sábado, 12 de outubro de 2024

Câmara da Figueira da Foz rejeita suspeições sobre unidade de biocombustíveis

Texto: Diário as Beiras

Foto: Campeão das Províncias

«A Câmara da Figueira da Foz, repudiou ontem as suspeições lançadas sobre a instalação da unidade de combustíveis avançados da empresa portuguesa BioAdvance no terminal de granéis líquidos do porto marítimo.

O executivo liderado por Pedro Santana Lopes esclareceu, em assembleia municipal extraordinária, que a instalação resultou de um contrato de concessão assinado em agosto de 2022 com a administração do porto, que emitiu em dezembro do mesmo ano o alvará de licença.

Numa reunião bastante agitada, que foi convocada para discutir a situação da empresa, depois de na última assembleia a oposição ter manifestado dúvidas sobre a sua legalidade, os serviços técnicos da Câmara apresentaram todos os passos do projeto, que pretende produzir anualmente mais de 20 mil toneladas de biodiesel a partir de óleos alimentares usados.

A empresa, sediada no concelho de Pombal, onde possui uma unidade mais pequena, instalou-se junto ao terminal de granéis líquidos do porto da Figueira da Foz, depois de uma candidatura aprovada ao “Sistema de Incentivos à Inovação Empresarial – Verde” e do projeto ter sido reconhecido com o estatuto de Potencial Interesse Nacional (PIN).

O presidente da Junta de Freguesia de Vila Verde, Vítor Alemão (PS), insistiu hoje que a unidade está a laborar sem licença e a provocar poluição ambiental através de cheiros e odor incomodativo, que já motivou, segundo afirmou, queixas na PSP e da própria Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC).

Uma afirmação rejeitada pelo município, que garante não ter conhecimento de que a empresa esteja a funcionar.

A vice-presidente Anabela Tabaçó disse que a empresa ainda não possui licença de utilização para funcionar e que efetua apenas testes de equipamentos, enquanto decorre o processo de obtenção da licença industrial.

A autarca explicou que o município licenciou as obras de construção, mas que a licença de utilização só pode ser emitida quando estiver concluído o processo de licenciamento industrial na CCDRC, iniciado em 2023.

Anabela Tabaçó acusou o presidente da Junta de Vila Verde de acusações gravíssimas ao executivo por causa daquela unidade, lamentando que o autarca “só agora seja tão enérgico” sobre um processo iniciado em 2022.

Segundo os serviços técnicos municipais, encontra-se ainda em curso o processo de licenciamento ambiental daquela unidade da competência da Agência Portuguesa para o Ambiente (APA).

As suspeições lançadas sobre o executivo a propósito deste projeto motivaram hoje duras críticas do presidente da autarquia, que pediu a reunião extraordinária para esclarecer todo o processo de legalização da empresa, que resultou de um investimento privado de aproximadamente 27 milhões de euros.

Santana Lopes chegou mesmo a acusar o presidente da Assembleia Municipal, José Duarte Pereira, eleito pelo PS, de não ter atuado com a mesma atitude no tratamento do assunto e de não o ter defendido enquanto presidente da Câmara, quando estava em causa “a sua honra e dignidade”.

“Não tenho obrigação, nem que tivesse 21 anos, ser eleito e vir para uma reunião ser ofendido e o senhor presidente não por cobro às ofensas”, enfatizou Santana Lopes, bastante irritado, salientando que ao convocar esta assembleia cumpriu o seu dever de esclarecer.

O proprietário da BioAdvance, Paulo Gaspar, disse à agência Lusa que se encontra a decorrer na Agência Portuguesa do Ambiente (APA) o processo para a emissão do regime de Prevenção de Controlo Integrado de Poluição, que vai permitir a emissão da licença industrial.

No final da reunião, o presidente da Junta de Freguesia de Vila Verde referiu à Lusa que as explicações não inibem as consequências do funcionamento da empresa junto ao interface urbano, num processo “em que as pessoas não foram ouvidas e em que não há garantias que a população não seja afetada”

Inês, a mulher que mais prostitutas tirou da rua

Nunca estive pessoalmente com Inês Fontinha. Todavia, Inês Fontinha é das pessoas que mais julgo conhecer, pois acompanha-me há mais de 4 décadas.
Durante anos, entre 1978 e 1983, quando pouca gente a conhecia, li inúmeros textos de Inês Fontinha, antes de serem publicados pelo semanário Barca Nova.

