sexta-feira, 29 de novembro de 2024

... passing by?

Gostava de estar optimista, mas não estou...
O ano passado, a maioria absoluta do PS, inviabilizou esta pretensão da comunidade figueirense que vive o problema da erosão a sul da barra do Mondego.
As obras na linha costeira da Figueira da Foz criaram um desequilíbrio brutal na costa do nosso concelho, que se tem vindo a agravar anos após ano. 
O concurso público para a concepção e construção do BYPASS voltou a ser votado na Assembleia da República, nas alterações ao Orçamento de Estado 2025.
A proposta do Livre, igual à do ano passado, voltou a não passar no crivo da AR. Este ano com os votos contra do centrão, que aprovou a proposta abaixo.
Para ler melhor clicar na imagem.
Está à vista de todos a necessidade da implementação do by passs. Mais 10 anos de espera, como pretende a APA, é algo pouco realista face à dramática situação existente a sul do Mondego, na praia da Figueira e em Buarcos.
A Figueira da Foz tem um problema de sedimentos: acumulam-se em frente à cidade, a Norte da foz do rio Mondego, e estão em falta nas praias a sul. A solução para resolver o problema existe: a solução passa por instalar um sistema fixo que transponha as areias do Norte para Sul, concluiu em 2021 um estudo encomendado pela Agência Portuguesa do Ambiente.
“by-pass” para transferir areias da praia, que devido a um acidente ambiental provocado pelo homem, tem o maior areal da Europa, como Nélson Silva salientou, é a solução para a costa sul do concelho. Mas, só deverá estar no terreno dentro de “10 anos”!..
Gostava de estar optimista, mas não estou.
Entretanto,  “o mar trabalha todos os dias e nunca se cansa”. 
E de by pass em by pass, vamos andando cá pela Aldeia: do by pass do Cabedelo ao by pass da merda da ETAR DE S. PEDRO...
Oxalá que este meu pessimismo militante seja desmentido pela realidade. 
Estou disponível e completamente aberto a surpresas e a originalidades figueirenses. A ideia de utopia está sempre presente em nós e funciona como uma válvula de escape...

Figueira abandona sistema de transportes públicos da Região de Coimbra

Imagem daqui

"O presidente da Câmara da Figueira da Foz anunciou ontem que o município  vai abandonar o sistema de transportes públicos concebido pela Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, que ainda não entrou em funcionamento.
“Está na altura de romper em definitivo” com a CIM naquela área estratégia.
“Estamos a trabalhar para dotar a zona urbana e não urbana de transportes adequados à nossa realidade”, disse o presidente da autarquia, referindo que para esse efeito está a ser ponderada a aquisição de veículos elétricos. O presidente da autarquia figueirense acrescentou que existe a possibilidade de serem adquiridos viaturas de transporte adaptadas à procura.
No final da reunião camarária de ontem, o autarca disse que a decisão não era "nenhuma surpresa", mas a concretização do que já tinha anunciado. No início de novembro, Santana Lopes disse que não estava satisfeito com a atuação da CIM em várias áreas, uma delas nos transportes. “Nos autocarros o concurso dura mais do que um mandato e ainda vão formar motoristas e ter um período de transição, o que é uma coisa de anedota”, enfatizou na altura. Nessas declarações, o autarca disse que a atividade da CIM Região de Coimbra “não está numa altura especialmente frutífera”, salientando que sempre falou bem da realidade das comunidades intermunicipais.
A CIM da Região de Coimbra tinha lançado novo concurso público para os transportes públicos rodoviários em 2023, depois de o primeiro procedimento ter ficado deserto, tendo feito uma revisão dos pressupostos do concurso e uma redução da rede em cerca de um milhão de quilómetros percorridos. Em maio, o grupo Transdev, que há muitos anos opera em Coimbra, recorreu à via judicial para tentar impugnar a decisão do concurso de transportes públicos rodoviários da região, processo vencido pela israelita Busway.
A operação futura desta rede de transportes rodoviários estará integrada no bilhete intermodal que irá servir toda a região (um bilhete único que permite usar esta rede, mas também o Metro Mondego e os transportes urbanos de Coimbra).
A reunião de Câmara ficou suspensa e vai continuar na próxima terça-feira, pelas 17 horas, para aprovar o Orçamento para 2025, que foi apresentado pelo executivo, mas que não foi votado devido a dúvidas levantadas pelo próprio presidente da Câmara."

