Via Jornal Público |
sexta-feira, 4 de junho de 2021
Há leitores e leitores
Diverte-me quando alguém me diz em tom próprio de quem fala de algo que detesta: «olhe que eu costumo ler o que você escreve no blogue».
Confesso que não tenho nenhuma ideia sobre como deve ser escrito um blogue para agradar a esse tipo de pessoas.
Todavia, penso que esse seria o blogue que não quero que seja o meu.
Não quero um blogue cheio de boas intenções (de boas intenções está o inferno cheio), politicamente correcto e conservador.
Gosto da irreverência e do patusco.
E não gosto de gente que pensa poder dispor da vida dos outros.
Quanto ao mais: dos fracos não reza a História...
quinta-feira, 3 de junho de 2021
Autárquicas 2021 um processo em estagnação?..
Nestes últimos 6 meses, tem sido muito interessante ver a quantidade de pessoas competentes, talentosas, trabalhadoras, brilhantes, impolutas quanto a vícios partidários, a saírem do armário nesta pré-campanha eleitoral, quando estamos a cerca de 4 meses das autárquicas.
Entretanto, desde 31 de de Janeiro de 2021, que ninguém mais se lembrou de fazer um manifesto carta-aberta a "a bem do nação figueirense". Estão à espera de quê?
Entretanto, desde 31 de de Janeiro de 2021, que ninguém mais se lembrou de fazer um manifesto carta-aberta a "a bem do nação figueirense". Estão à espera de quê?
Este é o tempo de perceber os políticos, para poder fazer boas escolhas...
Lembrança do escritor Luís Pacheco. Esta passagem de O Teodolito é obra.
"Onde estão agora os que foram meninos comigo, meus companheiros de bibe e calção? Gostava de ir lá vê-los à nossa infância, de irmos todos, reconhecermos todos como nossa ainda a pureza antiga, os projectos que enterrámos, as ilusões, os actos falhados. E, com efeito, o mundo dos adultos está cada vez mais triste, mais crápula, mais ratazana. É uma bicharada que vai a correr prò buraco do coval, comprometida e lassa, sem alegria, sem carácter, sem sentimentos, sem dignidade nenhuma. Não são gente: são baratas medrosas, assustadas sempre, que andam de luto por eles-mesmos e se escondem quando pressentem uma luz, a ousadia dum gesto, a virtude duma palavra. Adultos, cadáveres jovens. Metem dó, metem nojo, tão velhinhos e tão resignados. Cagarolas. Gostaria de os tornar a ver como eram, na infância."
"Onde estão agora os que foram meninos comigo, meus companheiros de bibe e calção? Gostava de ir lá vê-los à nossa infância, de irmos todos, reconhecermos todos como nossa ainda a pureza antiga, os projectos que enterrámos, as ilusões, os actos falhados. E, com efeito, o mundo dos adultos está cada vez mais triste, mais crápula, mais ratazana. É uma bicharada que vai a correr prò buraco do coval, comprometida e lassa, sem alegria, sem carácter, sem sentimentos, sem dignidade nenhuma. Não são gente: são baratas medrosas, assustadas sempre, que andam de luto por eles-mesmos e se escondem quando pressentem uma luz, a ousadia dum gesto, a virtude duma palavra. Adultos, cadáveres jovens. Metem dó, metem nojo, tão velhinhos e tão resignados. Cagarolas. Gostaria de os tornar a ver como eram, na infância."
No tempo em que havia meninos no Cabedelo |
O carisma de um político não se compra: ou se tem ou não se tem.
O divórcio entre a população e a classe política atinge níveis preocupantes.
O discurso oficial passa por dar a entender que é necessário trazer de volta a população à política e ao interesse pela coisa pública.
Contudo, será que interessa mesmo à classe política a participação do povo?
Claro que esta interrogação não tem aplicação para os indefectíveis partidários.
O povo é convocado e faz jeito em época de actos eleitorais e respectivas campanhas - nas inaugurações, nas sondagens, e pouco mais.
É a época das acções de rua, dos beijos, dos apertos de mão, das saudações, das multidões, dos palcos, das arruadas, dos discursos, dos aplausos, dos sorrisos, dos brindes, dos panfletos, etc. E no dia de ir a votos.
Uma das razões do afastamento do povo da classe política é esta comunicação sazonal que praticamente só existe de 4 em 4 anos.
Uma das razões do afastamento do povo da classe política é esta comunicação sazonal que praticamente só existe de 4 em 4 anos.
