terça-feira, 14 de março de 2023

O cerco, ou a dificuldade de governar a Praia da "Calamidade"...

O teste está feito há muitos anos: na Figueira é possível governar contra quase todos. Nomeadamente, contra o povo que ainda vai votar; e contra aqueles que nem a isso já se dão ao trabalho.
Contudo, fica a pergunta no ar: e contra os partidos do arco do poder e os seus interesses?

Onde reside, neste momento, o poder político na Figueira?
Há indefinições no PS e no PSD. Os espaços políticos partidários não se encontram bem demarcados. Neste contexto, há a possibilidade de algumas pessoas, conjunturalmente, tomarem posições controversas. 
O que não seria nada de novo.
Citando o Diário as Beiras.
"Os vereadores do PS diretamente eleitos suspenderam o mandato."
"Com quatro eleitos para a FAP e outros tantos para o PS, cabe ao PSD exercer a função de fiel da balança na câmara. Ou melhor, ao vereador Ricardo Silva, já que, se da direção local “laranja” dependesse, Santana Lopes já teria a maioria (positiva) de que necessita para cumprir o seu programa eleitoral sem concessões." 

É a mediocridade partidária que temos na política figueirense, há dezenas de anos e por vontade do povo.
Citando novamente o Diário as Beiras: "Santana Lopes está condicionado pela maioria relativa que obteve nas Eleições Autárquicas de 2021, que lhe reduz o ritmo que gosta de incutir na gestão autárquica".

Como vai Santana  Lopes sair disto?
Há uma solução. Numa terra de  tantas "impossibilidades", que se tornaram possibilidades, resta inventar e concretizar uma nova "impossibilidade", que seja uma nova possibilidade para tornar a Figueira governável
Não há "impossíveis". Na política, como na vida.
Santana, melhor do que ninguém sabe disso.
Lembram-se do risco que foi a obra do túnel do Marquês em Lisboa?
Se há coisa que caracteriza o percurso político de Santana Lopes foi a sua ousadia para enfrentar o risco.
Porém, uma coisa é correr riscos. Outra, é correr riscos desnecessariamente.
Santana, melhor do que ninguém, também sempre soube isso.

A ler...

"Preços, lucros e salários: quem está a ganhar com a inflação?"

Segunda reunião de câmara do corrente mês realiza-se amanhã


A segunda reunião de câmara ordinária do corrente mês realiza-se amanhã, pelas 10H00. 
A Ordem de trabalhos pode ser consultada aqui.
A sessão é transmitida através da página do município na internet.

segunda-feira, 13 de março de 2023

Ventura e a vidente e Costa e a "bruxa"...

“A política é constituída por homens sem ideias e sem grandeza.” 
ALBERT CAMUS, escritor, filósofo, jornalista franco-argelino (1913-1960) Prémio Nobel de Literatura, 1957

André Ventura teve um encontro com uma "vidente, que prevê o seu regresso à televisão para daqui a cinco anos".
Pobre democracia. Vivemos num País onde tudo pode acontecer. 
Os partidos tornaram-se máquinas para conquistar o poder.
Logo que o conquistam, as ideias vão para a gaveta - por exemplo, por onde anda o  Socialismo do PS?;  resta alguma coisa do outrora Partido Social Democrata?..

Não há ideias nos partido de poder. Entre populismos e liberalismos que, a meu ver, jamais serão o caminho para uma efectiva recuperação do país (penso que assim também  pensava o tão oportunisticamente citado Francisco Sá Carneiro...), pois unidos quando ocupam o poder, logo que o perdem amachucam-se em lutas fratricidas.
Os últimos anos do PSD são disso prova...

Quem acompanha a política há largas dezenas de anos sabe que, em democracia, surgem dilemas morais e políticos, onde qualquer solução é complicada. 
O político costuma resolver como lhe convém. Em vez da verdade, opta por dizer o que o seu eleitorado quer ouvir.
Os políticos há muito que não estão na política exclusivamente ao serviço do bem-comum, mas para alimentar lógicas de poder. 
Daí que a conversa mude. Primeiro, porque o eleitorado não quer ouvir sempre a verdade; segundo, porque os políticos, quando isso é conflituante, não poucas vezes tendem a sacrificar o bem-comum em favor do poder

Ricardo Santos: foi recebido “com expetativa o anúncio do presidente da Câmara da Figueira da Foz”, Santana Lopes, da construção, no presente mandato, de um acesso alternativo à Praia de Quiaios, “a par das obras já previstas para a rua Direita”, mas...

