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terça-feira, 19 de novembro de 2019

Erosão costeira e a distracção do povo...

Via Diário as Beiras: "avanço do mar causa preocupação na Leirosa"

"Nos últimos 10 anos, o mar vem destruindo a duna da zona sul da Praia da Leirosa, aproximando-se perigosamente do bairro social. Calcula-se que tenha derrubado cerca de 50 metros da proteção natural. A agitação marítima da semana passada empurrou a água para a mata que se interpõe entre  o mar e as casas. As previsões meteorológicas para amanhã apontam para forte ondulação, temendo-se que a investida seja ainda mais forte.
Na zona norte da praia, são as hortas e os anexos de apoio à agricultura para autoconsumo que sofrem com a subida do mar e o refluxo do Rego da Leirosa.
Silvério Andrade Russo, de 67 anos, foi pescador dos 15 aos 57. “A parte sul está mais em perigo do que a parte norte. Isto devia levar umas pedras, pois não é com areia nas dunas que se resolve o problema. Se não puserem mão nisto, a parte sul vai ficar uma ilha”, defendeu.
O presidente da Junta da Marinha das Ondas, Manuel Rodrigues Nada, subscreve o conhecimento empírico do antigo pescador da Leirosa, defendendo uma proteção com rochas ao longo de 200 metros. “Estou muito preocupado com o avanço do mar na zona sul da praia. Aliás, já tenho alertado as autoridades, mas isto está cada vez pior. Parece-me que, se continuar assim, dentro de alguns dias, a água passará para o outro lado [zona habitada]”, afirmou o autarca.
“Cada vez mais perigoso”
O presidente de junta acrescentou que “os pescadores dizem que, com areia, isto não se resolve”. Assim sendo, sustentou: “Colocar areia é gastar dinheiro, porque o mar leva-a. A solução para travar o mar é prolongar o molhe em 200 metros. O que resta da duna é muito mais frágil e baixo. Portanto, torna-se cada vez mais perigoso”.
Contactado pelo DIÁRIO AS BEIRAS, o presiente da câmara também se mostrou preocupado.
“Estamos todos preocupados. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o Governo também estão preocupados. Caso contrário, não tinham tomado a iniciativa [de avançar com a transposição de três milhões de metros cúbicos de areia, da zona do areal urbano para as praias sul do concelho, com comparticipação financeira da autarquia]”, afirmou Carlos Monteiro.
A transposição de areia está sujeita aos prazos dos concursos públicos. Na Leirosa, porém, teme-se que a empreitada já não chegue a tempo para alguns. “Há pelo menos uma casa onde o mar já chega, quando há forte agitação marítima”, alertou Manuel Rodrigues Nada."

Nota  OUTRA MARGEM.
A protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial... 

Este alerta, foi publicado neste espaço em 11 de Dezembro de 2006, quase há 13 anos! 
Daí para cá, tudo, por aqui, foi dito ao longo dos anos e pode ser consultado... 
Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: contribuir para sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e outros habitantes do nosso concelho e dos seus bens.
Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar, o turismo já faliu - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O que nos vale é que temos uma política bem definida para a orla costeira...
Recordo, que para além das palavras de circunstância, como as que podem ser lidas no texto publicado na edição de hoje da Diário as Beiras, que cito acima, de responsáveis políticos com vários anos de exercício de poder, houve quem ao longo dos anos tenha feito o que podia.
Recordo-me da Deputada Ana Oliveira, em Abril de 2018, ter questionado o Ministro do Ambiente sobre a erosão costeira e a barra da Figueira da Foz. O vídeo pode ser ouvido aqui.
Em Junho passado tornou a fazê-lo. O vídeo fica aqui. Podem ouvi-lo.

Como por aqui se pratica a democracia, fica também a resposta do Ministro do Ambiente.
Para a próxima, antes de votarem pensem... Se quiseram, evidentemente.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Erosão costeira a sul da freguesia de S. Pedro esta manhã...

A foto desta manhã de Pedro Agostinho Cruz, dispensa  as palavras...
Tudo, por aqui,  foi dito ao longo dos anos e pode ser consultado... 
Para ver melhor a dimensão desta catástrofe ambiental, é só clicar na imagem.

Em tempo.

Tal como escrevemos em 11 de dezembro de 2006, já lá vão quase dez anos, o processo de erosão costeira da orla costeira da nossa freguesia, a sul do quinto molhe, a nosso ver, era já então uma prioridadeContinua a ser... Até porque, entretanto, pouco se fez.

Nessa época, tinha este blogue cerca de 6 meses de existência e a erosão da orla costeira da nossa freguesia assumia já – como continua a assumir cada vez mais ... - aspectos preocupantes para o responsável deste espaço. Especialmente, uma zona a que, na altura, ninguém ligava: a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova...
Tal como agora, entendíamos que, por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Durante todos estes anos – o histórico de postagens publicada ao longo de quase dez anos prova-o -, a erosão costeira tem sido a maior preocupação do autor deste blogue.
Sofremos ataques de personagens que passaram pelo poder local figueirense... Infelizmente, o que muito lamento, pois adorava ter sido eu a estar completamente enganado e fora da razão, a realidade é a que todos conhecemos: neste momento, a duna a  Sul do 5º. Molhe da praia da Cova está devastada  e o mar está a entrar pelo pinhal dentro...

Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: contribuir para sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.

Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar, o turismo já faliu - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O que nos vale é que temos uma política bem definida para a orla costeira...

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Milagres

Crónica publicada na Revista Óbvia no mês de Outubro

O milagre de Joaquim Namorado

"Onde o santo punha o pé nasciam rosas.

 ... e o povo lamentava

que não fizesse o mesmo com as batatas."

O milagre da sobrevivência dos reformados em 2023

Para viver em Portugal e na Figueira sempre foi necessário um enorme sentido de humor.

Entretanto, vamos andando ensarilhados em dívidas, públicas e privadas, sem se  vislumbrar como vamos sair da situação de escravos endividados, soterrados vivos por politicas e políticos incompetentes ao longo de dezenas de anos.

Sabemos que isto não vai acabar tudo bem, mas dá jeito acreditar que está a correr mais ou menos...

"Com uma inflação galopante, que o governo estima em 7,4% este ano, embora o Conselho das Finanças Públicas aponte para 7,8%, os pensionistas com prestações de 650 euros brutos vão ter de viver com apenas mais 5,58 euros nos bolsos todos os meses, segundo os cálculos do Dinheiro Vivo com base nas simulações da Ernest & Young (E&Y) para 2023. Significa que cerca de 1,6 milhões de reformados, ou seja, mais de metade dos que irão beneficiar de uma atualização entre 4,43% e 3,53% em 2023, terão um acréscimo líquido mensal de 0,8%. Mais 5,58 euros, portanto."

Como diria a minha avó, "andam a comer-nos as papas na cabeça". Detesto ser tratado como um tolo. Foi como este governo com aquela rábula do adiantamento fez. 