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Esperam-se notícias do parlamento...

Via Jornal de Notícias

«...em 2025, estão previstas reforços de areia em Almada, bem como nas praias da Rocha, Três Castelos e Vau (Portimão), Garrão (Loulé), Furadouro e Esmoriz (Ovar), Cova Gala (Figueira da Foz). Haverá também a colocação de areia em duas zonas agrícolas junto ao mar, em Viana do Castelo e Esposende. A monitorização cabe ao projeto Cosmo, da APA, responsável pela prevenção dos 180 quilómetros de costa portuguesa em erosão.»

Nota de rodapé.

Está à vista de todos a necessidade da implementação do by passs. Mais 10 anos de espera, como pretende a APA, é algo pouco realista face à dramática situação existente a sul do Mondego, na praia da Figueira e em Buarcos.
A Figueira da Foz tem um problema de sedimentos: acumulam-se em frente à cidade, a Norte da foz do rio Mondego, e estão em falta nas praias a sul. A solução para resolver o problema existe: a solução passa por instalar um sistema fixo que transponha as areias do Norte para Sul, concluiu em 2021 um estudo encomendado pela Agência Portuguesa do Ambiente.
“by-pass” para transferir areias da praia, que devido a um acidente ambiental provocado pelo homem, tem o maior areal da Europa, como Nélson Silva salientou, é a solução para a costa sul do concelho. Mas, só deverá estar no terreno dentro de “10 anos”!..
10 anos? Isto, sim, é preocupante.

Sessão de encerramento do projeto Quinta Ciência Viva do Sal - EEA Grants

 Via Diário as Beiras

Militares nas casernas, Gouveia e Melo no bar

«Muitos projetam Henrique Gouveia e Melo como uma figura mística, visionária. Um impulsionador e um estratega que vai devolver a Portugal a glória marítima do passado: um almirante D. Henrique. Há quem veja um calmante no almirante, eu considero tudo isto alarmante. É uma alucinação sintomática de uma epidemia de negacionistas da ideologia, que não consideram inquietante o facto de desconhecermos as posições políticas de um candidato a Presidente da República. (…)

Se o Almirante virar Presidente, sabemos bem quem é o culpado: Francisco Ramos, o primeiro coordenador do plano de vacinação. Se não se tivesse demitido, hoje Gouveia e Melo frequentaria bares sem ser fotografado. (…) Portugal não quis eleger um militar do COPCON, vamos acreditar que não quer eleger um militar com quem se bebe copos.»

Reunião de câmara: Orçamento de 139 milhões de euros é votado hoje

"As Grandes Opções do Plano e o Orçamento do Município da Figueira da Foz (de 139 milhões de euros) fazem parte da ordem de trabalhos da reunião de câmara de hoje. A proposta tem aprovação garantida, já que o executivo camarário FAP/PSD está em maioria na câmara. O que não invalida que, à semelhança dos anos anteriores do atual mandato, Santana Lopes aceite incluir propostas do PS, uma vez que este partido tem maioria na Assembleia Municipal, onde o documento também tem de ser votado. Como o DIÁRIO AS BEIRAS avançou, a maioria do investimento do Orçamento Municipal para 2025 está destinada a setores sociais. Nomeadamente, habitação, educação e saúde, ao abrigo de fundos europeus, financiados a 100%, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). 
Ainda de acordo com a notícia avançada por este jornal, o Orçamento Municipal, o maior de sempre do Município da Figueira da Foz, dedica 35.8 milhões de euros à construção e à reabilitação de habitação destinada ao arrendamento acessível. Por sua vez, a reabilitação de estabelecimentos de ensino (incluindo as escolas Bernardino Machado, João de Barros e Pedrosa Veríssimo) tem um orçamento de 19 milhões de euros. A intervenção que o Município da Figueira da Foz vai fazer na construção e na reabilitação de esquipamentos de cuidados de saúde primários tem uma verba de seis milhões de euros. Em comparação com aquele que ainda está em execução, o Orçamento Municipal para 2025 apresenta-se com um aumento de 47,75% (44.964.858 euros). 

