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sábado, 4 de julho de 2020

"Eu e tu: milhões!"...

Joaquim Namorado


Nunca fui, não sou e posso dizer que nunca serei, pessoa de vinganças.
Todavia, sou de lembranças.

Todos os nomes são bonitos. Dora (diminutivo de Dorati), que é o nome da minha Mãe, é o nome mais belo que conheço. Quem o escolheu, fê-lo com carinho. 

Quando  alguém insulta a  pessoa que mais amamos na vida, ainda por cima depois dela já não ser desta vida, sentimos algo que nunca tínhamos sentido antes: que há coisas para as quais não há perdão.

Conheci pessoas que encerraram blogues com um argumento simples: tenho uma vida. Que eu saiba, uma vida temos todos. Alguns, porém, conseguem apenas o esboço de um projecto...

OUTRA MARGEM, anda por aqui, com  regularidade, desde 2006. Seria estultícia da minha parte, não reconhecer que, isto, já é um vício. Faz, como qualquer outro, parte da minha vida, com quem gosto de conviver de modo limpo, mesmo que, por vezes, utilize o vernáculo.

Conheci alguns que encerraram blogues. Partiram e nunca mais dei conta deles. As partidas são incertas. No mínimo, menos certas que o regresso.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

A IMAGEM DO HOMEM NUM ESPELHO, EM HIROSHIMA

Nesta fotografia, de 29 de janeiro de 1983,
da esquerda para direita, estou eu, o Dr. Joaquim Namorado,
  o Pedro Biscaia, o Alexandre Campos e a minha filha Joana.
v
Sempre o homem renasceu da sua morte
e do que nega fez a sua razão:

Nenhuma esperança será a derradeira
nenhuma desgraça é sem remédio
nenhum crime ficará impune

Jamais será vencido quem resiste.

Joaquim Namorado
Coimbra. 1977

terça-feira, 30 de junho de 2020

SOB UMA BANDEIRA, "UM CANTO DE LIVRES COMPROMISSOS"


“Sou natural de Alter do Chão, terra de cavalos, que é um privilégio num país de burros” - esclarecia Joaquim Namorado quando o julgavam beirão radicado em Coimbra.
Se fosse vivo completaria hoje 106 anos. Esta tarde, a sua filha Teresa Namorado teve a amabilidade de se deslocar ao Cabedelo para me oferecer o livro SOB UMA BANDEIRA, a reedição de obra poética de Joaquim Namorado, que ainda tem o cheiro caracterísco de uma obra acabada de sair do prelo. 
Tal deferência deixou-me muito feliz. Desde há anos que a Comissão Promotora do Museu do Neo-Realismo vinha a fazer esforços no sentido de publicar este lvro, "dado o interesse da Associação pelo poeta, que foi um dos mais significativos do Neo-Realismo, um ensaísta de grande mérito e um dinamizador de uma das revistas  mais importantes e de longa vida da história das publicações periódicas portuguesas, Vértice."
O Neo-Realismo cumpriu o papel de denúncia do sofrimento do povo português. Mostrou o papel que podem ter a arte e a cultura em geral na luta social e política. Não foi propriedade de ninguém, nem mesmo exclusivo de Portugal. Foi o contributo da cultura para apoiar o povo a que seus agentes pertenciam.
É neste contexto que a obra de Joaquim Namorado tem de ser vista: “um organizador colectivo, mais do que original; um poeta e um crítico de obra exígua; um militante que rebatia arte sobre a política e, em política, queria ser reconhecido pela sua ortodoxia”.
Desde 1983 que a Figueira prometeu  dar o nome de Joaquim Namorado à toponímia figueirense, o que continua por cumprir. Joaquim Namorado também nunca se preocupou com "O CARUNCHO DO ETERNO". "Se nós não existíssimos/ Cervantes nunca seria imortal".

