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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

A excepção...

Tenho uma longa ligação á comunicação social de carácter nacional, regional e local.
Tal, surgiu naturalmente do gosto que sempre tive pela escrita, por um lado, e das oportunidades que me foram sendo dadas ao longo da vida, por outro.
Essa ligação vem da segunda metade dos anos 70 do século passado.
Fui correspondente do extinto jornal O Diário. Fiz parte da redacção - onde chegei a chefe - do extinto semanário Barca Nova. Fui colaborador desportivo do Diário de Coimbra e das Beiras. Passei ainda, como colaborador, pelo Linha do Oeste e pela agora "Foz do Mondego Rádio".

Depois, as  contingências da vida foram-me afastando da imprensa e da rádio.
Em 2006, estava completamente afastado, mas o bichinho pela escrita e pela comunicação continuava cá - e bem vivo.
Foi por isso que, desde o dia 25 de Abril de 2006, edito o blogue Outra Margem
Neste momento da minha vida, passados mais de 40 anos, devo dizer que, para mim , está bem assim.
Tenho o blogue, tenho as redes sociais. Isso basta-me para exprimir opinião com uma liberdade em relação aos poderes vigentes na sociedade figueirense,  que não sei se encontraria noutro lado.

Mas toda a regra tem excepção.
Na passada segunda-feira, no decorrer da conversa que tive com os responsáveis do programa ENTRE OS VENTOS E AS MARÉS, que irá para o ar, amanhã, quinta-feira, pelas 22 horas, fui desafiado em directo, sem com isso estar a contar minimamente, para colaborar na produção dos próximos programas.
Vindo de quem veio, não tive maneira de evitar esta "pequena traição"...  

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Para quando a integração do nome de Joaquim Namorado na toponíma figueirense?

Em 25 de Abril de 2024, ano em que se comemoram 50 anos daquela madrguda que eu esperava/ O dia inicial inteiro e limpo/ Onde emergimos da noite e do silêncio/ E livres habitamos a substância do tempo, a Assembleia Municipal da Figueira da Foz prestou uma justa homenagem a quatro figuras que incarnam o que foi a luta pela Liberadde e pela Democracia. A saber: Agostinho Saboga, José Ribeiro, Cristina Torres e Joaquim Namorado.

Em 1983 Joaquim Namorado foi homenageado na Figueira, por iniciativa do jornal Barca Nova. Entre as diversas iniciativas, recordo duas promovidas pela Câmara Municipal da Figueira da Foz, aprovadas por unanimidade: a criação do Prémio Literário Joaquim Namorado (extinto por Santana Lopes, na sua primeira passagem pela presidência da nossa câmara); e a integração na toponímia figueirense do nome do Poeta (chegou a ser aprovada a atribuição do seu nome a uma praceta, mas hoje o nome que lá está é outro - o de Madalena Perdigão).
O que, decorridos mais de quatro décadas, continua por fazer.

Para quando a integração do nome de Joaquim Namorado na toponíma figueirense?
Esta história da integração do nome de Joaquim Namorado na toponímia figueirense, não é tão antiga como a Sé de Braga, mas já vem do tempo em que as coisas em Portugal ainda custavam em escudos!

terça-feira, 30 de maio de 2017

Para que Joaquim Namorado venha, em breve, a ter o seu nome na toponímia figueirense...

Exmº. Senhor Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz 
os peticionários abaixo identificados e assinados, pela presente, ousam solicitar a Sua melhor compreensão e atenção para o que passam a expor e solicitar: 
1. Em 1983 Joaquim Namorado foi homenageado na Figueira, por iniciativa do jornal Barca Nova. 2 . Entre as diversas iniciativas, duas das quais promovidas pela Câmara Municipal da Figueira da Foz e aprovadas por unanimidade: 
- a criação do Prémio Literário Joaquim Namorado e 
- a integração na toponímia figueirense do nome do Poeta , tendo entãol sido aprovada a atribuição do seu nome a uma praceta que hoje tem o nome de Madalena Perdigão. 
3. Muitos anos depois, no passado dia 30 de junho de 2014, na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, na inauguração de uma mostra bibliográfica comemorativa do centenário de nascimento de poeta, escritor e professor Joaquim Namorado, o vereador da Cultura, dr. António Tavares, verificando a injustiça que estava a ser cometida, prometeu vir a dar finalmente o nome de Joaquim Namorado à toponímia figueirense ; 
4. o que até hoje não se concretizou! 
5. A Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, acabou por perder o espólio de Joaquim Namorado . 
6. A cultura na Figueira merecia mais ! 
7. Perderam-se oportunidades em junho de 2014. 

