quarta-feira, 26 de março de 2014
Deixemos as flores e voltemos às demolições (II)
Ontem, por causa da publicação desta postagem, recebi na caixa de comentários do Outra Margem
o seguinte comentário:
“António disse...
Acabe-se com esta demagogia verborreica de uma vez por
todas! O meu caro Agostinho conhece o plano de pormenor do Bairro Novo? já
ouviu falar? sabe o que são direitos adquiridos? sabe em que situações, de
acordo com a lei, é possível dar ordem de demolição de um imóvel? Sabe quanto é
que a Câmara teria que indemnizar o privado se quisesse demolir o prédio? Sabe
qual o valor do prédio no imobilizado da empresa? Conhece os pareceres
jurídicos sobre o assunto? sabe que a Açoreana apresentou um projecto de
requalificação do imóvel que foi aprovado e a que não deu seguimento? Sabe que
a Açoreana por duas vezes teve que intervencionar o prédio por ordem da Cãmara
fazendo aquilo que era possível à edilidade obrigar. Sabe que, de acordo com os
juristas, um processo judicial arrastar-se-ia anos e anos e a situação ainda
era pior, porque a Câmara perderia de certeza? Sabe de todas as démarches e as
entidades contatadas para resolver este problema? Sabe os técnicos e horas que
foram investidas na busca de uma solução? Pois é, o problema é falar sem saber.
E a sua ignorância nesta matéria é que compara duas situações que,
simplesmente, não são comparáveis. Caro Agostinho: escreve do que sabes e o que
não souberes pergunta (estou disponível se souber responder) e estuda.
Cumprimentos. António Tavares
25 Março, 2014 15:09”
De imediato, teve a seguinte resposta do autor deste blogue:
“Antonio Agostinho disse...
Então, aproveitando a sua boa vontade, ficam algumas
perguntas, creio que do interesse de quase todos os figueirenses:
Quanto é que a Câmara, neste caso concreto, teria que
indemnizar o privado se quisesse demolir o prédio?
Qual é o impedimento pra o cumprimento da lei, do valor do
prédio no imobilizado da empresa?
O que dizem os pareceres jurídicos sobre o assunto?
Porque é que a Açoreana apresentou um projecto de
requalificação do imóvel que foi aprovado e não deu seguimento?
Não era obrigação da Câmara zelar pelo cumprimento dos
seguimento do projecto?
Porque é as situações não são comparáveis?
A Câmara do Porto tem mais poderes legislativos ou mais
competências legais que a Câmara da Figueira?
Porque é que a Câmara perderia de certeza um processo
judicial?
Seguindo o seu raciocínio estamos num país sem lei - os
tribunais não funcionam?
Sobre a minha ignorância - que é real.
A culpa não será da Câmara que não disponibiliza a
informação aos habitantes do concelho?
Será com reuniões à porta fechada - para os munícipes e para
os jornalistas - que se incentiva à participação na vida colectiva do nosso
concelho?
Cumprimentos
25 Março, 2014 16:50”
Como não obtive resposta, não vou perder mais tempo com a
pseudo-exegese do António Tavares.
Não vou, por uma
razão muito simples - por muito que tenha escrito, faltou-lhe a
humildade de se reconhecer também, a ele, como parte do problema.
O cerne da questão, como António Tavares muito bem sabe, é
outro, bem mais complicado.
É o medo.
Na Figueira não há a Câmara
e os privados.
Na Figueira, há
apenas e só quem tenha relacionamento com e com a Câmara - omnisciente e
omnipresente - isto é, de uma forma ou de outra toda a gente depende da Câmara,
ponto.
No fundo, no fundo os “democratas”, como se intitulam, não
querem o debate, preferem como a pseudo-exegese demonstra, atirar-se
às pernas.
Por outras palavras, preferem tentar matar o mensageiro a discutir a mensagem...
Tivesse António Tavares, que não é arguido ou suspeito no seu percurso
camarário do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade, uma réstia
de dignidade, uma réstia de moralidade, e seria o primeiro a condenar este tipo
de comportamento, que também conheceu e foi vítima, quando estava do outro lado.