PRR com prazo apertado 

As receitas correntes apresentam um aumento de 5,04% (mais 3.334.822 de euros) e as receitas de capital registam um crescimento de 148,88% (mais 41.661.774 de euros), lê-se na proposta que o executivo camarário FAP/PSD vai submeter a votos na reunião de câmara. A despesa prevista é de 139.124.651 de euros, 58.914.903 de euros (42,35%) relativos às despesas correntes e 80.209.748 de euros (57,65%) correspondem às despesas de capital. O acréscimo do valor do Orçamento Municipal de 2025 justifi ca-se pelo aumento das transferências de capital que, em termos absolutos, representam mais 39.651.360 de euros. Estas transferências correspondem, na sua maior parte, a apoios fi nanceiros não reembolsáveis e a comparticipações de fundos comunitários destinados à realização de investimentos nas áreas da educação e da habitação, sustenta a proposta que vai hoje a votos. No documento, o executivo camarário alerta que “o exercício económico de 2025 será muito exigente e simultaneamente desafi ante para as autarquias locais, nomeadamente com a execução dos investimentos previstos no PRR, que visam implementar reformas e investimentos destinados a repor o crescimento económico sustentado”. As obras financiadas pelo PRR têm de estar concluídas em finais de junho de 2026."

Concertos de Natal


O ciclo de concertos de Natal promovido pelo Município da Figueira da Foz, em dezembro e em locais de culto religioso do concelho, começa no primeiro dia do próximo mês. O primeiro concerto realiza-se na igreja da Misericórdia de Buarcos, pelas 17H30, com o coro de câmara Canticus Camerae, da Assembleia Figueirense, sob a direção da maestrina Alexandra Curado. O segundo concerto, no dia 8 de dezembro, pelas 15H30, será no local de culto da Igreja Protestante / Reformada da Figueira da Foz, com a atuação do Coro Pequenas Vozes da Figueira da Foz, igualmente sob a direção da maestrina Alexandra Curado. O Grupo Coral David de Sousa, sob a batuta do maestro Vítor Ferreira, realiza dois concertos de Natal. O primeiro será no dia 15 e o segundo no dia 22 do último mês do ano, ambos às 15H30. O primeiro dos concertos do Grupo Coral David de Sousa terá lugar na igreja paroquial do Santíssimo Salvador, em Maiorca, enquanto o segundo realizar-se-á na igreja paroquial de S. Teotónio, em Brenha. Nota de imprensa enviada pela Câmara da Figueira da Foz frisa quer os concertos de Natal têm como “objetivo de promover valores de paz e amizade através da linguagem universal que é a música”.

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Nada de novo...

No canal Now, o autarca da Figueira da Foz referiu que tem a experiência necessária para assumir o cargo de Chefe de Estado 

Sobre os outros possíveis candidatos, Santana Lopes começa por defender que Mário Centeno não tem as características necessárias para ser presidente. António José Seguro seria, para o antigo militante do PSD, um melhor candidato para representar a área política do PS 

Quanto ao almirante Gouveia e Melo, Santana Lopes acredita que será candidato e que pode até conseguir sair vencedor. 

atual chefe do Estado-Maior da Armada informou o Governo de que não quer ser reconduzido no cargo, ficando, assim, com as portas abertas para uma candidatura presidencial, que, sabe a SIC, deverá ser anunciada em março

Santana Lopes, há pouco mais de um mês, disse que o mais provável é recandidatar-se à Câmara da Figueira da Foz...

