segunda-feira, 20 de abril de 2020

O PSD da Figueira da Foz está preocupado com nível “alarmante” de desemprego e propôs uma “plataforma de diálogo” a nível municipal e regional para enfrentar as consequências da pandemia da covid-19.

Via Notícias de Coimbra
«Ricardo Silva, vereador social-democrata e presidente da concelhia, questionado sobre os números do desemprego naqueles setores, afirmou não dispor de dados oficiais por concelho mas, reportando aos números hoje divulgados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) relativos à região Centro e a áreas económicas concretas, bem como a “contactos informais” realizados, conclui que a Figueira da Foz “apresenta um dos maiores números de desempregados do Centro Litoral, Leiria, Coimbra e Aveiro incluídos”.
“Isto já por si nos deixa preocupados, em perfeito alarme”, enfatizou Ricardo Silva.
O vereador do PSD disse ter questionado hoje, em reunião do executivo municipal, se a maioria socialista “fez a correlação destes dados [do IEFP] para a realidade do concelho da Figueira da Foz e a que conclusões chegou”, e quer que os números concelhios sejam divulgados.
“O acompanhamento e estudo destes dados são importantes para pensar medidas de apoio social e ao tecido empresarial por parte da Câmara Municipal. E nós necessitamos destes dados concretos para podermos colaborar com ideias e propostas com vista a minorar esta crise na Figueira da Foz”, justificou Ricardo Silva.
Por outro lado, o PSD pretende “encontrar uma plataforma de diálogo” que reúna partidos políticos, Assembleia Municipal, juntas de freguesia e instituições de solidariedade social, mas também “as maiores empresas empregadoras da Figueira da Foz”, Associação Comercial e Industrial, Conselho Empresarial do Centro e Turismo Centro de Portugal ou cidadãos independentes, entre outros, para “ouvir, compartilhar diagnósticos, soluções e propostas” face à crise.
“Queremos reunir todos, ouvir todos. Apesar das [diferentes] ideologias e dos seus credos, de certeza que todos têm ideias para ultrapassar a crise que, infelizmente, se vai sentir ainda mais num futuro próximo. E quem tem responsabilidades tudo deve fazer para mitigar o que pode acontecer no futuro. Podemos e devemos ter medidas de apoio direto às famílias, instituições e empresas da Figueira da Foz”, defendeu Ricardo Silva.»

Pachecos Pereiras deste concelho: cuidem-se...

Ocupei a manhã desta segunda-feira a ver, em directo, a reunião de câmara. 
Foi um bocadito estéril, demagógica e propagandista, mas acabou por valer a pena, essencialmente pelo gozo e momentos cómicos que me proporcionou. Numa altura em que viver está pela hora da morte, não é coisa pouca.
Já que tenho  o humor e a boa disposição em alta, vou sublinhar duas notas positivas: esta e esta.
Se houvesse uma reunião da câmara por dia, o que não me cultivaria?!..
Recorde-se: o arquivo de José Pacheco Pereira, o mais público dos arquivos privados de Portugal, tem 5 km de arquivo e de segredos sobre a vida do país e dos seus protagonistas nos últimos 50 anos, guardados na pequena vila ribatejana da Marmeleira.
A terminar esta nota fica uma "reprimenda" a um fulano que anda a "mijar fora do penico": Ricardo  Silva, o senhor vereador da oposição, tem de perceber que não pode fazer, quando quer, intervenções de fundo. Esse "luxo" está ao dispor, em primeiro lugar, dos veradores da oposição "positiva". Portanto, acalme-se: como verificou, ainda conseguiu  falar nesta reunião...
Como sabe, na Figueira a oposição está catalogada: "uma, que alerta e quer contribuir para a melhoria do concelho e o bem dos figueirenses, que tem esta linha como principal orientação, e outra que tem uma preocupação essencialmente partidária."
Concretizando: "os vereadores Carlos Tenreiro e Miguel Babo têm a primeira postura. E também, às vezes, Ricardo Silva. Mas quando assume o papel de líder da Concelhia do PSD, tem uma postura diferente."