Para já, além de estar tudo cada vez mais caro, o pessoal ter cada vez menos dinheiro disponível, os contextos europeus e mundiais estarem cada vez mais perigosos e  ameaçadores, a  ansiedade vai dar mais lucros às farmacêuticas e às clinicas da psique, e os  livros de tangas de auto ajuda vão subir as tiragens!

Preparem-se para o devir. Em 2023 vamos ter mais do mesmo. Ou pior... 

Para acabar com a politiquice, num assunto tão sério, será preciso acontecer um milagre?

Não sei como é com você, mas a  mim vai-me safando a essência.

E a minha essência esteve, está e estará sempre no mar... 

O mar tranquiliza-me. Como gente do mar que sou, caminhar em direcção a ele, é uma atitude intrínseca. Quase tudo se descortina ao olhá-lo. É um saber de experiências feito, que me foi transmitido pelos mais velhos.

Gosto da orla marítima, sobretudo fora da chamada “época alta”.

Para quem não “vive” o mar, as imagens parecem sempre iguais.

Contudo, garanto que não! Para quem o conhece bem, o mar é sempre diferente. E, também, sempre imprevisível!

Santana Lopes, acusou no final da reunião camarária realizada no passado dia 12 «a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) de estar a gozar com a Figueira, ao protelar no tempo intervenções de transposição de areias na zona costeira do concelho: depois do que foi dito [pela APA], tomar uma decisão dessas é gozar com a cara dos figueirenses». Segundo Santana Lopes, «a APA não tem intenção de executar antes de 2025 a transferência de 3,2 milhões de metros cúbicos de areia para sul da Cova Gala, que estava prevista para 2023.»

O efeito não se fez esperar. Horas depois, ainda nesse mesmo dia 12 de outubro de 2022, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, deslocou-se à Figueira da Foz para se reunir com o autarca.

Fonte da autarquia avançou ao DIÁRIO AS BEIRAS que, afinal, aquilo que a APA havia protelado para 2025 será realizado em 2024. 

Por mim, limito-me a lembrar o que ando dizer há vários anos sobre este assunto: dado que o que está em causa e em risco, é a segurança de pessoas e bens, apenas  quero alertar que o momento não está para politiquices. A erosão costeira a sul da barra do Mondego é um assunto muito sério. E o inverno está à porta.

Concedam ao rejeitado o milagre de descansar em paz

Em Abril de 2019, quando o falecido João Ataíde deixou a Figueira, para o seu lugar, avançou Carlos Monteiro. 

Politicamente, Carlos Monteiro antes de 2009, de 2001 a 2005, foi membro da Assembleia de Freguesia de S. Julião da Figueira da Foz.  E, de 2005 a 2009, tinha sido membro da Assembleia Municipal da Figueira da Foz. Depois foi vereador do executivo presidido por João Ataíde.

Com a ascensão de Carlos Monteiro a presidente, o provincianismo figueirinhas delirou com a ideia de ser um dos seus a limpar o que foi feito por quem realmente mandou na Figueira, entre outubro de 2009 e abril de 2019.

O resultado de pôr quem não serviu para a freguesia de S. Julião a presidir um concelho viu-se na Figueira nos dois anos que se seguiram.

Com a ida de Ataíde para Lisboa, Monteiro teve o seu momento de deslumbramento. Foi um daqueles momentos raros, um golpe de sorte (se bem me lembro, até houve foguetes...) que acontecem por vezes às pessoas e também aos políticos. Daqueles momentos que fazem tudo ganhar objectivo e sentido - toda a espera, toda a paciência, os sapos engolidos e todo o trabalho, finalmente,  a valerem a pena. 

Contudo, acabou por ser o seu maior momento de azar. Faltou uma coisa: quando foi a votos, mais uma vez, Monteiro não foi validado pelos votantes do concelho. 

O verdadeiro objectivo do medíocre percurso político de Monteiro - ser aceite por uma sociedade figueirense que sempre o rejeitou - não foi alcançado. 

A derradeira meta era vencer essa rejeição. Não o conseguiu.

Que continue o milagre de continuar a haver lugar para o sonho

Escrever é ficar. Se continuo a  escrever, é porque ainda não fui. Ainda aqui estou. 

Já me disseram, olhos nos olhos: "o meu trabalho de sonho era fazer o que você faz".

Os melhores projectos de todos são aqueles que nos põem a pensar e a mexer. Os únicos projectos que vale a pena prosseguir, são os que não nos deixam dormir. 

É o caso do único projecto que sempre tive e continuo a ter: a minha vida, apesar de já terem passado mais de 68 anos.

Basta tão pouco e é tão tanto.

Não sei se me assusto, se me espanto, se me regozijo, se sonho: alguns de vocês conseguem  saber de mim o que eu ainda estou a tentar descobrir. 

Obrigada por me lerem. 

Tal como Martin Luther King "não tenho um plano: tenho um sonho."

Que continua. 

"Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só. Mas, sonho que se sonha junto, é realidade."

domingo, 1 de novembro de 2020

Erosão costeira na outra margem figueirense: eu sei que a esperança deveria ser a última coisa a morrer...

Recorro à memória e ao meu saudoso Amigo Manuel Luís Pata.

Fartava-se de dizer o seguinte: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".

Em 2003, lembro-me bem da sua indignação por um deputado figueirense - no caso o Dr. Pereira da Costa - haver defendido o que não tinha conhecimentos para defender: "uma obra aberrante, o prolongamento do molhe norte".
Na altura, Manuel Luís Pata escreveu e publicou em jornais, que o Dr. Pereira da Costa prestaria um bom serviço à Figueira se na Assembleia da República tivesse dito apenas: "é urgente que seja feito um estudo de fundo sobre o Porto da Figueira da Foz".
Como se optou por defender o acrescento do molhe norte, passados quase 18 anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra". 
Por outro lado, o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira". Porém, e espero que isso seja tido em conta no disparate que é a projectada obra a levar a cabo pela Câmara Municipal da nossa cidade, "essa área de areia será  sempre propriedade do mar, que este quando assim o entender, virá buscar o que lhe pertence".

Como previmos, por isso o escrevemos para alertar quem de direito, já em 11 de dezembro de 2006, o processo de erosão costeira da orla costeira da nossa freguesia, a sul do quinto molhe,  era já então uma prioridade
Continua a ser... Até porque, entretanto, pouco se fez...
Nessa altura - 2006 -, tinha este blogue cerca de 6 meses de existência e a erosão da orla costeira da nossa freguesia assumia já – como continua a assumir cada vez mais ... - aspectos preocupantes - pelo menos para Manuel Luís Pata e para o responsável deste espaço. Especialmente, numa zona a que, na altura, ninguém ligava: a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova...
Tal como agora, entendíamos que, por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Durante todos estes anos – o histórico de postagens publicadas prova-o -, a erosão costeira tem sido a maior preocupação do autor deste blogue.