Por curtos períodos, toda a gente consegue perceber o que os políticos dizem. Precisam de se fazer entender, têm de ser claros, objectivos e directos, fazendo passar a sua mensagem. Depois das eleições tudo muda.
Vão ver a partir de Outubro próximo futuro.
Vão ver a partir de Outubro próximo futuro.
quarta-feira, 2 de junho de 2021
Campo das traseiras, a cantar de galo e em remodelação, pelo menos, desde 2015!..
Via Município da Figueira da Foz
Via Figueira na Hora, 5 de Novembro 2018Via Diário as Beiras, 2 de Junho de 2021O desinteresse estratégico do papel da cultura e a demonstração de que os decisores políticos não a consideram como um factor essencial no desenvolvimento do país....
"Inquérito divulgado pelo SICAD revela o perfil e as escolhas dos apostadores nacionais. E mostra que são os que menos rendimento têm quem mais joga."
Quando começaram a surgir rumores que se estava a considerar criar uma raspadinha para apoiar o financiamento do Fundo de Salvaguarda do Património Cultural, reconheço que não lhes atribuí qualquer credibilidade, tão fantasioso e despropositado me parecia tal movimento.
Promover a cultura do vício para proteger a cultura do património é tão acertado como a probabilidade de ganhar o melhor prémio numa raspadinha. Muito próximo de zero.
O carisma não se compra, não se treina, não se adquire com o tempo, não se ganha por repetição ou imitação. Ou se tem ou não se tem...
Morreu Carlos Ferreira, com 73 anos, o homem que em 2020 subiu sozinho, com a bandeira nacional, a Avenida da Liberdade no 25 de Abril.
O Senhor Carlos Ferreira vai continuar a desfilar nos próximos anos nas comemorações do 25 de Abril de 1974. Contudo, no futuro, debelada a pandemia, não irá desfilar sozinho. Vai ter largos milhares a acompanhá-lo e a recordá-lo, pois pessoas como o Senhor Carlos Ferreira são especiais para o Povo que gosta de comemorar o 25 de Abril de 1974.
terça-feira, 1 de junho de 2021
Triste: é só artistas...
O que aconteceu aos restantes elementos que juntamente com o busto formavam o monumento a Mário Silva no Cabedelo? A última informação a que tive acesso era que estava ao cuidado da Junta de Freguesia de S. Pedro.
Deprimido e com a auto-estima em baixo, o zé povinho já nem sequer tem forças para fazer um manguito ao que está a acontecer no Cabedelo.
Foto António Agostinho |
Para além dos “tinhosos” dos campistas, o monumento ao Mário Silva vai ficar reduzido ao mínimo.
Do monumento que lá estava, vai sobrar algo parecido com que a foto mostra.
Se a Câmara tivesse actuado com transparência neste processo, que passaria por ter dialogado com todos os agentes económicos que desenvolvem a sua actividade no Cabedelo - nem era difícil, pois são meia dúzia... – ter-se-ia instalado um clima de confiança que daria mais tranquilidade a todos.
Ao proceder como procedeu, falando com dois ou três, esquecendo os outros, a Câmara complicou tudo e crispou o clima...
Se essa foi a estratégia, parabéns: surtiu o efeito desejado. A política é muito mais nobre e muito mais bonita, feita com honestidade e transparência.
A vantagem da honestidade e da transparência, na política portuguesa, é que a concorrência é pequena...Tão importante como nos orgulharmos da nossa História e das nossas gentes, é reflectirmos no que podia ter sido feito para não deixar estragar ainda mais esta cidade e este concelho...
Apesar do que lhe fizeram no Cabedelo, Mário Silva vai continuar a ser "um artista grande". E a Figueira, governada por estes políticos, "uma cidade pequena", de grandes artistas...
Uma grande entrevista, duas pequenas curiosidades, uma maravilha, portanto...
Vamos às curiosidades:
1. Fernando Balsas, o entrevistado, é candidato à Junta de Freguesia de Quiaios pelo movimento independente "Figueira a Primeira";
2. Ricardo Santos, o entrevistador, é o candidato à Junta d Freguesia de Quiaios pelo PS.
2. Ricardo Santos, o entrevistador, é o candidato à Junta d Freguesia de Quiaios pelo PS.
Da série, Quiaios: depois de ser um caso de polícia decidido pelos tribunais, continua a ser um teste ao funcionamento da democracia na Figueira...
Despacho n.º 5368/2021
Via José Augusto Marques:
Via José Augusto Marques:
"Questões que me atormentam na freguesia de Quiaios.
Quando a campanha eleitoral autárquica atingir o auge, palavras como democracia, transparência, rigor e outras mais, serão debitadas às toneladas pelos bem-falantes de turno.