sexta-feira, 5 de junho de 2020

A cultura figueirense: de Joaquim Namorado a Mário Silva

Tocha vai ter Casa-Museu Mário Silva
Via Diário as Beiras

«A Câmara de Cantanhede já fez o projeto para a futura Casa-Museu Mário Silva, no antigo posto da GNR da Tocha. O artista plástico, um dos mais relevantes portugueses do século XX, nasceu em Coimbra e residiu na Figueira da Foz grande parte da sua vida, até morrer, em setembro de 2016. O espaço será preenchido com obras que estão à guarda da Junta da Tocha desde a tempestade “Leslie”, em outubro de 2018. “Tiveram a amabilidade de acolher as obras que estavam debaixo do palco do CAE, sem as melhores condições. Entretanto, propuseram a ideia da casamuseu e eu aceitei. Na altura, falei com os autarcas de Coimbra e da Figueira da Foz, mas não deram uma resposta [conclusiva]”, contou o filho e homónimo do pintor ao DIÁRIO AS BEIRAS. 
Na reunião de Câmara da Figueira da Foz, esta semana, o vereador Miguel Babo alertou para a o projeto da Tocha, defendendo que o espólio de Mário Silva devia ficar na cidade. O presidente da autarquia, desde abril de 2019, Carlos Monteiro, admitindo que desconhecia o assunto, sugeriu que parte da obra do artista plástico fosse exposta no Museu Etnográfico de Lavos, freguesia onde o pintor residia. “O espaço é pequeno, mal vai dar para acolher a etnografia de Lavos, quanto mais uma exposição permanente de um pintor consagrado como era o meu pai”, reagiu Mário Silva, filho. “A obra devia ser exposta num espaço condigno da Figueira da Foz ou de Coimbra”, defendeu.»

A Figueira é uma cidade sem sorte com os políticos que escolhe, há muitos anos.
Em 2014, era vereador da cultura na Figueira António Taveres aconteceu um caso semelhante.
Depois de ter estado, desde janeiro de 1987, na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, o espólio do dr. Joaquim Namorado (cerca de 600 livros, entre obras de Joaquim Namorado e primeiras edições) rumou, em finais do mês de outubro de 2014, a um local onde foi  tratado com a dignidade que merece: o Museu do Neo Realismo, em Vila Franca de Xira.

Ainda sobre Joaquim Namorado, recorde-se que «chegou a ser aprovada a atribuição do seu nome a uma praceta, mas hoje o nome que lá está é outro».
Na altura, destaquei a intenção de António Tavares e da comissão de toponímia, de pretender dar o nome de Joaquim Namorado à toponímia figueirense. Até porque o caso já se arrasta há 37 anos: desde 1983
Recordo que "Joaquim Namorado, tinha um estilo muito próprio, amiúde "provocador", por vezes (para alguns) insuportável, escondia um homem não só muito inteligente, como muito humano e sensível. E a sua gritada ortodoxia, que as mais das vezes era outra forma de provocação (numa entrevista ao Expresso, após o 25 de Abril, até se declarou "estalinista"...), não tinha correspondência com a realidade: era desalinhado e incómodo, tanto ou por vezes tão surpreendentemente que talvez por isso não tenha, que eu saiba, desempenhado ou sequer sido convidado para qualquer relevante cargo público ou partidário." 
Sacado daqui, com a devida e necessária vénia.

terça-feira, 19 de maio de 2020

Lobismo

Picado daqui
O sistema nunca esteve tão forte, como agora. O presidente da junta de Buarcos e São Julião é o hábil autarca de luxo do modelo socialista no poder. Os média locais ajudam este poder a fazer lobby. É uma estratégia simples e inteligente. Interessa é influenciar. Neste caso ostensivamente. 
Apesar do termo lobby,  no Brasil, estar conotado a troca de favores, na Figueira é diferente: isto não passa de um grupo minimamente organizado, a exercer dentro dos limites da lei e da ética, o direito ao lobby, tendo por objectivo ser escutado pelos Paços do Município figueirense. É assim que as coisas se fazem, como diria o meu saudoso Amigo Joaquim Namorado. 