«Revolta», «indignação» e «desagrado»

Via Diário de Coimbra
"Misericórdias indignadas com insinuações de incúria por parte da tutela.
É desta forma que as Misericórdias do distrito de Coimbra reagem às afirmações feitas pelos responsáveis da Direcção-Geral de Saúde relativamente ao desempenho destas IPSS (instituições particulares de solidariedade social) que têm sido acusadas de alguma «incúria». «É uma tremenda injustiça», sublinha o presidente do Secretariado Regional de Coimbra. António Sérgio, também provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pampilhosa da Serra, não poupa críticas à forma “aligeirada” como a tutela deu e continua a dar respostas, e acusa mesmo a Direcção-Geral de estar a «tentar branquear o muito trabalho de muita gente, que está a dar o seu melhor»."

Afinal como é?..

"Temos de estar atentos à evolução da situação e tomar decisões até ao início de Maio", diz na edição de hoje do Diário as Beiras,  o vereador Miguel Pereira.
"Só vamos adiar a realização (do "Sunset") no limite da impossibilidade de ser realizado", disse na semana passada ao mesmo jornal o presidente da câmara Carlos Monteiro!..

"Só vamos adiar a realização (do "Sunset") no limite da impossibilidade de ser realizado"...

Imagem via Diário as Beiras
Estudar e planear, para tentar perceber o impacto da pandemia nos resultados económicos do próximo verão deveria ser prioridade, para quem tem a responsabilidade de se preocupar com a economia, num concelho como a Figueira da Foz, que depende sobremaneira do turismo.
Isso, porém, implicaria uma competência política, intelectual e técnica que não conseguimos descortinar numa equipa autárquica que, até à última hora, pelo que conhecemos, por ter vindo a público, espera que se vá realizar o Sunset.
Realismo exige-se: mesmo que a pandemia seja controlada até Julho, dificilmente a Figueira, que não é, até ao momento, um dos concelhos mais fustigados,  ficará “livre” do vírus.
O risco de ressurgimento de surtos epidémicos, se não houver responsabilidade, juízo e cuidado de todos, pode acontecer por aquilo que se designa por uma "segunda vaga"
António Costa, o primeiro-ministro, confrontado sobre a época  balnear, numa entrevista que deu ao Expresso, que lemos via Observador, foi claro: 
- "Já discutiu com os técnicos se vão ser necessárias medidas de restrição nas praias em agosto?"
- "Vão ser, seguramente. Há praias de grande extensão onde a aglomeração é facilmente evitável, há outras em que todos sabemos que a aglomeração é grande. A aglomeração não vai poder existir. As autarquias e as capitanias vão ter de tomar as medidas necessárias para que possamos ir à praia sem que se verifique uma aglomeração. O desconfinamento não vai significar que não tenhamos de praticar as regras de higiene de lavagem regular das mãos ou que não tenhamos de adotar mais medidas de proteção social, designadamente de uso de máscaras. Vamos ter de manter as medidas de afastamento social, a etiqueta respiratória. O que os cientistas nos dizem é que este vírus não hiberna no verão. O verão não vai ser um momento de interrupção."
Estamos quase no final de Abril. Ao que parece, para a autraquia figueirense, todos os cenários estão em aberto em relação ao Sunset.
Teremos, certamente, uma quebra brutal do turismo vindo de fora, com as consequentes perdas de rendimentos no sector hoteleiro e restauração. 
O que é que a autarquia figueirense tem pensado sobre isto, além do que foi dito pelo presidente do munícipio na recente declaração ao Diário as Beiras?

domingo, 19 de abril de 2020

Um Amigo destes merecia outra Figueira...

A propósito da postagem que a foto mostra - que pode ser lida, clicando aqui - recebi de um leitor deste espaço, o seguinte texto:

Agostinho:

"Sinto-me em paz e descansado porque "os figueirenses são pessoas bem-comportadas!" e, sobretudo, "o povo lusitano é obediente". Só falta dizer/escrever que é "atento e venerando" ... "a bem da nação"! ... mas "na Figueira, temos a sorte de ter uma cidade muita ampla ... cumprindo as indicações da DGS". Esta sigla diz-me qualquer coisa dos tempos de antanho!!! ... e aí de quem não cumprir "as indicações da DGS" ... está obviamente quilhado (aqui contive-me porque não quero ferir susceptibilidades ... e trauteio uma canção que, por exemplo, pode ser mesmo do Jorge Palma, aquela que diz "aí Portugal Portugal ninguém te leva a mal ... tens um pé no fundo do mar e ... etc etc".)