Nomeada que foi uma comissão administrativa, há mais de um mês, para gerir a freguesia de Quiaios até ao próximo ato eleitoral, por entidade competente para o efeito, alguém me sabe dizer quem são os três elementos que fazem parte da dita comissão e se já tomaram posse? E os cargos de cada elemento na comissão, alguém sabe quais são?
Viva a transparência que tanto apregoam!"
Presumo que todos sabemos o que se passou em Quiaios.
Assistimos ao funcionamento da justiça, embora lento. Foram os tribunais, no fundo o sistema de justiça, que apeou a presidente de junta Fernanda Lorigo do poder.
O PS Figueira, a seguir, transformou um caso de Justiça num caso de política.
É isto admissível numa democracia que pretende ser um regime solidamente implantado na Figueira e em Portugal? Pelos vistos, para alguns, estes procedimentos, são perfeitamente admissíveis e banais na sua normalidade.
Tal entendimento, porém, só mostra a concepção particular da democracia como regime de país bananeiro ou, no caso, de traficante da droga mais poderosa que existe: o poder.
Só isso conta. Porque só assim se pode condescender com episódios tristes como este. Na Figueira, além de uma "crise do regime", temos também e claramente instalada uma crise da democracia. Por tudo isto, Quiaios constituiu um teste ao funcionamento da democracia na Figueira.
Tal entendimento, porém, só mostra a concepção particular da democracia como regime de país bananeiro ou, no caso, de traficante da droga mais poderosa que existe: o poder.
Só isso conta. Porque só assim se pode condescender com episódios tristes como este. Na Figueira, além de uma "crise do regime", temos também e claramente instalada uma crise da democracia. Por tudo isto, Quiaios constituiu um teste ao funcionamento da democracia na Figueira.
segunda-feira, 31 de maio de 2021
Deixem o pescador em paz...
Por Buarcos anda-se em maré de estátuas, pintura de muros, eleições e requalificações. Contudo, ainda não foi hoje, apesar do aparato, que mudaram o pescador. Nem sei porque estão com tanto gasto e trabalho. Em vez do pescador, coloquem ao centro da nova rotunda um urso. Essa sim seria uma estátua erigida ao "Cidadão da Figueira", porque realmente, somos uns ursos. Serviria também e ao mesmo tempo como uma homenagem a "alguns políticos", porque não passam disso.
Andamos a perder qualidade de vida na Figueira. Ao mesmo tempo, fomos perdendo influência politica, económica e cultural. Deixamos de ser uma cidade e um concelho como havia poucos em Portugal. Ainda somos uma cidade bonita, mas a continuar por este caminho, em breve nem isso seremos. Precisam-se cidadão preocupados com o que nos rodeia. Contudo, a tendência é tornar-mo-nos amorfos e desinteressados.
O cidadão normal perdeu voz, os políticos não o ouvem, porque estão-se marimbando para o que povo pensa. Se não é assim, parece...
O povo acredita na Democracia, mas cada vez menos acredita nos políticos. Sente-se sem opções de escolha. Somos mesmo uns ursos e merecíamos uma estátua. Ou "alguns políticos" é que são uns ursos e merecem uma estátua?
Na falta de um urso para modelo, como o pescador resiste a sair do sítio (tem muito ferro), deixo uma sugestão para o entro da nova rotunda: uma varina pintada de vermelho e verde, com a bandeira nacional a servir de saia, e duas meia-bolas a servirem de "soutien".
Andamos a perder qualidade de vida na Figueira. Ao mesmo tempo, fomos perdendo influência politica, económica e cultural. Deixamos de ser uma cidade e um concelho como havia poucos em Portugal. Ainda somos uma cidade bonita, mas a continuar por este caminho, em breve nem isso seremos. Precisam-se cidadão preocupados com o que nos rodeia. Contudo, a tendência é tornar-mo-nos amorfos e desinteressados.
O cidadão normal perdeu voz, os políticos não o ouvem, porque estão-se marimbando para o que povo pensa. Se não é assim, parece...
O povo acredita na Democracia, mas cada vez menos acredita nos políticos. Sente-se sem opções de escolha. Somos mesmo uns ursos e merecíamos uma estátua. Ou "alguns políticos" é que são uns ursos e merecem uma estátua?
Na falta de um urso para modelo, como o pescador resiste a sair do sítio (tem muito ferro), deixo uma sugestão para o entro da nova rotunda: uma varina pintada de vermelho e verde, com a bandeira nacional a servir de saia, e duas meia-bolas a servirem de "soutien".
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