quinta-feira, 12 de março de 2020

Vale a pena ler

POSTAL DO DIA, via Luís Osório

Sobre o Coronavírus e sobre nós

1.
"Manuel Luís Goucha e o marido partilharam alguns vídeos da sua viagem à Áustria e (creio) a Londres. Em dois curtos registos brincaram com o Coronavírus – num caso “gozando” com os chineses e no outro com um homem que adormecera no avião.
A cobertura noticiosa sobre esta pandemia tem sido desigual. Nuns casos muito boa, noutros superficial e noutros sensacionalista. Para vários meios, sobretudo televisivos, o que conta é a voragem. Quantos casos, se já há mortes, quais os erros, qual a pergunta mais implacável que podemos fazer, etc.
Ontem, na praia de Carcavelos estiveram centenas de pessoas. Umas em cima das outras aproveitavam o maravilhoso tempo e relaxavam.
Já hoje, Joaquim Miranda Sarmento, homem das finanças de Rui Rio, numa entrevista ao Público afirmou qualquer coisa como isto: agora é que vamos ver se Mário Centeno é ou não o Ronaldo das Finanças.
2.
Os quatro “acontecimentos” estão mais ligados do que parecem.
Manuel Luís Goucha é uma estrela de televisão. Há mais de trinta anos que apresenta diariamente programas em que as pessoas e os seus dramas e alegrias estão no centro. Fez largos milhares de entrevistas. A pessoas felizes e infelizes. A pessoas interessantes e não interessantes. A mulheres que foram batidas por maridos. A mães que perderam os filhos. A campeões, assassinos, corruptos, skinheads e santos. Os vídeos que publicou das suas férias mostram duas coisas: que é bem-disposto (o que é excelente) e que perdeu toda a ligação à realidade. Para Manuel Luís Goucha a realidade é uma abstração. As pessoas são abstrações. O seu sofrimento é apenas parte do seu décor televisivo. Ao fim de tantos anos a ouvir dramas ele já não sente nada porque se transformou na própria máscara que inventou para se proteger. Não é fácil ser uma estrela.
O jornalismo hoje é diferente do tempo em que comecei. Passaram mais de 25 anos, é normal que tenha mudado. Tem sido uma evolução que não é apenas negativa, mas a rapidez motivada pela revolução tecnológica (em múltiplas dimensões) levou a que se chegasse à paranoia angustiante de um jornalismo transformado numa série de entretenimento. Uma série que oferece à audiência o que ela quer, não o que ela precisa para estar realmente informada. Como para Goucha e o namorado, o sofrimento é uma abstração e um instrumento poderoso de conquista de audiências.
Nas praias do Sul largas centenas de jovens, filhos deste tempo, banharam-se encavalitados uns nos outros. Qual vírus, qual preocupação, qual medo? E quem os pode levar a mal? A televisão, as notícias, os vídeos nas redes sociais são parte de uma encenação, parte de alguma coisa que não é bem real, é (lá está) uma abstração. São uma geração que vive num mundo virtual em que o vírus (e toda a realidade) é a única coisa que detetam ser fake.
O homem que Rui Rio escolheu para ser seu porta voz para as Finanças poderia ter dito na entrevista ao Público. “Este é o tempo em que devemos confiar e colaborar. Estarmos vigilantes, mas disponíveis para ajudar no que for preciso, é uma emergência mundial e também nacional. No final veremos, se for caso disso, o que falhou, no final perceberemos se este governo esteve à altura e se o ministro Centeno é mesmo o Mourinho das Finanças”. Mas não, o que o senhor disse foi: “Agora é que vamos ver se Mário Centeno é ou não o Ronaldo das Finanças”. Lamenta-se, mas não me admira. O drama do Coronavírus é instrumental do seu próprio desejo de que tudo corra mal. Não que ele deseje a morte de pessoas, certamente que não. Mas porque a morte e o sofrimento são, como acontece em todos os exemplos que dei, uma abstração.
3.
O Coronavírus está para durar. Nos próximos dias, com alta probabilidade, os números dispararão. Todos estamos em risco. Não é virtual. Há milhares de pessoas que morreram e muitas mais irão morrer. Provavelmente gente das nossas famílias, amigos, conhecidos, ídolos. Não é uma coisa virtual, está a acontecer. Temos de nos preparar. Mas temos também, muitos de nós, de tirar as nossas máscaras de atores. Ser capazes de viver a vida real e não folhetins televisivos onde, em troca da nossa presença/audiência, oferecemos a nossa alma.
PS
Excelente o papel de Rodrigo Guedes de Carvalho, na SIC. E incrível o protagonismo de Jorge Torgal, do Conselho Nacional de Saúde Pública. A mesma pessoa que há três semanas defendeu que o Coronavírus era igual a qualquer gripe, o que tornava ridícula a excitação das pessoas, foi o mesmo que anunciou que não há qualquer razão para o governo fechar as escolas. Haja paciência."

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

"É assim que as coisas se fazem"...

