câmara da Figueira na altura, além de sublinhar "que falharam as medidas de prevenção" e "a estação salva-vidas fechar às 18 horas e uma embarcação de socorro estar avariada" (mais do mesmo: o salva-vidas, neste momento está avariado...), lembrou que há mais de três anos que a autarquia vinha fazendo "insistentemente" apelos para a dragagem da barra, a última vez em abril de 2014, dando nota das dificuldades das embarcações dos pescadores para entrarem no porto, após as obras de prolongamento do molhe norte em 2010."

Como sabemos, é mais do mesmo: a única solução que os responsáveis encontram para manter a cota da nossa barra, passa pelas constantes dragagens. Isso, como dizia o saudoso  covagalense Manuel Luís Pata, "é cómodo para quem é responsável e a extracção das areias tem constituído «uma mina de ouro». Se não fosse esta »mina», estariam hoje construídos aqueles palácios («aqueles monstros») junto ao rio?"


O aumento do molhe em 400 metros, como a realidade já provou e como quem tinha o saber da experiência feita previu - e preveniu em devido tempo -, nunca evitará que as areias se depositem na enseada e fechem a barra. 

Além do mais, uma barra nunca se estrangula.

Quem promoveu e apoiou tão aberrante obra,  não tem o mínimo conhecimento do que é o mar.

Por outro lado, mesmo que essa obra trouxesse algum benefício à barra da Figueira - e não trouxe, trouxe dor e luto (vários acidentes e 14 vítimas mortais em menos de meia dúzia de anos aí estão infelizmente para o provar) - isso seria sempre um acto egoísta e irresponsável de quem tem mandado na Figueira, dado o conhecido estado crítico da orla costeira a sul da barra da nossa barra.

Os figueirenses vão continuar a viver como sempre viveram: em passividade.

Se não for olhado com urgência o problema da barra da Figueira da Foz, a Figueira poderá sofrer, mesmo a nível do negócio, uma crise com prejuízos irreparáveis.

Na Figueira, a pesca está a definhar, o sector do turismo passa por enormes dificuldades - tudo nos está a ser levado... 
Alguém já colocou a hipótese, por exemplo, se a Figueira tem alguma alternativa a uma deslocalização das celuloses?
O que seria do concelho e dos figueirenses? 
Resta-nos a promessa dos políticos, da vinda dos paquetes de passageiros e os números das toneladas dos cargueiros...
Embora cada vez com menos esperança, ainda espero que, ao menos, os "quens" de direito, perante a realidade, possam compreender o porquê das coisas...

domingo, 3 de dezembro de 2023

Um foto da barra da Figueira da segunda década do século XX

 Foto via blogue COVA GALA...entre o rio e o mar

A foto mostra traineiras a vapor a sairem da barra da Figueira da Foz. Ao fundo, dá para ver o Cabo Mondego. Em plano intermédio o Forte de Santa Catarina, que era nesse tempo, ainda o primeiro obstáculo às investidas do mar...

A construção dos molhes norte e sul, que definiram a barra como a conhecemos hoje, ainda demoraram cerca de 40 anos: os molhes exteriores  do  porto comercial foram construídos entre 1960 e 1966Com os molhes veio o aumento da praia da Figueira. Nada que não se previsse, pois tinha sido estudadoJá em 1958, antes do início das obras dos molhes, o LNEC  antevia  o  que posteriormente se veio a comprovar: o enorme  aumento  da  praia  da Figueira da Foz devido à construção do molhe norte, uma vez que funciona como uma barreira ao forte transporte de areias que se faz sentir ao longo da costa de norte para sul.   
O excessivo crescimento da praia de banhos da Figueira, em todas as soluções ensaiadas, tornou-se altamente prejudicial à manutenção de boas profundidades no canal da barra, referindo-se que “no caso da Figueira da Foz, qualquer canal que venha a ser dragado, e de que resulte uma secção molhada muito superior à que actualmente existe, não se manterá logo que as areias comecem a contornar o molhe norte".
Este  fenómeno  de  assoreamento  do  estuário  é  facilmente  compreendido através  da análise  da  passagem  de  areias  que  ocorre  da  praia  a  norte para a  praia  a  sul  do  rio Mondego e pela explicação de como se forma o banco da barra  (banco de areia que se forma em frente à Foz do rio Mondego, altamente prejudicial para a navegabilidade do porto)
Passagem de areias de norte para sul do rio
Na enchente as areias entram dentro do estuário donde são em parte ou na totalidade  expelidas  na  vazante  para  fora  do  estuário  depositando-se  a uma distância  maior  ou  menor  consoante  o  coeficiente  da  maré  e  a amplitude  da vaga. Só após o banco da barra ter atingido uma certa cota é que se começa a dar a passagem para as praias a sul. Neste caso, as areias expelidas pela vazante para o banco da barra caminham sob a acção das correntes de maré e da vaga para a praia a sul.
Uma  vez  que  a  areia  tenha  contornado  a  testa  do  molhe  norte começará a caminhar  ao longo  da  face  interior  do  molhe. Forma-se, assim, um princípio de cabedelo  que  se  vai  pouco a  pouco  desenvolvendo  até  que as correntes de vazante começam a erodi-lo e a transportar o material arrancado para fora das testas do molhes depositando-o na zona do futuro banco da barra.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Esta nossa barra (VI)

