Os blogues são mesmo assim, os textos vão-se sucedendo, as ideias vão-se misturando e, aos poucos, a realidade vai sendo esquecida: o mar há muito que está a invadir a freguesia de S. Pedro.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
CHEGA de sofrimento, venha de lá essa "intervenção rápida a curto prazo", pois a erosão a sul do quinto molhe da Praia da Cova não pode esperar mais...
Os blogues são mesmo assim, os textos vão-se sucedendo, as ideias vão-se misturando e, aos poucos, a realidade vai sendo esquecida: o mar há muito que está a invadir a freguesia de S. Pedro.
sábado, 7 de janeiro de 2023
Nascer na ambulância: desta vez, foi na circular externa, em Coimbra...
Via Notícias de Coimbra:
"Foi às 7:30, do dia 4 de janeiro, que a pequena Nadine decidiu conhecer o mundo. A menina nasceu na circular externa, em Coimbra, quando estava a ser transportada pela ambulância da Estrutura Operacional de Emergência da Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação da Figueira da Foz para a Maternidade Daniel de Matos.
O enfermeiro que ajudou no parto, Bruno Gomes contou ao Notícias de Coimbra que “a menina nasceu saudável, com perto de 3 quilos e que ao fim de 30 segundos já chorava”.
A equipa que assistiu a grávida conta com 18 anos de serviço, contudo, foi a primeira vez que ajudaram um bebé a nascer."
Em Outubro de 2006, apesar da luta corporizada num abaixo-assinado com mais de 8 mil assinaturas, uma grande manifestação em Maio, e outras iniciativas, não foi possível evitar o que um governo do Partido Socialista já tinha determinado. O bloco de partos do Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF) encerrou a partir das 00h00 do dia 4 de Novembro de 2006.
E assim se mantém. Isto é uma vergonha num país europeu.
1. os partos em casa e nas ambulâncias têm de ser proibidos;
2. todas as clínicas privadas com menos de 1500 partos/ano também têm de ser encerradas.
A resposta é simples: nós, as próprias vítimas dela.
Os trabalhadores por não produzirem, os desempregados por não trabalharem, os jovens sem colocação no mercado de trabalho por consumirem, os reformados por colocarem em causa a sustentabilidade da segurança social, os doentes crónicos por consumirem muitos medicamentos, internamentos hospitalares e intervenções cirúrgicas, as grávida por terem de dar à luz em maternidades.
segunda-feira, 30 de outubro de 2006
Maternidade da Figueira: tem encerramento anunciado para o próximo fim de semana
No passado dia 17 de Outubro , o Movimento Cívico Nascer na Figueira entregou um abaixo-assinado com 8505 assinaturas, na Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), com uma exigência muito clara ao Governo: "Não encerrem a maternidade do Hospital Distrital da Figueira da Foz".
Amanhã, dia 31, a população do concelho da Figueira da Foz vai fazer uma vigília de protesto contra o encerramento da maternidade.
Pelos vistos, não vai servir de nada: o encerramento deve acontecer no próximo fim de semana.
segunda-feira, 9 de outubro de 2006
Mais de 8 mil assinaturas contra o encerramento da maternidade
No próximo dia 18 de Outubro, um grupo de elementos do Movimento Cívico “Nascer na Figueira”, em luta contra o encerramento do bloco de partos do Hospital Distrital da Figueira (HDFF), vai deslocar-se a Coimbra, para tentar entregar ao presidente da ARS (Administração Regional de Saúde), um abaixo-assinado com mais de 8 mil assinaturas.
sábado, 29 de abril de 2006
Vamos deixar encerrar a nossa Maternidade?
O Partido Comunista Português foi a primeira força política a reagir ao anunciado fecho da Maternidade da Figueira, colocando a circular um abaixo-assinado há cerca de um mês, que já recolheu a assinatura de figueirenses de vários quadrantes polítios.
Já esta semana, os mais importantes órgãos políticos concelhios - a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal - aprovaram, por maioria, moções em defesa da nossa Maternidade. A Asembleia de Freguesia de S. Pedro, por unanimidade, aprovou uma moção no mesmo sentido.
O assunto é sério, mas como diz um amigo meu em tom de brincadeira: "Esta gente é de desconfiar. Nunca dizem a verdade toda. Não dizem que vão fechar a maternidade: é só o bloco de partos. Amanhã, se fecharem o bloco operatório, dizem que mantém aberta a cirurgia".
Ora, isto é um princípio perigoso. Caricaturando um pouco: "pelo andar da carruagem - e continuando a citar o meu amigo - ainda nos cortam o fornecimento domiciliário de água, mas dizem que não nos encerraram as torneiras dentro das nossas casas!.."
Mas o assunto é mesmo sério e a luta vai continuar.
Pelas 10h30m, do próximo dia 7 de Maio, Dia da Mãe, por iniciativa do movimento cívico "Nascer na Figueira", arrancará, da Torre do Relógio em direcção à Câmara Municipal, uma caminhada em que os participantes devem usar uma peça de vestuário branca para simbolizar a maternidade.