Algo está errado. Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho não tem 92 anos. É só fazer as contas: 2024 - 1987 dá 37 anos...

O edifício da Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, tem 55 anos, pois foi inaugurado no dia 17 de Abril de 1969. Depois disso, foi alvo de uma profunda requalificação há 12 anos.

Na edição de hoje do Diário as Beiras pode ler-se o seguinte: "Aos 92 anos, a Escola Secundária Joaquim de Carvalho, com 1.100 alunos, está bem conservada. De resto, foi alvo de uma profunda requalificação há 12 anos."
Há aqui algo que não bate certo.
Antes da inauguração das novas instalações junto ao Estádio Municipal, existia o Liceu Nacional da Figueira da Foz, que funcionou nas instalções onde depois existiu o terminal rodoviário e agora estão a ser reabilitadas para poderem acolher o crescimento do campus universitário. 
Mas vamos aos factos.
Sendo Ministro de Instrução Pública Cordeiro Ramos, o decreto de 6 de outubro criou "na Cidade da Figueira da Foz um liceu municipal, que se denominará Liceu Municipal do Dr. Bissaya Barreto". Decisiva terá sido a influência política de Bissaya Barreto.

19562.º Ciclo Liceal
O ensino no Liceu Municipal alargou-se ao 2.º ciclo liceal, nele se lecionando já, em 1958/59, o então 5º ano.

1958Aprovação da Construção de Liceus 
Devido ao crescimento em "ritmo verdadeiramente impressionante" da população escolar, os ministérios de Arantes e Oliveira e Leite Pinto (Obras Públicas e Educação Nacional, respetivamente) aprovaram um plano de construção a médio prazo de novos liceus, entre os quais o da Figueira da Foz. 
1961 - Constatando que a frequência do Liceu Municipal aumentara "num ritmo comparável ao de alguns liceus nacionais", e perante a impossibilidade de a Câmara Municipal suportar elevados encargos, o ministério de Lopes de Almeida elevou a nacional o Liceu da Figueira. O mesmo decreto-lei previa a introdução gradual do 3.º ciclo a partir de 1962/63.
1969Inauguração Oficial
Às 18.30 horas do dia 17 de abril, assinalaram a inauguração oficial do liceu pelo Chefe de Estado, Américo Tomás, de cuja comitiva faziam parte os Ministros da Educação Nacional, José Hermano Saraiva, e das Obras Públicas, Silva Sanches.

1987Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho
Concluindo uma campanha iniciada em 1978, uma portaria governamental consagrou a designação "Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho - Figueira da Foz", de acordo com a proposta enviada pela escola, reconhecendo o valor de Joaquim de Carvalho no âmbito da cultura e da educação, e com o apoio maioritário dos professores e a concordância da Câmara Municipal.

A vida, a ética e os políticos (II)

25 de Novembro: uma AR a queimar pneus

"Ao celebrarmos os 50 anos de Abril seria do mais claríssimo bom senso evocar as datas mais importantes desse processo, do 28 de Setembro à aprovação da Constituição em 1976, passando, como é evidente, pelos 50 anos do 25 de Novembro. Já tentar fazer no 49.º aniversário da data algo semelhante à cerimónia da data fundadora do regime seria só ridículo, se não tivesse a gravidade de mais uma concessão da direita democrática ao radicalismo do partido de André Ventura. Que o CDS, que sempre perseguiu essa revisão, o fizesse ainda se consegue compreender historicamente. Já se estranha que uma força tão nova como a Iniciativa Liberal consiga equiparar a celebração do 25 de Novembro ao derrube da ditadura, como fez de forma lamentável o seu líder, mas a IL adora guerras culturais. Agora que o PSD, com toda a sua responsabilidade política, tenha proporcionado este palco a André Ventura é algo que se compreende muito mal e que o irá perseguir durante anos. Porque se ouvimos discursos sensatos das duas maiores figuras do Estado, o que ficará a ecoar nas paredes do hemiciclo é André Ventura a fazer peões discursivos com os seus temas divisivos, provocando muito fumo, sem sair do sítio e sem mostrar futuro. Mais uma exibição do zaragateiro da República, um momento baixo da história do Parlamento, do qual, infelizmente, o PSD foi cúmplice."