Um exemplo dos governantes que temos...
"Manuel Pinto de Abreu sublinhou, durante o debate do Orçamento do Estado na Assembleia da República, "nenhuma embarcação de pesca tem qualquer condicionante à prática do porto da Figueira da Foz" que está preparado para navios com um calado máximo de seis metros.
"O que se passou, e que está a ser investigado, não é consequência de uma situação de assoreamento da barra, é uma consequência de condições excecionais que exigem uma prática excecional da barra", salientou o governante, considerando que é necessário que os pescadores promovam a sua própria segurança.
A este propósito, lembrou "as palavras do mestre Festas [presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar] que disse que é necessário mudar a cultura dos pescadores e que estes passem a adotar uma postura da máxima segurança", nomeadamente utilizando equipamentos cuja aquisição tem sido promovida pelo programa PROMAR (Programa Operacional de Pescas).
O mestre José Festas disse na altura que a forma como a barra do porto da Figueira da Foz foi construída pode ter ajudado ao naufrágio da embarcação "Jesus dos Navegantes", provocando a morte de três pescadores.
José Festas justificou a falta de uso do colete salva-vidas com as dificuldades que o mesmo coloca. "Se o estivessem a usar, se calhar, com o barco a virar, teriam morrido mais [tripulantes], porque com o colete vestido é muito difícil mergulhar", sublinhou o antigo pescador."
Via Público


Este ano já morreram seis pessoas à entrada desta nossa barra. 
Desde já, o que se passou, que ainda está a ser investigado, para o governante Manuel Pinto Abreu "não é consequência de uma situação de assoreamento da barra!"
Tal como o velho e experiente Manuel Luís Pata, pergunto-me... 
"Quantos falam do mar, sem o conhecer?"

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

ESTA NOSSA BARRA!.. A obra do aumento de quatrocentos (400) metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz (e com a alteração da sua orientação, de oés-sudoeste [WSW, c.247º] para sudoeste [SW, c.225º])

Cito Alfredo Pinheiro Marques:
"A obra do aumento de quatrocentos (400) metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz (e com a alteração da sua orientação, de oés-sudoeste [WSW, c.247º] para sudoeste [SW, c.225º]). 
Essa obra foi exigida, anunciada, e aprovada, em 2006, 2007 e 2008; teve início neste último ano; realizou-se ao longo de 2009; e ficou pronta em 2010 — e, por isso, logo a partir desse ano começou a alterar as condições da deriva sedimentar, e com o tempo acumulou as areias, ao longo dos anos (até começarem mesmo a contornar a cabeça do molhe norte…), e esse acrescido assoreamento das areias levou, concomitantemente, ao consequente alteamento das vagas nessa zona.
Um assoreamento que, como era previsível, se avolumou mais e mais, ao longo dos anos. Os resultados não se fizeram esperar."
Fim de citação.
Imagem via Rui Duque

Na Figueira, há mais de 100 anos que os engenheiros se dedicam a fazer estudos para a construção de uma barra...
Vou recuar até ao já longínquo ano de 1996. 
Manuel Luís Pata,  no extinto  Correio da Figueira, a propósito da obra, entretanto  concretizada, do prolongamento do molhe norte da barra da nossa cidade para sul, publicava então isto.
“Prolongar em que sentido? Decerto que a ideia seria prolonga-lo em direcção ao sul, para fazer de quebra-mar.
Se fora da barra fosse fundo, que o mar não enrolasse, tudo estaria correcto, mas como o mar rebenta muito fora, nem pensar nisso!..
E porquê?... Porque, com  os molhes tal como estão (como estavam em 1996...), os barcos para entrarem na barra  vêm com o mar pela popa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em direcção ao sul, teriam forçosamente que se atravessar ao mar, o que seria um risco muito grande...
Pergunto-me! Quantos vivem do mar, sem o conhecer?”

Em que se basearam os técnicos para o prolongamento, curvando para sul, do molhe norte?
Quiseram criar um segundo porto de Leixões?
Só que o molhe daquele porto do norte do nosso país, está implantado num sítio fundo, por isso o mar não rebenta,  ao passo que na enseada de Buarcos, devido ao constante assoreamento das areias que vêm do norte, o mar rebenta e fecha a barra -como aconteceu naquela fatídica terça-feira...
Eu sei, porque falo todos os dias com pescadores que arriscam a vida na barra da Figueira, que esta barra vai dar mais problemas.
Oxalá esteja completamente enganado.
Mas, quando me dizem - e estou a falar de homens experimentados e corajosos, não estou a falar de "copinhos de leite" -  que os sustos são de tal ordem que, por vezes, "até nos borramos pelas pernas abaixo", temos de continuar preocupados.
Pelo menos que haja o mínimo: meios de socorro e de salvamento, em prontidão, que permitam que se faça o possível quando a desgraça acontece.
O que foi que não aconteceu no mais recente sinistro que ocorreu na entrada da barra da Figueira da Foz.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Naufrágio do Olívia Ribau criou ondas de choque na reunião de câmara realizada ontem

