segunda-feira, 17 de janeiro de 2022
Miguel Torga
A ajuda que a entrevista de Raquel Ferreira deu para a compreensão do actual momento político figueirense
A entrevista dada à Figueira TV pela Raquel Ferreira, uma deputada do PS, passada e futura, que a estrutura partidária local e distrital fez flutuar no vácuo, demonstrou que nos chamados partidos do poder, não há, nunca houve em 47 anos de eleições democráticas, uma visão global para a Figueira, nem da parte do PS, nem da parte do PSD.
Carlos Monteiro considera estratégico o controlo do Partido. Quando chegou a presidente de câmara, só tarde e a más horas - depois de ter perdido as eleições de 26 de Setembro passado - percebeu que estava a lidar com um monstro. Verificou que sem poder autárquico para poder distribuir as prebendas, é muito difícil e complicado controlar um aparelho partidário interesseiro e voraz, que o via e utilizava - a ele, Carlos Monteiro - apenas como um meio de atingir os seus fins.
Em Janeiro de 2022, o PS Figueira de Carlos Monteiro encontra-se na situação em que Duarte Silva em 2009 "matou" o PSD Figueira, com um aparelho partidário controlado por Lídio Lopes, hiper-voraz, mas já sem poder autárquico.
Na Figueira, hoje, temos Santana Lopes no poder, sem ter necessitado dos aparelhos partidários. Santana mostrou que os aparelhos partidários do "centrão" na Figueira valem pouco e são descartáveis.
Carlos Monteiro e quem vier a ter o poder na concelhia do PSD Figueira encontram-se numa posição difícil.
domingo, 16 de janeiro de 2022
Se “Chicão” morrer, morre de pé
sábado, 15 de janeiro de 2022
"Ruído interno", um filme em exibição no PSD Figueira desde 2007...
PRESIDENTE DA CÂMARA:
PPD/PSD - António Batista Duarte da Silva com MAIORIA ABSOLUTA.
(PPD/PSD - 15428 votos, 47,93%, 5 mandatos
PS - 10666 votos, 33,14%, 4 mandatos).
Junho de 2007. Uma proposta da oposição minoritária, foi aprovada por 5 votos favoráveis (PS e Pereira Coelho) e 3 contra (Lídio Lopes, Teresa Machado e Duarte Silva. José Elísio esteve ausente da sessão).
Declarações:
Duarte Silva – «é legal», mas é «demonstração pública de falta de confiança no presidente da câmara».
Vítor Sarmento - “a câmara e mais concretamente o presidente, não tem sabido encontrar as melhores soluções”.
António Tavares – “é um procedimento normal em democracia», que pretende “dar maior operacionalidade a algumas matérias em que a câmara demonstrou ser pouco operacional e passar a colocar em cima da mesa muitos do assuntos que estavam subtraídos à competência da câmara”.
Paz Cardoso – “não está em causa a confiança no senhor", mas “antes podermos colaborar para melhores soluções, mais eficácia, maior rapidez”.
Pereira Coelho - “no final da votação, o autarca do PSD justificou o seu voto contra, recordando a Duarte Silva as palavras que utilizou quando lhe retirou os pelouros, “a quebra de confiança política”. Faço minhas as suas palavras, a falta de confiança é a mesma que passou a existir desde aquele dia. Há uma estrondosa falta de organização e de capacidade de gestão de que resultam prejuízos enormíssimos para a câmara”.
Lídio Lopes (em seu nome e no de Teresa Machado, garantindo que também «em nome de José Elísio», que ficou de aparecer mais tarde, mas até ao final da sessão não compareceu)- estamos contra a proposta do PS, por ser “uma questão eminentemente política, pelo alcance, pelas motivações e pelo enquadramento político”. “É desacreditação do presidente, desconfiança para exercer o interesse público e não aceitamos, porque confiamos no presidente”.
Quem tenha estado atento ao que se passou na política figueirense nos últimos 15 anos, deu facilmente conta que existiu (e existe) um clima de de divisão, de confrontação, de hostilidade dentro do PSD Figueira, desde 2009, que não foi (nem é) normal.
No processo das eleições autárquicas que tiveram o pior desfecho de sempre para o PSD na Figueira, que desembocou nos resultados eleirorais de 26 de Setembro último, a realidade ultrapasssou a ficção.
Em Agosto de 2009, Duarte Silva tinha uma vida complicada como presidente de câmara da Figueira da Foz, ao ponto de ter retirado pelouros ao então vereador José Elísio. “José Elísio ficou sem os pelouros que detinha – entre outras funções a responsabilidades das colectividades e ambiente – por solicitação do presidente, devido a determinadas posições políticas que o autarca tem tomou, entre as quais a de ir ser candidato independente pela junta de Lavos.”
Aquilo foi uma trapalhada total. Segundo os jornais da época, o presidente da edilidade garantia que não pediu a devolução de pelouros nenhum. «Ele (José Elísio) é que se disponibilizou para os entregar, dentro de uma conversa que tivemos», disse Duarte Silva ao Diário de Coimbra. Duarte Silva, recordou que, «de uma forma geral, todos os vereadores sempre me disseram que os pelouros estavam à minha disposição e nessa conversa ele prontificou-se a entregarmos».
O presidente Duarte Silva chamou a si próprio os pelouros até aqui entregues a José Elísio, até porque já não faltava muito tempo para o mandato terminar.
Recorde-se, que antes, já tinham sido retirados os pelouros ao vereador Paulo Pereira Coelho.