Nesta perspectiva os peticionários solicitam os bons ofícios de V. Exª. para que Joaquim Namorado, venha, em breve, a ter os seu nome na toponímia figueirense, uma cidade que ele escolheu para viver e morrer e a quem deu tudo.

Nota.
Para assinar esta petição, clicar aqui.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Delitos de opinião

Obras de Verão em Buarcos
"As obras atrasaram. Apesar das promessas da Câmara Municipal da Figueira da Foz as acessibilidades às praias, Buarcos e Figueira da Foz, não estão operacionais.
Há ainda muitas dúvidas quanto à qualidade e funcionalidade dos arranjos. 
Elementos fixos ao nível da areia sujeitos a serem elementos submersos pela areia? Tábuas de madeira nos passadiços ? 
Sobressai ainda a falta de organização na obra, estando espalhados materiais e lixo um pouco por todo o lado. Sinalização das obras ? Não é visível. Tábuas com pregos não faltam." 
João Vaz, Consultor - Ambiente e Sustentabilidade, via blogue O Ambiente na Figueira da Foz

Nota de rodapé.
Lidar mal com a crítica é um dos traços que demonstram o subdesenvolvimento cultural do concelho em que vivemos.
É banal, para quem ousa emitir opinião independente, isenta e objectiva, ser acusado, pelos que gravitam em redor do poder político,  de não fazer crítica construtiva. 
Isto é, aquela crítica que se dissolve em paleio que não incomoda o Poder, nem os poderosos - a chamada crítica de água-chirla, que é de todo inútil
E, no entanto, se há concelho que tem tradição em fazer "balas de papel", como dizia Aquilino, é o nosso.
Não é preciso recuar aos tempos de José Silva Ribeiro, no jornal a "A VOZ DA JUSTIÇA", para encontrar quem sabia  esgrimir com as palavras a zurzir com acerto e com justiça  no poder.
Mais recentemente, recordo José Martins, no "BARCA NOVA" e António Tavares no "LINHA DO OESTE".
O desconhecimento desse jornalismo, de primeira água, que já existiu na Figueira é uma falha grave, sobretudo num país que banalizou o recurso aos tribunais para o desagravo da polémica. 
Na Figueira, também os poderes sempre amaram, acima de todas as coisas, meter na ordem os perigosos delitos de opinião

segunda-feira, 27 de abril de 2020

“Grândola” à janela na Figueira da Foz

Via Diário as Beiras
"O jornalista e bloguer figueirense Rogério Neves e a mulher, Isabel Mendes, foram dos que não deixaram passar a efeméride ao lado e responderam ao apelo da Associação 25 de Abril, cantando a contrassenha da Revolução dos Cravos, à janela do apartamento, e exibindo a bandeira nacional."
Com o apoio de uma aparelhagem, o casal não desafinou com o “espírito de Abril”. Na vizinhança também se ouviu a canção de Zeca Afonso e viu-se a bandeira das “quinas”. “Ambos sabemos ver e analisar o que foi o antes e o depois do 25 Abril. Somos activistas e defensores do 25 de Abril, desde a primeira hora”, afirmou Rogério Neves. Além disso, acrescentou: “Foi a seguir ao 25 de Abril que constituímos família”.