foto sacada daqui
Na reunião de câmara realizada ontem, segundo o jornal AS BEIRAS, por iniciativa de Miguel Almeida,  foram debatidas as operações de socorro aos náufragos do arrastão “Olívia Ribau”, tendo o vereador da oposição afirmado que “tudo funcionou mal”
Sublinhou ainda que não existe um plano de emergência para a barra e defendeu que a autarquia deve exigir responsabilidades legais ao Estado, por ainda não ter melhorado as condições de segurança no acesso ao porto da Figueira da Foz. 
“O estudo de impacte ambiental do prolongamento do molhe Norte já falava disto tudo. O problema não está no molhe, está nas consequências, que já se conheciam e ninguém fez nada para as mitigar ou eliminar”, apontou.
(Aqui, como é público, discordo frontalmente de Miguel Almeida, pois aqueles 400 metros de molhe, não são a tal obra mãe, mas a obra MADASTRA. Recordo os avisos feitos em devido tempo por quem sabe.
Na Figueira, há mais de 100 anos que os engenheiros se dedicam a fazer estudos para a construção de uma barra...
Vou recuar até ao já longínquo ano de 1996. 
Manuel Luís Pata,  no extinto  Correio da Figueira, a propósito da obra, entretanto  concretizada, do prolongamento do molhe norte da barra da nossa cidade para sul, publicava isto.
“Prolongar em que sentido? Decerto que a ideia seria prolonga-lo em direcção ao sul, para fazer de quebra-mar.
Se fora da barra fosse fundo, que o mar não enrolasse, tudo estaria correcto, mas como o mar rebenta muito fora, nem pensar nisso!..
E porquê?... Porque, com  os molhes tal como estão (como estavam em 1996...), os barcos para entrarem na barra  vêm com o mar pela popa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em direcção ao sul, teriam forçosamente que se atravessar ao mar, o que seria um risco muito grande...
Pergunto-me! Quantos vivem do mar, sem o conhecer?”)
Mas continuando a citar  Miguel Almeida, até porque NA FIGUEIRA E NO PAÍS EXISTE UM GRANDE PROBLEMA: A BARRA, “isto não pode ficar sem assunção de responsabilidades. Não se pode brincar com a vida das pessoas desta maneira”, defendeu Miguel Almeida.

O caldo esteve quase entornado, quando o vereador da oposição questionou o papel dos serviços municipais de Protecção Civil. 
Recorde-se que ainda decorriam as buscas dos cinco pescadores desaparecidos (morreram cinco e sobreviveram dois) e João Ataíde denunciava aos órgãos de comunicação social que não fora informado sobre a alteração do horário do posto local do Instituto de Socorros a Náufragos, que encerra às 18H00. 
Ontem, Miguel Almeida afiançou que o horário já vigorava quando o presidente tomou posse para o primeiro mandato – já lá vão quase 6 anos - e perguntou há quanto tempo não se reúne o Conselho Municipal de Segurança (CMS).
Ficámos a saber que a última  reunião foi há cerca de dois anos. João Ataíde justificou que não voltou a reunir-se porque estava à espera da elaboração do Plano Municipal de Emergência, que deverá ser apresentado no dia 2 de novembro.
Foi aí que as coisas subiram de tom. “Tenho pugnado, junto da administração do porto e da tutela, pelo desassoreamento permanente da barra. Não pode haver a perspectiva economicista que houve”, disse o presidente Ataíde, explicando, por outro lado, que, em caso de naufrágio, é a Autoridade Marítima que assume as operações, e não a Protecção Civil local. “Está a tentar fazer um aproveitamento (político) nefasto da tragédia", acusou João Ataíde, quando Miguel Almeida lhe perguntou se achava normal o CMS estar dois anos sem se reunir.
Esta questão irritou ainda mais João Ataíde. 
“Está a fazer insinuações torpes e graves! Está a insinuar que sou responsável por omissão neste processo!”, interregou o presidente. 
Miguel Almeida rejeitou a acusação e contra-atacou: “Tem de exigir ao capitão do porto que entregue o plano de emergência da barra. O mais grave é que o plano não existe e o presidente da câmara não pode conformar-se com isso!”
(Recordo, para quem não se lembre, que o presidente da Câmara tem a seu cargo a direcção das actividades a desenvolver no âmbito da Protecção Civil, cabendo-lhe designadamente, "criar e dirigir o Serviço Municipal de Protecção Civil Concelhio, procurando garantir a existência dos meios necessários ao seu funcionamento".
Isso passa, entre muitas outras coisas, por "convocar e presidir às reuniões da Comissão Municipal de Protecção Civil", "promover a cooperação de cada organismo ou entidade interveniente, diligenciando assim, o melhor aproveitamento das suas capacidades", "coordenar a elaboração do Plano Municipal de Emergência e promover a preparação, condução e treino periódico dos respectivos intervenientes", "promover e contribuir para o cumprimento da legislação de segurança relativa aos vários riscos inventariados, oficiando para o efeito aos órgão competentes", "promover reuniões periódicas da Comissão Municipal de Protecção Civil, sempre que necessário e no mínimo duas vezes por ano".)
Continuando  com a  reunião de ontem.
João Ataíde mostrou disponibilidade da autarquia para apoiar a Autoridade Marítima com meios de socorro. Por exemplo, indicou, com motas-de-água. Acima de tudo, sustentou o autarca, a cidade tem de ter “um porto seguro”
Neste pormenor, houve unanimidade, assim como no voto de pesar e no minuto de silêncio pelas vítimas mortais. 

