António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
terça-feira, 10 de abril de 2007
Joaquim Namorado, Poeta de Incomodidade
“Metam O burro na gaiola
de doiradas grades
e tratem-no a alpista
se quiserem
- é só um despropósito
Mas esperar dele o trinar
Do canário melodioso
É simplesmente tolo.”
Joaquim Namorado viveu entre 1914 e 1986. Nasceu em Alter do Chão, Alentejo, em 30 de Junho.
Licenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra, dedicando-se ao ensino. Exerceu durante dezenas de anos o professorado no ensino particular, já que o ensino oficial, durante o fascismo, lhe esteve vedado.
Depois do 25 de Abril, ingressou no quadro de professores da secção de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Notabilizou-se como poeta neo-realista, tendo colaborado nas revistas Seara Nova, Sol Nascente, Vértice, etc. Obras poéticas: Aviso à Navegação (1941), Incomodidade (1945), A Poesia Necessária (1966). Ensaio: Uma Poética da Culutra (1994).)
Dizem que foi o Joaquim Namorado quem, para iludir a PIDE e a Censura, camuflou de “neo-realismo” o tão falado “realismo socialista” apregoado pelo Jdanov...
Entre muitas outras actividades relevantes , foi redactor e director da Revista de cultura e arte Vértice, onde ficou célebre o episódio da publicação de pensamentos do Karl Marx, mas assinados com o pseudónimo Carlos Marques. Um dia, apareceu na redacção um agente da PIDE a intimidar: “ó Senhor Doutor Joaquim Namorado, avise o Carlos Marques para ter cuidadinho, que nós já estamos de olho nele”...
No concelho da Figueira – considerava-se um figueirense de coração e de acção – chegou a ser membro da Assembleia Municipal, eleito pela APU.
Teve uma modesta residência na vertente sul da Serra da Boa Viagem. Essa casa, aliás, serviu de local para reuniões preparatórias da fundação do jornal Barca Nova.
Muito mais poderia ser dito para recordar Joaquim Namorado, um Cidadão que teve uma vida integra, de sacrifício e de luta, sempre dedicada á total defesa dos interesses do Povo.
Nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983, por iniciativa do jornal Barca Nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem, que constituiu um acontecimento nacional de relevante envergadura, onde participaram vultos eminentes da cultura e da democracia portuguesa.
Na sequência dessa homenagem, a Câmara Municipal da Figueira, durante anos, teve um prémio literário, que alcançou grande prestígio a nível nacional.
Santana Lopes, quando passou pela Figueira, como Presidente de Câmara, decidiu acabar com o “Prémio do Conto Joaquim Namorado”.
segunda-feira, 7 de abril de 2014
A Câmara da Figueira já equaciona formas de «homenagear Joaquim Namorado e a sua ligação à Figueira da Foz» que não passem por prémio literário!..
Na petição, os subscritores pedem que o Prémio Joaquim Namorado seja reinstituído já este ano.
À Foz do Mondego Rádio, António Tavares, vereador da Cultura do Município, avançou que a reinstauração do referido prémio não está nos planos do executivo. A Figueira da Foz já tem o Prémio Literário João Gaspar Simões, que homenageia um distinto figueirense a quem muito devemos a «descoberta» da Fernando Pessoa», sublinhou, acrescentando que "outro prémio literário não faria grande sentido". Ainda assim, o vereador admite que a autarquia possa "encontrar outras formas de homenagear Joaquim Namorado e a sua ligação à Figueira da Foz".
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Recordar um Lutador
num colóquio com Manuel da Fonseca e Piteira Santos
Ao fazer a minha visita, habitual e diária, ao aldeia olímpica tive conhecimento que “faz hoje 22 anos que um grande, enorme coração deixou de bater. Um coração feito de ternura, de solidariedade, de generosidade.”
Foi o coração do Poeta Joaquim Namorado, com quem tive o privilégio de conviver durante anos na redacção do Barca Nova, um Poeta para quem a poesia foi sempre uma máquina de produzir entusiasmo.
Façam ruínas
do que me afirmo,
espalhem ao vento as cinzas
do que sou:
na parcela mais remota do que fui
estou.
Dizem que foi Joaquim Namorado, para iludir a PIDE e a Censura, quem mascarou de “neo-realismo” o tão falado “realismo socialista” apregoado pelo Jdanov...
