O "ter" do que parece, e do que realmente aparece, acaba por corresponder a um "não ser".
Até numa Terra como a nossa, há pequenos grandes homens e, homens que se julgam grandes, que são pequenos.
E, às vezes, entre os que se julgam grandes e os pequenos, há coincidência entre o que parece e o que realmente é.
Começo a não conseguir entender esta esquizofrenia, talvez por não fazer parte dessa casta que desabrochou para a política local nos últimos 12 anos.
Há práticas pessoais e políticas, que apesar de nascerem de bons e justos propósitos construtivistas, depressa caíram nas malhas do devorismo e da empregomania, especialmente depois de começarem a apodrecer por dentro.
Tudo começou, aliás, como sempre, por uma espécie de esquizofrenia puritana, onde se desperdiçam energias em verborreia, vinganças e perseguições inquisitoriais
Ao contrário do que é propalado pela grande união local que, da direita à esquerda, nos comanda, entre fantasmas da direita e complexos da assumida esquerda, são os liberais coerentes que se devem preocupar com a justiça e, portanto, com a defesa da confiança pública, da concorrência desleal e da luta contra a corrupção.
Só com a restauração das liberdades locais poderemos algum dia extinguir o centralismo absoluto e absolutista.
Claro que, tudo, tem como base a educação e o respeito, a começar pelo respeito por si próprio.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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