Posso dizer que tenho alguns bons Amigos.
O Rogério Nevesnos idos de 1978, meu ex-companheiro de Redacção no Barca Nova, pelo menos há mais de 45 anos, é um deles.
Neste tempo de dúvidas e incertezas, com a Liberdade confinada, não sabemos é se vai ficar tudo bem... 
Um abraço Rogério: 25 de Abril, Sempre!..  

quarta-feira, 16 de julho de 2014

A Voz da Figueira

Escrevi-o recentemente e mantenho, pois é o que continuo a pensar.
"A escolha de notícias, o critério de fazer as primeiras páginas e o modo como se discutem na redacção, as imagens que se colocam, os temas que se abordam e os convidados para emitir opinião,  tudo isso é matéria reservada a quem pontifica e manda nos jornais.  
Como leitor, não devo ter direito a explicações." 

Todavia, é com agrado que registo a existência de um jornal semanário na Figueira que vai conseguindo resistir à crise.
Mas, a Figueira tinha direito a mais.
Repito, também, aquilo que escrevi recentemente - pois é o que penso desde o final dos anos setenta do século passado e que era, no fundo, o grande desafio do barca nova e do Zé Martins... - e que causou burburinho em certos meandros figueirenses ligados ao meio... 
"Que falta faz à nossa cidade e aos nosso concelho um jornal diário feito na figueira - e por figueirenses..."

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

PS: 1978 e 2022

O PS conseguiu passar a tese que foram os partidos à sua esquerda que obrigaram ao acto eleitoral de domingo passado.
Vitimizou-se. E o povo acreditou. Os resultados eleitorais são explícitos e não necessitam qualquer explicação. 
Quem não acredita que a história se repete, está enganado.
Recuemos a 3 de Fevereiro de 1978, via jornal barca nova. O PS não muda. E nunca vai mudar.

quinta-feira, 12 de março de 2015

O jornalismo tem responsabilidades específicas

Mesmo depois do 25 de Abril, na Figueira, ser livre e escrever contra o poder, continua a ser dolo que leva a avisos...
Pisar o risco da reverência, fez com que alguns políticos locais tivessem proibido a publicidade nos jornais que ousaram...
Eu sei bem do que estou a falar, pois vivi essas situações no jornal Barca Nova.
Creio, aliás, que esta prática continua a ser seguida praticamente por toda a gente que passa pelas "cadeiras" do poder.
Em muitas Autarquias, dá-se publicidade para se publicitar a obra feita e para se fingir que corre tudo às mil maravilhas. 
Esta prática é generalizada, e é praticada por todas as cores políticas que exercem o poder.
E o nosso concelho não é excepção.
A imprensa regional, devido à sua dependência e fragilidade, acaba por ser a maior vitima desta "situação", sendo muitas vezes subserviente ao poder local, por uma questão de sobrevivência...
Infelizmente a generalidade dos nossos políticos olham para a imprensa livre e pluralista, com temor e desconfiança.
Como a sabedoria popular me ensinou, que quem não deve não teme, isso explica a razão de ser deste espaço...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Esta noite das 21 às 22 horas...

«Venha quem Vier», com António Agostinho, no FMR.
Esta noite, das 21 às 22h00, «Venha quem Vier» vamos até à «Outra Margem», com o blogger António Agostinho, com paragens obrigatórias nas memórias do Barca Nova, do PREC, da luta dos trabalhadores da Fontela e da erosão nas praias do sul do Concelho. 
Faz-nos companhia?
(Andreia Gouveia)

segunda-feira, 30 de junho de 2014

O MELHOR PRÉMIO

Como todos os que passam por este espaço sabem, Joaquim Namorado, hoje, pelas 18h30, vai ser recordado na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, na passagem do centenário do seu nascimento.
Em janeiro de 1983 o jornal barca nova prestou-lhe uma merecida homenagem, na sequência da qual a edilidade figueirense criou um prémio literário com o seu nome.
Na sua passagem pela Figueira, Santana Lopes resolveu acabar com essa homenagem a Joaquim Namorado.
Na minha opinião, se a homenagem que a Câmara da Figueira da Foz vai promover na passagem do centenário do Dr. Joaquim Namorado não incluir a reposição do Prémio Literário que a Direita extinguiu considero isso uma traição à sua memória. Há princípios que não são provisórios.
Só quem esteve na homenagem que a Figueira e o País prestou a Joaquim Namorado, em janeiro de 1983, sabe o que representou, na altura, para o Poeta da Incomodidade o Prémio Literário que a Câmara da Figueira criou com o seu nome.
Foi, apenas e só, nas palavras do prórprio Dr. Joaquim Namorado, “o melhor Prémio...”.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Os dias difíceis da imprensa regional…