Santana Lopes, na sua fugaz passagem pela Figueira, como Presidente de Câmara, decidiu acabar com o “Prémio do Conto Joaquim Namorado”. Mas, não acabou com a mensagem que o Lutador de toda uma vida legou:
No tempo em que os animais falavam
Liberdade!
Igualdade!
Fraternidade!
sexta-feira, 26 de abril de 2024
Para quando a integração do nome de Joaquim Namorado na toponíma figueirense?
Em 25 de Abril de 2024, ano em que se comemoram 50 anos daquela madrguda que eu esperava/ O dia inicial inteiro e limpo/ Onde emergimos da noite e do silêncio/ E livres habitamos a substância do tempo, a Assembleia Municipal da Figueira da Foz prestou uma justa homenagem a quatro figuras que incarnam o que foi a luta pela Liberadde e pela Democracia. A saber: Agostinho Saboga, José Ribeiro, Cristina Torres e Joaquim Namorado.
O que, decorridos mais de quatro décadas, continua por fazer.
Esta história da integração do nome de Joaquim Namorado na toponímia figueirense, não é tão antiga como a Sé de Braga, mas já vem do tempo em que as coisas em Portugal ainda custavam em escudos!
sexta-feira, 5 de junho de 2020
A cultura figueirense: de Joaquim Namorado a Mário Silva
Via Diário as Beiras |
«A Câmara de Cantanhede já fez o projeto para a futura Casa-Museu Mário Silva, no antigo posto da GNR da Tocha. O artista plástico, um dos mais relevantes portugueses do século XX, nasceu em Coimbra e residiu na Figueira da Foz grande parte da sua vida, até morrer, em setembro de 2016. O espaço será preenchido com obras que estão à guarda da Junta da Tocha desde a tempestade “Leslie”, em outubro de 2018. “Tiveram a amabilidade de acolher as obras que estavam debaixo do palco do CAE, sem as melhores condições. Entretanto, propuseram a ideia da casamuseu e eu aceitei. Na altura, falei com os autarcas de Coimbra e da Figueira da Foz, mas não deram uma resposta [conclusiva]”, contou o filho e homónimo do pintor ao DIÁRIO AS BEIRAS.
Na reunião de Câmara da Figueira da Foz, esta semana, o vereador Miguel Babo alertou para a o projeto da Tocha, defendendo que o espólio de Mário Silva devia ficar na cidade. O presidente da autarquia, desde abril de 2019, Carlos Monteiro, admitindo que desconhecia o assunto, sugeriu que parte da obra do artista plástico fosse exposta no Museu Etnográfico de Lavos, freguesia onde o pintor residia. “O espaço é pequeno, mal vai dar para acolher a etnografia de Lavos, quanto mais uma exposição permanente de um pintor consagrado como era o meu pai”, reagiu Mário Silva, filho. “A obra devia ser exposta num espaço condigno da Figueira da Foz ou de Coimbra”, defendeu.»
A Figueira é uma cidade sem sorte com os políticos que escolhe, há muitos anos.
Em 2014, era vereador da cultura na Figueira António Taveres aconteceu um caso semelhante.
Depois de ter estado, desde janeiro de 1987, na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, o espólio do dr. Joaquim Namorado (cerca de 600 livros, entre obras de Joaquim Namorado e primeiras edições) rumou, em finais do mês de outubro de 2014, a um local onde foi tratado com a dignidade que merece: o Museu do Neo Realismo, em Vila Franca de Xira.
Ainda sobre Joaquim Namorado, recorde-se que «chegou a ser aprovada a atribuição do seu nome a uma praceta, mas hoje o nome que lá está é outro».
Na altura, destaquei a intenção de António Tavares e da comissão de toponímia, de pretender dar o nome de Joaquim Namorado à toponímia figueirense. Até porque o caso já se arrasta há 37 anos: desde 1983.
Recordo que "Joaquim Namorado, tinha um estilo muito próprio, amiúde "provocador", por vezes (para alguns) insuportável, escondia um homem não só muito inteligente, como muito humano e sensível. E a sua gritada ortodoxia, que as mais das vezes era outra forma de provocação (numa entrevista ao Expresso, após o 25 de Abril, até se declarou "estalinista"...), não tinha correspondência com a realidade: era desalinhado e incómodo, tanto ou por vezes tão surpreendentemente que talvez por isso não tenha, que eu saiba, desempenhado ou sequer sido convidado para qualquer relevante cargo público ou partidário."
