foto António Agostinho
A ocupação desordenada do litoral contribui para situações
de desequilíbrios e fenómenos de erosão costeira que têm vindo a pôr em causa a
segurança de pessoas e bens.
É o que aconteceu a sul do porto da
Figueira da Foz, depois das obras do prolongamento do molhe norte em 400
metros, onde se agravaram os efeitos erosivos.
Recorde-se: ontem, demos conta da
situação estável que se vive a norte da barra da Figueira da
Foz, Praia de Quiaios, onde, felizmente, existe uma duna bem conservada e sem
erosão costeira - o que vem a provar que o desaparecimento das dunas
primárias, invulgarmente rápido e anormal, verificado entre a Foz do do Mondego
e a Praia do Pedrógão se deve, na sua maior parte, ao erro do prolongamento do
molhe norte na Figueira da Foz.
Cova, Gala, Costa de Lavos e Leirosa são apenas algumas localidades na lista negra, a que se juntam Vieira de Leiria, São Pedro de Moel e Pedrógão. Hoje, já não se consegue esconder aquilo que está à frente dos olhos de toda a gente. A intervenção humana tem vindo a acelerar a erosão costeira, como a foto desta manhã mostra: a duna, a sul do 5º. Molhe entre o 5º. Molhe e a Costa de Lavos está a desaparecer assustadoramente.
Pese embora o esforço deste blogue, este
local, por si só, tem passado despercebido nos meios de comunicação
local, regional e nacional, dado o facto do avanço das águas do mar não
encontrar pela frente aglomerados populacionais, um apoio de praia ou uma
barraca de surf...
Aparentemente, no imediato, não é
uma ameaça à vida das pessoas e à segurança dos seus bens...
Todavia, isso
pareceu-me sempre o mais preocupante, pois 500 metros, a norte, e 2 ou 3
quilómetros, a sul, lá estão as pessoas e os bens, à mercê da fúria do
mar, por incúria e ganância do homem.
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António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
O sul da barra do Mondego
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