Imagem via Dez & 10
Via uma postagem de 30 de Outubro de 2009, recordo que Vítor Pais, "um conhecido e bem sucedido empresário da nossa cidade",  foi então reconduzido como presidente da Assembleia Municipal figueirense. 
"Já então gostava de se dar bem com toda a gente".
Abro aqui um parêntesis, para recordar que, em finais de Outubro de 2009, depois de uma pacífica tomada de posse do novo executivo camarário, Luís Tovim (PS) tomou assento na presidência da sessão de eleição da mesa da Assembleia Municipal, que o PS ganhou nas urnas. Mas a lei determina que o presidente da Assembleia Municipal é eleito pelos seus pares (18 presidentes de Junta, por inerência, e 27 deputados eleitos). Na votação, secreta, a lista proposta pelo PSD obteve 20 votos, enquanto a do PS se ficou pelos 17 e a do Movimento Figueira 100% não foi além dos cinco - o mesmo número de deputados que elegeu para aquele órgão municipal deliberativo. Houve ainda dois votos brancos. Democracia é um termo Grego que quer dizer poder do povo. O desencanto com a política na Figueira é de muitos figueirenses. Infelizmente, não é só do blogger. A democracia que temos no concelho, que é aquela que eu conheço melhor, é tudo menos isso. Já em 2009, existiam "entropias" e os chamados "golpes de mão". Fechado o parêntesis, vamos ao que interessa.
"Dizer mal do patronato, é, aliás, uma área do PCP". O Dez & 10, já o sabíamos, "gosta de se dar bem com toda a gente". Eles, e o convidado especial desta semana... 
"É assim", com mensagens aparentemente inócuas e subliminares, "que as coisas se fazem", como costumava dizer o velho Joaquim Namorado. Tudo dentro da moral, do porreirismo e dos bons costumes.
Surpreendente?.. Talvez não...

domingo, 30 de junho de 2019

Via João Pedrosa Russo

Sacado daqui, com a devida e necessária vénia.
Nota OUTRA MARGEM.

Manuel Fernandes Tomás, "O Patriarca da Liberdade" e a consciência cívica...

Na Figueira,  sempre foi proibido questionar convenções.
Quem o faz, é imediatamente alvo de campanhas de ostracização.
Se algo ameaça a postura convencional, então é porque é extremista, ou marginal, ou pior.
Assim, não é de surpreender que – talvez na Figueira mais do que em qualquer outra cidade - os génios sejam todos póstumos.
É biografia recorrente aquela que acaba por concluir que, em vida, a excelsa pessoa nunca foi compreendida ou admirada.

Manuel Fernandes Tomás foi preciso morrer na miséria e na amargura para postumamente lhe reconhecerem o devido valor.


Joaquim Namorado: “Tudo existe. O que se Inventa é a descrição”

Joaquim Namorado viveu entre 1914 e 1986. Nasceu em Alter do Chão, Alentejo, em 30 de Junho. Se fosse vivo, faria hoje 105 anos. Por tal motivo, Alter do Chão, Coimbra e a Figueira da Foz, as terras por onde repartiu a sua vida, assinalam a data.
Mas Joaquim Namorado, em vida teve uma Homenagem. Tal aconteceu nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983. Por iniciativa do jornal barca nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem, que constituiu um acontecimento nacional de relevante envergadura, onde participaram vultos eminentes da cultura e da democracia portuguesa.
Há pessoas que nos estimulam. São as pessoas  que nunca se renderam ao percurso da manada.
Joaquim Namorado foi desses raros Homens e Mulheres que conheci.
Considerava-se um figueirense de coração e de acção – chegou a ser membro da Assembleia Municipal, eleito pela APU.
Teve uma modesta residência na vertente sul da Serra da Boa Viagem. Essa casa, aliás, serviu de local para reuniões preparatórias da fundação do jornal barca nova.
Joaquim Namorado, foi um Cidadão que teve uma vida integra, de sacrifício e de luta, sempre dedicada à total defesa dos interesses do Povo.
Nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983, por iniciativa do jornal barca nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem.
Na altura, lembro-me como se fosse hoje, nos bastidores do Casino Peninsular, escutei-o com deslumbramento.
Ao reviver o seu discurso, o que consegui a partir de uma gravação que obtive por um feliz acaso do destino,  fiquei com a certeza de que era necessário trazê-lo até aqui (fica o meu agradecimento aoPedro Agostinho Cruz), pois o que escutei fala mais de quem foi e continua a ser Joaquim Namorado, no panorama cultural português, do que tudo o que alguém, por mais talentoso que seja, conseguiria alguma vez transmitir sobre uma personalidade tão especial e genuína. Neste documento, para mim com uma carga emocional enorme, está o Joaquim Namorado com quem convivi nas mesas do velho café Nau e na redacção do barca nova, que permanece vivo na minha memória. Ainda por cima, ouve-se também, ainda que de forma breve, a voz do Zé Martins.  
Na sequência dessa homenagem, a Câmara Municipal da Figueira, durante anos, teve um prémio literário, que alcançou grande prestígio a nível nacional.
Santana Lopes, quando passou pela Figueira, como Presidente de Câmara, decidiu acabar com o “Prémio do Conto Joaquim Namorado”.