Será que os figueirenses vão ficar em casa?
terça-feira, 1 de novembro de 2022
"Tarifas da água com aumento nove por cento"
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Correio dos leitores
Pelos motivos expostos pelo seu autor, não divulgo o seu nome. Porém, esta reflexão não é anónima. Decidi divulgá-la, dado o manifesto interesse do tema - COLECTIVIDADES.
Os meus agradecimentos ao autor.
“Sr. Agostinho.
Sou um leitor diário e atento da blogosfera figueirense há muitos anos. Podia comentar os vários assuntos que vou lendo sob o fácil e cobarde anonimato. Podia. Mas está completamente fora dos meus princípios; por isso nunca o fiz nem tenciono fazer. Neste momento, fazer qualquer comentário assinado sobre temas fracturantes, e há tantos nesta pobre Figueira, equivaleria seguramente a ser pasto de uns quantos frustrados sempre á procura de alguém em quem descarregar a pobreza de espírito. Fartei-me dessa gentinha e não me apetece aturá-los. Pelo menos nos próximos tempos.
Tendo tocado no tema colectividades, a que ainda sou particularmente sensível, sobre a utilização do CAE, não posso deixar de lhe transmitir algumas considerações.
Na minha modesta opinião, embora quem e como é utilizada aquela estrutura seja importante e mereça ampla discussão, não é isso que me preocupa no caso vertente. O que me preocupa verdadeiramente é como as colectividades se deixaram “enrolar” nesta teia de pequenos interesses, engendrada por um dos “sobas” cá do burgo, em que todos pecam: uns por acção, outros por omissão.
Apesar de ter chegado agora aos cinquenta, ainda venho do tempo em que o casino oferecia aos veraneantes as noites de folclore, entre outras, e pagava aos grupos que ali actuavam à quarta-feira à noite, o mesmo montante que os serviços de turismo pagavam à época.
Hoje, evocando a abertura do casino à população em geral, num gesto de grande “nobreza”, segundo os progenitores da ideia, as iniciativas levadas prática, para além de satisfazerem os propósitos “caciqueiros” de uns, satisfazem os interesses económicos dos outros, explorando o sentimento bacoco de directores e componentes dos vários grupos do concelho, que chegam a pagar para ali actuarem, como se tal constitui-se um marco na vida das suas colectividades.
A imprensa figueirense, como sempre, anda distraída. Se fosse para queimar alguém na praça pública a troco de favores ou até dinheiro, não hesitavam em debitar umas quantas insinuações e até mentiras. Como denunciar o oportunismo descarado e a exploração dos sentimentos dos menos atentos, pode custar alguma “antipatia” fica tudo calado.
Por este andar, com algumas juntas a servirem-se das colectividades em vez de as servirem, as câmaras a evocar a crise (só para o que lhes interessa) para fecharem completamente a torneira pedindo animação de graça, os casinos a ganharem milhões e a fazerem a caridade de abrir as portas para o povo ali mostrar os seus dotes, voltaremos em breve a ter filarmónicas com instrumentos de segunda, ranchos aldrabadamente trajados e grupos de teatro que só ostentam o nome. E assim vamos empobrecendo alegremente.
Até aqui, pagava-se ao casino porque não havia uma sala decente na Figueira. Agora há sala e não há a decência de a utilizar para dignificar verdadeiramente o que ainda se vai fazendo.
Com os melhores cumprimentos”
quinta-feira, 24 de agosto de 2023
A memória é curta e selectiva, mas autarquias que viraram “Comissões de Festas” é um assunto que já vem de longe...
Anda por aí alguma polémica sobre pagamentos aos artistas que tentam o impossível: animar Portugal… Oliveira do Hospital, segundo o Correio da Beira Serra, lidera: "pagou mais aos artistas que o resto do pais…"
A criação do Poder Local teve como objectivo garantir uma maior eficácia na resolução dos problemas das populações. Porém, nos últimos anos, muitas autarquias tornaram-se autênticas “Comissões de Festas”. Uma parte significativa do seu orçamento vai para a organização de festanças, festas e festinhas avulsas sem objectivos estratégicos para o desenvolvimento integrado e sustentado dos municípios.
Lamento dizê-lo, mas os cidadãos tornaram-se muito pouco exigentes com os seus autarcas satisfazendo-se com pouco mais que “pão e circo”. As pessoas necessitam de se divertir – completamente de acordo – mas precisam sobretudo que as autarquias resolvam os seus principais problemas.
A função de uma autarquia é muito mais que a organização de eventos. Nunca percebi porque as autarquias gastam tanto dinheiro em espectáculos.
Nada disto é novidade. Por exemplo, na Figueira, na sessão de Câmara de 1 de Agosto de 2016, a "temperatura" aqueceu. No essencial, por "culpa" de Anselmo Ralph! Recordam-se?
«Uma proposta do executivo socialista em apoiar financeiramente um concerto do cantor Anselmo Ralph, promovido por uma empresa privada e com entradas pagas, gerou polémica na reunião camarária da Figueira da Foz e mereceu a reprovação da oposição.
