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As relações entre o militante Carlos Tenreiro e o independente Miguel Babo, de um lado, e a estrutura local do PSD/Figueira, do outro lado, são tensas desde a campanha eleitoral para as autárquicas de 2017.
O processo de candidatura de Tenreiro foi uma comédia.
Aliás, na véspera da apresentação pública da candidatura, Carlos Tenreiro esteve para não ser o candidato do PSD à autarquia. Na altura, presidia à Concelhia Manuel Domingues.
Carlos Tenreiro, na edição de hoje do jornal DIÁRIO AS BEIRAS, acusa Ricardo Silva de ter “tiques de tiranete”.
Carlos Tenreiro não aceita que seja a Concelhia a mandar na vereação. “Os vereadores são seres pensantes”, defendeu. E acrescentou: “Ao afirmar publicamente que quem manda na vereação é a Concelhia, trata-se duma declaração infeliz, com tiques de tiranete, que descredibiliza o autor da mesma e de quem o acompanhar, assim como afecta o bom nome e a matriz do PSD”.
Carlos Tenreiro lembra que Ricardo Silva, que foi seu director de campanha, “foi a mesma pessoa que apoiou publicamente João Ataíde (PS), nas eleições autárquicas de 2009, contra a recandidatura de Duarte Silva (PSD), contribuindo para uma das piores derrotas que o PSD sofreu localmente”.
A pior, foi mesmo a que Carlos Tenreiro sofreu em 2017.
Contactado pelo DIÁRIO AS BEIRAS, Ricardo Silva limitou-se a dizer que se trata de “um assunto interno do partido”. Por outro lado, rematou: “O combate objectivo do PSD visa a câmara e não atacar os militantes do PSD”.
Embora não me reveja nas opções e opiniões políticas de Ricardo Silva, não posso deixar de manifestar a minha admiração por um politico que se move por ideias, defende convicções e assume corajosamente a luta por aquilo que julga estar certo. Sendo um caso raro nos tempos que correm, na Figueira e no País, fica o registo.
Por aquilo que já deu para perceber, Ricardo Silva veio baralhar os habituais esquemas dos figueirinhas, que detestam ser confrontados e, muito menos, ser incomodados.
O normal, é fazerem panelinha uns com os outros.
Veja-se, o post de Carlos Tenreiro sobre o caso dos 32 000 pinheiros.
Ricardo Silva já mostrou que com ele é diferente: vai direito ao cerne dos problemas.
Porreirismo não é a sua praia.
Basta assistir às reuniões de câmara, que decorrem à porta aberta, para dar conta dos incómodos que já deu ao presidente da câmara e aos vereadores da "situação".
Vê-se que, da oposição, é o único que estuda os problemas e tem opinião consistente e fundamentada.
Presumo que não deve ser fácil para Ricardo Silva confrontar-se com os "reis do charme mediático figueirense", Babo e Tenreiro.
É possível que no cenário político figueirense actual, Ricardo Silva pouco poderá fazer contra as máscaras mediáticas, que servem perfeitamente num cenário de administração camarária ordinária.
Para ultrapassar o cenário de crise, a Figueira terá de ficar nas mãos de políticos de carne e osso e com conteúdo político conhecido.
Por isso, será natural que, na Figueira, muitos políticos passem e Ricardo Silva fique.