O seu nome nunca saíu do meu radar. 
A prostituição continua a ser um problema social do qual pouca gente quer falar.
A socióloga Maria Inês Gomes Rodrigues Fontinha, nasceu na Madeira no ano de 1943. Filha de Georgina de Jesus Gomes e de Júlio Roque Gomes, cresceu numa família numerosa de sete filhos. Segue os seus estudos na Ilha da Madeira e, em 1964, vem para Lisboa onde ingressa no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, licenciando-se em Ciências Sociais e Políticas no ano de 1969. Foi pela mão de um seu amigo jurista que, em 1975, conhece a Associação O Ninho, instituição particular de solidariedade social fundada em 1967 por  impulso de Ana Maria Braga da Cruz, com o objectivo da promoção humana e social das mulheres vítimas de prostituição. Em 1976, torna-se monitora do lar de acolhimento das raparigas. Anos mais tarde será a coordenadora de lar e posteriormente directora de serviços. Trabalhou quase 40 anos na reinserção social das mulheres que se prostituem no sentido do desaparecimento da prostituição o que lhe dá uma indiscutível autoridade na matéria.

Inicia a sua actividade em O Ninho, em 1975, vivendo um período de mudanças profundas advindas da Revolução de Abril de 1974. Em plena euforia da liberdade conquistada, viu-se confrontada com uma realidade que desconhecia, a realidade das raparigas que residiam no Lar de Acolhimento, buscando caminhos de mudança, encontrando nele uma alternativa para a saída do sistema prostitucional que as acorrentava. Assinale-se que O Ninho, criado em Portugal à semelhança da instituição francesa Le Nid, com ela partilha objectivos e métodos, mas a sua singularidade apresenta um traço notável de persistência reconhecida quer dentro do País quer no estrangeiro. Em Portugal, O Ninho teve um papel fundamental na alteração da lei existente ao tempo do fascismo, quando a prostituição era proibida e as mulheres eram presas por se prostituírem (lei nº44 579 de 19 de Setembro de 1962) deixando a prostituição de ser crime a partir dos anos 80. Sempre atenta às mudanças operadas na sociedade – e no mundo – a instituição portuguesa foi membro fundador da Federação Europeia para o Desaparecimento da Prostituição, criada porque “a comunidade europeia está a ser pressionada pelo proxenetismo organizado no sentido da legalização”. Em 1992, Inês Fontinha é eleita Presidente dessa instituição europeia.
É membro do Conselho Nacional do MDM, tendo recebido a Distinção de Honra do MDM em 1992. Recebeu o Prémio da Revista Mulheres e muitas outras Revistas a consagraram nas suas páginas. Condecorada por Jorge Sampaio, recebe a Medalha de Mérito em 6 de Março de 1998. O Ninho, de que é Directora, é homenageado pela Assembleia da República com o Prémio de Direitos Humanos em 2003, sendo galardoado por várias organizações, entre as quais a Ordem dos Advogados.
Em 2005, em reconhecimento do seu mérito e prestígio pessoal, Inês Fontinha integra uma lista de mil mulheres proposta ao Prémio Nobel da Paz, lista apoiada pela organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), para se contrapor ao facto de que desde 1901 apenas 12 mulheres terem sido galardoadas com o Prémio Nobel. Ainda que tal não tenha sido aprovado, Inês Fontinha sentiu-se muito honrada com essa proposta, tendo considerado na altura que, em geral, “só as mulheres que têm sucesso na política ou a nível empresarial são reconhecidas, e que as que desenvolvem um trabalho social têm pouca visibilidade”, e nessa medida, considerou essa distinção muito importante para “dar visibilidade às mulheres” que desenvolvem “trabalhos ocultos” e apoiam pessoas marginalizadas.
Inês Fontinha é uma figura surpreendente e muitas vezes polémica que se entregou de corpo e alma a uma causa sem nunca perder a verticalidade para poder denunciar quem produz o mal que, entretanto, diz querer erradicar. Sem nunca deixar de reivindicar e propor, mesmo nos tempos do fascismo, uma solução mais digna para as mulheres caídas na prostituição por razões económicas e vítimas de uma sociedade em que os homens pretendem ser donos e dominadores das mulheres e dos seus corpos. Nesse sentido, pronunciou-se ativamente contra a criação na Mouraria, em Lisboa, de uma casa-refúgio, um anunciado prostíbulo camarário para prostitutas, onde estas também poderiam praticar sexo pago. Admitindo que esta proposta possa representar uma “forma camuflada de tentar legalizar a prostituição”, considera que é um projeto perigoso e aberto a novas formas de exploração. A pretexto de proteger as mulheres contra a Sida (quem sobretudo protege são os clientes!), pode ao contrário estimular o proxenetismo e o negócio. Os direitos das mulheres à igualdade e os direitos humanos estão sempre no seu horizonte quando equaciona a problemática da prostituição. “A legalização é um atentado aos direitos das mulheres, aos direitos humanos, é completamente perverso legalizar a prostituição”[2] . Conhece todo o argumentário a favor da legalização da prostituição e facilmente o desmonta, baseada na sua experiência acumulada junto das cerca de 8 000 mulheres que acompanhou na Instituição ao longo dos 40 anos em que nela trabalhou e das histórias de vida contadas num ambiente de psicoterapia institucional. Inconformada com a peregrina ideia de que a mulher é livre e tem legitimidade para “vender” o seu corpo, responde “Defendemos uma sociedade onde as mulheres tenham igualdade e agora vamos criar uma situação de subalternização ao homem, conceder ao homem o poder legítimo de comprar uma mulher?” O que existe, nesta situação, isso sim, “É o poder legítimo de o homem querer e poder comprar”. E adianta, “Não conheço nenhuma mulher que goste de ou queira ser prostituta. Não conheço nenhuma família, por muito desorganizada que esteja, que tenha como projecto de vida para os seus filhos serem prostitutas ou prostitutos” [3].