 Via Diário as Beiras


João Vieira e Ana Cabecinha campões nacionais dos 20 km marcha atlética

Na prova que decorreu ontem em Buarcos, os atletas João Vieira e Ana Cabecinha sagraram-se, pela 10.ª vez em ambos os casos, campeões nacionais dos 20 km de marcha atlética.

João Vieira terminou a prova com o tempo de 1:25.16 horas, tendo batido Rui Coelho, que se sagrou vice-campeão nacional, em 2.27 minutos.
Já Ana Cabecinha somou também o seu 10.º título, o quinto de forma consecutiva, ao vencer a prova em 1:32.20 horas, superando de forma clara a segunda classificada, a individual Vitória Oliveira, que concluiu a corrida com mais 2.06 minutos.
A prova ganha foi pelo colombiano Eider Arévalo, com o tempo de 1:21.54 horas.

Um país governado por iniciativas euro-liberais

Via Ladrões de Bicicletas

"...já não surpreende ver o governo português a subscrever documentos, com países do norte, a fazer queixinhas à Comissão Europeia, alertando para os supostos perigos que impendem sobre o malfadado mercado interno. Os franceses e os alemães fazem de qualquer forma o que bem entendem e agora isto é absolutamente visível. Nós temos é de começar a tentar fazer o mesmo.

O problema é que as elites estão preguiçosamente habituadas ao medíocre nexo finança-construção-turismo-estufas-distribuição que nos cabe nesta hierarquia por desafiar. Pobre país este, dominado por ideologias destas. Qualquer esperança para este país recomeça com a perda de poder do euro-liberalismo, com a quebra do Consenso Bruxelas-Frankfurt."

domingo, 12 de março de 2023

Encher a pança com a fome dos outros

Via Expresso

«Contra factos não há argumentos.

De acordo com o INE, em 2022, a inflação situou-se em 7,8%. Por sua vez, de acordo com a Síntese Económica de Conjuntura publicada pelo INE, em 18 de janeiro de 2023, a inflação em produtos alimentares cifrou-se em 19,9% (bens alimentares e bebidas não alcóolicas), em 12,2% (alimentos não transformados) e em 11,2% (restaurantes e hoteis). Segundo a DECO, o cabaz alimentar essencial subiu 25,66%, entre março de 2022 e março de 2023, tendo passado de 183,64 € para 230,76 €.

Os salários vieram por aí abaixo. A função pública foi aumentada apenas em 0,9%, com base na inflação registada em 2021. Perdeu 6,9%, o que equivale a 1 (um) mês de salário, tendo por base 14 salários anuais. De acordo com o INE, o aumento médio dos salários (abrangendo setor privado) foi de 3,6%, correspondendo a uma perda efetiva de 4,2%. Curiosa e candidamente, em inquérito ao Banco de Portugal realizado em junho de 2022, os gestores de empresas afirmavam que iriam aumentar o salário dos seus trabalhadores em cerca de 5%. Chegados ao final do ano, constata-se que não são só os políticos quem incumpre promessas.

Mas esta queda do salário real não foi para tod@s. Para os gestores e cargos de topo, o aumento do salário nominal atingiu 9,6% (!), permitindo um ganho, só em 2022, de 1,8%. É caso para dizer, “bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz”.

E esta afronta para quem vive do esforço do seu trabalho não parou por aqui. Só até 30 de setembro de 2022, a SONAE aumentou os seus lucros em 33%. Como as contas apenas encerram em 31 de março, ainda não sabemos quanto mais lucrou durante os meses que antecederam o Natal (que são pródigos em subida do consumo). Mas sabemos já que as suas vendas subiram 11,5% em 2022. E o mesmo se diga do Grupo Jerónimo Martins, cujos lucros reportados à mesma data também subiram 29,3%, tendo as suas vendas, em 2022, crescido 21,5%.

O que justifica esta subida abrupta de preços de venda ao consumidor, ao mesmo tempo que sobem os lucros das empresas de distribuição alimentar? – pergunta-se, com incredulidade.