Crónica de uma morte anunciada… “A da morte anunciada de «O Figueirense» para 28 de dezembro!” 
Pode lê-la, pela pena de Joaquim Gil, Director... 
Razão – mais uma vez na pena do Director: “a razão que me foi transmitida foi de natureza financeira. E eu só posso acreditar e só tenho razões para acreditar que a razão é financeira e, como sempre referi à administração, os números são números, não os discuto. 
Mas que outra razão poderia ser? 
Se acaso fosse a linha editorial, se se quiser, a linha dos meus editoriais, então teria bastado um sinal, um simples sinal, para que eu saísse espontânea, leal e imediatamente pela porta por onde entrei. Eu ando sempre com as chaves do carro no bolso… 
Se acaso fossem as eleições autárquicas que por aí vêm, eu teria lembrado que passei por três eleições sem uma nota de reparo, nomeadamente nas autárquicas de há três anos, com elogio de ganhadores e perdedores e até público louvor de um dirigente distrital do Bloco. 
Quero aliás referir aqui, expressa e formalmente, que eu só tenho uma agenda, qual seja, no plano jornalístico, a dos leitores e, como diretor, a do acionista. 
Por isso, ao contrário do que me foi sugerido e até recomendado, me mantive afastado dos poderes vários, do convívio e dos afetos – exceto daqueles que já eram os meus, pois sou de fidelidades e da lealdade! – que um dia, inevitável e inelutavelmente, cobram ou, pelo menos, condicionam. 
Agora, sim, vou andar por aí livre como o passarinho a que abriram a porta da gaiola… 
As razões deste encerramento só podem ser, pois, as financeiras.”
 



A imprensa regional  - e não é de hoje - vive dias difíceis.
(Por experiência própria, sei do que escrevo e sei o que sente neste momento o meu Amigo Jorge Lemos e restantes pessoas ligadas ao O Figueirense, a quem endereço uma palavra de solidariedade, pois estive ligado a dois projectos figueirenses que tiveram de encerrar por dificuldades económicas: Barca Nova e Linha do Oeste.)
Mas, infelizmente, O Figueirense não irá ser caso único, nos próximos tempos, na imprensa regional. Às dificuldades que já vinham do passado, a crise económica e a perda de hábitos de  leitura das novas gerações fizeram o resto em 2012.
Contudo, a crise agravou-se desde que o Estado praticamente acabou com a distribuição da publicidade institucional pelos jornais regionais, como sabemos um suporte financeiro importante para a sua sobrevivência. As dificuldades em cobrar as assinaturas, menos publicidade ou publicidade mais barata e menos apoios do Estado, através da abolição do porte pago, o que levou  ao aumento dos custos de distribuição, explica o resto.
Entretanto, os jornais reagiram, pensando apenas no presente: despediram  jornalistas e prescindiram de colaboradores, imprimiram  menos páginas, passaram a usar papel mais barato e, alguns, chegaram mesmo a mudar a periodicidade.
Resultado: os jornais tornaram-se  mais pequenos,  menos interessantes e pluralistas e, por consequência, perderam capacidade competitiva num mercado cada vez exigente e concorrencional.
A perda de títulos regionais é uma realidade em Portugal. O Figueirense é, apenas,  a próxima vítima de que tenho conhecimento.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Sou um privilegiado sim senhor

Apetece-me. E como me apetece lá vai.
Fica a recordação de um grande jornalista, quando o jornalismo se aprendia e praticava nas redacções dos jornais.