Nota de rodapé

Passaram mais de 15 anos desde que escrevi isto no OUTRA MARGEM.

Muito se fala em ética, nos dias que passam.
A política, ouve-se dizer amiúde, deveria conter um elevado sentido ético, de missão e de serviço.
A ética, o sentido de missão e de serviço, na vida como na política, só podem ser um ponto de partida, nunca um ponto de chegada.
Os partidos, esses “chamados pilares da democracia”, não são propriamente uma escola de virtudes, de bons costumes e de lisura de processos.
Para mim, é claro há muitos e bons anos, que quem pretender militar com lisura num partido, seja ele qual for, da esquerda à direita, corre o risco de, mais tarde ou mais cedo, entrar em conflito e, no mínimo, se não se quiser aborrecer muito, acaba por ir "dar uma volta ao bilhar grande”, para arejar as ideias.
Portanto, para mim, discutir a vida interna dos partidos está fora de questão.
Verdadeiramente motivante, isso sim, é a discussão das consequências que as decisões políticas têm na vida de todos nós. Questionar ou comentar propostas dos poderes, assim como escrutinar a gestão da “coisa pública” e a aplicação dos dinheiros do estado, é um acto de cidadania a que, nem os cidadãos nem os políticos, estão habituados. Aliás, os políticos, sejam do poder central ou do poder local, sentem-se especialmente desconfortáveis se forem atentamente observados pelo cidadão normal.
Para mim, é para o lado que me viro melhor. A meu ver, político que não queira ser escrutinado, só tem uma coisa a fazer: mudar de vida.
Portanto, nunca irei compreender o engulho que as questões ou opiniões dos cidadãos geram em alguns políticos.
Se há alguém que deve esclarecimentos, são eles próprios, os políticos. Justificar, clarificar e demonstrar o interesse público das suas propostas de realizações é o mínimo a que estão obrigados.
A arrogância, a prepotência, a soberba e a falta de humildade democrática nunca ajudaram a alterar significativamente, para melhor, a vida dos cidadãos."

Decorridos mais de 15 anos estas palavras estão mais actuais do que nunca...

O 25 de Novembro que interessa e a quem interessa (reescrever) o 25 de Novembro

"Enquanto, no Parlamento, as direitas brincavam ao revivalismo histórico, celebrando o 25 de Novembro, assinalava-se o Dia da Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Os nossos deputados passaram horas entretidos a fazer a vontade à extrema-direita, celebrando o dia em que, há quarenta e nove anos, esta também foi vencida. Tudo por causa de uma guerra cultural que pretende reescrever a história, repisando a falsa narrativa que faz equivaler o 25 de Abril e a queda de quarenta e oito anos de regime fascista (!!!), a um 25 de Novembro que acabou com uns meses de PREC, matando as ambições revolucionárias do Partido Comunista e da extrema-esquerda.

Ora, estes falsos órfãos de Novembro, esquecendo-se que as pretensões contrarrevolucionárias da extrema-direita também foram vencidas na mesma data, ignoraram as vozes dos verdadeiros obreiros e (esses, sim) vencedores do 25 de Novembro, que não pretendem que a data valha mais do que sempre valeu, e organizaram um anacrónico “primeiro” aniversário de quarenta e nove anos, com o patrocínio de um PSD cada vez mais mobilizado por agenda alheia.