Responde-nos quem sofre da cegueira ideológica do “venha a mim”: subiram os custos da cadeia de produção. Vejamos, então, esses custos.

Depois do choque resultante da invasão militar russa à Ucrânia, os preços da energia já estabilizaram e voltaram aos níveis pré-guerra. A ERSE determinou que o aumento da eletricidade, no setor regulado, para 2023, seria de apenas 1,3%. A EDP decidiu baixá-la em 2,5% e a GALP Energia em 11%. Por sua vez, de acordo com dados da Direção-Geral de Energia e Geologia, os preços dos combustíveis regressaram já a níveis anteriores à guerra na Ucrânia.

Acresce que o preço dos fertilizantes, que subiram abruptamente por força do bloqueio económico à Rússia (sua maior produtora), reduziram-se brutalmente durante o verão de 2022 e estabilizaram em valores muito inferiores ao seu pico, entre 2007 e 2008 (quando nunca se sentiu esta subida escandalosa do preço dos alimentos).

Por sua vez, como já se demonstrou, os custos médios com trabalhadores subiram apenas 3,6%.

Restaria o argumento do aumento do preço de compra aos produtores, para justificar esse volume imaginário da subida do preço na cadeia de produção. Acontece que a intensidade dessa subida é prontamente desmentida pelos próprios produtores. Mais do que isso. É desmentida pelos dados oficiais do INE, que demonstram que, em 2022, os custos de produção de bens de consumo aumentaram apenas 12,5%, pelo que foram muito inferiores à média da subida dos bens alimentares (19,9%) e ao aumento do cabaz alimentar essencial (25,66%).

Já para não falar na subida especulativa de alimentos essenciais, que têm sido vendido com margens de lucro ofensivas, tais como cebolas (52%), cenouras (45%) e ovos (43%). Por outro lado, de acordo com o Boletim Mensal de Agricultura e Pescas publicado pelo INE, em fevereiro de 2023 (que se reporta a dezembro de 2022), o índice de preços de bens alimentares não transformados apenas aumentou 13,5%, tendo regredido 0,9% relativamente ao mês anterior.

Comprova-se, portanto, não haver razões justificáveis – à luz de uma repartição justa e equitativa de uma conjuntura de crise económica – que aqueles que não têm o que comer sejam os sacrificados, em prol dos lucros (sempre intocáveis) dos grandes grupos económicos.

Grupos esses que, ao longo dos anos, esmagaram os pequenos produtores e as cooperativas agrícolas locais, forçaram o pequeno comércio local a fechar portas (auxiliado pela Lei Cristas, que fez disparar os custos com o arrendamento comercial pelas lojas tradicionais e de proximidade) e estabeleceram acordos entre si para concertação de preços.

Evidentemente, uma vez destruída a concorrência, estes grupos monopolistas controlam aquilo que designam por “cadeia de valor”, decidindo que produtos alimentares é que ficam expostos nas prateleiras e escaparates mais visíveis e bloqueando o acessso, pelos produtores independentes e insurgentes (conforme demonstra estudo da Oxfam de 2018), ao tal livre “mercado” que tanto gostam de apregoar.

Alguns desses grupos económicos praticam hoje a reduflação, conforme alerta a DECO. Mantêm preços, mas reduzem a quantidade ou a qualidade dos produtos que vendem. Sempre segundo a ASAE, por vezes, vão ao ponto enganar os consumidores, atribuindo peso líquido aos alimentos que vendem muito superior ao que efetivamente consta das embalagens ou mantendo balanças desreguladas e inexatas. Ainda segundo a ASAE, há casos em que etiquetam e anunciam preços nas prateleiras dos seus hipermercados, para depois, quando o consumidor chega à caixa, aplicarem preços muito superiores, sem que aquele se aperceba.

Evidentemente, os acordos de distribuição entre quem vende ao público e os respetivos fornecedores, quando criem cartéis ou promovam a concertação de preços, configuram um ato ilegal e lesivo da concorrência que alguns tanto alegam prezar (cfr. artigos 9.º e 10.º da Lei da Concorrência).

A limitação de entrada numa rede de hipermercados ou noutros estabelecimentos de venda ao público de certos produtos e de certos produtores configura um abuso de posição dominante, bem como a imposição de preços de venda (cfr. artigo 11.º da Lei da Concorrência).