O . Purista do verbo e do enredo no dissertar da pena, concebia o jornalismo como uma arte e uma missão nobre.
“Também a lança pode ser uma pena/também a pena pode ser chicote!”
Andarilho e contador de histórias, sempre atento, oportuno, contundente, irreverente e mordaz, com o seu jeito, peculiar e exagerado - único, para contar estórias oralmente, adornando-as e enriquecendo-as com os seus excessos de pormenores deliciosos!.. 
Foi um grande jornalista. Escrevia muito bem o Zé. Contudo, ouvi-lo era um privilégio a que só alguns tiveram acesso.
Na altura, com 20 e poucos anos, não sabia do que gostava mais: se de ouvir o que pensava (não parava de pensar);  se de ouvir contar tanta vida que viveu (não sabia estar parado sem viver); se de o ver brincar com as coisas sérias da vida (a vida para ele tinha de ser uma festa). 
Ter-me cruzado com ele no Barca Nova, onde aprendi tudo o que havia a aprender sobre jornalismo (notícias, necrologia, reportagem, crónica, fazer títulos, rever provas com aquele cheiro a chumbo que ainda hoje me inebria, vindas da máquina linotipo, paginar, legendar, dobrar jornais e colocar os endereços, levar os jornais à estação dos correios para chegarem à casa dos assinantes, etc.) foi das melhores coisas que me poderiam ter acontecido na vida.
Era um gosto (prazer é outra coisa...) vê-lo pensar, reflectir, mexer-se, brincar, imaginar e escrever com caneta e papel. Era surreal vê-lo representar enquanto conversava sobre o que via nos outros. Falava e dava espaço aos mais jovens: "não dizes nada"? "que achas?"  "que dizes?" "que sugeres"?
Inventava. Inventava-se e inventou muito e bom jornalismo. Fez da sua vida uma alegria constante. Teve problemas. Mas aliviou sempre o seu peso. 
Nunca parava. Sempre em movimento, era sedutor e vivia o êxtase da sedução. 

O Zé transmitiu-me que o mais importante é a Liberdade. A dele, a minha,  a tua e a nossa. 
Há melhor escola de jornalismo? Há melhor jornalista? Há mais pessoa? Há melhor amigo? Há melhor escola de vida?

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Morreu o Almirante Rosa Coutinho

Aos 84 anos, e vítima de doença prolongada, faleceu António Alva Rosa Coutinho.
O "Almirante Vermelho", como também é conhecido, integrou a Junta de Salvação Nacional e esteve ligado ao movimento das Forças Armadas que desencadeou o 25 de Abril.
Tive o privilégio de, em Fevereiro de 1983, ter falado com ele várias horas no Vale do Leão, onde pernoitou, por se ter deslocado à Figueira para participar na Homenagem promovida pelo jornal “Barca Nova” (onde então eu era chefe de redacção), a um dos nomes maiores da corrente literária conhecida por neo-realismo, - o poeta da “Incomodidade”, dr. Joaquim Namorado.
Essa noite, ficou para sempre marcada na minha memória, por ter conhecido, ao vivo, os dois mais caluniados militares de Abril – o General Vasco Gonçalves e o Almirante Rosa Coutinho.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A minha faceta de jornalista

para ver melhor clicar na imagem
A minha faceta jornalística, que por aqui ando a tentar mostrar há quase 10 anos, mas que iniciei nos já longínquos anos da década de 70 do século passado,  não contém em si nada de especial nem de surpreendente. 
Tem apenas  o natural grau de exigência de um homem exigente, que gosta de uma moral que não é moralista, uma moral prática que ele desejava ver corporizada numa classe de jornalistas independentes e comprometidos (aqueles que “tomam partido”, sem se tornarem “partidários”). 
Na década de 80 do século passado, enquanto chefe de redacção do jornal Barca Nova, um  jornal figueirense de esquerda daquela época, apontei uma utopia que foi o caminho para um jornalismo local emancipado do poder do dinheiro e que assumisse a sua vocação de farol cívico. 
Com o fim do jornal, numa altura em que por necessidade da minha sobrevivência económica - já era pai de uma miúda - vi-me obrigado a investir numa carreira alternativa.
A carreira de  jornalista ficou para trás, porque, no meu entender,  a intransigência ética é um bem precioso num jornalista.
E a Figueira não se compadecia, na altura, nem actualmente, com princípios éticos na informação.

domingo, 13 de setembro de 2015

A propósito da homenagem a Manoel de Oliveira, recorda-se o que aconteceu a Joaquim Namorado...