Fiquei a saber que se "podem fazer as compras tranquilamente no nosso Mercado Municipal" que "tem luvas disponíveis para os clientes". Alto lá e pára o baile! ...então o mercado é "nosso" e eu sou cliente! Algo não bate certo! Tenho que ir de luvas? e porque não de gorro e galochas e, já agora, de escafandro?!!! ...

Por favor, esclarece-me se posso um destes dias voltar à terra onde nasci (hesitei em escrever "terra natal") e encontrar "o nível de civismo, de solidariedade e de amor ao próximo" ... porque senão prefiro continuar exilado!

Um abraço deste que se assina, simplesmente ...
Eu"

Meu caro:
Muitos figueirenses - alguns dos que cá estão e outros que estando fora desejam regressar -  mereciam outra Figueira.
Claro que mereciam.
Mas, é esta que temos
- e é esta que temos de continuar a tentar mudar.
Com tranquilidade. E com serenidade - mas, talvez, sem toda a serenidade...

Gostava de te esclarecer se podes ou não voltar à terra onde nasceste. Se não fores muito exigente, vem. Se continuares a ter o grau de exigência que te reconheço, fica onde estás. Isto por aqui, não vai bem - e não é só por casua do COVID19 - e não deve ter melhoras nos próximos anos.
Um abraço deste teu amigo de longa data...
Agostinho

Uma mensagem para reflectir:

A todos aqueles que usam o tempo tendo  em vista o poder, o dinheiro e lugares que julgam importantes. A todos os  hipócritas, que só pensam neles. A todos os incompetentes, que atingem lugares que numa sociedade justa nunca teriam. A todos os vencedores, que subiram amesquinhando, atraiçoando  e  pisando tudo e todos. A todos os que são fortes com os fracos e fracos com os fortes! 
A todos estes, esta mensagem assenta que nem uma luva. Esta mensagem serve para lhes dizer que a Sociedade que construíram é a linda merda em que estamos a viver!
Vejam e ouçam...
Fica um agradecimento ao Casimiro Terêncio que me deu a conhecer este vídeo sacado daqui.

SIT permite revisitar grandes musicais na net

O bolo de 15 milhões e o jornalismo "não domesticado"...

"O BE pediu apoios de 15 milhões de euros para a comunicação social. 
A proposta dos bloquistas foi apresentada como um desafio ao Governo."
O BE pediu...
"E o Governo investiu 15 milhões de euros em publicidade institucional para apoiar comunicação social."
No fundo vai ser isto: "o Governo vai gastar 15 milhões de euros em publicidade institucional. A verba poderá começar a chegar aos órgãos de comunicação social ainda durante o mês de abril e traduz a prometida ajuda pública à imprensa, rádio e televisão". 
Traduzindo: os portugueses vão dar 15 milhões de euros à Comunicação Social. E a RTP e a Lusa ficaram de fora deste bolo.
Admitindo que o BE teve preocupações com a qualidade da informação a que os portugueses têm direito - os portugueses têm direito a mais que o facebook, pois o facebook é apenas o facebook... - e que numa sociadede culta, exigente e democrática, é fundamental haver  uma Comunicação Social livre e isenta, feita por jornalistas competentes, fica-me uma interrogação: quais são e onde estão esses órgãos de Comunicação Social? 
De acordo com a ministra da Cultura Graça Fonseca , esta verba representa o triplo do que estava previsto no Orçamento do Estado para 2020

É assim, atirando diheiro para cima do problema, que o poder, “mais do que apoiar os órgãos de comunicação social, tem como desígnio principal, defender um jornalismo livre, independente e plural”?
Uma “comunicação social” domesticada servirá de pouco aos que pagaram a factura dos 15 milhões: os portugueses... 

sábado, 18 de abril de 2020

"Vinte e quatro horas" é muito tempo!..