Sempre que haja um número reduzido de empresas a operar em determinado setor (como sucede, hoje, no setor da distribuição alimentar, por força da destruição do pequeno e médio comércio), pode existir abuso de dependência económica, desde que os detentores do poder de entrada dos produtores nesse mercado explorem abusivamente essa posição. Por exemplo, forçando os produtores a reduzir margens de lucro ou a tolerar condições desvantajosas, por não disporem de alternativas no mercado (cfr. artigo 12.º da Lei da Concorrência).

Vender alimentos com quantidade inferior à que se encontra mencionada na embalagem constitui crime de fraude sobre mercadorias [cfr. artigo 23.º, n.º 1, alínea b), do Regime das Infrações Económicas]. Quem retiver deliberadamente em “stock” alimentos, com vista a fazer subir os preços, por diminuição da oferta, comete o crime de açambarcamento (cfr. artigo 28.º, n.º 1). Quem praticar preços que excedam o valor resultante das regras e práticas habituais nesse setor, sem justificação e com intuito de obter lucro ilegítimo, pode ser punido por crime de especulação (cfr. artigo 35.º).

Atentas as informações públicas que circulam nos últimos dias, há razões suficientes para que tod@s fiquemos preocupados. Ao ponto de o próprio Presidente da República ter expressado a sua preocupação e ter considerado justíssimo que se investigue.

Evidentemente, sem uma investigação aprofundada e rigorosa sobre o que se está a passar no setor alimentar, não se pode afirmar (nem aqui afirmo) que já foram cometidos crimes ou outros ilícitos contra a concorrência leal. Mas cabe-nos a nós, enquanto sociedade, garantir que há uma distribuição equitativa de recursos e que não continuamos a ver uns (poucos) a engrossar os seus lucros, enquanto outros (demasiados) não têm o que comer.

O direito à alimentação é, quiçá, o mais fundamental dos direitos. Sem ele, não há autonomia do indivíduo. Sem ele não há liberdade. Sem ele não há dignidade. Sem ele não há saúde. Sem ele não há vida. Justamente por isso, é essencial que, em sede de revisão constitucional, se consagre o direito à alimentação como um direito fundamental inalienável, conforme já foi proposto por um grupo de Deputadas/os do Partido Socialista (novo artigo 64.º-A da Constituição).

Mas, em termos práticos, é imprescindível que, com toda a celeridade e rigor:

  • A ASAE proceda às inspeções e averiguações necessárias à verificação do cumprimento da lei (se necessário, mediante reforço de meios e de equipas);
  • A Autoridade da Concorrência escalpelize a cadeia de produção, de transformação e de distribuição dos produtos alimentares, com vista à deteção de práticas de cartelização e de concertação de preços;
  • Seja fixada a obrigatoriedade de publicitação em Portal Eletrónico acesso ao público – como, aliás, já sucede no caso da contratação pública (através do Portal Base) – dos contratos celebrados entre os distribuidores alimentares e os seus fornecedores, sempre com salvaguarda devida do sigilo comercial e dos segredos do negócios, mas com indicação das entidades envolvidas, dos preços praticados e dos prazos de duração;
  • Seja cobrada, de modo efetivo, aos distribuidores alimentares a taxa de segurança alimentar, criada em 2012, e a contribuição extraordinária sobre os lucros excessivos, recentemente criada, em 2022, e que foi promulgada pelo Presidente da República, sem qualquer dúvida quanto à sua constitucionalidade.

A talho de foice, diga-se que os grandes grupos de distribuição alimentar têm-se vindo a opor ao pagamento destas contribuições em favor dos que carecem de políticas públicas corretivas das desigualdade. Só o Grupo Jerónimo Martins já deve quase 30 milhões ao Estado de taxa de segurança alimentar não paga. A SONAE encontra-se a pagar a referida taxa; mas não deixou de a impugnar perante os tribunais tributários, onde procura escapar-se ao seu pagamento, mediante invocação da sua inconstitucionalidade.

SONAE, Grupo Jerónimo Martins, Auchan, Lidl, Mercadona e Intermarché preparam-se para contestar a Contribuição Extraordinária sobre Lucros Excessivos, podendo mesmo chegar ao ponto de recusar pagá-la. A APED tem a desfaçatez de afirmar – sem se rir, note-se – que as suas associadas só têm lucros porque, apesar da subida de custos, “são eficientes”.

