Uma crónica de Rui Curado da
Silva, no diário AS BEIRAS
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"Numa democracia saudável não existem políticos de profissão.
Cidadãos independentes ou com filiação partidária são
eleitos para mandatos que têm um
princípio e um fim. Antes do 25 de Abril não era assim, os mandatos dos
detentores de cargos políticos sucediam-se sem escrutínio, o próprio Salazar foi
um presidente do conselho vitalício. A noção de mandato era desvirtuada a
favor de um tacho certamente vitalício se o detentor do cargo fosse obediente
ao partido único.
Quase 40 anos depois, encontramos personagens com a mesma
ambição.
Formam-se nas “jotinhas” relegando para segundo plano os
estudos e, como a formação é fraca, esperam a sua vez fingindo que trabalham em
empresas muito implicadas com o próprio partido.
Geralmente obtêm o primeiro mandato graças a um lugar
secundário numa lista para um órgão político, lugar, esse, elegível nos partidos
do arco do poder.
Os mais habilidosos saltitam entre mandatos municipais, a
Assembleia da República, secretarias de estado e direcções de empresas
públicas.
São indivíduos sem profissão, que não sabem fazer quase
nada, mas que ambicionam fazer da política uma profissão, como no tempo do
Salazar. Miguel Relvas, Passos Coelho e
José Seguro são três exemplos dessa forma de estar na política.
Por bons e maus motivos, os portugueses estão agora mais atentos a esta
realidade.
A nível local, os figueirenses também já toparam esses
artistas, mas o melhor é que os próprios artistas estão a perceber que estão a
ser topados..."
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