Socorro a náufragos  deve ser «uma estrutura única e vertical que superintenda o sector»
Entretanto, reuniram-se ontem ao final da tarde, a pedido da autarquia, representantes da Anopcerco, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias, das associações Pró Maior Segurança dos Homens do Mar, dos Sócio Profissionais da Polícia Marítima e do Centro Litoral OP, assim como o próprio presidente da Câmara, que aprovaram por unanimidade um documento onde sublinham a necessidade de «acabar com a pulverização de tutelas sobre questões do mar», e que o próximo Governo crie «uma estrutura única e vertical que superintenda o sector». João Ataíde, que falou como “porta-voz”, focou ainda da necessidade da criação de uma Comissão para as Políticas do Mar, como uma das comissões permanentes da Assembleia da República e que o ISN seja dotado «de meios técnicos e humanos que permitam às suas estações terem guarnições adequadas, treinadas e em prontidão imediata».
Os oito participantes na reunião, representantes dos pescadores, armadores, Polícia Marítima, Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), contando com o autarca, vão enviar um manifesto a vários ministros, Presidente da República, primeiro-ministro, Associação Nacional de Municípios Portugueses e presidência da República. 
O caderno reivindicativo que resultou da reunião tem seis pontos. Começa por manifestar urgência em dotar o ISN de meios técnicos e humanos, passando para a necessidade de se fazer um “levantamento exaustivo” dos meios de socorro existentes e o seu estado de conservação. Depois, considera fundamental envolver as autoridades portuárias e refere que é premente realizar um estudo sobre a operacionalidade do sistema de busca e salvamento marítimo. O documento aborda ainda a urgência de se proceder a um apuramento das condições de navegabilidade e assoreamento das barras, “com especial atenção para a da Figueira da Foz”. Por outro lado, defende também que é necessário realizar “uma forte campanha de sensibilização junto dos armadores e pescadores sobre medidas de segurança a bordo”. Considera, ainda, que “é importante” criar uma comissão permanente da Assembleia da República para as políticas do mar. Por fim, defende o fim da “pulverização de tutelas” sobre questões do mar, propondo a constituição de uma estrutura única. 
Acerca da segurança a bordo, José Festas, da Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, considerou que o “colete salva-vidas é como o cinto de segurança: tanto mata como salva”
No caso do naufrágio da Figueira da Foz, disse: "se tivesse sido utilizado, não haveria sobreviventes entre os sete pescadores a bordo"

Estão em curso os trabalhos de remoção do pesqueiro, que se encontra no canal de navegação do porto. No molhe sul, ontem, estava a ser montada a estrutura técnica e operacional para tentar retirar o que resta do Olívia Ribau. 
Vamos ver os ensinamentos que resultaram desta tragédia,  que enlutou e causou enorme consternação na nossa cidade, na zona e em todo o País e o que daqui vai resultar de positivo para o futuro. Todos sabemos, que a barra da Figueira está como está, por vontade e intervenção dos homens.
Recorde-se, que o Ministério Público e a Marinha abriram inquéritos sobre as causas e as operações de socorro. 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Esta nossa barra... (III)

Extracto de uma carta do VELHO SENHOR NA FOTO, publicada no dia 26 de Março de 2007, no “Diário de Coimbra”, pág. 8, na secção Fala o Leitor, com o título: “Erosão das Praias”:
Manuel Luís Patafotografado por Pedro Agostinho Cruz,
  no decorrer de um agradável café, acompanhado, como é habitual
 quando nos encontramos, de uma  empolgante  conversa sobre
 porto e a barra da Figueira, à mesa do Bar Borda do Rio, na Cova-Gala
"Foram estes “Molhes” que provocaram a erosão das praias a sul da Figueira, e foi o “ Molhe Norte” que originou a sepultura da saudosa “ Praia da Claridade”, a mais bela do país. Embora seja de conhecimento geral, quão nefasto foi a construção de tais molhes teimam em querer acrescentar o “Molhe Norte”, como obra milagrosa… Santo Deus! Tanta ingenuidade e tanta teimosia!... Quem defende tal obra, de certo sofre de oftalmia ou tem interesse no negócio das areias!...
É urgente contratar técnicos credenciados, de preferência Holandeses, para analisarem o precioso projecto elaborado pelo distinto Engenheiro Baldaque da Silva em 1913, do qual consta um Paredão a partir do cabo Mondego em direcção a Sul, a fim de construir um Porto Oceânico junto ao Cabo Mondego e Buarcos. Este Paredão, sim, será a única obra credível, não já para o tal Porto Oceânico mas sim para evitar que as areias vindas do Norte, se depositem na enseada, que depois a sucessiva ondulação arrasta-as e deposita-as na praia da Figueira, barra e rio."