... quinta-feira:
... sexta-feira:
O dia está quase a terminar, portanto, "por todos os santinhos, não lhe perguntem nada hoje!!!"

Aconteceu...

Então a Câmara Municipal da Figueira já não tem material ao preço de custo?

Via Diário as Beiras
Cruz Vermelha de Maiorca pode deixar de fazer emergências por falta de equipamentos de proteção individual
"A delegação de Maiorca da Cruz Vermelha Portuguesa, no concelho da Figueira da Foz, pode deixar de fazer serviços de emergência a partir da próxima semana, devido à falta de equipamentos de proteção individual, nomeadamente, batas ou fatos adequados, que escasseiem no mercado.

Nenhum dos fornecedores contactados pela direção tinha produtos, devido ao aumento da procura, estimulado pela pandemia do novo coronavírus. O coordenador, António Carvalho, lançou um “apelo pessoal” nas redes sociais, na esperança de que alguém indique um fornecedor que tenha equipamentos. Contudo, até ao momento, ainda não surtiu efeito. De igual modo não foi bem-sucedido o pedido à Cruz Vermelha Nacional, pelas mesmas razões.

“Só temos equipamentos para mais uns dias. A situação está a ficar complicada para podermos continuar a responder ao número médio diário de chamadas de emergência (quatro). Se, entretanto, não conseguirmos comprar equipamentos, na próxima semana, poderemos ser forçados a deixar de assegurar o serviço, porque a segurança do nosso pessoal está em primeiro lugar”, afirmou aquele responsável ao DIÁRIO AS BEIRAS.

Os serviços de emergência da delegação maiorquense da Cruz Vermelha são assegurados, 24 horas por dia, por 60 voluntários e 14 funcionários."

Comportamento dos figueirenses... (6)

"Diria que sim! À semelhança da maioria dos portugueses, os figueirenses são pessoas bem-comportadas! De facto, para o bem e para o mal, o povo lusitano é obediente. Fomos obedientes noutras situações que, ao contrário desta, até nos prejudicaram, quando, por exemplo, nos mandaram emigrar ou empobrecer.
Característica que, provavelmente, foi adquirida à força durante o “saudoso” Estado Novo. Ao menos, os 48 longos anos de autoritarismo, corporativismo e privação de liberdade, que quase entraram no nosso ADN, serviram para alguma coisa! Prepararam-nos para que hoje pudéssemos ser um dos exemplos de sucesso ao nível do cumprimento destas regras de isolamento.
Em contrapartida, o 25 de Abril trouxe-nos o SNS, que finalmente vê o seu valor ter a visibilidade que merece, e, é claro, a democracia que nos oferece a autodeterminação para cumprir os nossos deveres, tal como agora fomos chamados a fazê-lo.
Na Figueira, temos a sorte de ter uma cidade muito ampla para o número de habitantes que tem, com muitos espaços públicos para todos desfrutarem do ar livre, longas avenidas, ciclovias e largos passeios, com a maior praia urbana da Europa repleta de passadiços e dois grandes pulmões e emissores de oxigénio, o mar e a Serra da Boa Viagem. Pelo que não há grande risco de se fazer uma caminhada higiénica sozinho ou com a família. E, apesar de se verem algumas pessoas na rua, estão distantes umas das outras, cumprindo as indicações da DGS.
Podem fazer-se as compras tranquilamente no nosso Mercado Municipal, espaço arejado, limpo, com desinfetante e luvas disponíveis para os clientes. Ou nas mercearias, talhos e padarias do nosso comércio tradicional que implementaram regras muito eficazes de higiene e de distanciamento, onde temos a oportunidade de comprar localmente o que é português. Algo que devemos valorizar cada vez mais!
Claro que, como diria Jorge Palma, “a gente vai continuar”, e, paulatinamente as coisas terão de ir voltando ao normal. Os figueirenses terão todas as condições para que, com liberdade, continuem a demonstrar o nível de civismo, de solidariedade e de amor ao próximo, tal como o têm feito, pois “A liberdade é uma maluca que sabe quanto vale um beijo”.
Via Diário as Beiras

25 de Abril, não é um Dia - é Sempre!

