Em 17 Maio de 1967, a meio da tarde, a agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz foi assaltada, naquela que foi uma das acções mais mediáticas de oposição à ditadura de Salazar.
Eu, na altura, tinha 13 anos de idade e andava a estudar na Bernardino Machado. Lembro-me que estava na Praça Velha, então terminal de autocarros, para apanhar transporte para a Gala, e não dei por nada.
O assalto rendeu 29.274.390$00 (146.020 euros) e constituiu o maior roubo que até essa data tinha acontecido em Portugal.
Os quatro assaltantes fugiram de automóvel, um Taunus 17M com a matrícula CE-56-02, para o aeródromo de Cernache (Coimbra), onde se apoderaram de uma avioneta Auster que aterrou horas depois na herdade do Vale do Paço, a 6 quilómetros de Vila do Bispo.
De Vale do Paço a Vila do Bispo, os assaltantes utilizaram um Opel Kadett com a matrícula LE-82-54 e de Vila do Bispo a Mértola num Cortina alugado, de onde sairam clandestinamente do País.
Cerca de um ano depois, a 10 de Abril de 1968, a Polícia Judiciária considerou não haver implicações de carácter político no caso do roubo da agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz e divulgou a identidade dos 4 principais autores da façanha:
Hermínio da Palma Inácio, 46 anos; Camilo Tavares Mortágua, 34 anos; António Manuel Marques Barracosa, 25 anos; Luís Benvindo, 25 anos.
Dois pormenores curiosos:
1. No automóvel que os levou até Cernache deixaram uma metralhadora de plástico e 4 pistolas de bazar.
2. Uma crónica que relata o modo como a notícia do assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz foi recebida no Rádio Clube Português.
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