Na Figueira, há mais de 100 anos que os engenheiros se dedicam a fazer estudos para a construção de uma barra.
Passando ao lado, para já, do projecto do Eng. Baldaque da Silva, por este defender a construção de um Porto Oceânico (recorde-se: em 1914 foi aprovado na Assembleia de Deputados um estudo que previa a construção  de um “Paredão”, a partir do Cabo Mondego em direcção ao sul. Infelizmente, ficou na gaveta...), temos:
1 – Em 1874-1875 procedeu-se à construção de um molhe, com grandes blocos de cimento, na praia do Cabedelo, a oeste das casas de férias da Direcção Geral dos Portos. Estes blocos estão enterrados, pelas obras que entretanto  foram  executadas. Esta obra decorreu sobre a responsabilidade do eng. Adolfo Loureiro.
2- Em 1929, surge novo projecto também em blocos, mas mais a norte. Não se sabem ao certo as razões que levaram a abandonar  a ideia anterior, mas presume-se que tenha sido para estreitar a barra e, assim, aumentar a corrente no decorrer da vazante, para permitir que as areias pudessem ser arrastadas para o mar.
Isso, levou a que o canal de navegação  fosse deslocado para norte,  onde existem lajes no fundo, o que limitou a tão desejada profundidade desta nossa barra.

Depois desta segunda obra, os pescadores e os figueirense passaram a chamar aos blocos abandonados e que pertenciam ao anterior projecto, “os blocos velhos”.
O projecto do ponto 2 é o que definiu a barra que temos hoje. Tiveram de rebentar  parte da laje do fundo e as dragagens são constantes. Mesmo assim, a Figueira continua a não ter um porto capaz e eficiente –  neste momento, principalmente para os barcos de pesca que operam a partir da Figueira.   

Entretanto,  apesar de algumas  vozes discordantes – principalmente de homens ligados e conhecedores do mar e da barra da Figueira – foi concluído o prolongamento do molhe norte.
Os resultados, infelizmente, estão à vista: este ano já morreram seis pessoas à entrada desta nossa barra.
As dragagens  realizadas na enseada, na barra e no rio, na opinião de Manuel Luís Pata – velho e teimoso lutador contra as obras que têm sido feitas, nomeadamente o prolongamento do molhe norte, a que chama a obra “madastra”, fazendo alertas para o que iria acontecer – são a “principal causa da assustadora erosão da costa marítima, principalmente e S. Pedro de Moel para o norte”
Ao contrário de Leixões, cujo molhe está curvado a sul, mas  está construído em local fundo, onde por isso o mar não rebenta, na foz do Mondego, devido ao constante assoreamento provocado pelas areias que vêm do norte, o mar rebenta mesmo á saída da barra, tornando-a na opinião de muitos pescadores com quem convivemos todos os dias, neste momento, a pior barra do país para os pequenos barcos de pesca.
Como evitar isto?
Na opinião de Manuel Luís Pataum exemplo de perseverança, só há uma alternativa: “fazer o molhe a partir do Cabo Mondego para sul, o que não só serviria de barragem às areias, como também abrigaria a zona do Cabo Mondego e Buarcos, evitando-se assim as investidas do mar na marginal e que ainda há pouco tempo causaram importantes estragos na zona da Tamargueira."

Como me tem dito ao longo dos anos o velho e experiente Homem da foto acima, nas inúmeras e enriquecedoras conversas que ao longo da minha vida com ele tenho tido, e que foram a base deste texto,  “a Figueira nasceu numa paisagem ímpar. Porém, ao longo dos tempos, não soubemos tirar partido das belezas da Natureza, mas sim destruí-las com obras aberrantes. Na sua opinião, a única obra do homem  de que deveríamos ter orgulho e preservá-la, foi a reflorestação da Serra da Boa Viagem por Manuel Rei. Fez o que parecia impossível, essa obra foi reconhecida por grandes técnicos de renome mundial. E, hoje, o que dela resta? – Cinzas!..

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Dizia Claude Chabrol: "a estupidez é infinitamente mais fascinante que a inteligência, pois a inteligência tem os seus limites... Mas a estupidez não!" (II)

"Ana Paula Vitorino anunciou, ontem, um investimento “imediato” de 180 mil euros para uma intervenção na restinga, para melhorar as condições de navegabilidade na barra, tendo em vista o próximo inverno.
Quanto às restantes recomendações do Grupo de Trabalho sobre a Segurança e Navegabilidade da Barra do Porto da Figueira da Foz, cujo relatório considerou “realista” e “exequível”, a ministra do Mar ressalvou que as soluções têm de ser “tecnicamente sólidas”.
A governante não reconheceu uma relação entre o prolongamento do molhe norte, concluído em 2011, e os acidentes com 11 vítimas mortais registados até 2015. 
No entanto, admitiu que possam vir a ser realizados estudos “para ver se é ou não necessário fazer uma ou outra correcção”
Por outro lado, adiantou, o relatório propõe acções de formação para os mestres de embarcações de pesca sobre a abordagem à barra." 
Via AS BEIRAS. Mais ou menos o mesmo pode ser lido no Diário de Coimbra