Mas não. António Tavares acha-se uma vítima, a única vítima.
E no PS, neste PS, de
que se tornou militante nas circunstâncias e no período temporal conhecido, as
vítimas reagem sempre da única forma que conhecem - à canelada.
Os meus melhores cumprimentos senhor vereador.
Assim a vida passa vagarosa: O presente, a aspirar sempre ao futuro: O futuro, uma sombra mentirosa.
“Das coisas mais difíceis que há na vida é prever o futuro,
dizia Miguel Torga em 1948 no “Diário”. A afirmação é evidente. Serve para
qualquer um de nós - para a cidade ou país onde vivemos ou até este planeta
onde partilhamos este mundo globalizado que criámos.
Embora “nem possa ter a certeza dos processos nem a
verificação dos fins”, como refere Pessoa, no “Livro do desassossego”, posso ao
menos definir objectivos para, caminhando, para eles ir criando o caminho.
O que não posso nem devo, enquanto responsável político, é
limitar-me a gerir a res pública de uma forma avulsa, condicionado à obrigação
de tratar o lixo, limpar a cidade e pouco mais. Ou condicionar-me a actos
avulsos de celebração cultural, mais popular ou mais erudita, permitindo carnavais
sem identidade ou satisfazer-me com iniciativas sem enquadramento num plano de
futuro.
A Figueira, cuja actividade portuária foi importantíssima nos
séculos XVII e XVIII, que teve uma incomparável actividade turística dos finais
do século XIX e até meados do século XX, adormecida por tão notáveis êxitos,
acabou por não definir novos objectivos, terminados os anos de ouro. Se “o
caminho se faz caminhando”, não é menos verdade que não chegaremos onde não
sabemos para onde ir.
Talvez que o facto de termos agora um responsável regional
possa ajudar a definir objectivos através das sinergias que potenciem todos e
cada um dos concelhos da nova CIM. E que, na falta de recursos, ao menos se
consagre no planeamento regional e local os objectivos que verdadeiramente merecem
a região e o concelho.”
Em tempo.
O título é do Poeta Antero de Quental (“Sonetos” 1860-62) e é uma escolha do autor do Outra Margem.
O porquê da centralização da fiscalização bancária na Europa
A figura da semana:
|
“Anda tudo para aí muito satisfeito com o facto de a União
Europeia ir finalmente concentrar no BCE os mecanismos de fiscalização
bancária, algo que há muito já deveria ter sido feito, dizem.
De facto, deveria; mas não foi, e não é por acaso que não
foi; e agora é, e não é por as instituições e os deputados europeus terem
finalmente feito o que já deveriam ter feito.
O que acontece é que a crise financeira vai chegar agora aos
grandes bancos europeus.
A crise financeira (que não tem nada a ver com a crise das
dívidas soberanas, que é a consequência directa do Tratado de Lisboa) resulta de
o enriquecimento bancário se ter feito através de processos especulativos que
estoiraram quando as pessoas, por efeito desses mesmos processos que aumentaram
a desigualdade, começaram a empobrecer - a especulação alimenta-se do
enriquecimento das vítimas, se estas empobrecem, morre. Os bancos pequenos não
tinham como fugir às consequências da crise e estoiraram; mas os bancos grandes
estão exactamente na mesma situação, ou pior, porque a sua capacidade
especulativa é muito maior.
Eu já escrevi há anos que o Deutsche Bank deve ter um buraco
tão grande que a Lua cabe lá dentro; até agora, têm conseguido esconder esse
buraco, mas isso não vai durar muito mais; e quando ele estoirar, quem o vai
assumir? A Alemanha vai fazer o mesmo que Portugal fez?
Claro que não! A Alemanha vai chutar o problema para a
Europa, para o BCE, para nós!!!
