Segundo a edição de hoje do Diário as Beiras, "o vereador Miguel Babo (eleito pelo PSD, com a confiança política retirada pelo partido) defendeu, numa reunião de câmara realizada à porta fechada, a criação de um provedor municipal para a comunicação social."
Continuando a citar o mesmo jornal, "terá, ainda, posto em causa a selecção das notícias publicadas sobre as reuniões públicas do executivo camarário".
Miguel Babo admitiu que tomou a iniciativa de abordar aquele tema para estimular uma reflexão. “A qualquer provedor cabe, por meios informais, defender os direitos, liberdades, garantias e interesses legítimos do cidadão”, defendeu. O vereador ressalvou que lançou o tema quando falava sobre a falta de condições de trabalho – falta de assessorias, por exemplo – com que se depara a oposição para melhor poder exercer e comunicar a sua actividade autárquica.
Miguel Babo defende a existência de um provedor municipal para a comunicação social.
O vereador (e presidente da Concelhia do PSD) Ricardo Silva tem uma posição contrária: “o PSD nunca foi, nem será, favorável a medidas que condicionem a liberdade de imprensa”.
O Sindicato dos Jornalistas, por seu turno, através da dirigente Paula Sofia Luz, considera “ilegítima a sugestão do vereador em causa”. Por outro lado, acrescentou, “lamenta que, 45 anos em liberdade, não tenham bastado ainda para que Miguel Babo perceba que os jornalistas devem apenas obediência ao seu Código Deontológico e Estatuto do Jornalista, devidamente acompanhadas por órgãos como a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista e pelo Conselho Deontológico dos Jornalistas”.
“O vereador Miguel Babo lamentou o facto da comunicação social não veicular (na sua óptica) alguns assuntos de grande importância que são tratados naquelas reuniões". Porém, “tratou-se, tão-somente, duma opinião de ensaio, merecedora de todo o meu respeito democrático. Assim como, da minha parte e do vereador Miguel Babo, é merecedor de todo o nosso respeito democrático o critério editorial dos media na selecção dos assuntos que publicam”, disse ainda Carlos Tenreiro.
Contactado pelo DIÁRIO AS BEIRAS, o gabinete da presidência da câmara (de maioria socialista) afirmou: “Ouvimos a sugestão, mas, para nós, não faz sentido”.
Notas OUTRA MARGEM.
1. Partindo do pressuposto que existe o problema apontado por Miguel Babo na comunicação social figueirense, a solução não passa pela criação de um provedor municipal, pois isso,a meu ver, não é possível, por ser ilegítimo.
2. Continuando a admitir que o problema existe, isso corresponde a um espelho da sociedade figueirense: o que importa é sobreviver, de preferência bem, onde a qualidade não é fundamental para o brio profissional de muitos. Isto é tolerado pela maioria. No tempo que passa, com a mania dos políticos e outros propagandistas fazerem notas de imprensa, o jornalista apenas a copia como notícia. Isso é preocupante: piorou não só a qualidade do texto e da informação, mas inclusive a sua credibilidade.
3. Percebemos que a degradação do jornalismo atingiu níveis alarmantes quando verificamos falta de exigência profissional, esvaziamento das bases culturais, a perda de referências históricas, a incapacidade de formular raciocínios e exprimir ideias que ultrapassem o patamar das conversas de café. Este - não tenhamos ilusões - é um dos principais motivos do crescente divórcio entre jornais e leitores. Se enquanto consumidor regular da Internet posso ter mais e melhor leitura, sem gastar dinheiro e sem sair de casa, por que motivo me darei ao trabalho de adquirir um jornal que ainda por cima me trata como se eu fosse intelectualmente inferior?
4. O que levou a isto? Certamente falta de muita coisa: falta de exigência, falta de cultura, falta de rigor, falta de brio, falta de memória, falta de investimento nas redacções.
5. Vivemos numa época em que o jornalismo de qualidade ainda existe, mas é residual. O que é preocupante: um jornalismo de qualidade residual, numa sociedade em que os valores também parecem ser residuais, contribui para aquilo que, a meu ver, é verdadeiramente preocupante: estarmos condenados a viver num cidade onde a democracia também acaba por ser residual. O que, a meu ver, deveria constituir motivo de preocupação e reflexão para todos nós, pois esse é o verdadeiro problema.