As preocupações causadas por esta nossa barra continuam presentes  e vão acompanhar-nos em 2017 e anos seguintes...
Na Figueira, há mais de 100 anos que os engenheiros se dedicam a fazer estudos para a construção de uma barra...
Vou recuar até ao já longínquo ano de 1996. 
Manuel Luís Pata,  no extinto  Correio da Figueira, a propósito da obra, entretanto  concretizada, do prolongamento do molhe norte da barra da nossa cidade para sul, publicava isto.
 “Prolongar em que sentido? Decerto que a ideia seria prolonga-lo em direcção ao sul, para fazer de quebra-mar.
Se fora da barra fosse fundo, que o mar não enrolasse, tudo estaria correcto, mas como o mar rebenta muito fora, nem pensar nisso!..
E porquê?... Porque, com  os molhes tal como estão (como estavam em 1996...), os barcos para entrarem na barra  vêm com o mar pela popa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em direcção ao sul, teriam forçosamente que se atravessar ao mar, o que seria um risco muito grande...
Pergunto-me! Quantos vivem do mar, sem o conhecer?

A obra do aumento de quatrocentos (400) metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz (e com a alteração da sua orientação, de oés-sudoeste [WSW, c.247º] para sudoeste [SW, c.225º]), criou um novo e muito diferente enfiamento da linha de entrada e saída das embarcações, que deixou de ser de oeste [W, 270º], ou oés-sudoeste [WSW, c.247º], e passou a ser de su-sudoeste [SSW, c.202º], e muito mais longa do que era antes… Assim obrigando, portanto, a que as embarcações pequenas fiquem expostas, lateralmente, às vagas da ondulação marítima dominante (que, aqui, na enseada de Buarcos, é de noroeste [NW, c. 315º]… Expostas, de través, numa extensão longuíssima… a sul de uma costa arenosa (areia acumulada…) e com fundos baixos… Expostas, obliquamente, enquanto demandam a barra, não aprofundável, que se situa em cima das lajes de pedra em cujo extremo norte está o Forte de Santa Catarina, na Foz do Mondego.
Uma situação impossível para os barcos pequenos, os de pesca e recreio.

A obra  do aumento dos tais 400 metros do prolongamento do molhe norte , foi exigida, anunciada, e aprovada, em 2006, 2007 e 2008; teve início neste último ano; realizou-se ao longo de 2009; e ficou pronta em 2010 — e, por isso, logo a partir desse ano começou a alterar as condições da deriva sedimentar, e com o tempo acumulou as areias, ao longo dos anos (até começarem mesmo a contornar a cabeça do molhe norte…), e esse acrescido assoreamento das areias levou, concomitantemente, ao consequente alteamento das vagas nessa zona.
Um assoreamento que, como era previsível, se avolumou mais e mais, ao longo dos anos. Os terríveis resultados não se fizeram esperar: tenham consciência deles clicando aqui.
A barra da Figueira não pode continuar a ser um cemitério
Está assim, por vontade dos homens...
Desculpem qualquer coisinha, especialmente este, não ser um espaço estúpido, nem para estúpidos... 

A terminar esta postagem, cito Teotónio Cavaco, na sua crónica de hoje no jornal AS BEIRAS.
"Na história da Humanidade, nunca esteve (com tamanha facilidade) ao alcance de tantos tanta informação (a maior parte de qualidade); de acordo com Aristóteles, o Homem é um “animal político”, precisamente porque possui a linguagem (fundamento da comunicação entre os seres humanos e a capacidade de julgamento entre o bem e o mal, o certo e o errado).
Neste sentido, cada um de nós tem a responsabilidade de conhecer, de estudar, de aferir a palavra política, assim contribuindo para o combate aos vícios, tão velhos, afinal…"

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Boas entradas (VI)

foto Pedro Agostinho Cruz
As preocupações causadas por esta nossa barra continuam presentes neste final de 2013 e vão acompanhar-nos em 2014 e seguintes... 
Silvina Queirós, da CDU, na sessão da Assembleia Municipal da Figueira da Foz, realizada ontem, mostrou-se preocupada com o futuro dos Estaleiros Navais do Mondego; na mesma ocasião, João Ataíde, presidente da câmara, mostrou-se preocupado sobretudo com a actividade piscatória.
A deputada municipal Silvina Queirós, da CDU, afirmou,  "que um navio de grande porte não pôde ser reparado nos estaleiros navais da Figueira da Foz devido ao assoreamento da barra e estuário  do Mondego". A autarca comunista disse ainda  "que o barco teve de dar meia volta, partindo com destino à Grécia, onde acabaria por ser reparado".
Silvina Queirós, manifestou-se "preocupada com o futuro dos antigos Estaleiros Navais do Mondego, se o assoreamento provocado pela  areia se mantiver".
Por sua vez, o presidente da câmara, dr. João Ataíde disse que “também nos preocupa a questão da barra, sobretudo pela atividade piscatória, e preocupa-nos toda a questão do assoreamento”. Segundo o edil figueirense,  “é urgente que a Secretaria de Estado tome conhecimento deste problema e que tome em conta também a comunidade piscatória”.
Na Figueira, há mais de 100 anos que os engenheiros se dedicam a fazer estudos para a construção de uma barra...

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

"Obras no areal da praia vão entrar na fase de acabamento" e "de um modo geral as pessoas gostam", disse o vereador Carlos Monteiro...