Vivemos numa sociedade em que, apesar dos avanços no campo dos direitos das mulheres, muita gente ainda concorda com uma situação em que a mulher está completamente subalternizada ao homem, é um objecto, um instrumento de prazer. Não há vazio legal. Temos um sistema abolicionista que imperou na Europa durante muitos anos. Porquê este frenesim de alguns países europeus em legalizar a prostituição, afirmando que vão combater o tráfico? É falso, está provado!
Legalizando a prostituição, fomenta-se o tráfico. Há governos que defendem a legalização escudando-se na saúde pública: “Alguns governos pensam que a regularização das casas de passe seria um passo no sentido de maior segurança para a saúde pública”, porém, para Inês Fontinha existe neste argumento um sentido discriminatório, visto apenas as mulheres ficarem sujeitas ao rastreio, para não contaminarem os homens. E ironiza: “A igualdade de género caiu por terra quando a mulher é considerada um objecto”.
Sobre a questão de que quem se prostituir ficará mais protegido se for encarado como trabalhador, Inês Fontinha recusa taxativamente a concepção de que a prostituição é um trabalho e insiste que “vender o corpo” não é um trabalho. Fala-se muito em trabalho digno, mas pergunta-se: Será que isto é um trabalho digno? Defende que se deveria dar um verdadeiro estatuto de vítima a uma prostituta, tal como se deu às mulheres vítimas de violência doméstica, não para as menorizar mas antes para poderem decidir da sua própria vida. A sua desvalorização nas ruas é profunda. Por isso, a ajuda externa é de extrema importância para poder abrir portas, e dizer: há esta possibilidade. O que falta são os apoios necessários para proporcionar reais oportunidades às pessoas.
A luta contra a prostituição como flagelo social, a dedicação total à protecção das mulheres prostituídas e sua reinserção social foi o grande motivo da sua vida. Por esta causa se notabilizou e foi pioneira. Porque esta problematização se impõe nos nossos dias com diversos matizes, replicamos alguns dos seus pensamentos sobre uma realidade que afinal é de muitos milhares de mulheres, e que traduzem seguramente o essencial desta mulher que na primeira pessoa nos conta a sua lancinante experiência.
“Fui aos locais onde as mulheres procuravam os clientes, ruas, bares, casas de passe. Ouvi histórias inabitadas de afectos, de abusos sexuais persistentes pelo pai, pelo padrasto, pelo irmão, por um amigo da família. Escutei a fome, o trabalho infantil, a pobreza que habitou a infância de todas elas. Escutei o sofrimento de corpos desvalorizados pela violência a que foram sujeitos, vi a dissociação/clivagem entre o psicológico e o físico, quando afirmavam “o meu corpo vai para o quarto, mas a minha alma fica de fora”.
Também no 9º Congresso do MDM realizado em Outubro de 2015, confirma perante centenas de mulheres, a sua experiência pessoal: “Acompanhei durante estes longos anos cerca de 8000 mulheres e afirmo com segurança que a prostituição viola severamente a dignidade humana e os Direitos Humanos. É contra a igualdade de género e quem defende a igualdade não pode afirmar que a prostituição é uma forma de a mulher utilizar o seu corpo conforme entender. Não! É uma forma de o homem usar o corpo da mulher como entender (…) Aprendi que a mulher se sente uma “coisa”, um objecto, um utensílio para uso do homem, para satisfazer as suas fantasias ” eu sou reciclável, sou usada e posta de parte (…) Aprendi que o homem cliente é proveniente de todas as classes sociais. O local onde procura a mulher é diferenciado consoante o seu poder de compra. Num hotel ou bar de luxo o cliente tem poder económico e exige que a mulher corresponda ao seu estatuto social, na forma de se vestir, de se comportar. Exige que se confunda com o seu próprio estatuto social. Por isso, quando entrei num bar de luxo vi mulheres que pareciam pertencer a classes sociais com poder económico, mas quando me contaram a sua vida, tinham tido percursos muito semelhantes a de outras mulheres que se prostituíam em outros locais, frequentados por homens/clientes com fracos recursos económicos. Vi, assim, a oferta a adaptar-se à procura.”
“Compreendi que o negócio da prostituição rende ao proxenetismo milhões de euros, porque a prostituição não se reduz a um acto individual de uma pessoa que aluga o seu sexo por dinheiro, é uma organização comercial com dimensões locais, nacionais, internacionais onde existem três parceiros; pessoas prostituídas, proxenetas e clientes.
Aprendi que a prostituição diz sempre respeito à sexualidade… está perante o sexo separado de todo o significado humano, sexo/objecto. Compete-me pôr as minhas dúvidas em relação a esta banalização do sexo (…) Na prostituição todos estes actos íntimos são rebaixados a um nível único – ao de um valor mercantil (…) A sexualidade é vivida como uma procura de prazer á custa do outro. É uma forma de violência”.
Inês Fontinha é uma Mulher de Abril, porque Abril deixou rasto na sua vida e contaminou a sua forma de encarar o mundo.
Ao ouvir na Antena 1 o Postal do Dia que Luís Osório lhe dedicou, tive um sobressalto ao recordar a história de vida de Inês Fontinha, a mulher que mais prostitutas tirou da rua. Hoje, com mais de 80 anos, a sua cabeça é a de uma jovem que continua todos os dias a mudar o mundo um bocadinho que seja.
Fica, para ouvir, o Postal do Dia.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