Sofremos - na altura houve perseguições pessoais e continuamos a ser apelidados de tudo e mais alguma coisa... - ataques vindos de personagens que vão passando pelo poder local aldeão e  figueirense... 
Infelizmente, porém, o que muito lamento, pois adorava ter sido eu a estar completamente enganado e fora da razão, a realidade é a que todos conhecemos: neste momento, apesar de uma duna ter sido reconstruída e desfeita pelo mar e dos "chouriços" que estão a ser desfeitos também pelo mar, a duna a  Sul do 5º. Molhe da praia da Cova está devastada  e o mar continua a entrar pelo pinhal dentro...

Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: contribuir para sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.

Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, tal como mais que em devido tempo Manuel Luís Pata, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar, o turismo já faliu - tudo nos está a ser levado...
Cheguei a ter a esperança que, ao menos, perante a realidade os responsáveis autárquicos figueirenses pudessem compreender o porquê das coisas...
Já nem isso, porém: basta ler a crónica de ontem no Diário as Beiras da vice-presidente da autarquia figueirense para constatar que já nem essa esperança me resta.
Não passamos disto: não é fácil quebrar a monotonia na Figueira... 

terça-feira, 4 de abril de 2017

Na política figueirense, nunca há Assembleia Municipal tão fraquinha que não possa piorar!..


A Assembleia Municipal da Figueira da Foz reuniu-se ontem, em sessão extraordinária, por iniciativa da oposição.
PSD, CDS/ PP, CDU e BE, formaram uma "geringonça local" pontual e tentaram que a maioria absoluta socialista discutisse publicamente a revisão do Plano Director Municipal (PDM).
Diga-se, desde já, que tal não foi conseguido. É verdade que foram apresentadas propostas por social-democratas e comunistas. Mas, o que marcou a sessão extraordinária de ontem da AM, foram alguns  momentos de grande crispação política, chegando-se ao ponto da bancada "Somos Figueira" ameaçar abandonar os trabalhos.
A presidência da mesa da AM também deixou muito a desejar. A CDU acusou a mesa da assembleia de não ter preparado devidamente a condução da sessão. 
Foi uma sessão azarada para todos os que lá estivémos, em especial para o presidente Ataíde: quando tentava saír do lugar onde se encontrava, a bancada destinada ao executivo, deu uma queda aparatosa. 
Na altura, estava no uso da palavra a deputada Silvina Queiroz. A sessão foi interrompida, cerca de um quarto de hora. Felizmente, apesar da espetacularidade e do aparato do trambolhão do presidente Ataíde, o autarca não sofreu ferimentos, a não ser, ao que deu para perceber, num joelho. 
No mais, pouco há a dizer. No essencial, a oposição reclamou mais debate público. Os socialistas, defenderam que a sessão não se justificava, uma vez que o prazo de discussão pública, de 30 dias úteis, só ontem se iniciou. 
A oposição, sublinhou  que a revisão do PDM deve ser amplamente debatida pela população. A melhor intervenção da tarde pertenceu ao "velho comunista laranja", Nelson Fernandes, que voltou pontualmente à AM para mostrar que quem sabe nunca esquece.  Dissertou sobre o documento de forma conhecedora e  pormenorizada, demonstrando que tinha feito o trabalho de casa. 
Já o PSD, por sua vez, teve outra postura. A certa altura o líder da bancada social democrata, Pereira da Costa, disse que não estava ali para debater o documento, mas sim para defender a necessidade dele ser debatido junto dos figueirenses. “Nós não queremos que nos expliquem o PDM, nós queremos que o expliquem aos munícipes. Pedimos esta assembleia para alertar as pessoas sobre o que se está a passar”.
Em defesa desta revisão falou João Ataíde. Mostrou-se disponível para participar em sessões de esclarecimento públicas, mas rejeitou que a oposição lhe imponha uma agenda. E deixou o grande argumento:.
“Este documento vai resolver a vida a muita gente; a centenas, a milhares”. 
No final, a maioria absoluta socialista "chumbou" as três propostas apresentadas pela oposição: duas do PSD e uma da CDU.
Nota de rodapé.
"Nunca mais, nesta assembleia, ninguém terá roda livre para falar!" 
José Duarte, presidente da mesa da Assembleia Municipal da Figueira da Foz.
"Estou envergonhada com o serviço que estamos a prestar à população da Figueira da Foz, porque ainda não fizemos nada nesta Assembleia".
Mafalda Azenha, secretára da mesa da Assembleia Municipal da Figueira da Foz.

A degradação da classe política figueirense, a mediocratização das elites e o abandalhamento dos diversos poderes, são factos indesmentíveis na Figueira nos últimos 40 anos.
Contudo, o pior é que a saúde mental, moral, cultural, cívica e social, do chamado povo, também anda de rastos. Isso, de todo, não permite alimentar o optimismo e a esperança de renovação na política figueirense.
O homem comum que eu sou, o homem da rua que eu sou, o homem que eu sou no dia a dia, corre o risco de se tornar incivilizado, amoral, inculto, boçal. 
O homem comum que eu sou, o homem da rua que eu sou, o homem que eu sou no dia a dia, corre o risco de perder o ideal, o projecto e o sentido para a vida em comunidade. 
O homem comum que eu sou, o homem da rua que eu sou, o homem que eu sou no dia a dia, porém, tem de resistir, tem de se recusar a apostar tudo no efémero e não promover o cultivo do superficial, ir pelo mais fácil, destacar o mais vistoso e explorar o sensacionalismo. 
Eu sei que quem luta, nem sempre ganha. Mas quem não luta já perdeu tudo.

Conheci há muitos anos (já sou velho..) grandes jornalistas, em Lisboa e na Figueira. Tive grande proximidade com alguns. 
Falámos de tudo, sobretudo do jornalismo. 
Lembro-me de me terem dito que estava a aproximar-se o tempo em que não interessava propriamente a notícia, mas antes o empolgamento que o jornalista conseguia transmitir. 
Se um presidente de câmara, por exemplo, der uma queda aparatosa no decorrer de uma sessão pública, o interessante não era a queda e as eventuais consequências nefastas, mas o modo como o jornal conseguia fazer chegar isso aos leitores. 
O que interessava aprofundar era a  exploração da situação da vítima... 
Sem isso os jornais não se vendem... 
Nos dias que correm, isto é o pão nosso de cada dia. Nos jornais e nas televisões. Basta abrir um jornal, ligar um telejornal, logo se encontra o senscionalismo, a focagem do acessório, o empolgamento dos factos, os títulos que nada têm a dizer com o texto desenvolvido no interior. 
O presidente da câmara da Figueira, na sua imensa sabedoria, diria que são as regras do mercado. 
O leitor mudou. Foi educado para comprar a demagogia. 
Como sabemos, na sociedade figueirense, para se ser ouvido por muitos, a regra básica é não incomodar ninguém... 
Isso, acabou por nivelar tudo por baixo. Isto é, chegámos ao nível inferior do sensacionalismo na política, como ficou ontem demonstrado no decorrer da AM. 
Lembrem-se os nossos detractores que, hoje, por aqui está a ser o dia do bloguismo vocacionado para a paz. 