Via o jornal AS BEIRAS de ontem, ficámos a  a saber o seguinte:
"O vice-presidente da Câmara da Figueira da Foz anunciou, que vai ser apresentada uma proposta à autarquia para que o nome de Manoel de Oliveira passe a figurar, “de forma digna”, na toponímia da cidade. António Tavares falava na cerimónia de atribuição da medalha da cidade, a título póstumo, pelo município, ao realizador português, que morreu este ano, aos 106 anos. Foi o neto e actor Ricardo Trêpa que recebeu a “bonita e merecida homenagem”. Manoel de Oliveira teria gostado de estar presente, porque a Figueira da Foz, frisou ainda o familiar do homenageado, era uma “cidade que ele estimava imenso” e que “sempre o acarinhou”. O primeiro a falar foi Luís Machado, escritor e amigo do cineasta. Era “inquestionável o afecto” que Manoel de Oliveira sentia pela Praia da Claridade, realçou. Desde os anos 30, quando começou a frequentá-la. Depois, entre o início dos anos 70 e o ano 2002, teve o Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz como elo de ligação. 
Estreou-se neste certame em 1979 e marcaria presença noutras edições, tendo sido distinguido com vários prémios e homenagens. Este evento foi, segundo António Tavares, “o centro do cinema de Portugal”. E realizou-se numa cidade que tem sido “uma zona franca dos grandes vultos da cultura”, tendo feito referência a alguns deles.
A atribuição da medalha da cidade não foi deliberada pelo executivo camarário por acaso ou por o realizador ter aceitado ser “padrinho” do festival Figueira Film Art, poucos dias antes de morrer. 
A cerimónia decorreu no salão nobre da Câmara da Figueira da Foz, a meio da tarde da passada sexta-feira."

Em tempo.
Para que a memória não seja curta e tudo não acabe  por ficar só para o boneco, recordo uma outra "homenagem" protagonizada pelo vereador António Tavares.
Em 1983 Joaquim Namorado foi homenageado na Figueira, por iniciativa do jornal Barca Nova. Entre as diversas iniciativas, recordo duas promovidas pela Câmara Municipal da Figueira da Foz, aprovadas por unanimidade: a criação do Prémio Literário Joaquim Namorado (liquidado por Santana Lopes, na sua passagem pela presidência da nossa câmara) e a integração na toponímia figueirense do nome do Poeta (chegou a ser aprovada a atribuição do seu nome a uma praceta, mas hoje o nome que lá está é outro - o de Madalena Perdigão).
Muitos anos depois, no passado dia 30 de junho de 2014, na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, na inauguração de uma mostra bibliográfica comemorativa do centenário de nascimento de poeta, escritor e professor Joaquim Namorado, o vereador da Cultura, dr. António Tavares, verificando a injustiça (mais uma...) que estava a ser cometida, prometeu vir a dar finalmente o nome de Joaquim Namorado à toponímia figueirense - o que até hoje não se concretizou.
A Biblioteca Municipal da Figuiera da Foz, acabou por  perder o espólio de Joaquim Namorado -  os familiares do poeta fartaram-se de ver o nome e o legado deste continuamente enxovalhados pela câmara municipal de uma cidade que ele escolheu para viver e morrer e a quem deu tudo.
Na altuta, o vereador dr. António Tavares achou, peremptório, que “a opção da autarquia, no que a prémios literários respeita, se esgota no figueirense João Gaspar Simões”
Como escritor e cidadão Tavares preferiu o segundo modernismo ou presencismo ao neo-realismo. O dr. Tavares, vereador da cultura, achou-se no direito (que não tinha...) de impor o seu gosto aos figueirenses.
Que fique clarinho: nada tenho contra o prémio literário João Gaspar Simões
Continuo é a pensar que se deveria ter aproveitado o centenário do Poeta e escritor para fazer aquilo que deveria ser feito numa homenagem digna desse nome: a recuperação do prémio Joaquim Namorado. Seria um sinal de cultura, de respeito, de civismo, de justiça, de maturidade, de pluralismo, de tolerância,  de capacidade de conviver com os seus contraditórios - no fundo uma demonstração de maturidade intelectual e política, compatível com uma cidade como a nossa no que à cultura diz respeito. Uma cidade plural, rica em diversidade, contraditória, sem preconceito, sem psicoses, nem complexos paroquiais.
A cultura na Figueira merecia mais; muito mais. Não devia esgotar-se nas opções ideológicas do seu regedor.
Perdeu-se essa oportunidade em junho de 2014.
Fica o registo e os votos de que Manoel de Oliveira e Joaquim Namorado, em breve, venham a ter os seus nomes na toponímia figueirense.
Senhor vereador da cultura, dr. Tavares: esta história da integração do nome de Joaquim Namorado na toponímia figueirense não é tão antiga como a Sé de Braga, mas já vem do tempo em que as coisas em Portugal ainda custavam em escudos!.. 