Joaquim Namorado l
icenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra, dedicando-se ao ensino. Exerceu durante dezenas de anos o professorado no ensino particular, já que o ensino oficial, durante o fascismo, lhe esteve vedado.
Depois do 25 de Abril, ingressou no quadro de professores da secção de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Notabilizou-se como poeta neo-realista, tendo colaborado nas revistas Seara Nova, Sol Nascente, Vértice, etc. Obras poéticas: Aviso à Navegação (1941), Incomodidade (1945), A Poesia Necessária (1966). Ensaio: Uma Poética da Cultura (1994).)
Dizem que foi o Joaquim Namorado quem, para iludir a PIDE e a Censura, camuflou de “neo-realismo” o tão falado “realismo socialista” apregoado pelo Jdanov...
Entre muitas outras actividades relevantes, foi redactor e director da Revista de cultura e arte Vértice, onde ficou célebre o episódio da publicação de pensamentos do Karl Marx, mas assinados com o pseudónimo Carlos Marques. Um dia, apareceu na redacção um agente da PIDE a intimidar: “ó Senhor Doutor Joaquim Namorado, avise o Carlos Marques para ter cuidadinho, que nós já estamos de olho nele”...

Aquilo que se passou - o passado realmente acontecido - é o que resta na nossa memória. 
Joaquim Namorado continua presente na minha memóriaE é uma memória de que tenho orgulho.
Doutor (foi assim que sempre o tratei) - também sou um Homem coberto de dívidas. 
Consigo e com o  Zé, aprendi mais do que na escola: ensinamentos esses que deram sentido à minha vida, onde cabem a honra, a honestidade, a coragem, a justiça, o amor, a ternura, a fidelidade, o humor
Mas, para  Companheiros do barca nova nada há agradecer...
“É assim que as coisas se têm de continuar a fazer, pois a sarna reaccionária continua a andar por aí...”
A luta por uma outra maré continua!..
Até sempre e parabéns pelos 105 anos, meu caro Doutor Joaquim Namorado

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Como diria Joaquim Namorado: "é assim que as coisas se fazem"...

Via Figueira na Hora

Na reunião de Câmara do dia 19, o executivo camarário propõe a atribuição da Medalha da Cidade da Figueira da Foz a Lídio Lopes, concedendo-lhe o título de «Cidadão Honorário da Figueira da Foz».

Nesta reunião será ainda aprovada a proposta de atribuição da Medalha de Mérito Cultural em Prata Dourada a João Aurélio Sansão Coelho.


Nota de rodapé, sacada daqui.
Março de 2019... foi “um homem de partido” e agora é “um homem de liberdade de opinião”.
 “Posso estar em condições de poder apoiar quem quer que seja”. Está “disponível para ouvir e apoiar uma candidatura do PS”.
Se Carlos Monteiro vier a ser candidato do PS à câmara, Lídio Lopes não rejeitou a possibilidade de apoiá-lo.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Mário Silva na Tocha...

Imagem via Diário de Coimbra

Espólio do dr. Joaquim Namorado está desde o final do mês de outubro  2014 no Museu do Neo- Realismo em Vila Franca de Xira.

Não sei bem de que é feita uma memória. É comovente como os portugueses gostam sempre tanto das pessoas que morrem. Quando morrem, claro. Nesse instante e nas 48 horas que se seguem, amam-nas profundamente, admiram-nas incondicionalmente, choram-nas sentidamente e enumeram, com orgulho, as vezes em que respiraram o mesmo ar. A morte de uns é, muitas vezes, a grande oportunidade para a vaidade de outros. A hipocrisia, em Portugal, continua a  comover-me até às entranhas.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Claro que esta crónica não foi a propósito da homenagem a Mário Soares. O Poeta sabia que «as coisas são provisórias»...