Desengane-se quem pensa que isto é uma espécie de fetiche pelo passado, porque esta gente não dá ponto sem nó e mira sempre adiante. A verdadeira intenção desta tentativa de sequestro do 25 de Novembro pela Direita é, em primeiro lugar, tentar esvaziar a importância de Abril e desassociá-lo da ideia (verdadeira) de que significou o parto da democracia (a sanha nunca passou!) e, em segundo, reforçar a narrativa (falsa) de que as forças de Esquerda (essas sim) são antidemocráticas e que foi a sua derrota, há quarenta e nove anos, o verdadeiro parto da democracia.

É preciso muito revisionismo histórico para, numa só efeméride, diminuir Abril, demonizar as forças que mais lutaram contra o regime fascista e pela liberdade (o Partido Comunista e os outros grupos de Esquerda), que estão aliás presentes na vida democrática portuguesa há cinquenta anos e, ao mesmo tempo, ainda transformar os derrotados (cujos contragolpes e atividades terroristas para reativar o regime não tinham a mínima sustentação popular e foram esmagados) em grandes protagonistas das celebrações! Reconfortante é comparar a comovente manifestação dos cinquenta anos de Abril que este ano tivemos, com a indiferença popular diante do saudosismo de Novembro.

Mas, voltando ao início, enquanto rolava a festinha, o 25 de Novembro que importa ficava para segundo plano. O que não surpreende, já que temos tido demasiadas demonstrações de que esta Direita, não só não têm nenhum interesse em lutar pela eliminação da violência contra as mulheres, como está mais interessada em eliminar os direitos (que nos custaram cinquenta anos a conquistar)."

Coca Cola e Democracia

Carlos Matos Gomes


Imagem de Nemésis, de Albercht Durer

"As forças americanas que permaneceram na Europa após a Segunda Guerra trouxeram os seus produtos como os europeus haviam feito com os indígenas durante a sua expansão pelos continentes. Além das notas de dólar europeu, não convertível, os americanos trouxeram as suas roupas, jeans e meias de vidro, de nylon, canções e discos, hamburgueres, tabaco com filtro, creme Ponds para a pele das senhoras e Brylcreem para abrilhantar a cabeleira dos homens, preservativos e a sua democracia de mercado e toda a liberdade, desde que os movimentos sociais não interviessem nos lucros dos negócios.

A Coca Cola foi considerada a bebida da Democracia e da Liberdade. Onde havia Coca Cola havia democracia! No Portugal de Salazar não havia Coca Cola, logo não existia democracia, exceto em Moçambique por causa dos sul-africanos. Os suseranos locais. Em Angola vendia-se a Fanta, uma zurrapa ainda pior.

A retórica de impor a democracia para impedir que uma ditadura comunista se implantasse foi o prato forte da propaganda dos Estados Unidos desde o final da Segunda Guerra e da adoção da doutrina Truman, de détente, em que os Estados Unidos tanto invocavam o perigo do comunismo enquanto ideologia, como o perigo da expansão da União Soviética enquanto competidor estratégico. O argumento era utilizado segundo as conveniências. Tratava-se de domínio territorial.

O pragmatismo da política americana, isto é, a ausência de valores de referência, de escrúpulos, substituídos pelos interesses, e o desprezo pelos direitos humanos que caracterizaram a “doutrina Kissinger”, fizeram que esta sombria personagem emergisse simultaneamente como o mestre do golpe do Chile e dos massacres no Camboja e também como o padrinho da “democracia portuguesa” tendo o embaixador Carlucci como lugar-tenente e o major Melo Antunes como o agente local.

O golpe do 25 de Novembro foi financiado pelos Estados Unidos, com transferências feitas através da Internacional Socialista, que suportaram os novos órgãos de propaganda. Assim, de cor: Jornal Novo, Luta, Tempo, Europeu entre outros foram criados com fundos americanos, assim como a UGT foi financiada pelos sindicatos americanos e europeus. Também armas foram fornecidas e ainda hoje não se lhe conhece o paradeiro. Todas estas afirmações estão provadas e constam de documentos e publicações disponíveis pelo público. Não há desculpa para invocar ignorância.