domingo, 6 de julho de 2014

28 e 29 de Janeiro de 1983, homenagem do Barca Nova a Joaquim Namorado e ao Neo-Realismo

Museu Municipal da Figueira da Foz: Joaquim Namorado e Mário Dionísio e as respectivas esposas à conversa - Guilhermina, esposa do homenageado e Leticia, esposa de Mário Dionísio.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Recordando José Martins...

Uma ideia, que a ter sido aproveitada, teria resolvido o problema do areal da Figueira

O MESTRE.
Morreu em 28 de Abril de 2000.
Tinha nascido a 17 de Fevereiro de 1941.
Nome completo: José Alberto de Castro Fernandes Martins.

Para os Amigos, simplesmente o ZÉ.
Purista do verbo e do enredo no dissertar da pena, concebia o jornalismo como uma arte e uma missão nobre.
“Também a lança pode ser uma pena/também a pena pode ser chicote!”
Andarilho e contador de histórias vividas, passou em palavras escritas pelo Notícias da Figueira, Diário de Coimbra, Diário Popular, Jornal de Notícias, Diário de Lisboa, República, Opinião, Vértice, Mar Alto (de que foi co-fundador), Barca Nova (de que foi fundador e Director) e Linha do Oeste.

No associativismo passou pelo Ginásio Clube Figueirense e Sociedade Boa União Alhadense.

Lutador contra o regime deposto pelo 25 de Abril de 1974, teve ficha na PIDE.
Foi membro da Comissão Nacional do 3º. Congresso da Oposição Democrática que se realizou em 1969 em Aveiro.
Chegou a ser preso pela polícia política.

Com a sua morte, a Figueira perdeu uma parte do seu rosto.
Não a visível, mas a essencial.
Era crítico e exigente. 
Mas, ao mesmo tempo, bom, tolerante e solidário.
Quase dezoito anos depois da sua morte, quem manda na Figueira, a cidade que amou toda a vida, continua a ignorá-lo.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Publicidade, jornais e blogues...

Na Figueira, os blogues continuam a ser uma vergonha. 
Porém, nem todos. 
Suspeito, no entanto, que os mais vergonhosos possam também ser os mais lidos por quem sente a vergonha na pele.

Quais serão os blogues vergonhosos? 
Presumo que sejam aqueles que incomodam os sem-vergonha...
Os que escrevem sobre os poderes de facto e de direito sobre a gestão da coisa pública e política.
Este espaço, não passa de um contributo, que apenas poderá acrescentar algo à noção de vergonha pública...

A Figueira, em 1997, não era a mesma cidade que é em 2018.
Quando se diz mesma cidade, quer dizer-se  com o mesmo grau de evolução cívica e democrática, o mesmo desenvolvimento económico e a mesma perspectiva geral quanto ao futuro.