Via DIÁRIO AS BEIRAS

Nota de rodapé.
Aquilo que se passou - o passado realmente acontecido - é o que resta na nossa memória. 
Joaquim Namorado continua presente na minha e na memória de mais alguns. É uma memória de que tenho orgulho.
Doutor: consigo e com o , aprendi mais do que na escola.
Foram esses ensinamentos que deram sentido à minha vida, onde cabem a maneira de encarar o trabalho, a honra, a honestidade, a coragem, a justiça, o amor, a ternura, a fidelidade, o humor, a cultura e a palavra! 


sexta-feira, 31 de agosto de 2018

ÚLTIMA HORA...

O Movimento Parque Verde solicitou uma reunião urgente à Câmara para saber, com precisão, as 10 árvores que querem abater e outras questões que se prendem com o número, locais e espécies das árvores a plantar.

Nota de rodapé.
... como diria o "velho" Joaquim Namorado: "assim é que se trabalha".

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

A Figueira continua cheia disto: cínicos e hipócritas...

"...esta história da integração do nome de Joaquim Namorado na toponímia figueirense não é tão antiga como a Sé de Braga, mas já vem do tempo em que as coisas em Portugal ainda custavam em escudos!.."

Todos os dias nos cruzamos com eles na rua.
Alguns, até andam por perto. 
Outros já andaram...
Numa linguagem simples: os cínicos são os do género "filho da puta". 
Não olham a meios para atingirem os seus fins. 
Os hipócritas, porém, têm a ver mais com o "chico-espertismo". 
Cínicos e hipócritas, são de evitar. 
Todavia, os cínicos são mais perigosos. 
Em termos humanos, sociais e políticos.
Os cínicos são inteligentes. 
Os hipócritas, quase sempre, devem pouco à inteligência. Há sempre um pormenor que lhes escapa. Como pobres diabos que são, toleram-se. 
Os cínicos são insuportáveis. Sobretudo, pela petulância. 
Têm de ser desmascarados, sempre que possível. Sem contemplações. 
E se possível com alguma perfídia.

domingo, 12 de agosto de 2018

Sonambulismo

Tombam os dias inúteis: 
amanhece, é tarde, anoitece. 
Mas a nós que nos importa 
ser manhã, meio dia ou noite?!... 
Sonâmbula a vida decorre 
- nas ruas, a paz larvar dos grandes cemitérios; 
dentro de nós, cada um 
apodrece. 
Enchem-se de títulos vibrantes os jornais 
- mas tudo é tão longe... 
Passam homens por homens e não se conhecem: 
Boa tarde! Bom dia! 
Cada um fechado nas suas fronteiras, 
os gestos vazios, 
a vida sem sentido 
- sonambulismo apenas. 

Acorda! 
Ainda que seja só para o sobressalto, 
que as ilusões do sonho se desfaçam 
e as esperanças morram todas nessa hora! 

Acorda! 
ainda que o caminho a percorrer te espante 
e o peso da obra a realizar te esmague! 

Ainda que acordar seja 
morrer depois aos poucos, em cada momento, 
dolorosamente 

Joaquim Namorado, in 'Agora' 

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

A capacidade de síntese de Joaquim Namorado

"No tempo em que os animais falavam
Liberdade!
Igualdade!
Fraternidade"


Sempre admirei da capacidade de síntese dos poetas: de como são capazes de dizer tanto, utilizando poucas palavras.
Joaquim Namorado,  é um dos  melhores exemplos que conheço.
"Foi afixado
nos locais do costume
que É PROIBIDO MENDIGAR.

Logo mão que se descobre
escreveu a tinta por baixo
MAS NÃO É PROIBIDO SER POBRE."

Joaquim Namorado, tem poemas curtos e únicos.
Eu sei que há quem não concorde com este meu gosto.
Felizmente os gostos podem-se discutir (ao contrário do que se diz por aí), mas não é por isso que mudam...
Já agora: quando é que a comissão de toponímia pretende dar o nome de Joaquim Namorado à toponímia figueirense...
Esta história da integração do nome de Joaquim Namorado na toponímia figueirense não é tão antiga como a Sé de Braga, mas já vem do tempo em que as coisas em Portugal ainda custavam em escudos!..
“Metam O burro na gaiola
de doiradas grades
e tratem-no a alpista
se quiserem
- é só um despropósito
Mas esperar dele o trinar
Do canário melodioso
É simplesmente tolo.”

domingo, 1 de julho de 2018

JOAQUIM NAMORADO

Professor, poeta, combatente contra a ditadura e militante de Abril, teria completado ontem 104 anos! 
É oportuno recordar: quando é que a Câmara Municipal da nossa cidade cumpre a deliberação, há muito aprovada, de dar o nome de Joaquim Namorado à toponímia figueirense.
Enquanto isso não acontece, é sempre bom relembrá-lo através da sua poesia.
“Metam O burro na gaiola
de doiradas grades
e tratem-no a alpista
se quiserem
- é só um despropósito
Mas esperar dele o trinar
Do canário melodioso
É simplesmente tolo.”

