sábado, 20 de fevereiro de 2016

País de cobardia.

Neste país em que quem denuncia crimes é perseguido por isso, e quem comete crimes é condecorado, hoje, dia 19 de Fevereiro de 2016 - dia da anedota e da baixeza - é o dia de se lembrar que, como é sabido de toda a gente (embora tanta gente esteja a fingir que não sabe…), nos primeiros anos da década de 90 do século XX aconteceram em Portugal, e ficaram impunes, as mais escandalosas situações de censura e de perseguição - e posterior má-vontade, e silenciamento censório, e infindável perseguição (de "mansinho", "escondendo a mão"... da maneira mais insidiosa, e cobarde…), contra quem quer que tenha tido a coragem de denunciar as situações de censura iniciais de que foi alvo…
E é claro que uma ignomínia e uma iniquidade generalizada, desse tipo, só foi possível mercê de mil cumplicidades, mil conivências, mil subserviências... Mercê da mais inenarrável e abjecta das cobardias... de quem sempre fingiu que não viu nada, e que não era nada consigo... e, em vez de falar, e escrever, e intervir, e dar razão a quem a tinha, pelo contrário, ainda ajudou, e sentou-se à mesma mesa, e comeu da mesma manjedoura (e até ainda fez, e ajudou a fazer, mais censuras, seguintes, das denúncias das censuras anteriores…)

Nos anos 90 do século XX português foram cometidas e ficaram impunes as censuras praticadas contra o escritor José Saramago (que respondeu, continuando… e exilando-se no exterior, em Espanha... num país de gente corajosa e frontal… e, depois, também por isso, veio a receber o primeiro e único Prémio Nobel da Literatura para a língua portuguesa… [!] assim ficando portanto extraordinariamente avolumada, e consagrada para sempre, a confrangedora vergonha que Portugal e a "Cultura portuguesa" bem mereceram...), e ficaram impunes as censuras praticadas contra o cineasta Paulo Rocha (que respondeu, continuando… mas mudando um pouco o espírito do seu cinema, e por isso passando da sensibilidade e realismo documental de outrora, de "Mudar de Vida" e de "A Ilha dos Amores", para o burlesco e escabroso do fim, da "Raiz do Coração"... digno da parola hipocrisia portuguesa, pífia e política, dos pequenos Catões censores lisboetas…),  e ficaram impunes as censuras praticadas contra o historiador Alfredo Pinheiro Marques (que respondeu, continuando… e vivendo exilado no interior... desistindo de salvar o mundo e a pátria, e de mudar o sistema por dentro… e dedicando-se simplesmente a tentar salvar "os mais pobres dos pobres", os Pescadores, que são os que verdadeiramente andam no mar…), e ficaram impunes as censuras praticadas contra José Vieira Marques e o seu Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz (que respondeu, continuando… tentando continuar a organizar esse Festival de Cinema até onde pôde… e ainda conseguiu até à 31ª edição, em 2002…), e quantas mais…?

(Recebido por mail)

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