Já cá faltava a Tirania do Mérito. Claro que quem vive dos rendimentos do seu trabalho só não consegue ter lucro, nem dinheiro para comer porque não é eficiente. Sabem o que acontece aos cidadãos que vivem dos rendimentos do seu trabalho quando não pagam os seus impostos? A Autoridade Tributária penhora-lhes os salários, as contas bancárias e, até, as casas.

Seria, aliás, interessante que as/os cidadãs/ãos comuns passassem a utilizar a mesma argumentação que usam os grandes grupos económicos para justificar o facto de continuarem a aumentar os seus lucros, em tempos de sofrimento para a esmagadora maioria das pessoas: toca a imputar os vossos custos da cadeia de valor ao custo do trabalho e serviços que prestam aos vossos empregadores. A alimentação subiu 25,66% no cabaz alimentar essencial, em 2022? Os custos de energia e de transporte subiram 23,7% (cfr. p. 13 do Boletim), em 2022? Suba-se o salário de quem trabalha acima disso.

Na verdade, o argumento da crise económica só funciona para alguns. Para os que conseguem aproveitá-la para multiplicar a sua riqueza. Como qualquer outra dita “crise”, o que está a acontecer é uma inaceitável, injusta e impiedosa transferência de vantagens económicas daqueles que vivem apenas do seu trabalho para aqueles que controlam as cadeias produtivas e de distribuição de bens de venda ao público.

E o Estado não pode ficar impassível. Cada um/a de nós não pode ficar inerte. Não podemos continuar a achar que “é assim porque foi sempre assim”. Que não há alternativas. Que não vale a pena.

Senão, como cantava o Zeca Afonso, corremos o risco de ficar apenas a trautear:

“Eles comem tudo e não deixam nada”

Ganância, o motor da inflação


Ficou claro que a expansão do lucro tem desempenhado um papel maior na história da inflação europeia nos últimos seis meses.

"A frase é de Paul Donovan, CEO da UBS Global Wealth Management.

E deixa igualmente claro aquilo que já todos sabíamos: o principal motor da inflação é o aumento do lucro de certas empresas, que compensam as suas perdas explorando os consumidores.

Os senhores feudais do BCE, reunidos em retiro numa pequena povoação finlandesa, parecem ter chegado à mesma conclusão. Dizem as más línguas que, entre uma sessão de meditação e o chá das cinco, alguém terá apresentado um PowerPoint que revelava um aumento dos lucros de algumas empresas, de certos sectores, quando o expectável seria uma diminuição.

A cada nova crise capitalista – e elas são cada vez mais frequentes – o resultado tende a ser sempre o mesmo. Todos ficam mais pobres, excepto os mais ricos, que ficam muito mais ricos. E quando falo em mais ricos, falo de bilionários. Dos donos disto tudo. Não falo do tipo que até tem uma empresa, uma boa casa com piscina, um Mercedes para o dia-a-dia e um Porsche para o Domingo.

Precisamos, com urgência, de um novo modelo económico que nos sirva a todos."

João Mendes, via Aventar

BUARCOS RECEBE CAMPEÕES DE MARCHA ATLÉTICA


Este domingo (12 de março), a Federação Portuguesa de Atletismo, com o apoio da Associação Distrital de Atletismo de Coimbra, Câmara Municipal da Figueira da Foz e Junta de Freguesia de Buarcos e São Julião, leva a efeito a realização dos Campeonatos Nacionais de Marcha Atlética, em Estrada, na distância de 20 km, num circuito marcado na marginal em Buarcos.

Estes campeonatos contam com a presença de nomes destacados da marcha internacional. Desde logo pelos atuais campeões nacionais nas distâncias de 35 km, João Vieira (que ainda somou mais um título nacional em pista coberta) e Inês Henriques.

As provas começam às 9.15 horas, com os campeonatos nacionais de 20 km femininos e os 10 km, para sub-20. Às 9.30 terá início a prova masculina (20 km masculinos, e de 10 km sub-20).

Mais informações na página da Federação Portuguesa de Atletismo, com os resultados a serem apresentados na plataforma FPA Competições.