Sacado daqui, com a devida e necessária vénia. |
terça-feira, 30 de junho de 2020
SOB UMA BANDEIRA, "UM CANTO DE LIVRES COMPROMISSOS"
“Sou natural de Alter do Chão, terra de cavalos, que é um privilégio num país de burros” - esclarecia Joaquim Namorado quando o julgavam beirão radicado em Coimbra.
Se fosse vivo completaria hoje 106 anos. Esta tarde, a sua filha Teresa Namorado teve a amabilidade de se deslocar ao Cabedelo para me oferecer o livro SOB UMA BANDEIRA, a reedição de obra poética de Joaquim Namorado, que ainda tem o cheiro caracterísco de uma obra acabada de sair do prelo.
Tal deferência deixou-me muito feliz. Desde há anos que a Comissão Promotora do Museu do Neo-Realismo vinha a fazer esforços no sentido de publicar este lvro, "dado o interesse da Associação pelo poeta, que foi um dos mais significativos do Neo-Realismo, um ensaísta de grande mérito e um dinamizador de uma das revistas mais importantes e de longa vida da história das publicações periódicas portuguesas, Vértice."
O Neo-Realismo cumpriu o papel de denúncia do sofrimento do povo português. Mostrou o papel que podem ter a arte e a cultura em geral na luta social e política. Não foi propriedade de ninguém, nem mesmo exclusivo de Portugal. Foi o contributo da cultura para apoiar o povo a que seus agentes pertenciam.
É neste contexto que a obra de Joaquim Namorado tem de ser vista: “um organizador colectivo, mais do que original; um poeta e um crítico de obra exígua; um militante que rebatia arte sobre a política e, em política, queria ser reconhecido pela sua ortodoxia”.
Desde 1983 que a Figueira prometeu dar o nome de Joaquim Namorado à toponímia figueirense, o que continua por cumprir. Joaquim Namorado também nunca se preocupou com "O CARUNCHO DO ETERNO". "Se nós não existíssimos/ Cervantes nunca seria imortal".
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
A capacidade de síntese de Joaquim Namorado
Liberdade!
Igualdade!
Fraternidade"
Sempre admirei da capacidade de síntese dos poetas: de como são capazes de dizer tanto, utilizando poucas palavras.
Joaquim Namorado, é um dos melhores exemplos que conheço.
"Foi afixado
nos locais do costume
que É PROIBIDO MENDIGAR.
Logo mão que se descobre
escreveu a tinta por baixo
MAS NÃO É PROIBIDO SER POBRE."
Joaquim Namorado, tem poemas curtos e únicos.
Eu sei que há quem não concorde com este meu gosto.
Felizmente os gostos podem-se discutir (ao contrário do que se diz por aí), mas não é por isso que mudam...
Já agora: quando é que a comissão de toponímia pretende dar o nome de Joaquim Namorado à toponímia figueirense...
Esta história da integração do nome de Joaquim Namorado na toponímia figueirense não é tão antiga como a Sé de Braga, mas já vem do tempo em que as coisas em Portugal ainda custavam em escudos!..
“Metam O burro na gaiola
de doiradas grades
e tratem-no a alpista
se quiserem
- é só um despropósito
Mas esperar dele o trinar
Do canário melodioso
É simplesmente tolo.”
segunda-feira, 30 de junho de 2014
O MELHOR PRÉMIO
domingo, 18 de dezembro de 2011
Prémio Literário Joaquim Namorado
"O Prémio Joaquim Namorado teve sempre concorrentes relevantes, que quiseram participar na homenagem devida àqule intelectual e poeta de muito valor.
Mas, inesperadamente, e sem razões aceitáveis, a Câmara, há anos, acabou com o referido Prémio Literário.
Também eu, pois, estou com o Dr. Jorge Tocha Coelho, entendo que será de toda a justiça que a atual Câmara recupere o Prémio Joaquim Namorado."
Recorde-se, que foi Santana Lopes na sua passagem pela Figueira, como Presidente de Câmara que chegou e acabou com o Prémio do Conto Joaquim Namorado.
Para um antigo Secretário de Estado da Cultura, nada mau…
Joaquim Namorado morreu a 29 de Dezembro de 1986... Mesmo quase 25 anos decorridos sobre o seu desaparecimento físico, sempre O Poeta de Incomodidade. !
quarta-feira, 30 de agosto de 2023
Joaquim Namorado e a Maçonaria
"Quando as lojas eram o "chapéu-de-chuva" das oposições", é um trabalho de Nuno Ribeiro publicado no jornal Público em 15 de Janeiro de 2012, que fui recuperar e ler a propósito das Comemorações do 24 de Agosto na Figueira da Foz.