Apesar de toda a controvérsia existente no PSD Figueira em 2009, “Manuela Ferreira Leite convidou pessoalmente Duarte Silva a recandidatar-se”.
Os militantes e dirigentes do PSD Figueira ficaram divididos. Seria difícil a Duarte Silva dizer que não. Mas, isso, não desagradaria a todos.
Na altura, “ouviram-se fortes críticas a Duarte Silva. Entre os dirigentes houve quem tivesse primado pela veemência ao defender que o independente eleito para dois mandatos consecutivos nas listas do partido não era o melhor candidato."
O que se veio a provar, com a vitória de João Ataíde e do PS. A falta de obra para mostrar ao eleitorado era o principal pecado apontado ao presidente.
Havia um enorme descontentamento em relação à gestão das opções pessoais do eng. Duarte Silva. E esse descontentamento acabou por verificar-se através da própria criação do Movimento Figueira 100%. Na altura, o eng. Daniel Santos era o coordenador do Conselho de Opinião do PSD Figueira.
Desde então o PSD Figueira ficou arredado do poder autárquico figueirense. Duarte Silva perdeu em 2009, Miguel Almeida em 2013, Carlos Tenreiro em 2017 e Pedro Machado em 2021.
A "cola" que poderá unir a família social democrata figueirense é o acesso ao poder e a distribuição dos lugares.
Portanto, organizem-se...
"O porto comercial deve ser mudado para a margem sul?" (continuação...)
Via Diário as Beiras
Nota de rodapé.
João Oliveira: defesa eficaz, meio campo sólido e ataque rápido
Se as pessoas estão descontentes com o PS, porque não lhes resolveu os problemas e estavam a achar que iam encontrar no PSD a alternativa, tem aqui a resposta mais clara possível”.
Governar à Guterres
Já para nem falar do conteúdo: as privatizações, as decisões calamitosas de integração económica e monetária com cujas consequências contamos até hoje, um posicionamento sobre o aborto que custou mais dez anos de calvário para as mulheres portuguesas.
Haja desfaçatez. Mas, avaliando a situação, deve ser para um expediente semelhante para que António Costa se prepara. Só isso explica a soberba de agitar um Orçamento de Estado que acabou de ser chumbado e dizer que é o mesmo que voltará a apresentar depois das eleições, apesar de nenhuma sondagem lhe dar maioria absoluta.
Talvez pense que alguns dos novos parceiros potenciais se irão vender mais barato do que uma bola de queijo Limiano. Para nossa infelicidade, talvez não esteja enganado.»
sexta-feira, 14 de janeiro de 2022
E o vencedor do debate é...
O momento do debate, foi quando Costa disse (já tinha ouvido - e não há muito...):
«... não houve nos últimos 20 anos um crescimento económico nacional tão expressivo como o registado entre os anos de 2015 e 2019, mas que essa conjuntura não foi bastante para o PSD votar a favor de propostas como o aumento do salário mínimo, a redução do passe dos transportes, a gratuitidade dos manuais escolares, a redução do IVA da electricidade (apesar do anúncio do PSD de que iria votar a favor) ou até a redução do IRC para as pequenas e médias empresas – medida que, curiosamente, o PSD resolveu incluir no seu programa eleitoral.»
Portanto, a Geringonça 2 continua muito difícil. Sinais de autocrítica sobre os impasses de desenvolvimento que essa estratégia gerou não se vislumbram.
Obras de reforço da segurança rodoviária na 109
Debate do centrão e a manutenção do "sistema": se Rio ganhar, "entrego-lhe a chave", disse Costa
Decorreram poucas horas sobre o debate que colocou frente a frente António Costa e Rui Rio e a citação que fiz não podia estar mais actual. O frente a frente entre as primeiras figuras do PS e do PSD foi a constatação de algo que costumamos ouvir, mas que poucos sabem definir: o sistema.
Não o sistema da cassete do Ventura: "O Rendimento Mínimo". "Os ciganos". "Os polícias que são agredidos todos os dias". "Os ciganos". "O salário dos políticos". "Os ciganos". "Andamos todos a trabalhar para pagar a quem não quer fazer nada". "Os ciganos". "Os refugiados de telemóvel na mão". "Os ciganos". "A corrupção". "Os ciganos". "A castração química". "Os ciganos". "O número de deputados". "Os ciganos". "A pena de morte". "Os ciganos", mas o verdadeiro sistema.
Desde logo: se todos os debates duraram 25 minutos, porque é que este mereceu tratamento especial e se prolongou por 1 hora, 18 minutos e 31 segundos?
António Costa ou Rui Rio, herdeiros políticos de dois partidos que governam Portugal há mais de 40 anos, têm alguma coisa de diferente, inovadora, ou melhor, como propostas de governação para apresentar?
António Costa são mehores políticos e melhores governantes?
Na minha opinião, não.
Foi assim, porque as televisões podem. Foi assim, porque o sistema determina que não pode ser de outra maneira. Foi asssim, porque o sistema não permite que haja alternativa ao centrão. Foi assim, porque a manutenção deste sistema bi-partidário depende deste "status quo".
Isto é o sistema, que não é mais que a manutenção da "ditadura" dos poderosos, para que tudo se mantenha na mesma.
Fundamental para o sistema instalado, é preservar os interesses das clientelas comuns ao PS e ao PSD.
Numa democracia a sério, todos (até aqueles cujo objectivo é atentar contra a democracia) teriam, à partida, as mesmas armas, condições e oportunidades.
O privilégio, isto é, as vantagens concedidas a alguém, em detrimento, desfavor e com prejuízo de outros, é a negação da democracia.