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Morreu o Mário Neto

Na Figueira da Foz, no dia 10 de Novembro de 1977, viu a luz do dia o primeiro número de um novo projecto jornalístico que, então, gerou enorme expectativa e que ainda hoje é recordado por muita gente do concelho e não só.
Foi o Barca Nova, onde me iniciei nas lides jornalísticas.
Mas, não é de mim que quero falar. 

Entre os seus fundadores estavam nomes de referência da jovem Democracia saída do 25 de Abril de 1974.
Já faleceram alguns. 
Começou com Ruy Alves. Mas, entretanto a lista foi aumentando: Jorge Rigueira, Gilberto Vasco, Cerqueira da Rocha, Leitão Fernandes, Luís Falcão, Orlando Carvalho, José Penicheiro, Adelino Tavares da Silva, Carlos Alberto Amorim, Waldemar Ramalho, Luís de Melo Biscaia, Vasco Gonçalves, Joaquim Namorado, José Martins e Armando Correia.
Ontem foi mais um: o Mário Neto, de seu nome completo, Mário António Figueiredo Neto.

Conheci o Engenheiro Mário Neto antes do Barca Nova... 
Foi meu professor na Bernardino Machado, quando andei a estudar à noite. 
Grande Homem, grande professor, estudioso, discreto e culto. 
Foi também professor universitário.
  
Depois, fomos companheiros de redacção no Barca Nova
Foi um militante antifascista, antes do 25 de Abril de 1974. Devido a isso foi preso político. 
Ultimamente encontrava-o no café onde continuava a passar as tardes como sempre o conheci: a estudar e a recolher dados, sempre acompanhado de livros e jornais. 
Era um fanático das estatísticas e do estudo sério e aprofundado de todas as questões. Aprendi muito com ele no final da década de 70 e princípio da década de 80 do século passado. 
Foi deputado na Assembleia Municipal da Figueira da Foz.

Mário Neto era dos que acreditava que para defender e lutar pelos nossos interesses, não é necessário sobrepô-los aos legítimos interesses dos outros. Nem consentir que os interesses dos outros se sobreponham aos nossos legítimos interesses.
Aprendi com ele, que para defender os interesses locais era preciso sensibilizar a opinião pública para os principais problemas existentes. Para isso, é preciso informar. Fazer-se eco das opiniões, porventura, divergentes, que a propósito desses problemas ocorram.

Foi por isso,  que em Novembro de 1977 surgiu o Barca Nova: para contribuir para que a análise dos problemas acontecesse. Para tentar ajudar a distinguir o essencial do acessório, o importante do sensacional. 
Informar e, ao mesmo tempo, formar. Saber ouvir, mas também saber falar.
Com a sua perda a Figueira ficou mais pobre: não a parte visível, mas a invisível. 
Até um dia destes Mário Neto. 

Como diria outro velho e sábio colaborador do Barca Nova, também já desaparecido,  Guije Baltar, "pudesse eu viver uma eternidade e nem assim se apagaria da minha memória a melhor gente que passou pela minha vida: a equipa Barca Nova".
Passe a imodéstia,  vou citar-me a mim mesmo (um texto publicado na edição de 12 de fevereiro de 1982, do jornal Barca Nova, página 4.)
Lá aprendi, "que os democratas têm coisas mais profundas e importantes a uni-los do que a dividi-los. No essencial, têm aquilo que é fundamental a irmaná-los: a defesa da democracia."
Que desgosto que eu tenho, que o meu País, o meu concelho e a minha Aldeia, não "tivessem trilhado um caminho onde a transparência de princípios e a honestidade de processos fizesse parte do nosso quotidiano colectivo"... 
Voltei a recuar a 12 de fevereiro de 1982 e, passe de novo a imodéstia, tornei a citar-me.  