Não será, com certeza, esta a narrativa oficial de cosi fan tutte — isto é, os outros europeus também abdicaram da sua autonomia e os mais disponíveis foram premiados — que vai ser cantada sucessivamente e a várias vozes na Assembleia da República. As lenga-lenga carregarão as cores negras do perigo comunista (que tinha sido arredado em Agosto à margem do Acordo de Helsínquia) e do levantamento nacional dos bons portugueses contra o totalitarismo (ação do ELP/MDLP e do clero ultramontano, devidamente olvidado — Pacheco de Amorim representará o ELP, mas virá alguém da arquidioceses de Braga? Ou Nuno Melo tomará esse encargo?), uma narrativa que esconde o fabuloso negócio da desnacionalização da banca, das Parecerias Publico-Privadas, do saque aos fundos europeus destinados a formação profissional, do desordenamento do território, em particular no litoral, para construção e corrupção.

Não existem narrativas oficiais que não representem relações de força num dado momento. Mas, neste caso, a narrativa oficial é tão mal cozida, ou cosida, assim se refira um mau cozinhado ou uma peça de roupa com os fundilhos esgaçados que o povo teve de ser excluído, não fosse alguém gritar que o rei ia nu. A imposição de uma narrativa oficial que exclua o povo será sempre uma ação totalitária que assenta na cobardia de quem a promove como um ato de fé.

A narrativa oficial do 25 de Novembro que vai ser apresentada na liturgia na Assembleia da República é um ato de cobardia e de vergonhosa humilhação. De cobardia pela não assunção do papel de gente por conta que desempenharam os celebrados e homenageados, e de vergonhosa humilhação por se apresentarem como homens livres quando foram meros caddies, os carregadores do saco com os tacos do golfista.

A celebração do dia foi encenada para ser um espetáculo de Televisão sem surpresas. Um reality show no qual os convidados se prestarão ao papel de figurantes graciosos e com as deixas preparadas. Os generais farão vénias aos ministros que os ofenderam, sem continências nem apertos de mão, os deputados que advogam os interesses dos banqueiros falarão sobre democracia e justiça social, os médicos que operam nas clinicas privadas falarão da democracia e do serviço nacional de saúde. Um almirante gritará da ponte de comando: Sus, a eles, aos infiéis russos! Do púlpito no centro do palco sairá, repetido a várias vozes, um sermão conhecido, a que os crentes dirão âmen com a cerviz baixa.

Alguns figurantes nacionais — menores, porque os maiores estão todos mortos, caso de Kissinger, Carlucci e Melo Antunes — emoldurarão as galerias como fantasmas e o facto mais significativo, segundo a comunicação social, é que a banda da GNR tocará o hino nacional duas vezes. Talvez fosse de propor que uma das intervenções fosse substituída pel’ Os Vampiros, do Zeca Afonso.

Também parece que o autor e principal animador da cerimónia dos mansos a que Vasco Pulido Valente designou pelos Devoristas, terá sido Nuno Melo, um menino de oiro (homenagem a Agustina Bessa-Luís) que é uma garantia de patriotismo e coragem. No livro Os Americanos e Portugal, de Bernardino Gomes, do Partido Socialista, já falecido, e de Tiago Moreira de Sá, que já foi do PSD e agora é eurodeputado do Chega, a tramoia do 25 de Novembro está muito bem explicada.

Por mim, propunha que a cerimónia terminasse com um magusto oferecido pela associação de bancos e pela embaixada dos Estados Unidos, uns porque que tiveram este ano lucros nunca vistos, e os outros porque andam de vitória em vitória desde o Iraque à Ucrânia, prova de que o 25 de Novembro valeu a pena.