Nós ainda vamos ter de contribuir para tapar o buraco do
banco da Alemanha. Já estamos a contribuir, este processo das dívidas soberanos
está a ser usado para tapar esse buraco à nossa custa; mas não chega, é preciso
mais, muito mais.
Portanto, já sabem: o processo em curso, o trabalho
apresentado pela Elisa Ferreira, não é o resultado da acção dos deputados em
defesa da Europa, é o resultado da acção das instituições europeias ao serviço
da Alemanha.”
terça-feira, 25 de março de 2014
Para mais tarde recordar
foto Paulo Pimenta |
Um blogger acima das possibilidades...
Em tempo.
Pouco tenho a dizer. Apenas, como sempre, aquilo que penso... E estou a pensar nos políticos em geral.
Que está a chegar ao limite da dignidade a capacidade de ser
um moço de recados alheios.
Que se está a prescindir da própria consciência e dignidade
para conseguir ser, não eleito do povo, mas mandarete teórico de alguns
milhares de militantes partidários controlados pela máquina partidária.
Que se está a agravar aquilo que vejo há
muito estar a acontecer: as minorias partidárias falseiam o resultado das eleições, impedindo o contacto do eleito com os eleitores (que
não são, claro, as bases partidárias).
Que está a crescer entre o povo o sentimento de que os eleitos não são seus representantes.
Que cada vez percebo melhor, por que se recusam os partidos a
dialogar entre si: querem o poder todo.
QUEM É IGUAL A QUEM? OU A RESISTÊNCIA HERÓICA DAS MULHERES DA COVA/GALA
Adelino Tavares da Silva, o autor deste inédito, foi meu Amigo e um grande
jornalista deste País, tendo chegado a ser Director do extinto «O Século», a
seguir ao 25 de Abril de 1974.
Quando morreu pertencia ao quadro de jornalistas
do também já extinto «O Diário».
Adelino Tavares da Silva tinha raízes
familiares no nosso concelho, pois o seu Pai – o Comandante Rainho – era da
Gala.
Como dizia Adelino Tavares da Silva, «é a contar estórias que a gente se entende».
Tinha tomado conhecimento deste evento há uns dias numa conversa onde dei conta do entusiasmo com os que os trabalhos estão a decorrer.
Francisco Sanchez, é o Encenador.
Portanto, no dia 5 de abril todos ao CLUBE MOCIDADE COVENSE!
Este "é um problema estritamente da administração do Hospital?..
foto António Agostinho |
Solicitado pela bancada do Movimento Somos Figueira, o
parecer da Protecção Civil sobre o novo parque de estacionamento do Hospital
Distrital da Figueira da Foz já foi entregue ao executivo, mas os vereadores da
oposição só foram informados há minutos, no decorrer da própria reunião, pelo
que o assunto só será discutido numa próxima reunião. Ainda assim, numa breve
apreciação, João Ataíde, presidente da autarquia, admitiu que o relatório da
Protecção Civil "levanta algumas questões e não é favorável à solução ali
implementada", havendo "melhorias a efectuar na sequência das
críticas". O edil sublinha, no entanto, que este "é um problema
estritamente da administração do Hospital". (Via Foz Do Mondego Rádio)
Deixemos as flores e voltemos às demolições
Avenida 12 de Julho, Gala. Foto de António Agostinho sacada daqui |
Ontem no Porto começou a ser demolida uma antiga fábrica que era um foco de
tráfico e consumo de droga.
De acordo com a autarquia, o processo de tomada de posse
administrativa do terreno, com “cerca de 130 metros de comprimento por 95 de
largura”, foi iniciado “apenas 2 semanas” depois de Rui Moreira ter sido
empossado presidente da Câmara, tendo em conta “problema social gravíssimo” do
espaço.
As demolições começaram, segunda-feira, porque terminaram na sexta-feira “os trâmites
legais e o prazo dado em edital para que os proprietários tomassem medidas”,
justifica o site do município portuense.
Pela Figueira é o que sabemos.
António Tavares, vereador PS, no poder há quase 5 anos.