Para ver melhor a foto,clicar em cima da imagem |
«Uma transversalidade e uma peculiar porosidade que, nalguns casos, chegou a extremos. Como o envolvimento de comunistas nas lojas.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
EDITAL
Joaquim Namorado |
nos locais do costume
que É PROIBIDO MENDIGAR.
Logo mão que se descobre
escreveu a tinta por baixo
MAS NÃO É PROIBIDO SER POBRE.
terça-feira, 4 de setembro de 2007
Memória
A memória individual é desejável e necessária.
Aquilo que se passou - o passado realmente acontecido - é o que resta na nossa memória.
Poder-se-á então definir a nossa história, como uma busca pelo auto conhecimento, tanto a nível individual como colectivo.
Esta fotografia, que eu tinha perdido e agora recuperei, graças ao meu Amigo Pedro Biscaia, foi tirada antes do Almoço de Confraternização ao Poeta da Incomodidade Dr. Joaquim Namorado, que decorreu no dia 29 de Janeiro de 1983 nas instalações do Cais Comercial da Figueira da Foz.
Este almoço, fez parte de um programa vasto de uma Homenagem promovida pelo extinto semanário Barca Nova a Joaquim Namorado e ao Neo-Realismo.
Esse evento, que trouxe à Figueira, na altura, vultos eminentes da Democracia e da Cultura do nosso País, penso que ainda estará na memória de muitos figueirenses – e não só.
É uma memória de que tenho orgulho.
O Barca Nova, um modesto semanário de província, onde na altura eu era chefe de redacção, cumpriu um dever de cidadania, pois ao homenagear o Dr. JOAQUIM NAMORADO e o Neo-realismo, marcou à época a vida cultural, na Figueira e no País.
Tal, no entanto, só foi possível, diga-se em abono da verdade, graças ao talento, à genialidade, à utopia e à capacidade de ver sempre mais além e de sonhar de um grande figueirense e grande jornalista, entretanto já falecido, que a Figueira esqueceu: JOSÉ FERNANDES MARTINS.
Para rematar: na fotografia da esquerda para direita, estou eu, o Dr. Joaquim Namorado, o Dr. Pedro Biscaia, o Alexandre Campos e a minha filha Joana..
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Uma rua para Joaquim Namorado
domingo, 21 de fevereiro de 2021
Recordar Joaquim Namorado...
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Joaquim Namorado homenageado na Gala
o Pedro Biscaia, o Alexandre Campos e a minha filha Joana
A Fundação Bissaya Barreto, que está a comemorar 50 anos de actividade, quis assinalar na Figueira Foz a efeméride com uma realização marcante tendo homenageado o poeta e escritor Joaquim Namorado, atribuindo o seu nome à Biblioteca do Centro Geriátrico Luís Viegas do Nascimento, na Gala.
"Para o efeito promoveu um almoço de convívio com a actuação do Grupo Coral “Encantos”, com música tradicional portuguesa, a que se seguiu a apresentação do tríptico “Vidas”, da responsabilidade dos artistas da Magenta."
ADENDA: sobre este assunto leia mais no aldeia olímpica, clicando aqui.
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Hoje, já estou muito mais descansado...
Foi o que aconteceu com a entrevista que li hoje do vereador Tavares ao jornal AS BEIRAS.
Em primeiro lugar, foi confirmado o que já sabíamos.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Os prémios literários e os políticos que passam pela Figueira
Através do blogue Lugar para Todos, acabei de ler que “o PSD, na sessão de Câmara, votou contra a instituição do prémio literário João Gaspar Simões, figueirense que se distinguiu como escritor e muito categorizado crítico, com enorme colaboração nos melhores jornais e revistas.”
Na opinião do Doutor Melo Biscaia, “de certo, esse voto resultou, infelizmente, da ignorância do valor daquele nosso distinto conterrâneo.”
Como sublinha o distinto democrata figueirense no seu blogue, “com esse Prémio, pretendia-se substituir o Prémio Cidade da Figueira da Foz, que pela sua natureza tão geral, pouco dizia aos figueirenses, e esse Prémio incompreensivelmente sucedeu ao Prémio Joaquim Namorado, dedicado democrata e grande amigo da nossa cidade, embora não tivesse nascido nela, mas dispensando-lhe um enorme amor e sendo um poeta de muito mérito, que sempre fez da Figueira a sua segunda terra.”