Com o fim à vista da época balnear, os trabalhos de intervenção no areal da praia vão recomeçar, com «a continuação das passagens pendentes, - já que alguma madeira não chegou em tempo útil -, acabar os passadiços e iniciar as plantações», explicou ao Diário de Coimbra, o vereador das obras municipais, admitindo que a fase da vegetação «poderá ser mais tarde, dependendo das condições do clima». Carlos Monteiro adianta que «estamos a entrar na fase de acabamentos. Está tudo a decorrer como o previsto», frisou o autarca, que diz compreender que seja «uma intervenção que pode não agradar a todos, mas de um modo geral, as pessoas gostam», disse, apesar de admitir que existem «coisas a afinar», mas que só serão detectadas «com o uso». As obras no areal da praia ascendem aos 2 milhões de euros, comparticipados em 74% por fundos do Turismo (contrapartidas de jogo).

Nota de rodapé.

Senhor vereador Carlos Monteiro, permita que lhe diga, que ao contrário do que afirma no jornal acima citado, isto não está a decorrer como o previsto.
O previsto, já em 1958, antes do início das obras dos molhes, era que o LNEC antevia o que posteriormente se veio a comprovar: o enorme  aumento  da praia  da Figueira da Foz devido à construção do molhe norte, uma vez que funciona como uma barreira ao forte transporte de areias que se faz sentir ao longo da costa de norte para sul.   
O excessivo crescimento da praia de banhos da Figueira, em todas as soluções ensaiadas, tornou-se altamente prejudicial à manutenção de boas profundidades no canal da barra, referindo-se que “no caso da Figueira da Foz, qualquer canal que venha a ser dragado, e de que resulte uma secção molhada muito superior à que actualmente existe, não se manterá logo que as areias comecem a contornar o molhe norte".
Este  fenómeno  de  assoreamento  do  estuário  é  facilmente  compreendido através da análise da passagem de areias que ocorre da praia a norte para a praia  a  sul do rio Mondego e pela explicação de como se forma o banco da barra  (banco de areia que se forma em frente à Foz do rio Mondego, altamente prejudicial para a navegabilidade do porto)

Na enchente as areias entram dentro do estuário donde são em parte ou na totalidade expelidas na vazante para fora do estuário depositando-se a uma distância maior ou menor consoante o coeficiente da maré e a amplitude da vaga. Só após o banco da barra ter atingido uma certa cota é que se começa a dar a passagem para as praias a sul. Neste caso, as areias expelidas pela vazante para o banco da barra caminham sob a acção das correntes de maré e da vaga para a praia a sul.
Uma  vez que a  areia tenha contornado a testa do molhe norte começará a caminhar ao longo da face interior do molhe. Forma-se, assim, um princípio  de cabedelo que se vai pouco a pouco desenvolvendo até que as correntes de vazante começam a erodi-lo e a transportar o material arrancado para fora das testas do molhes depositando-o na zona do futuro banco da barra.

Por  razões desconhecidas para Manuel Traveira (tive acesso a uns sub- capítulos duma tese do arquitecto figueirense Manuel Traveira, sobre a questão dos molhes...), eventualmente explicadas pelo conteúdo de outros estudos aos quais não teve acesso, a construção dos molhes não seguiu importantes recomendações  apontadas  pelo  LNEC.  
A saber: o  traçado  curvo  do  molhe norte com a sua testa no alinhamento do antigo molhe sul (molhe velho), possibilitando uma maior protecção do estuário contra a penetração da vaga no seu interior; o molhe sul recuado (250  metros)  em relação ao molhe norte com  vista  a  facilitar a transposição natural das aluviões da margem norte do rio para as praias a sul; a construção de uma guia submersa no prolongamento do molhe velho, a fim de assegurar um traçado mais regular e com melhores profundidades.

Portanto, a barra e a praia da Figueira estão assim por vontade dos homens.
Basta de tanta mentira.
É urgente demonstrar às pessoas que existe um problema muito grave mas que tem solução. 
"Qualquer que seja a solução para consolidar as areias a norte, será uma certidão de óbito para a Figueira da Foz, porque a praia vai continuar a crescer".

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Barra da Figueira: de erro em erro, estamos em 2022...

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) realiza hoje, pelas 18H00, no Auditório Municipal, uma sessão pública de esclarecimento sobre as medidas que visam mitigar a erosão costeira na Figueira da Foz. 
Há muito que a erosão costeira, a sul do estuário do Mondego, e o crescimento do areal, a norte, é uma fonte de problemas e preocupações a nível local.
Neste momento, os figueirenses anseiam por saber quando será feita a transposição de areia, de norte para sul da barra. 
Vamos ver se com esta sessão se fica a saber, pelo menos, o prioritário: para lá da já prevista transposição de areia, que outras iniciativas estão previstas, visando a protecção da orla costeira e das populações.