Há uma geração que está a morrer nas estradas

"O problema do tratamento dos dados estatísticos é, muitas vezes, a desumanização das conclusões. Perdermo-nos nos números e nas percentagens. Sermos incapazes de traduzir a real dimensão de uma fatalidade de forma assertiva e consequente. Façamos, por isso, o seguinte exercício: se lhe dissermos que em Portugal continua a morrer-se demasiado nas estradas, o mais provável é não ficar surpreendido. As razões são variadas e sobejamente conhecidas: excesso de velocidade (quase 70% das infrações!), sinalização deficiente, álcool e drogas no sangue. Enfim, não são infelizmente raros os casos em que todos estes fatores se conjugam num desfecho explosivo. Mas se lhe dissermos que os acidentes rodoviários são a principal causa de morte entre os cinco e os 29 anos, talvez então o caro leitor trave a fundo. E se acrescentarmos que a sinistralidade representa, em custos económicos e sociais, o equivalente a 3% de toda a riqueza produzida num ano, talvez isso lhe dê vontade de continuar a fazer perguntas."
Para continuar a ler, clique aqui.

sábado, 11 de março de 2023

Carlos Moedas: quem não sai aos seus degenera...

Vasco Gonçalves, um Homem do Futuro

Para Carlos Moeda há duas espécies de munícipes: "há munícipes como os outros e há munícipes que levam a coisa preparada..." 

Carlos Moeda, numa entrevista dada em 10 do corrente:
Pergunta do jornalista: "Durante o seu primeiro mandato também está convencido que vai conseguir fazer a estátua ou o busto de Vasco Gonçalves?"
Resposta de Carlos Moeda: "Estávamos a falar de reuniões de câmara e todos nós somos humanos. Gosto e sempre gostei de ser agradável com as pessoas e ao fim de dez horas chega um senhor e confesso, com toda a humildade, que já estava cansado e disse-lhe um sim e que falasse com os meus assessores. Não faz nenhum sentido fazer em Lisboa, por todas as razões e por todos nós - ainda era muito novo, mas todos vivemos esse período -, qualquer estátua ou qualquer busto de Vasco Gonçalves. Isso é algo que acontece quando somos humanos e sobretudo quando estas coisas são também preparadas pela própria oposição. Ou seja, estava ali a ouvir os munícipes e aquele não era um munícipe como os outros, era um munícipe que trazia a coisa preparada."

Já agora, vou lembrar quem é, para mim, Vasco Gonçalves.
Um  Homem Honesto e de Verdade. Um homem a quem tem de se reconhecer, além da  honestidade, boa-fé. 
Lutador incansável pelas causas justas da Humanidade, depois do 25 de Abril de 1974 integrou o Conselho da Revolução e assumiu o cargo de primeiro-ministro entre o segundo e quinto governos provisórios, tendo promulgado e defendido algumas das medidas mais marcantes do período revolucionário: um ordenado mínimo que beneficiou 60% dos trabalhadores, a nacionalização da banca e de empresas; a reforma agrária, o subsídio de desemprego, o subsídio de Natal para reformados e pensionistas, a lei sindical, o direito de manifestação e concentração entre outras.
Nos primeiro anos pós 25 de Abril de 1974, os direitos e conquistas sociais impulsionados pela acção colectiva dos trabalhadores foram legitimados pelos Governos de Vasco Gonçalves. Por exemplo, o subsídio de desemprego, para a vida de muitos milhares de portugueses em situações sociais desesperantes,  continua a ser, face ao persistente desemprego, o único e magro provento com que contam, resultado dos seus descontos e não, como os propagandistas neoliberais querem fazer crer, benesses do estado ou destemperamento orçamental. 