Assembleia Municipal da Figueira da Foz, pela primeira vez, não se reúne em sessão extraordinária e solene do 25 de Abril, devido à pandemia."
E qual é o problema? 
Para mim nenhum... Há muito que não ia às cerimónias oficiais figueirenses, diga-se, sempre bonitas, empolgantes e bem apessoadas mesmo. Mas, igualmente fastidiosas e maçadoras.
Os cravos vermelhos ao peito, no dia 25 de Abril. Depois, os discursos a encher a boca de Abril... A terminar o Hino!
O problema - no Dia, o cravo vermelho ao peito a todos fica bem... - é o ano ter mais mais outros trezentos e sessenta e picos dias, para os quais também se fez o 25 de Abril? 
Em quantos deles os promotores e participantes das comemorações oficiais de Abril na Figueira, se vão lembrar que Portugal em 2020 deveria ser aquilo que não é: um País de Abril.

Portanto:

"O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita"...

"As obras das praças e ruas adjacentes da Baixa figueirense registam largos meses de atraso."
Imagem via Diário as Beiras

E de desgraça em desgraça, de azar em azar, de desculpa em desculpa, lá vamos andando.
Estamos a poucos dias do 25 de Abril.  Por aqui, há muito que não há nada para celebrar, antes pelo contrário: na Figueira da Foz, infelizmente, todos os dias do ano são dias para lamentar.
Nada do que está a acontecer com as obras de requalificação do núcleo antigo da Figueira da Foz, foi por acaso: este é um dos exemplos, visíveis e palpáveis, "da forma como é dirigido o concelho - sem estratégia, sem auscultação das populações, sem a preocupação de melhorar a vida das pessoas, sem criar atractivos para os empresários instalados ou que se queiram instalar com vista à criação de emprego, o qual tanta falta faz aos nossos jovens, não promovendo também a consequente fixação de mais população no nosso concelho".
Confesso: mais do que preocupado, estou cada vez mais apreensivo com o futuro dos comerciantes da Rua dos Combatentes. A realidade é a realidade...

Ainda bem que há "20% de excepcionais" a bater bem...

Está tudo explicado numa carta enviada a António Costa....

Covid-19. Onde é que o Estado pode poupar 4.500 milhões de euros?

"É uma carta assinada por 13 personalidades, como Paulo Morais, João Paulo Batalha, Susana Peralta, Nuno Garoupa ou o empresário Henrique Neto, e propõe ao Estado uma poupança de 4.500 milhões de euros no Orçamento do Estado para 2020, apoiando, com esse dinheiro, fortemente a economia portuguesa nesta dura crise."

"Gosto de estar sozinho na minha trincheira."

Um texto de António Fernando Nabais, que pode ser lido na íntegra no Aventar:
"25 de Abril com distanciamento social"

"Adoro o 25 de Abril. Se o 25 de Abril fosse uma pessoa, faria tudo para que me considerasse seu amigo. Todos os anos, comemoro o 25 de Abril, porque o considero um dos meus maiores amigos. A generosidade do 25 de Abril vai ao ponto de ser bom para quem não gosta dele. Às vezes, penso que o 25 de Abril chegou a frequentar a catequese e saiu de lá cheio de amor ao próximo, incluindo os vendilhões do templo. Não que seja perfeito, mas não me lembro de ter amigos perfeitos.

Gosto de estar sozinho na minha trincheira. A bem dizer, dispenso, até, a trincheira. As minhas memórias e um cravo chegam-me. Não preciso de mostrar o meu 25 de Abril a ninguém, até porque o 25 de Abril é para todos, mesmo para aqueles que dizem mal dele, aqueles que chegam a ter saudades de 24 de Abril, aqueles que até podem, finalmente, decidir não estar presentes numa cerimónia em que nunca gostaram de estar. A partir do momento em que tive poder para decidir, nunca mais fui à missa."