“... não conseguimos perceber como pode a Açoreana, empresa proprietária do chamado edifício "O Trabalho", fazer perpetuar e permitir a degradação constante do mamarracho que todos conhecemos, para mais situando-se numa zona nobre da cidade e degrande fluxo de turistas e locais..."
A Figueira é mesmo uma cidade que não se leva a sério...
Das flores
“Obviamente,
queriam-me calado. Conheço-lhes os dotes censórios quando tinham poder para tal
e deles fui vítima, sem rebuço nem decoro. Incomodam-se com a poesia, com a
simples poesia ou com a descrição de factos, de meros factos. Vitupério!
Gritam as bruxas.
Preferem o silêncio e a omissão e rejubilam no ruído cáustico das suas macabras
danças.”
(António Tavares, vereador PS,
no jornal AS BEIRAS)
Em tempo.
Aos cinquenta e tal anos,
será que o vereador queria, finalmente, ter
encontrado alguém carinhoso, atencioso, que lhe faça as vontadinhas todas e
que, mesmo passados 5 anos, continue a oferecer-te flores?..
Não será, talvez, ingenuidade a mais?
Como escreveu Mao Tse Tung: “deixai
que cem flores desabrochem e que floresçam as discussões”.
Entre as cem flores, algumas sempre resistem
ao tempo e à secura. Entre as begónias e gladíolos, pode ser que permaneça alguma rara.
Por exemplo, uma gardénia ou uma centáurea...
segunda-feira, 24 de março de 2014
O programa de empobrecimento está a ser um êxito!..
Com uma invejável determinação e coragem o Governo tem
conseguido transformar milhões de portugueses em pobres, os chamados novos pobres, pelo que o nosso índice de
felicidade tem vindo a subir sustentada e estruturalmente.
O país está melhor! «Quase dois milhões de pessoas em risco de pobreza. 10,9% da população em privação material severa», são resultados estimulantes...
É verdade que existe uma pequena minoria que tem sido discriminada, mas...
“Autarquia assume gestão do complexo desportivo do Estádio Municipal José Bento Pessoa”, uma questão que interessa a todos os Clubes do nosso Concelho que vai ser discutida e votada amanhã em reunião de Câmara
Texto hoje publicado no jornal AS BEIRAS:
“A Câmara da Figueira da Foz chamou a si a gestão do Estádio
Municipal José Bento Pessoa, que era gerido há várias décadas pela Naval 1.º de
Maio, no âmbito de um protocolo assinado com o clube. A denúncia do acordo acontece
na sequência da expiração da validade do documento, no dia 14 de fevereiro último.
Deste modo, a autarquia evita pagar indemnizações ao coletivo navalista.
Todavia, o novo regulamento da utilização do complexo desportivo
não agrada a ninguém, incluído a Naval.
Por sua vez, o Ginásio Clube Figueirense, que recuperou a
secção de futebol ao abrigo de um protocolo com a empresa privada Academia 94,
manifestou o seu descontentamento através de carta enviada ao executivo
camarário, a que o DIÁRIO AS BEIRAS teve acesso.
Na extensa missiva, o Ginásio alude a “anos e anos de sistemáticos
incumprimentos e violações flagrantes do protocolo de concessão das instalações
desportivas do estádio municipal”. Mais à frente acrescenta que o novo regulamento
viola alguns princípios que regem a gestão pública, advogando a sua “clara
nulidade”.
A direção ginasista invoca a “violação dos princípios da igualdade
e da livre concorrência” e critica a “atribuição de uma condição preferencial a
uma entidade [Naval]”.
Por outro lado, adverte que, “caso a salvaguarda dos
referidos princípios não seja assegurada pelo regulamento”, recorrerá aos meios
legais a seu dispor.
O peso da história
A proposta de regulamento do executivo municipal que vai
amanhã a votos na reunião de câmara dá preferência à Naval na utilização dos
campos sintéticos. A autarquia baseia-se no histórico dos clubes e associações que
utilizam ou pretendam utilizar o equipamento desportivo, o que coloca os
navalistas no topo da lista de utilizadores.