O PSD Figueira, ao não votar favoravelmente a criação de um prémio literário com o nome João Gaspar Simões, o que “é algo de injustificável, até porque Gaspar Simões foi como que o descobridor desse grande homem das letras portuguesas, que é Fernando Pessoa”, limitou-se a estar ao seu nível.
Retornando ao Doutor Melo Biscaia: “Gaspar Simões foi também, como Joaquim Namorado um anti-fascista que alcançou na cena literária portuguesa uma posição de relevo.
Mas a verdade é que ele nunca foi bem tratado pelos vários poderes que passaram pela nossa Câmara, o que o desgostou naturalmente, como sabem os que o conheceram bem.”
Por sua vez, O Movimento Figueira 100% decidiu-se pela abstenção, pelo que a proposta do PS foi aprovada.
“É pena” – como muito bem escreve o velho democrata figueirense no seu blogue Lugar para Todos - “que nem todos, pelo menos os mais responsáveis, conheçam melhor a história da Figueira quanto a vários sectores, mormente o cultural.”
Exemplo disso mesmo, foi Santana Lopes na sua passagem pela Figueira, como Presidente de Câmara: chegou e acabou com o “Prémio do Conto Joaquim Namorado”.
Para um antigo Secretário de Estado da Cultura, nada mau…
domingo, 29 de junho de 2014
Recordando Joaquim Namorado e a necessidade de promover a unidade dos democratas
Nessa data, realizou-se o jantar comemorativo do 4º. aniversário do barca nova.
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Exposição “Tudo existe o que se Inventa é a descrição Joaquim Namorado 100 anos”
Com curadoria de António Pedro Pita, a Exposição homenageia a vida e obra do poeta, crítico e ensaísta, ligado de modo indelével à formação do neorrealismo e personalidade marcante da vida cultural do século XX português.
Após a inauguração decorrerá uma visita guiada à exposição pelo curador.
A Exposição irá estar patente até 7 de junho de 2015.
sábado, 28 de junho de 2014
Continuar a lutar por uma outra maré
Ao longo da vida, todos temos momentos em que nos apetece desistir.
As injustiças que nos rodeiam são de tal monta que, por vezes, o que o mais apetece é ceder ao impulso humano de “sopas e descanso”.
Todavia, pelo conhecimento que tenho de mim, sei que não posso nem consigo.
Por mim e por aqueles de quem gosto - e que gostam de mim.
Neste momento e desde há anos a esta parte, estamos mergulhados em ideologias que deixam os fracos ficar par trás.
Essas ideologias sempre me causaram nojo e repulsa.
Foi - e é por isso - que entendo que devemos tentar lutar até ao limite.
É por isso que não “chupo politicamente” aqueles que dizendo-se de esquerda, se vão acoitar despudoradamente no PS, partido que se reclama de Esquerda.
Essa, a meu ver, é a caução para aquela que considero a maior traição- desistir de continuar a luta pela utopia.
Depois, dado o primeiro passo, tentam ir por aí adiante, não evitando as canalhices que são necessárias para fazer o que todos sabemos - sobreviver no lamaçal...
É por isso - e nessa lógica - que depois os vemos a caucionar o que criticavam antes e, na prática, a sustentar políticas que a Esquerda excomungaria por ser da mais retinta Direita que pode haver.
No nosso concelho tivemos dois exemplos recentes: as reuniões de câmara à porta fechada e o estacionamento pago no Hospital da Figueira da Foz.
Por isso pergunto: o partido que os passou a acoitar, que é o partido Socialista português, pode ser considerado um partido de esquerda?
Cada um que responda por si...
Por mim, desde o berço que não fui educado para ser fraco. E não o serei.
Tal como aprendi com Joaquim Namorado, na vida temos de estar preparados para tudo, "até para comer merda com colheres de chá".
Por isso, desde já o afirmo, para que fique claro: na minha opinião, se a homenagem que a Câmara da Figueira da Foz vai promover na passagem do centenário do Dr. Joaquim Namorado não incluir a reposição do Prémio Literário que a Direita extinguiu considero isso uma traição à sua memória.
Há princípios que não são provisórios.
Na minha opinião, a verdadeira homenagem que deveria ser prestada ao Dr. Joaquim Namorado, neste momento, por este executivo da Câmara da Figueira da Foz e por este vereador da Cultura, era essa.