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

By pass: este foi o tempo certo para anunciar o estudo de viabilidade. Vamos ver quando é o tempo para o transformar em projecto...

O Governo antecipou a divulgação do estudo sobre a transposição de areias na barra da Figueira da Foz, prevista para setembro. O documento foi apresentado ontem.
Recorde-se que o estudo do by pass foi adiado durante anos.
Um estudo no valor de cem mil euros contra os milhões constantes que se despendem em dragagens.
Em Setembro de 2018,  a Vereadora Ana Carvalho não só não se mostrou muito preocupada com a situação como até afirmou: "não sou grande defensora dessa solução". 

Mais vale tarde do que nunca, diz o Povo. A pouco mais de um mês da realização das eleições de 26 de Setembro de 2021, o ministro do Ambiente assumiu que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz com recurso a um sistema fixo (bypass) é a mais indicada, e será realizada. “Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”, disse à agência Lusa João Pedro Matos Fernandes.
O “Estudo de Viabilidade de Transposição Aluvionar das Barras de Aveiro e da Figueira da Foz”, apresentado na manhã de ontem pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), avalia quatro soluções distintas de transposição de areias e conclui, para a Figueira da Foz, que embora todas as soluções sejam “técnica e economicamente viáveis”, o sistema fixo é aquele “que apresenta melhores resultados num horizonte temporal a 30 anos”.
O estudo situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros. “Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, frisou o ministro, em declarações à margem da sessão.
O sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz, será o primeiro em Portugal e idêntico a um outro instalado na Costa de Ouro (Gold Coast) australiana. É constituído por um pontão, com vários pontos de bombagem fixa que sugam areia e água a norte e as fazem passar para a margem sul por uma tubagem instalada por debaixo do leito do rio Mondego. A tubagem estende-se, depois, para sul, com vários pontos de saída dos sedimentos recolhidos, que serão depositados directamente nas praias afectadas pela erosão.
A opção de avançar para a construção de um bypass é, para o presidente da Câmara, uma solução que permite “tranquilidade e esperança a quem usa o porto comercial, a quem usa o porto de pesca e à população da margem sul da Figueira da Foz”. Carlos Monteiro argumentou que uma proposta a longo prazo “não é frequente” em Portugal e agradeceu ao ministro do Ambiente, Matos Fernandes, por aquilo que considera ser um gesto com “visão”.
Carlos Monteiro pediu que o estudo e apresentado seja “avaliado o mais depressa possível” e que o projecto “seja desenvolvido”. Mas disse esperar, “fundamentalmente, que tenha a maturidade necessária para ser inscrito no Quadro Comunitário [Portugal] 2030. Atendendo aos valores, acredito que possa e deva ser”, frisou o presidente da Câmara. Até lá, lembrou, o problema da erosão da costa a sul do porto da Figueira vai a ser mitigado, até 2023, com o abastecimento de três milhões de metros cúbicos de areia, retirados do mar a norte do molhe norte.
Já o arquitecto Miguel Figueira, do movimento cívico SOS Cabedelo, manifestou-se agradado com a decisão de se optar pelo bypass. “Agora temos uma responsabilidade de contribuir para que seja bem feito. Há uma série de dúvidas, estamos a trabalhar em coisas que já deram provas de funcionamento, o sistema australiano funciona há mais de duas décadas, mas há sempre dúvidas sobre os impactes”, notou.
O ministro do Ambiente recordou a primeira vez que ouviu falar “ao vivo” da hipótese do bypass na Figueira da Foz e lembrou o “ar zangado” do arquiteto “cheio de certezas absolutas”, quando o movimento protestava, em 2019, pela construção do sistema fixo. “Agradeço ao SOS Cabedelo, a forma, muito para além de reivindicativa, mas técnica, com que nos entusiasmou a chegar aqui”, frisou Matos Fernandes.

Espero, sinceramente, que tudo seja mais do que uma mera jogada de propaganda eleitoral.
"A protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial..."
Escrevemos isto em aqui no OUTRA MARGEM em 11 de Dezembro de 2006. Infelizmente, continua cada vez actual.
Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O tempo certo para anunciar foi ontem. Vamos ver quando é o tempo para o transformar em projecto...

domingo, 7 de janeiro de 2018

Há quem lhe chame progresso!..

FOTO PEDRO CRUZ
Esta foto mostra o que a avidez humana pode fazer...
O meu Amigo Manuel Luís Pata, fartava-se de dizer o seguinte: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".
Em 2003, lembro-me bem da sua indignação por um deputado figueirense - no caso o Dr. Pereira da Costa - haver defendido o que não tinha conhecimentos para defender: "uma obra aberrante, o prolongamento do molhe norte".
Na altura, Manuel Luís Pata escreveu e publicou em jornais, que o Dr. Pereira da Costa prestaria um bom serviço à Figueira se na Assembleia da República tivesse dito apenas: "é urgente que seja feito um estudo de fundo sobre o Porto da Figueira da Foz".
Como se optou por defender o acrescento do molhe norte, passados 15 anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra". 
Por outro lado, o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira". Porém, e espero que isso seja tido em conta no disparate que é a projectada obra a levar a cabo pela Câmara Municipal da nossa cidade, "essa área de areia será  sempre propriedade do mar, que este quando assim o entender, virá buscar o que lhe pertence".


Como previmos, por isso o escrevemos para alertar quem de direito, já em 11 de dezembro de 2006, o processo de erosão costeira da orla costeira da nossa freguesia, a sul do quinto molhe,  era já então uma prioridade
Continua a ser... Até porque, entretanto, pouco se fez.
Nessa época, tinha este blogue cerca de 6 meses de existência e a erosão da orla costeira da nossa freguesia assumia já – como continua a assumir cada vez mais ... - aspectos preocupantes para o responsável deste espaço. Especialmente, uma zona a que, na altura, ninguém ligava: a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova...
Tal como agora, entendíamos que, por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Durante todos estes anos – o histórico de postagens publicadas prova-o -, a erosão costeira tem sido a maior preocupação do autor deste blogue.

Sofremos - continuamos a ser apelidados de tudo e mais alguma coisa... - ataques de personagens que vão passando pelo poder local aldeão e  figueirense... 
Infelizmente, porém, o que muito lamento, pois adorava ter sido eu a estar completamente enganado e fora da razão, a realidade é a que todos conhecemos: neste momento, a duna a  Sul do 5º. Molhe da praia da Cova está devastada  e o mar está a entrar pelo pinhal dentro...

Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: contribuir para sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.

Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.