Recorde-se que o protocolo celebrado entre a autarquia e a
Naval que vigorava desde 2009 foi alterado em 2011.
Entre outras cláusulas, previa um apoio mensal de 10 mil
euros para a secção de formação do clube e em caso de denúncia unilateral do documento
pela autarquia esta teria de pagar as obras realizada pela Naval no estádio municipal
desde 1989.
Este segundo artigo caiu com a revisão do documento e o apoio
desceu para 7.500 euros.
O pagamento da água, eletricidade e gás pela câmara também
foi anulado, passando a despesa para a Naval.
Porém, como a autarquia nunca pagou os 7.500 euros e os
contadores mantiveram-se em seu nome, o clube remetia a fatura dos três
serviços para a autarquia. De resto, neste encontro de contas, a Naval é
credora.
Impedido de utilizar
os sintéticos
A Naval exige ao Grupo Desportivo da Chã uma verba mensal pelo consumo de água, eletricidade
e gás. Como ainda não houve acordo, este clube amador de Tavarede que utiliza
os campos de treinos do estádio municipal há mais de 30 anos está impedido de
utilizar os relvados sintéticos, desde há duas semanas. Fátima Trigo, presidente
do GDC, afiança que, sem o apoio da câmara, as verbas agora exigidas pela Naval
(300 euros por mês) “são incomportáveis”. Por outro lado, exige igualdade de condições
na utilização dos equipamentos municipais.
A União Desportiva da Gândara tem o seu próprio campo com
relva artificial, o primeiro dos dois de que o concelho dispõe. O clube não necessita,
portanto, do estádio municipal. Contudo, o presidente, Antonino Oliveira, mostra-se
“solidário com os clubes que contestam o direito de preferência” que a autarquia
concede à Naval. O dirigente gandarês aproveita para exortar a câmara a
municipalizar o campo de Bom Sucesso, “para poder servir os clubes do norte do
concelho”.
O executivo municipal recusou-se a falar sobre o assunto antes
da reunião de câmara de amanhã. E, apesar das tentativas, não foi possível
recolher declarações da Naval 1.º de Maio.”
“louvor e simplificação de José Penicheiro”
Zé Penicheiro faleceu no passado dia 15.
Na altura Fernando Campos escreveu o seguinte:
E como o prometido é devido cá está o "depoimento que foi um pouco para além da ditirâmbica palermice circunstancial" do Fernando Campos
(pode ser lido na íntegra, clicando aqui).
Termina assim.
“Quando o conheci, em 1981, trabalhei com ele em
publicidade. Aprendi imenso (a relevância do seu contributo para a linguagem
desta arte de comunicação dava para escrever um tratado, um capítulo à parte na
sua vasta obra criativa (só semelhante ao de outro figueirense, Cândido Costa
Pinto. Este até com obra teórica publicada sobre o assunto, embora nunca tenha
exercido actividade na região). Mas em 84 (ou 85), quando trabalhei para ele -
na impressão serigráfica dos seus trabalhos – já ele se dedicava finalmente, em
exclusivo, à sua paixão de toda a vida, a pintura. Tinha mais de sessenta anos.
Numa idade em que a maior parte dos homens calça as pantufas
e se senta ao borralho a olhar para ontem, Penicheiro preparava-se para começar
outra vida. Criativa. E para consumar a sua obra – uma obra que teria, contudo,
um carácter sempre reminiscente, também a olhar para ontem, numa espécie de
interminável “Amarcord”.
Todavia, ao contrário de Fellini, não existe em Penicheiro o
conflito, o pormenor, o improviso, a blasfémia, o humor (ou o sarcasmo), a
revolta, a gargalhada, a obscenidade, a subversão, o grito.
Não há rostos, nem olhares, nem expressões na sua obra. Nem
se vêem das mãos as linhas da vida, ou as unhas negras e as calosidades. Apenas
vultos. Os homens, de chapéu; as mulheres, de lenço na cabeça, sempre curvada.