Nessa altura, não havia Internet como agora, nem telemóveis ou outros modos generalizados, de simplificar a circulação da informação. O que se podia saber publicamente sobre acontecimentos ligados às coisas públicas da governação e administração geral da pólis, restringia-se à informação provinda de media tradicionais, com destaque para os jornais locais.
Havia 2 rádios - Foz do Mondego e Maiorca - mas completamente controladas:  na Figueira, os que detinham o poder de mandar nos outros, definiam as regras do jogo democrático, executando-as e controlando a sua execução.

As únicas vergonhas públicas expostas, nesse tempo, apareciam nos jornais. 
Melhor, num deles: no Linha do Oeste
Esta publicação, que teve como director o dr. António Tavares, destacou-se pela quantidade de histórias de imoralidades e escândalos que logrou apresentar à consideração pública figueirense. 
Na Figueira, o Linha do Oeste, foi, durante anos, antes do aparecimento da Internet, o veículo de denúncia de desmandos de governação pública e ainda o meio de ajustar contas, preferido, pelas oposições ao poder do momento. 
O Linha do Oeste, na altura, fez oposição política, evidente, através da contestação aos governantes, denunciando os escândalos e os abusos do poder.
Posteriormente, o director do jornal fez parte da classe política - foi vereador da situação e foi mais um, igual aos outros...

Actualmente, na Figueira, que eu saiba, não há, nos jornais, ninguém com interesse político em apear os "reizinhos", para lhes tomar o lugar. 
Há, como sempre houve, jornalistas e jornais com interesses em sobreviver, seja com a publicidade, institucional e privada, seja com as vendas, tendencialmente diminutivas.

Nenhum blogue, incluindo este, existente na Figueira, neste momento, cumpre a mesma função que o Linha do Oeste se propôs, desde o primeiro número. Nenhum blogue, neste momento, é a vergonha que foi o Linha do Oeste, para os poderes constituídos. Nesse jornal, notoriamente, juntava-se o útil da denúncia pública dos desmandos políticos, ao agradável de constituir uma reputação susceptível de encorpar um grupo ou partido político, pronto a disputar o poder executivo - como de facto aconteceu.

Na Figueira, as “campanhas” denunciadas pelos poderes políticos,  antes da Internet, começavam então, no Linha do Oeste, na sua maior parte e na parte mais dolorosa para os executivos da época.
Numa cidade pobre, em 2018, pobre do jornalista que se meta com os poderosos da política local, de modo a assustá-los de verdade... É frito, num instantinho, se tiver por onde possa ser pegado. E a maior parte tem...
O poder figueirinhas não perdoa afrontas, porque a perda do poder, é a perda da imunidade de facto. Trata-se por isso de luta pela sobrevivência em que só os animais ferozes e sem escrúpulos de maior, se safam impunes. Até ao dia em que são devorados pela imprevidência, porque a selva figueirense guarda segredos e, um deles, é a imprevisibilidade do tempo e do clima político.

Mas, voltando ao que interessa: o que continua a ser, na Figueira, em 2018, afinal, esta essência que faltará aos jornais e se pode ler na net, nos blogues que, na opinião do poder, continuam a ser uma vergonha?
Aquilo que diferencia os blogues, de qualidade e interesse, é a  franqueza e a sinceridade, o conteúdo e a utilidade, relevante e interessante para alguma coisa.

Parece-me bem que é isso que falta aos jornais figueirenses. Hoje, como dantes. 
Se formos analisar o passado,  jornais figueirenses que conheço bem - Barca Nova, na década de 70/80 do século passado, e mais recentemente o Linha do Oeste, tinham disso, um pouco mais do que outros. 
Um blogue que se preze, tem de ter disso tudo. O que lhe faltará - e por experiência própria o constato - é  uma equipa que pensa profissionalmente, organiza com meios e produz profissionalmente. 
Um blogue, como este OUTRA MARGEM, é um exercício de artesanato do interesse pessoal de quem o anima. 
Um jornal tem de ser outra coisa: uma obra do colectivo. 
Num jornal, o colectivo vive do que produz. 
Um blogue, produz aquilo de que vive...