Esta medida, em 2023, pode ser avaliada, simultaneamente, por duas maneiras: é encarado naturalmente, como o ar que se respira, como se não tivesse história, por grande parte da população; e é alvo dos maiores ataques (no limite: para o liquidar) por parte dos partidos da burguesia.
Vasco Gonçalves, sofreu injúrias, foi sujeito a intimidações e ultimatos, mas nunca abandonou os ideais do socialismo, nunca traiu os que nele confiaram, nunca desistiu de lutar pelas transformações políticas, económicas, sociais e culturais que tirassem Portugal dos atrasos acumulados em meio século de ditadura fascista e treze anos de guerras coloniais. O ódio dos capitalistas e latifundiários contra a revolução, visava particularmente Vasco Gonçalves. Não lhe perdoavam o ser coerente e corajoso.
Contudo, foi sempre um homem de coragem e de grande carácter.
A humanidade de Vasco Gonçalves, os valores éticos que abraçava, a disciplina revolucionária que orientou sempre a sua acção.
Em 25 de Abril de 1974, o então coronel de engenharia Vasco Gonçalves realizou um dos objectivos de vida: participou activamente no derrubamento da ditadura fascista. 
O que tornou o General um Homem mais feliz e  realizado: «Se não tivesse participado no 25 de Abril, se a queda do fascismo me passasse ao lado, ficaria com um desgosto para toda a vida».

O Futuro passa, a meu ver, por continuar a manter abertas as portas que Abril abriu. Por elas passa a libertação do Homem.
Tal como Vasco Gonçalves, «o futuro com que sonhei não é cada vez mais saudade, é, sim, cada vez mais, necessidade imperiosa. Assim o povo o compreenda».
Penso que Carlos Moedas, filho do velho Zé Moedas, um comunista respeitadíssimo na terra, cofundador do "Diário do Alentejo" e uma espécie de lenda viva na cidade, nunca nadou nas mesmas águas políticas do pai e jamais quererá ir por aí... 
Portanto, porque carga de água estaria disponível para colaborar na homenagem a Vasco Gonçalves?

Porque já passaram 48 anos, convém ir avivando a memória...

Recordando o 11 de Março de 1975 e a insistente calúnia contra a democracia de Abril

Passam hoje 48 anos. O fracasso da operação militar desencadeada por sectores afectos ao General Spínola, na manhã de 11 de março de 1975, contribuiu para a radicalização do processo revolucionário português e para o reforço da Esquerda Militar no seio do Movimento das Forças Armadas. Permanecem, no entanto, por esclarecer diversos aspectos, nomeadamente no que diz respeito ao grau de envolvimento de alguns protagonistas e aos principais objectivos da operação. 
Analisando o «11 de março», identificando a complexa rede de alianças políticas e militares formada nos meses anteriores, as reações despoletadas pelo boato de uma iminente «Matança da Páscoa» e os diversos protagonistas do golpe militar fracassado naquela data, em 2023, como no decorerr destes 48 anos que nos separam do acontecimento, a direita faz da mentira a arma preferencial para justificar as suas ações e manipular o povo a que se dirige. 
Em tempos conturbados, onde os herdeiros políticos de Março de 1975 se arvoram como grandes defensores da democracia, importa relembrar que só deles provieram e provêm as ameaças à ordem democrática. 
Por conseguinte, hoje como há 48 anos, só o seu derrube incondicional deve estar nas nossas preocupações e no nosso horizonte.

Será desta que avançam as obras que foram adiadas em 2020?..

 Via Diário as Beiras

Uma primeira página que é uma síntese entre o saber acumulado e a observação da vida que é vivida no dia a dia...

Se isto não é cultura, alguém que explique o que é cultura... 

sexta-feira, 10 de março de 2023

...“as mulheres quase não existem na toponímia” do concelho da Figueira da Foz

 Via Diário as Beiras

A Quinta dos Padres

 Diário as Beiras

Nota de rodapé
mesmo em frente ao Pavilhão do Ginásio Clube Figueirense, mais cedo do que tarde, brotará uma cortina de prédios... 
Dado que aquele espaço está inserido no corredor verde das Abadias, que deveria ir até ao Parque de Campismo, não seria mais razoável aproveitar aquele espaço, inserindo na zona verde estacionamento e equipamentos desportivos?

Que lugar vai António Costa merecer na história da nosssa democracia?

"António Costa meteu-se, sem ninguém o mandar ou sequer empurrar, na posição onde Marcelo o queria ver sentado, maioria absoluta mas não muito absoluta, o Governo com mais trapalhadas por segundo na história da democracia e que só continua a governar porque Marcelo não vislumbra alternativa na casa-mãe a que pertence. 

Como é que António Costa vai ficar para a história, como o gajo que derrubou o "muro de Berlim" das soluções governativas à esquerda, ou como o maior inepto da democracia que meteu a extrema-direita no Governo 50 anos depois do 25 de Abril?"

Daqui