A pesca está a definhar, o turismo já faliu - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O que nos vale é que temos uma política bem definida para a orla costeira...

domingo, 14 de novembro de 2010

A gestão da Aldeia

No decorrer da última reunião da Assembleia de Freguesia de São Pedro, realizada em 30 de Setembro passado, o momento da noite foi a intervenção do membro deste órgão autárquico, eleito pelo PS, João Pita.
Essa intervenção pode ser lida na íntegra, clicando aqui
Todavia, como essa intervenção, a meu ver, merece ser conhecida, passo a transcrevê-la, na íntegra :


“Sr. Presidente da mesa da Assembleia de Freguesia de S. Pedro, neste momento da apreciação e aprovação da acta peço que me dê a palavra por 3 ou 4 motivos que passo a explanar:
1) No seguimento do que acaba de ser lido pela mesa e pelo respeito que este espaço e os seus elementos me merecem, pormenorizo os motivos que me obrigaram a faltar à sessão de Junho.
Uma reorganização interna dos serviços da fábrica onde trabalho, associada a doença de um colega, obrigou a trabalho extraordinário que me impediu de aqui estar presente. Aproveito para agradecer à mesa a sua justificação.
2) Quero justificar o meu voto: não estando presente na sessão de Junho, o meu voto, para a aprovação da acta da mesma, não podia ser outro que não a abstenção, apesar de boa parte das intervenções e discussão me dizerem respeito e à minha pessoa serem dirigidos.
3) Em relação ao conteúdo da acta dessa sessão e pelos motivos atrás expostos (conteúdo dirigido à minha pessoa) cumpre-me dizer o seguinte:
a. Sou amigo do Sr. Presidente da mesa há muitos e muitos anos, desde a infância, desde as terras longínquas da cidade da Beira em Moçambique e, já antes de nós, também os nossos pais o foram. Amigos. Por isso, por o conhecer há muito tempo, considero que o presidente da mesa da Assembleia de freguesia de S. Pedro reúne todas as condições de base para o necessário rigor, equidade e imparcialidade institucionais.
b. Não conheço, senão que ligeiramente, a Carolina, segunda secretária da mesa, mas não me é difícil entender que estará dotada de uma educação familiar e social associada a uma formação escolar superior que, à partida, a capacita para o bom entendimento do que será o rigor, a equidade e a imparcialidade, principalmente quando em presença de ambientes e razões institucionais e não os de carácter pessoal.
c. Objectivamente consideramos que, de facto, a acta da sessão de Dezembro não estava elaborada com o rigor que se impõe e a que nos devemos obrigar. Porque objectivamente - fomos obrigados, em prol do rigor, a solicitar que se anexassem às actas os documentos e intervenções entregues à mesa, - fomos obrigado, em prol do rigor a elencar uma série (julgo que seis) de pedidos de adendas à acta, (ou seja, emendar a acta) e todas elas foram aceites e não discutidas. Foi por causa de toda esta falta de rigor e cuidado, sempre no mesmo sentido, que nos levou a propor a gravação das sessões.
Não o fizemos de ânimo leve ou por razões de afronta a quem quer que seja, mas sim por considerarmos que as actas são um documento muito importante para a memória futura de todos os covagalenses que, naturalmente, se nos seguirão. Democraticamente aceitamos que a mesma não tenha sido aprovada, mas lamentamos que o voto negativo de qualidade do Sr. presidente da mesa se suportasse, somente, num testemunho de incapacidade e incompetência, num tempo remoto, para a execução da tarefa.
d. Passo a transcrever o que foi redigido na acta da sessão de Abril; …“ Carlos Simão pediu a palavra para dizer que a acta estava a ser analisada para ver se haveria algo a acrescentar …”
Mas, agora é o Sr. Presidente da Junta que analisa e decide sobre as actas das sessões da assembleia de Freguesia?
Todos sabemos da apetência do Sr. Presidente da Junta pela tutela, por tutelar tudo, todos e todas as coisas.
Mas há limites e tem de haver respeito pelas instituições.
Aqui, na Assembleia de Freguesia não há, não pode haver tutelas.
Solicito ao Sr. presidente da mesa que se obrigue e a todos obrigue ao estrito cumprimento do regimentado de acordo com os preceitos legais.
e. Ainda sobre a intervenção do Sr. Presidente da Junta, Carlos Simão, na sessão de Junho; todos os adjectivos, que dirige à minha pessoa na tentativa pessoal de um assassínio de caracter, vã, manipuladora, demagógica e indigna deste espaço que é a Assembleia de Freguesia, me passariam absolutamente ao lado e não me levariam a qualquer comentário (por os considerar de caracter pessoal e quanto a questões pessoais estou completa e absolutamente resolvido e aconselharia o Sr. Carlos Simão a fazer o mesmo).
Mas não deixo de recordar, com saudade, de o meu pai me ter ensinado que um homem de carácter e princípios não ataca nem afronta outro homem que não esteja presente e, por isso mesmo, no imediato, não tenha a possibilidade de se defender. Se o fizer, não só demonstra não ter carácter como, também, pratica um acto de cobardia.
f. No entanto, a intervenção do Sr. Presidente da Junta, Carlos Simão, é de um assombroso e prepotente ar de tutela, quando afirma …“portanto a partir deste momento reservo-me o direito de responder a quem achar que o devo fazer e quando bem o entender”…. Para ele, qualquer membro da assembleia que aja ou pense de forma diferente, por ele considerada, é sujeito a pena sumária de excomunhão ou degredo.
Aliás, no seguimento do que já aconteceu no passado, quando considerou e o publicou na comunicação social, que determinado membro da assembleia anterior não era digno de viver na freguesia de S. Pedro pelo simples facto de ter votado abstendo-se, a proposta de elevação à categoria de vila a “povoação de S. Pedro”. (aproveito para dizer que se estivesse presente nessa assembleia teria votado contra essa aberração histórica que foi a elevação do “povoado de S. Pedro” a vila.).
g. O Sr. Presidente da Junta, Carlos Simão, pensa como se vivesse num outro tempo e fosse dono da junta, da assembleia e dos membros da junta e da assembleia. O assombroso disto é que o Sr. presidente da Junta faz tábua rasa da vontade do povo covagalense, que legitimou, de igual forma, pelo voto, todos os elementos desta assembleia. Faz tábua rasa dos preceitos legais em vigor que determinam as competências, os direitos e deveres dos membros e dos órgãos institucionais locais. Para ele, omnipotente, só a sua vontade deve prevalecer.
E isso não é aceitável!
Se o Sr. Presidente da Junta, Sr. Carlos Simão, não se sente em segurança nesta assembleia deve perguntar-se a si próprio e à sua consciência das razões e motivos para tal!
Eu já o conheço há muito tempo, num tempo em que não era assim.
Num tempo, em que a única entidade a que prestava contas era o povo da Cova-Gala.
E sei o que digo porque era eu que o ajudava a pensar a terra, o seu desenvolvimento, a sua credibilidade, lhe escrevia os discursos e redigia as tomadas de posição estratégica.
Mas, agora, a quem é que presta contas quando, após ganhar as ultimas eleições pega no telemóvel e diz, não se sabe a quem: … “estes artistas pensavam que ganhavam isto”.
A quem é que ele presta contas quando, ao pronunciar o seu discurso de vitória, aliviado e empolgado, levanta o dedo, acusa e culpa o povo da Cova-Gala por não ter ganho a Câmara, o candidato apoiado por ele?
4) Conclusão:
a. Sr. Presidente da mesa, Carolina, por tudo o que acabo de dizer e mantendo a exigência de rigor, equidade e imparcialidade na feitura das actas, a frase …“ parece-me que as actas estão a ser manipuladas”… não vos era dirigida. Se ela feriu a vossa sensibilidade retiro-as de imediato do contexto, porque não era essa a minha intenção.
b. Mais uma vez afirmo que fui eu que informei a assembleia de que estava a usar um gravador pessoal de forma livre, consciente e responsável.
c. No seguimento da insatisfação da mesa da Assembleia, por essa mesma informação não ter sido previamente efectuada com o respectivo pedido de utilização, acatei-a de imediato, desligando o gravador.
d. Repudio da forma mais veemente a insidiosa e demagógica manipulação e aproveitamento que o presidente da Junta, Carlos Simão, fez, no momento, dos acontecimentos. Aproveito para me retractar pelo tom de voz mais elevado que usei para, então, dizer ao Sr. Presidente da Junta que aqui na assembleia de Freguesia de S. Pedro não há, nem haverá donos.
e. Repudio, da mesma forma, o subsequente aproveitamento feito pelo Sr. Presidente da Junta, Carlos Simão, na sessão de Junho, onde aqui sim, é notório a tentativa de assassínio de carácter à minha pessoa, com a agravante de o ter feito na minha ausência o que, por si só, é elucidativo do caracter de quem o pratica. Chamo aqui à atenção para o facto de, nessa sessão, ter havido uma intervenção de um elemento desta assembleia, afirmando não lhe parecer bem que estivessem a atacar quem não estava presente e o registo da mesma intervenção não estar contida na acta.
f. O povo da Cova-Gala tinha razão quando, através do voto depositou a confiança nos seus eleitos e decidiu desta forma distribuir os lugares nesta Assembleia. Se dúvidas houvesse da necessidade de um oposição responsável, serena, consistente e corajosa os últimos acontecimentos, protagonizados pelo Sr. Carlos Simão provam-no à exaustão. Quando não olha a meios nem a critérios para atingir determinados fins (neste caso desacreditar, descredibilizar e enxovalhar) está tudo dito. A forma fechada, egocêntrica e autocrática como executa o poder, a dualidade de critérios ou a falta dos mesmos para a distribuição de apoios, a arbitrariedade, a falta de cortesia que, por vezes, muitas vezes, roça a grosseria no contacto com os covagalenses, a falta de planeamento estrutural e conjuntural para um desenvolvimento harmonioso da Cova-Gala e o desrespeito pelos valores históricos de identidade. Tudo isto faz com que nos obriguemos de forma séria, honesta, responsável e dedicada à responsabilidade que o povo da Cova-Gala depositou em nós nas últimas eleições. Sermos Oposição. Se não o soubermos ser, não seremos dignos da confiança que depositaram em nós.