O núcleo duro do PS

Pedro Nuno Santos diz que "ainda há tempo" para decidir sentido de voto.
Quais são os riscos que pode correr o núcleo duro do PS?
Se o PS não aprovar o OE2025, o André Ventura avança: apresenta-se como o salvador da pátria. 
Se o PS não aprovar o OE2025, só para respeitar as ordens e honrar o núcleo duro do PS, é por ter medo do Bloco.
Portanto: se o núcleo duro do PS chumbar o OE2025 de Direita, o dr. André Ventura agradece, tal como naturalmente e por essência o senhor primeiro-ministro. 
O núcleo duro do PS parece aqueles machões que de discurso dizem respeitar a igualdade das mulheres, mas na prática não é bem assim... 
O BE tem cinco deputados. O PS tem o mesmo número de deputados que o PSD. O Chega tem 50 deputados, mas até o Ventura sabe que, se formos a votos, fica com 25. O que seria uma vergonha para ele. 
Antes, queria eleições e irrevogavelmente nunca, nunca na vida aprovaria o OE2025. Jamais. 
Agora, anseia que o PS o chumbe para o salvador Ventura não ficar com 25 deputados. 
RTP é para privatizar? SNS é para privatizar? Educação é para privatizar? 
Que interessa isso? 
Entretanto, o primeiro-ministro fala pouco. Quando o faz, em registo perfeitamente controlado, diz quase nada...

Um projeto que tem como objetivo alertar para as consequências das alterações climáticas

 Via Diário as Beiras

Nota de rodapé:
- não se esqueçam da erosão costeira.