Uma nota final e pessoal, custa-me ver uma personagem por quem tenho respeito e estima envolvidas nesta farsa. É que não se pode estar ao serviço do mesmo Kissinger que chefiou o golpe do Chile, que autorizou a invasão de Timor Leste pela Indonésia e dar da cara pela independência de Timor e abençoar o 25 de Novembro e os seus visíveis resultados de aumento de desigualdades e de injustiças. Acredito em razões de lealdade para com alguém que ele muito admirava e em que confiava. Melo Antunes. Sem nunca ter sido íntimo, nem seguidor político de Melo Antunes, julgo que este não se prestaria a caucionar esta cerimónia manhosa com a sua presença esfíngica."

Inesquecível...


"... 25 de Novembro de 2024, o dia em que o Presidente Ramalho Eanes com a sua provecta idade deu consigo ao balcão de uma taberna...

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Para que serve esta comemoração do 25 de novembro? Vasco Lourenço, capitão de Abril, responde a Daniel Oliveira

O coronel Vasco Lourenço tem 82 anos, é presidente da Associação 25 de Abril, ator e autor central do 25 de Novembro. Um dos principais obreiros do 25 de Novembro recusa a equiparação com o 25 de Abril e não aceitou estar presente na sessão solene de hoje. Ouça aqui a conversa com Daniel Oliveira, no podcast “Perguntar Não Ofende”
Nota de rodapé
(Carlos Matos Gomes)
"Em 25 de Novembro de 1975, Portugal constituía uma pedra anómala no tabuleiro de um jogo muito mais vasto, jogado pelos grandes atores internacionais num período de contenção da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, que se traduziu nos acordos de Helsínquia no verão de 1975, mas onde se jogava a fidelidade e a obediência do flanco sul da NATO. A resistência dos gregos à ditadura dos coronéis ameaçava alterar o regime de submissão que vinha desde a Segunda Guerra, na Itália, o compromisso histórico entre a Democracia Cristã de Aldo Moro e o PCI de Berlinguer corria o risco da entrada de comunistas no governo de um grande país da NATO, o fim da fiel ditadura de Franco em Espanha também causava preocupações. Portugal era o elo mais fraco, o mau exemplo e aquele onde um golpe com argumento de “salvar” a democracia do comunismo era mais fácil de executar e de credibilizar perante a opinião pública internacional.
O 25 de Novembro resulta da decisão dos EUA atacarem o ponto fraco, que tinha a vantagem de estar a descolonizar Angola e estava dependente do auxílio americano para retirar os seus nacionais. Como é evidente nunca surge como razão para o 25 de Novembro a defesa da democracia, nem da liberdade, nem dos direitos do homem que amanhã serão invocados na Assembleia da República por coristas encoirados, sob o lema: Tudo pela Nação, nada contra a Nação! Serão proclamados, com voz embargada, valores e heróis. Ameaças e diabos. Milagres e mocadas em Rio Maior.
Em 1975, depois da Pérsia e da Jordânia corrigirem uma disputa fronteiriça, Kissinger encerrou o apoio aos EUA aos curdos numa ação que o Congresso classificou como de venda, justificando a decisão a um congressista: Ação secreta não deve ser confundida com trabalho missionário.” Quanto ao golpe do Chile, em 1973, de acordo com uma transcrição desclassificada de uma reunião apenas duas semanas depois de Pinochet ter assumido o poder, Kissinger afirmou os diplomatas americanos que não deveriam colocar a questão das violações dos direitos humanos pelos golpistas, acrescentando: “Acho que devemos entender a nossa política: por mais desagradável que eles sejam, o governo [Pinochet] é melhor para nós do que Allende foi”.
Kissinger foi o mestre que conduziu o processo político em Portugal que conduziu ao 25 de Novembro e que, na narrativa oficial, restaurou a democracia em Portugal contra a ditadura comunista. O 25 de Novembro tem esta personagem de democrata exemplar como patrono! Como o seu São Jorge. É um facto."