Tudo sob um manto intrincado de manchas opacas, numa densa bruma esquartejada
de harmoniosas decomposições tonais atenuadas. E uma indelével impressão de
nostálgica e solene mansidão resignada.
Penicheiro não pinta o que vê, pinta o que viu. Ou melhor, a
impressão com que ficou.
Foi esta visão sentimental, silenciosa e velada pela
distância do tempo que talvez tenha tranquilizado os novos (e até os velhos)
burgueses. A-do-ra-ram. Penicheiro tornou-se mesmo o artista mais premiado e
homenageado pelos “clubes de
serviço”. Arrematavam tudo, em alegres e
selectas jantaradas. À peça ou à molhada.
A consagração popular veio depois, naturalmente. O povo,
como é sabido, aplaude sempre os vencedores.
Porém, a coroa de glória de Zé Penicheiro, a verdadeira
consagração, surgiu já quase no fim da sua vida (e carreira, que os artistas
trabalham sempre até ao fim), em 2004: a encomenda de um mural monumental pela
Universidade de Aveiro, para comemoração dos seus trinta anos.
Nada mal. Para um homem que se tinha feito a si próprio, que
se gabava de nunca ter ido à escola e de toda-a-vida ter nutrido um sincero
desprezo pelo conhecimento académico.”
domingo, 23 de março de 2014
Pedro Agostinho Cruz, um fotógrafo na Gala Figueira Tv (II)
III Gala Figueira Tv/ Fotógrafo Freelancer 2013, PEDRO AGOSTINHO CRUZ: “estou
satisfeito por reunir quase 75 % dos votos na categoria para a qual fui
nomeado. Obrigado a vocês!
Sei o que quero! Quero estar entre os melhores, e isto
(ainda) não é aquilo que quero.
Obrigado pelo reconhecimento público do meu trabalho.”
Meu caro Pedro:
Quase 75%, já é alguma coisa...
Parabéns "puto". Ficaste a saber como vai ser a tua vida: para conseguires estar entre os melhores, vais ter de de ser mesmo muito melhor.
Isso, vai dar-te muito trabalho...
Talvez melhor do que ninguém conheço a dimensão do teu sonho e, sobretudo, graças aos teus Pais, o que tens
lutado por ele.
És um grande profissional, um grande trabalhador, um talento
já reconhecido.
Com a tua idade e na Figueira, "sem Pais ricos" (mas uns ricos Pais...) acredita, isso é quase um milagre ter acontecido...
Todavia, nunca te esqueças que estás em Portugal e na
Figueira.
Em Portugal e na Figueira, quando havia dinheiro e trabalho, não havia tempo
para ter filhos (a natalidade desceu com a melhoria das condições de vida - mas os teus pais fabricaram dois...); agora, quando não há dinheiro nem trabalho, não há condições para ter filhos (e temos cada
vez mais cortes em tudo – até nos abonos).
Resumindo e concluindo: os filhos dos portugueses e dos figueirenses foram,
portanto, um luxo dispensável.
Onde quer o palerma do teu tio chegar com isto, estás porventura a pensar com os teus botões?..
É simples: continua a trabalhar com o profissionalismo, a dedicação, a
humildade e o talento que tens.
Porém, nunca te esqueças, que estás em Portugal e na Figueira, onde até os filhos foram um luxo dispensável...
“Puto”, a terminar, um grande abraço.
Ah, desta vez não te safas, tens de pagar qualquer coisa...
Um cafezinho serve. Vale?..
O que é que eu iria fazer com 45% de votos?..
Não ganhei nem perdi... Fiquei na mesma!
Hoje, já é outro
dia.
Logo mais, levantar e almoço...
Ao contrário do que muita gente pensa, sou um gajo fácil de
contentar e um democrata de mão cheia...
sábado, 22 de março de 2014
A verdade incomoda...
E um blogue que fale
a verdade deixa de ser blogue político...
Porque poucos votam
nele.
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