João Pita

sábado, 4 de junho de 2022

Esperemos que seja desta: mais do que de palavras, precisamos mesmo é da areia já prometida por diversas vezes


Na edição de hoje do Diário de Coimbra,  podemos ler esta notícia sobre um tema que nos tem feito criar inimigos - principalmente, entre os políticos figueirenses que estiveram no poder anos e anos e pouco fizeram para tentar inverter o rumo  dos acontecimentos que nos fez chegar a 5 de Junho de 2022.

Quem acompanha este blogue sabe que, ao contrário de muitos que se calaram perante os erros cometidos pelo poder central - nesses, sublinho os políticos que passaram pela Junta de Freguesia de S. Pedro, nos últimos 15 anos - somos a voz que nunca se calou, independentemente da conjuntura política local e nacional.  

Tal como escrevemos em 11 de dezembro de 2006já lá vão quase dezasseis anos, o processo de erosão costeira da orla costeira da nossa freguesia, a sul do quinto molhe, a nosso ver, era já então uma prioridadeContinua a ser... 

Até porque, entretanto, as experiências que se fizeram não resultaram.

Nessa época, tinha este blogue cerca de 6 meses de existência e a erosão da orla costeira da nossa freguesia assumia já – como continua a assumir cada vez mais ... - aspectos preocupantes para o responsável deste espaço. 
Especialmente, numa zona a que, na altura, ninguém ligava: a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova...

Tal como agora, entendíamos que, por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Durante todos estes anos – o histórico de postagens publicada ao longo de quase dez anos prova-o -, a erosão costeira tem sido a maior preocupação do autor deste blogue.
Sofremos, por isso,  ataques de personagens que passaram pelo poder local figueirense... *

Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: tentar sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.

Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar. Tudo nos está a ser levado...
Esperemos que seja desta...

* - (IRONIA DO DESTINO. OS MESMOS QUE ME CRITICAVAM POR ESTAR SEMPRE A CRITICAR, SÃO OS MESMOS QUE NOS ÚLTIMOS MESES ME TÊM TENTADO LINCHAR EM PRAÇA PÚBLICA, ACUSANDO-ME DE AGORA NÃO CRITICAR...
SÓ NÃO DIZEM O QUÊ E QUEM.
OS LEITORES QUE COSTUMAM FREQUENTAR O OUTRA MARGEM, SÃO INTELIGENTES E TÊM O PODER DE ANÁLISE SUFICIENTE EVOLUÍDO PARA SABEREM QUE ESTE ESPAÇO CONTINUA IGUAL.
O QUE MUDOU FOI A REALIDADE LOCAL. OS FIGUEIRENSES É QUE FIZERAM AS ESCOLHAS. E EM DEMOCRACIA, GOSTE-SE OU NÃO, QUEM DECIDE É O POVO. 
O QUE ESTÁ À VISTA DE TODOS É QUE QUEM NUNCA SOUBE GANHAR, QUANDO PERDEU FICOU COMPLETAMENTE AZIADO, O QUE AINDA NÃO LHE PERMITIU DIGERIR A DERROTA...).

terça-feira, 25 de agosto de 2020

CELEBRAR O DIA 24 DE AGOSTO E O LIBERALISMO, CONTRA O FEUDALISMO, NA FIGUEIRA DA FOZ DO MONDEGO

«O dia de hoje, 24 de Agosto, é um dia muito especial. Não somente por outras razões — e a menor delas não é seguramente o facto de ser o dia, de marés vivas (antigamente), que em Portugal é considerado como sendo "o dia de São Bartolomeu" ou "dia em que o Diabo anda à solta"… e por causa disso em São Bartolomeu do Mar, em Ponta da Barca, e em outros locais, as comunidades marítimas e fluviais o festejarem especialmente com rituais antiquíssimos que fazem parte da Cultura Popular Marítima Portuguesa — mas também porque esta data de 24 de Agosto é a data em que neste país ocorre a efeméride da revolução de 24 de Agosto de 1820… através da qual foi aqui instalado o Liberalismo, e assim se começaram a dar os primeiros passos decisivos (que, depois, ainda iriam ser muito demorados, dolorosos, e incompletos), para a ultrapassagem daquele que, desde sempre, e para sempre, foi, é, e continua a ser, o principal problema estrutural deste país que se chama Portugal, e da sua História: o Feudalismo… O regime senhorial-feudal caracterizado pelo senhorialismo económico monopolista e provinciano, pela feudalização jurídico-política, de tipo local, autenticamente vassálico, e que, muitas vezes, anedoticamene, ou tragicamente, chega a situações extremas, e ridículas, de caciquismo mafioso.