Continuando a citar o mesmo jornal, "terá, ainda, posto em causa a selecção das notícias publicadas sobre as reuniões públicas do executivo camarário".
Miguel Babo admitiu que tomou a iniciativa de abordar aquele tema para estimular uma reflexão. “A qualquer provedor cabe, por meios informais, defender os direitos, liberdades, garantias e interesses legítimos do cidadão”, defendeu. O vereador ressalvou que lançou o tema quando falava sobre a falta de condições de trabalho – falta de assessorias, por exemplo – com que se depara a oposição para melhor poder exercer e comunicar a sua actividade autárquica.
Miguel Babo defende a existência de um provedor municipal para a comunicação social.
O vereador (e presidente da Concelhia do PSD) Ricardo Silva tem uma posição contrária: “o PSD nunca foi, nem será, favorável a medidas que condicionem a liberdade de imprensa”.
O Sindicato dos Jornalistas, por seu turno, através da dirigente Paula Sofia Luz, considera “ilegítima a sugestão do vereador em causa”. Por outro lado, acrescentou, “lamenta que, 45 anos em liberdade, não tenham bastado ainda para que Miguel Babo perceba que os jornalistas devem apenas obediência ao seu Código Deontológico e Estatuto do Jornalista, devidamente acompanhadas por órgãos como a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista e pelo Conselho Deontológico dos Jornalistas”.
“O vereador Miguel Babo lamentou o facto da comunicação social não veicular (na sua óptica) alguns assuntos de grande importância que são tratados naquelas reuniões". Porém, “tratou-se, tão-somente, duma opinião de ensaio, merecedora de todo o meu respeito democrático. Assim como, da minha parte e do vereador Miguel Babo, é merecedor de todo o nosso respeito democrático o critério editorial dos media na selecção dos assuntos que publicam”, disse ainda Carlos Tenreiro.
Contactado pelo DIÁRIO AS BEIRAS, o gabinete da presidência da câmara (de maioria socialista) afirmou: “Ouvimos a sugestão, mas, para nós, não faz sentido”.
Notas OUTRA MARGEM.
1. Partindo do pressuposto que existe o problema apontado por Miguel Babo na comunicação social figueirense, a solução não passa pela criação de um provedor municipal, pois isso,a meu ver, não é possível, por ser ilegítimo.
2. Continuando a admitir que o problema existe, isso corresponde a um espelho da sociedade figueirense: o que importa é sobreviver, de preferência bem, onde a qualidade não é fundamental para o brio profissional de muitos. Isto é tolerado pela maioria. No tempo que passa, com a mania dos políticos e outros propagandistas fazerem notas de imprensa, o jornalista apenas a copia como notícia. Isso é preocupante: piorou não só a qualidade do texto e da informação, mas inclusive a sua credibilidade.
3. Percebemos que a degradação do jornalismo atingiu níveis alarmantes quando verificamos falta de exigência profissional, esvaziamento das bases culturais, a perda de referências históricas, a incapacidade de formular raciocínios e exprimir ideias que ultrapassem o patamar das conversas de café. Este - não tenhamos ilusões - é um dos principais motivos do crescente divórcio entre jornais e leitores. Se enquanto consumidor regular da Internet posso ter mais e melhor leitura, sem gastar dinheiro e sem sair de casa, por que motivo me darei ao trabalho de adquirir um jornal que ainda por cima me trata como se eu fosse intelectualmente inferior?
4. O que levou a isto? Certamente falta de muita coisa: falta de exigência, falta de cultura, falta de rigor, falta de brio, falta de memória, falta de investimento nas redacções.
5. Vivemos numa época em que o jornalismo de qualidade ainda existe, mas é residual. O que é preocupante: um jornalismo de qualidade residual, numa sociedade em que os valores também parecem ser residuais, contribui para aquilo que, a meu ver, é verdadeiramente preocupante: estarmos condenados a viver num cidade onde a democracia também acaba por ser residual. O que, a meu ver, deveria constituir motivo de preocupação e reflexão para todos nós, pois esse é o verdadeiro problema.