No nosso concelho, a erosão costeira está a afectar as praias de São Pedro, Costa de Lavos e Leirosa. A areia que tanta falta faz a sul, sobra no areal urbano: neste momento, a distância entre a marginal oceânica da cidade e o mar deve ultrapassar os 800 metros.
Contudo, existem outros problemas. A Barra da Figueira da Foz, por vontade dos homens, tornou-se numa armadilha mortal para os pescadores.
O aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata previu, "ao aumento do areal da praia, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira"
Em devido tempo, foram feitos avisos a que ninguém, com responsabilidades, ligou. Apesar de algumas  vozes discordantes – principalmente de homens ligados e conhecedores do mar e da barra da Figueira – foi concluído o prolongamento do molhe norte.
"A obra do aumento de quatrocentos (400) metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz foi exigida, anunciada, e aprovada, em 2006, 2007 e 2008; teve início neste último ano; realizou-se ao longo de 2009; e ficou pronta em 2010 — e, por isso, logo a partir desse ano começou a alterar as condições da deriva sedimentar, e com o tempo acumulou as areias, ao longo dos anos (até começarem mesmo a contornar a cabeça do molhe norte…), e esse acrescido assoreamento das areias levou, concomitantemente, ao consequente alteamento das vagas nessa zona. Um assoreamento que, como era previsível, se avolumou mais e mais, ao longo dos anos. Os resultados não se fizeram esperar."
Tal com este blogue previu há anos (tudo foi dito, tudo se cumpriu), depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do Mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores e a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade.
Agora, que já aconteceu o que era facilmente previsível de prever - o norte da foz, onde em tempos existiu a “Rainha das Praias de Portugal”, transformou-se numa imensidão de areia; na Cova-Gala, na Costa de Lavos e na Leirosa, a falta de areia tornou esta uma ZONA DE RISCO ELEVADO - resta tentar remediar o que ainda for possível.
Na Figueira é assim: andamos sempre a correr a tentar emendar o erro. Fez-se um erro, tenta-se remendar com outro erro. E assim tem sido sucessivamente.
Toda a gente sabe porque se acrescentaram  aqueles 400 metros no molhe norte.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Estudo para as marinas

Imagem via Diário as Beiras
Em 
nota publicada, a APFF nas suas redes sociais informa que "a reunião de arranque do Estudo para o Desenvolvimento e Valorização da Marina Atlântica da Figueira da Foz decorreu na quarta-feira passada, na Figueira da Foz. Contou com a presença, para além dos membros do Conselho de Administração e quadros da APFF, da Câmara Municipal da Figueira da Foz e dos consultores da TISPT – Consultores em Transportes, Inovação e Sistemas, S.A., empresa vencedora do concurso público, lançado no passado mês de setembro. 
A concretização deste estudo permitirá habilitar o Conselho de Administração da APFF no processo de tomada de decisão sobre a viabilidade da concessão da marina existente, sua eventual ampliação e construção de um espaço de receção aos navios de cruzeiro, enquanto estratégia e reforço da posição competitiva do Porto da Figueira da Foz no negócio da náutica de recreio e de cruzeiros costeiros.
O prazo máximo de execução deste estudo é de 130 dias, sendo o valor de adjudicação de 45.000,01€."
Na edição de hoje, o Diário as Beiras informa que "o estudo abrange a atual marina, que deverá passar a ser gerida por privados, ao abrigo de um contrato de concessão, e a construção de uma segunda marina no Cabedelo, na margem Sul da cidade."
Esta será maior e mais moderna. “A concretização deste estudo irá habilitar o conselho de administração da APFF no processo de tomada de decisão sobre a viabilidade da concessão da marina existente, sua eventual ampliação e construção de um espaço de receção aos navios de cruzeiro”.
Ainda segundo o mesmo jornal, o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, adiantou que "será formalizada em breve a adjudicação da empreitada de aprofundamento da barra, do canal de navegação e da bacia de manobras da zona portuária. O valor desta obra é superior a 22 milhões de euros. A obra será financiada por fundos públicos e a comparticipação financeira de privados que utilizam a infraestrutura portuária. 
Com o aumento do calado, o Porto da Figueira da Foz passará a ser frequentado por navios de maior porte e, logo, com mais capacidade de carga. Com esta intervenção, determinante para o seu desenvolvimento, a infraestrutura portuária tornar-se-á mais competitiva. E mais segura para a navegação. 
Se aquelas as obras forem concluídas em tempo útil, a zona portuária servirá de base logística para a construção do futuro parque eólico em alto-mar, ao largo da costa figueirense, que será o maior do continente marítimo português. E também servirão outros investimentos anunciados para o concelho. 
Por outro lado, está prevista a transposição de três milhões de metros cúbicos de areia, do areal urbano para as praias da margem Sul do concelho. A tutela do Ambiente já fez o projeto de execução, estudo de impacte ambiental e análise do custo/benefício, seguindo-se a candidatura da empreitada ao Programa Ação Climática e Sustentabilidade. Todavia, o ciclo de investimentos anunciado pelo Governo para o combate à erosão costeira na margem esquerda da foz do Mondego, sem precedentes, só ficará concluído com a instalação de um sistema mecânico permanente de transposição de areias, de Norte para Sul da barra (bypass). Não obstante aqueles investimentos, Santana Lopes insiste que deve haver uma draga em permanência no Porto da Figueira da Foz. Até porque as obras anunciadas não porão fim ao assoreamento da barra, tendo em conta que se localiza numa foz."