   
O senhorialismo feudal, típico do "Antigo Regime", desde a Idade Média, e que, neste país, secularmente periférico e subdesenvolvido, mesmo depois dessa revolução de 1820, tem deixado resquícios que têm demorado demais para serem totalmente ultrapassados.

E, hoje, 24 de Agosto de 2020, não se celebra só uma efeméride qualquer e igual a todas as outras, nos outros anos, rotineiramente (não é também somente a data do nascimento do grande escritor mundial, o argentino, de origem portuguesa, Jorge Luis Borges). Hoje, em 2020, celebram-se os duzentos (200) anos do 24 de Agosto de 1820.

E portanto o CEMAR (Centro de Estudos do Mar), com sede na Figueira da Foz do Mondego — embora sempre primacialmente vocacionado para outras matérias, de História e de Património Histórico Marítimo, que não as da História Política portuguesa e metropolitana — não poderia nunca deixar de aqui recordar esta data especialmente significativa, pois ninguém ignora, nem deve ignorar, que nessa revolução de 1820, e na consequente instauração do Liberalismo em Portugal, desempenhou um papel determinante um homem notável provindo desta cidade da Foz do Mondego, o jurista Manuel Fernandes Tomás. Como mostrou o Asssociado Honorário do CEMAR Capitão João Pereira Mano, no livro "Terras do Mar Salgado" que foi editado pela nossa associação científica, a família de Manuel Fernandes Tomás era uma família dos ambientes marítimos e comerciais da Figueira da Foz (vide Cap. João Pereira Mano, Terras do Mar Salgado. São Julião da Figueira da Foz - São Pedro da Cova-Gala - Buarcos - Costa de Lavos e Leirosa, Figueira da Foz: CEMAR, 1997).
   
É mesmo uma curiosa e significativa coincidência o facto de, na História de Portugal, para a afirmação da nacionalidade livre e responsável (o que, hoje, numa República, chamamos "a cidadania") — para a construção do Estado e para a reforma da sociedade no sentido da modernização e do Futuro (no foro decisivo, que é o jurídico-político e constitucional) —, terem tido reflexões teoréticas estruturantes, e papéis políticos determinantes, a quase quatro séculos de distância (!),  duas figuras históricas que, por acaso, se deu a coincidência de terem estado ambas ligadas a esta região, aberta, comercial e progressiva: no século XV o Infante Dom Pedro (1392-1449), Duque de Coimbra e Senhor de Buarcos, Montemor, etc., que governou o país e mandou promulgar as decisivas (civil e "constitucionalmente""Ordenações Afonsinas" de 1446; e no século XIX o jurista Manuel Fernandes Tomás (1771-1822), que nasceu na Figueira da Foz e foi um dos principais obreiros da decisiva (civil e "constitucionalmente") revolução de 1820.
   
O  primeiro foi o verdadeiro responsável não só pela reflexão filosófica e politológica pessoal que ficou consignada no "Livro da Virtuosa Benfeitoria" de c.1431 mas também pela pioneira e fundacional organização jurídica, sistemática e colectiva, que ficou consignada nas primeiras "Ordenações", em 1446; e o segundo, para além da sua acção organizativa e política, e ainda antes dela, foi também um jurisconsulto apontado para a modernização e racionalização do ordenamento jurídico português, e por isso o autor que produziu o "Repertorio geral ou índice alphabetico das leis extravagantes do reino de Portugal, publicadas depois das ordenações, comprehendendo também algumas anteriores que se acham em observância", em 1815.
   
Ambos por isso merecem ser evocados especialmente nesta cidade da Foz do Mondego (e têm-no sido), e os seus exemplos podem e devem ser aproximados (e ainda não o foram suficientemente), e é isso que, pela parte do CEMAR, hoje, aqui, se está a fazer. O exemplo de Fernandes Tomás, que a partir do Porto preparou uma revolução, e deu um futuro ao país, tem sido recordado, em termos cívicos e políticos, por quem tem obrigação de o recordar; e a figura do malogrado Infante Senhor de Buarcos que foi assassinado em Alfarrobeira, às portas de Lisboa (e, nessa ocasião, não por acaso, tinha aí consigo os Pescadores de Buarcos), tem sido sobretudo evocada pelo CEMAR (como nos compete, por sermos uma associação científica local apontada para o Património Cultural Marítimo desta região da Beira Litoral e Foz do Mondego).

Neste ano de 2020 — no ano que é, em números redondos, dos dois séculos da revolução e da Constituição Liberal de 1820 — espera-se que, portanto, sejam possíveis as celebrações, verdadeiramente significativas, que ainda venham a poder ser feitas, no decorrer do ano, e até ao seu fim, na sua cidade da Figueira da Foz, do jurisconsulto e homem político que aqui nasceu em 1771. Ao que parece, infelizmente, não veio a concretizar-se a ideia que havia sido proposta numa conferência de S.E. o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, realizada no Salão Nobre da Câmara Municipal da Figueira da Foz, promovida pelo seu anterior Presidente de Câmara (um jurista nascido nesta mesma cidade em que veio a ser autarca, depois de ser Juiz Desembargador no Tribunal da Relação de Coimbra, o Exº Senhor Dr. João Ataíde, entretanto precocemente falecido): a ideia de que esta cidade natal de Fernandes Tomás tomasse a dianteira, caminhasse nesse sentido, e trabalhasse para isso, e assim fosse a cidade em que viessem a ser centralizadas celebrações verdadeiramenete nacionais, e significativas, da figura do "Patriarca da Liberdade”.

Pela parte da nossa pequena associação científica privada — que nisso não poderia nunca ter especiais responsabiidades, ou capacidades, pela exiguidade dos nossos recursos (sempre sem querer receber e gastar dinheiro público) e por não ser essa a nossa vocação estatutária — aquilo que desde há muito temos praticado, e consideramos a nossa própria celebração do Liberalismo oitocentista, estando sediados na Figueira da Foz, foi a publicação (e a distribuição, gratuita, e generalizada, oferecidos a quem quer que no-los peça) dos dois grossos e sólidos volumes (tão grandes em dimensão quanto em qualidade, erudição, e interesse) da obra do nosso querido e saudoso associado Professor Hélio Osvaldo Alves, professor catedrático da Universidade do Minho, doutorado pelo University College da Universidade de Londres, presidente da Associação Portuguesa de Estudos Anglo-Americanos, etc., e que tivemos o prazer e a honra de ter como segundo presidente da Assembleia Geral do Centro de Estudos do Mar (sucedendo nessas funções ao também saudoso Dr. Luís de Melo Biscaia, vereador da Cultura da Câmara Municipal da Figueira da Foz, entretanto também ele já falecido).