"É quase certo": o governo não gosta é do "preço certo"...


Lido na edição de ontem do Jornal de Notícias.
«A decisão de terminar com a publicidade na RTP vai pôr em risco programas como o “Preço certo”, de Fernando Mendes, revelou ao JN fonte próxima do processo. A mesma fonte sustenta que o fim do programa iniciado em 2002 “é quase certo” e “vai ter impacto na audiência do Telejornal”, que é transmitido logo a seguir.»

Portanto: todos aqueles que pensam e acusam este governo de querer levar RTP à falência por ideologia, deveriam saber que existem cidadãos superiores (por isso são ministros!..) que não têm ideologia.
Não gostam é do "preço certo"...

Dª. Maria João...

Video via Aventar


 ..."jornalismo sustentável, tranquilo, menos ofegante e sem perguntas sopradas", é isto?

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Como dizia um velho Amigo: "ser velho é um posto, mas é um posto muito ingrato"

Via Público

Amor


Amar é algo de transcendente. 
No limite, é um acto revolucionário. 
Existe no amar algo que pode transformar a sociedade e cada um de nós.
Quem ama troca a segurança e o bem estar pelo gesto assertivo.
Com isso a vida ganha cor. 
A existência, antes vazia, passa a ser preenchida com a excitação dos riscos, mas também das recompensas.
O medo e a felicidade, ganham significado onde antes só existia o comodismo.
Porventura, descobre-se um rumo onde antes reinava a desorientação e a alienação. 
O amor pode mover montanhas, por ser um sentimento que devolve significado à existência. 
Colectiva e de cada um de nós.

A obra do pintor Mário Silva vai ter o espaço que merece na Tocha

Segundo o jornal Diário as Beiras, em junho de 2020 «a Câmara de Cantanhede já tinha feito o projeto para a futura Casa-Museu Mário Silva, no antigo posto da GNR da Tocha. 

Para quem já não se recorda,lembremos o que aconteceu.
O espaço será preenchido com obras que estão à guarda da Junta da Tocha desde a tempestade “Leslie”, em outubro de 2018. 
“Tiveram a amabilidade de acolher as obras que estavam debaixo do palco do CAE, sem as melhores condições. Entretanto, propuseram a ideia da casamuseu e eu aceitei. Na altura, falei com os autarcas de Coimbra e da Figueira da Foz, mas não deram uma resposta [conclusiva]”, contou o filho e homónimo do pintor ao DIÁRIO AS BEIRAS. 
Em Junho de 2020, na reunião de Câmara da Figueira da Foz, o vereador Miguel Babo alertou para a o projeto da Tocha, defendendo que o espólio de Mário Silva devia ficar na cidade. O presidente da autarquia, desde abril de 2019, Carlos Monteiro, admitindo que desconhecia o assunto, sugeriu que parte da obra do artista plástico fosse exposta no Museu Etnográfico de Lavos, freguesia onde o pintor residia. 
“O espaço é pequeno, mal vai dar para acolher a etnografia de Lavos, quanto mais uma exposição permanente de um pintor consagrado como era o meu pai”, reagiu Mário Silva, filho. “A obra devia ser exposta num espaço condigno da Figueira da Foz ou de Coimbra”, defendeu.»
Na edição de hoje, 10 de outubro de 2024, o Diário as Beiras informa que o Museu dedicado ao pintor Mário Silva em Cantanhede vai estar pronto daqui a um ano.

“Cartão abem”

 Via Diário as Beiras

Durão Barroso...

"Não ter a puta da vergonha na cara é isto."


«Em 16 de Março de 2003, Durão Barroso, então primeiro-ministro, servia de mordomo numa cimeira que juntava W. Bush, Tony Blair e José Maria Aznar na base aérea das Lajes e que com base numa mentira antecedia em quatro dias a invasão de um país soberano, a desestabilização de toda uma região, inventar uma guerra onde ela não existia, estar na génese do nascimento do ISIS, dor e sofrimento, criar milhões de refugiados que se fazem diariamente ao Mediterrâneo em busca de paz e de uma vida decente na Europa. Hoje, 21 anos passados sobre um crime de guerra, um dos criminosos implicados, Durão Barroso, vem dizer com a maior cara de pau que "os europeus não querem muito mais imigração e que há limites para o multiculturalismo" como se não tivesse nada a ver com isso.»