Entretanto, tudo se foi escoando. 
Tudo tem o tempo que o Tempo permite!
Contudo, só há mortos inadiáveis depois do esquecimento. 
Os restos mortais do Mário António Figueiredo Neto estarão em câmara ardente entre as 12 e as 18 horas de hoje.
Os meus pêsames à família enlutada.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

LEGENDA

Façam ruínas
do que me afirmo,
espalhem ao vento as cinzas
do que sou:
na parcela mais remota do que fui
estou.


JOAQUIM NAMORADO

sábado, 14 de outubro de 2017

Em jeito de balanço....

Via AS BEIRAS.

"Depois de 12 anos de actividade autárquica, como vereador, um mandato na oposição e dois no poder (o actual como vice-presidente), António Tavares cessa funções a 20 deste mês, dia da tomada de posse do novo executivo camarário. “Saio com o sentido de dever cumprido. Acho que aquilo que me propus, há oito anos, está, de uma forma genérica, cumprido. Há coisas que foram feitas de forma estruturada e que podem continuar”, declarou o autarca ao Diário As Beiras. António Tavares não quis voltar a integrar a lista de João Ataíde à Câmara da Figueira da Foz, decisão que revelou, em maio de 2016, a uma ano e meio do fim do mandato, desta forma: “Já não tenho pachorra para jogos de poder e guerras de alecrim e manjerona”. Entretanto, recentemente, explicou ao Diário As Beiras que não quis continuar porque “12 anos de participação política directa é muito tempo”, acrescentando: “Confesso que saio cansado. Dei o meu melhor, esforcei-me imenso, e portanto saio com esta vontade de ter alguma liberdade”. O político vai aproveitar a liberdade que o auto afastamento da actividade autárquica vai proporcionar-lhe para se dedicar mais à escrita - tem um novo livro para editar em breve. Por outro lado, o vencedor do Prémio LeYa vai regressar ao ensino, na Escola Secundário Joaquim de Carvalho, oito anos depois de suspender a docência. António Tavares começou como independente, nas listas do PS, tendo-se tornado militante, condição que mantém."

Nota de rodapé.
O CÃO FIEL
Era um cão fiel...
foi a dar ao rabo atrás do dono
até à oliveira em que aquele
o enforcou com arame.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Floresta concelhia: Câmara tem planos “actualizados” de defesa da floresta, mas "a limpeza será feita em breve, pois o concurso público ficou deserto"...

Esta casa, que tem uma longa história (apaixonado pela Figueira da Foz, Joaquim Namorado residiu aqui nesta modesta casa, sita na vertente Sul da Serra da Boa Viagem, durante bastante tempo, sobretudo em fins-de-semana e nas férias...) está em perigo. Foto António Agostinho
O SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente) efectuou este ano no concelho da Figueira 462 notificações a proprietários de terrenos e matas, para a respectiva limpeza.
Segundo o Diário de Coimbra «houve um cumprimento de 97%»
A informação foi avançada ontem em reunião de Câmara, depois do vereador do PSD, Miguel Almeida, ter levantado várias questões em relação a esta matéria para «descansar as pessoas». Recordan­do a tragédia de Pedrógão Grande, o autarca quis saber «que grau de prevenção e prontidão» existe no município, apesar de salvaguardar que quanto ao combate a incêndios não sente «tanta preocupação, pela qualidade dos dois corpos de bombeiros».
Entretanto, é conhecido que há munícipes que reclamam a limpeza de matas e florestas próximas das habitações, exigindo que se cumpra a lei
Miguel Almeida, vereador do PSD, na reunião de câmara de ontem colocou na ordem dia o debate sobre a prevenção de incêndios no concelho. Nomeadamente, indagou o executivo camarário se foi feito um levantamento das zonas de risco e quantos proprietários procederam à limpeza dos terrenos
João Ataíde, o presidente, afirmou que o levantamento foi feito, com a colaboração da GNR, que emitiu 462 notificações, registando uma taxa de cumprimento de cerca de 97 por cento, em todas as freguesias
Contudo, para o presidente da câmara, o minifúndio existente dificulta uma solução mais célere e eficiente – só em Quiaios, a meio do levantamento, estavam contabilizadas 17 mil parcelas - , propondo o “emparcelamento proactivo e coercivo”
Miguel Almeida quis saber se os pinhais do município estão limpos. A resposta foi a de que o concurso público ficou deserto e que a limpeza será feita em breve, com a garantia que nenhuma das suas áreas florestais se encontra a menos de 50 metros de zonas habitadas
O autarca da oposição defendeu que a câmara deve ter os seus pinhais limpos, para dar o exemplo...