A distribuição, gratuita e desinteressada, que desde há anos fazemos (e vamos continuar a fazer, para quem no-los peça) desses dois importantes volumes sobre História do século XIX que o CEMAR invulgarmente editou na Figueira da Foz (e que são, na carteira editorial global das dezenas de edições do CEMAR, algo de verdadeiramente único e excepcional, por não dizerem especialmente respeito à vocação estatutária desta associação apontada para o Mar e a História Marítima) é a nossa maneira de celebrarmos o Liberalismo oitocentista (a Revolução Francesa, e os seus reflexos em toda a Europa, em Portugal, e até mesmo em Inglaterra).

Estes volumes ainda hoje continuam a ser oferecidos a partir da Figueira da Foz.

A outra forma através da qual o CEMAR vai prestar o seu contributo para a celebração do Liberalismo, na Figueira da Foz, neste ano emblemático de 2020, vai ser através da manutenção do Encontro do Mar (embora, devido à pandemia da Covid 19, em teleconferência e emissão telemática, e não ao vivo e com público presente) que estava previsto, na culminação do ano, e na culminação dos Encontros do Mar, para o dia 12 de Dezembro de 2020, com o Professor José Adelino Maltez (do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa), sob o tema "(Re)Pensar a Regeneração de Há Duzentos Anos (1820-2020).

A celebração da memória do Progresso, desde a Idade Média — e o resgate da "maldição" dessa "memória" — têm sido, desde há vinte e cinco anos, um combate do Centro de Estudos do Mar nesta cidade da Figueira da Foz; e no que diz respeito à figura medieval do Regente da Coroa de Portugal que foi Senhor de Buarcos e deu a Portugal o seu primeiro código sistemático de leis — um momento, fundacional, da construção do Estado Português, contra o Feudalismo — esse combate vai continuar a ser travado, para futuro, no âmbito do processo para a definitiva e inadiável criação do Museu do Mar da Foz do Mondego nesta cidade. Um processo que, no entanto, continua numa situação incompreensível, sem que acerca dele existam quaisquer desenvolvimentos, pelos quais se continua a aguardar.

O combate pelo Progresso e pelo Futuro, nas regiões da Beira Litoral do antigo Ducado de Coimbra do Infante Dom Pedro e do seu neto e herdeiro político, o "Príncipe Perfeito" Dom João II (a quem o cronista chamou, logo no século XV, "próprio e verdadeiro coração da república"), é um combate que o CEMAR faz desde a sua fundação, em 1995, com a publicação, logo nesse primeiro ano, do livro de Alfredo Pinheiro Marques, A Maldição da Memória do Infante Dom Pedro e as Origens dos Descobrimentos Portugueses (Figueira da Foz: CEMAR, 1995).

Os inimigos desse Progresso e desse Futuro são aqueles que, desde o princípio, nos séculos XV-XVI, sempre o foram (e já se instalaram cá na Beira Litoral para isso mesmo, para asfixiar estas regiões). Os seus expoentes principais são o senhorialismo, de tipo eclesiástico (mesmo quando dito "pós-moderno"… e sempre hipocritamente "intelectual"), da Universidade que foi trazida de Lisboa, juntamente com a criação da Inquisição, em 1536-1537, precisamente para asfixiar política e culturalmente, e oprimir económica e socialmente, estas regiões da Beira Litoral (intitulando-se, desde então, com o nome de "Universidade de Coimbra", e ao longo dos séculos seguintes semeando a ignorância, o reaccionarismo e a hipocrisia à sua volta), e o senhorialismo feudal e nobiliárquico de um ramo colateral da Casa de Bragança, o dos Duques de Cadaval (Condes de Tentúgal e Marqueses de Ferreira), que, desde o século XVI, foram instalados em Tentúgal e em Buarcos precisamente para asfixiarem todas estas regiões da Beira Litoral que haviam sido do Ducado de Coimbra, e ao longo dos séculos seguintes o fizeram sempre. E por isso não é de admirar que, depois, nas décadas iniciais do século XIX, essas duas entidades senhoriais e feudais, a Universidade dita "de Coimbra", instalada no antigo Paço da Alcáçova onde havia vivido o Infante Dom Pedro, e os Duques de Cadaval instalados no Paço de Tentúgal onde também havia vivido o autor da "Virtuosa Benfeitoria", fossem regionalmente os dois expontes máximos do reaccionarismo absolutista, caceteiro, e boçal, que em nome do Feudalismo tentou impedir o advento do Liberalismo em Portugal.

Os Duques de Cadaval, latifundiários e feudais em pleno século XIX, e por isso odiados pelas populações locais (quer pelos camponeses de Tentúgal, quer pelos pescadores de Buarcos), foram por fim desalojados pelo triunfo do  Liberalismo, e o antigo Paço do Infante Dom Pedro em Tentúgal (que ocupavam desde há três séculos!), por ser seu, incendiado pelas populações.

O outro exponte regional do Absolutismo caceteiro e reaccionário, a Universidade trazida de Lisboa juntamente com a criação da Inquisição em 1536-1537, e desde então já instalada em Coimbra desde há mais de dois séculos, e por isso auto-intitulando-se com o nome, abusivo e erróneo, de "Universidade de Coimbra", teve por fim nas primeiras décadas do século XIX que se conformar com o triunfo do Liberalismo que não conseguiu impedir (nem ela, nem o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra… ao qual, desde o princípio, sempre esteve umbilicalmente ligada, pela hipocrisia clerical e pela ignorância doutoral, apropriando-se ambos do nome da "Sophia" do Infante Dom Pedro, e a partir de Coimbra se digladiando feudalmente e judicialmente pela posse dos senhorios económicos da Beira Litoral, desde o castelo de Buarcos até Leiria, etc.).

E assim essa Universidade continuou pelo século XIX adiante, para na sua segunda metade sobre ela ser dito o que havia para ser dito, como merecia, por Antero de Quental e Eça de Queirós. E pela célebre frase, habitualmente atribuída a Guerra Junqueiro, sintetizando tudo.

O que essa Universidade continuou a fazer sempre — não por acaso… (e, assim, cobrindo-se de ridículo…) — foi continuar a ensinar, nos bancos das suas aulas de História e de Direito, ainda em pleno século XX (praticamente até à data de 25 de Abril de 1974…!), a curiosíssima concepção, tão reveladora, de que "em Portugal nunca existiu o Feudalismo"… [sic]…  Era, e continuou a ser, para sempre, a Universidade em que, em pleno século XX, a História poderia vir a ser ensinada, e dirigida (como veio), por alguém como Torquato de Sousa Soares…

Trata-se, aqui, em tudo isto (que é a História de Portugal…), de facto, da questão, de sempre, do Feudalismo e do Liberalismo. E, agora, estamos em 2020, duzentos anos depois.»