Em causa, estava um concerto do artista angolano agendado para 12 de agosto de 2016. Segundo os termos do acordo com o promotor, obrigava a autarquia a desembolsar 13.400 euros, mais IVA [Imposto sobre o Valor Acrescentado], num total de cerca de 16.500 euros, caso o número de bilhetes vendidos, a um custo unitário de 10 euros, não atingisse os nove mil.
"O que nos está a dizer é que se eles não faturarem 90 mil euros, nós damos-lhes 13 mil?", questionou na altura Miguel Almeida, vereador da oposição camarária, dirigindo-se ao presidente da Câmara, João Ataíde (PS) e apelidando o acordo de "beneficio indevido".
Na resposta, João Ataíde argumentou com o que chamou de "factor de risco" do concerto, que será assumido pela autarquia. Miguel Almeida voltou a questionar os números apresentados, nomeadamente o preço apresentado à autarquia pelo espectáculo, que, segundo o presidente da Câmara, se situa nos 78 mil euros.
"Não somos contra o concerto, nem contra o financiamento. Mas se fossem quatro mil bilhetes [o valor a partir do qual a câmara não teria de financiar] era aceitável. Agora, nove mil? Pelo levantamento que fizemos, o concerto [de Anselmo Ralph] custa metade dos 90 mil", disse à agência Lusa Miguel Almeida.
Segundo fontes ligadas à produção de espectáculos, na altura o preço de um concerto de Anselmo Ralph, já com som e luz, situava-se entre 40 a 45 mil euros acrescidos de IVA.
O acordo entre a promotora Malpevent e a autarquia da Figueira da Foz pressupunha ainda a isenção de taxas de ocupação de espaço público e licença especial de ruído, no valor de cerca de 8.800 euros e apoio publicitário e pagamento de elementos da Cruz Vermelha Portuguesa (cerca de 3.500 euros).
Na reunião, Miguel Almeida começou por questionar a sustentação legal da isenção de taxas a uma empresa privada, tendo o presidente da Câmara retorquido com o "interesse público" do espectáculo, possível de acordo com a leitura que fez do regulamento municipal.
"Aqui é para trazer milhares de pessoas à cidade, tenho interesse em trazer o Ralph", frisou João Ataíde, voltando a argumentar que o apoio financeiro "é um incentivo à produção", já realizado no passado.
"Podia ser uma coprodução, mas não vejo interesse nenhum. Não acho que o que estamos a dar seja excessivo, estou convencido de que não vamos pagar nada, porque vamos ter mais de nove mil bilhetes vendidos, não vejo nada do outro mundo nesta proposta", acrescentou.
Depois, é que foram elas: no concerto realizado em 12 de Agosto de 2016, Anselmo Ralph vendeu apenas 2.720 bilhetes, contra as nove mil presenças esperadas pelo presidente da câmara!..
Por conseguinte, a receita de bilheteiras do concerto de Anselmo Ralph, na praça do Forte, ficou muito abaixo das expectativas.
A autarquia figueirense tinha assinado um acordo com a Malpevent, cujos termos obrigava o município a pagar à promotora do concerto 16.500 euros (IVA incluído), caso não se atingisse os 90 mil euros de bilheteira. Cada ingresso teve um custo de 10 euros. Venderam-se 2 720 bilhetes. O espectáculo orçou em cerca de 78 mil euros.
“Fizemos, em termos de promoção, o possível, mas os números não foram atingidos, ficaram muito aquém das expectativas que tínhamos pelas referências do artista. O risco foi assumido, nem mais nem menos”, referiu o presiednte da câmara.
E acrescentou: "teremos de rever esta situação no futuro e, em função deste exemplo, reenquadrar uma futura participação ou colaboração e assumir um controle mais atento sobre estes eventos".
Uma "má leitura do potencial" do artista e a sobreposição com outro concerto FINDAGRIM (os Azeitonas tiveram 6 000 pessoas) foram apontadas como causas prováveis do reduzido número de presenças.»
E pronto, ficámos assim. Além de um fantástico momento de comédia do improviso, em jeito de rescaldo final, é uma das muitas cenas que aconteceram na Figueira, num mês de agosto do ano da graça de 2016 que, pelos vistos, não ficaram na memória dos figueirenses...
A memória, é sabermos em que ponto nos encontramos. Já que temos memória, os passos a dar no futuro deviam ter em conta essa memória. Já que temos memória, deveria ser a partir dela que tudo deveria ser pensado e construído.
Ela - a memória - é o nosso alicerce. Preservá-la, não é sinónimo de saudosismo, mas uma atitude de sobrevivência. Até as más memórias nos são úteis...
Só por isso, me dei ao trabalho de fazer esta postagem.
A memória, seria a garantia de que, como figueirenses, poderíamos ter um futuro muitíssimo diferente, para melhor, do passado recente e do presente.
A memória dos últimos 17 anos na Figueira, goste-se, ou não, passa por aqui...