Substituir é preciso

Miguel Esteves Cardoso

"É mentira que sejamos insubstituíveis. 

Somos é diferentes — o que é muito diferente. Somos diferentes precisamente para podermos ser substituídos. Os velhos que vêem morrer os amigos não podem ser preguiçosos — têm de os substituir.

Nem que seja para ser fiel à amizade e à memória dos amigos. A saudade não é afectada pela substituição. Persiste sempre. Não somos máquinas. Não são peças o que podemos substituir. Ficamos sempre com a alegria de dizer que aquele era melhor e que este não vale nada. 

Comparar é sinal de riqueza e, para comparar, um não chega: é preciso, pelo menos, dois.»

CARTA ABERTA A LUÍS MONTENEGRO

Caro Sr. Primeiro-Ministro

Espero que se encontre bem.

Li a sua intervenção pública sobre os jornalistas e o jornalismo e, se me permite, vou abster-me de repetir o que disse e passar adiante, pois ambos sabemos do que estamos a falar.
Antes de mais, saiba o seguinte: em matéria de autocrítica, diagnóstico e reflexão não há nenhum congresso do PSD que se compare aos dois últimos congressos de jornalistas. Pelo menos. É pena que nenhum dos assessores do seu governo, e há tantos ex-jornalistas entre eles, lhe tenha dito isso.
Se há profissionais obcecados com o que fazem e as condições em que o fazem somos nós.
Se há profissionais que esgravatam as próprias feridas – por vezes, em demasia – e discutem até à exaustão (e às vezes quase até ao confronto), somos nós.
Se há profissionais que procuram, no seu íntimo, as circunstâncias mais dignas de exercer um ofício que honre a República, mesmo quando tudo “arde”, somos nós.
Pode pedir os documentos e os vídeos, estão disponíveis. Talvez se espante sobre o rol de insatisfações, frustrações e erros próprios que admitimos. E depois ainda nos desunhamos a tentar que os governos nos ouçam, sem efeito.
De qualquer forma, tomara eu que o PSD tivesse feito a mesma barrela interna que o cavaquismo, por exemplo, merecia. Talvez hoje não houvesse um oráculo televisivo em figura de gente no primeiro lugar da sua lista de preferências para Belém. Um desses que caem sempre de pé e vêm do tempo em que a RTP pagava os Futres.
Mas os líderes passam e o esterco fica.
Por isso lhe digo: não precisamos que venham de fora dizer-nos como discutir, melhorar e fazer. Se levassem à séria uma pequena parte das nossas reivindicações, já era bom. E não me leve a mal: também podíamos dar conselhos sobre a forma como o PSD, ao longo de décadas, poderia ter prestado relevantes serviços à República nesta matéria. Só eu devo ter assistido a uns dez. Mas para os disparates não chegaria uma resma de moções.
Tenho respeito pelo seu ministro Pedro Duarte, a si não o conheço tão bem. E custa-me ver o seu ministro, no mínimo, desfocado do essencial, após tantas propostas que foram feitas, algumas das quais pelas estruturas representativas dos jornalistas.
Mas já que também é do seu partido, aproveite para trocar umas impressões com Miguel Poiares Maduro. Talvez lhe pudesse contar umas histórias sobre aquilo que a nata do capitalismo português pensa do jornalismo de investigação e de serviço público que alguns teimam em fazer, contra tudo e todos. Pergunte-lhe o que ele ouviu quando, há uns anos, reuniu à mesa os senhores das principais fundações privadas do País e lhes propôs apoios sérios para o jornalismo. Se calhar vai ficar surpreendido com o requinte das respostas dos mecenas nacionais, etc e tais. Depois admire-se que nos viremos para o Estado.
Vá, não me interprete mal. Olhe que não sou dado a corporativismos.
Muitos de nós são também bastante críticos de um certo jornalismo justiceiro, de certos cavaleiros andantes em horário nobre, daqueles, enfim, que tendo uma carteira profissional a usam, no quotidiano, contra tudo o que ela representa. Não são recomendáveis e, infelizmente, não são poucos. E se permanecem ao serviço isso diz muito mais sobre o ecossistema mediático e financeiro que a classe política alimenta e perpetua há muitos anos do que sobre os "podres” do ofício.
Um jornalismo cão há de merecer um mundo cão”, escreveu Mário de Carvalho há décadas. E ainda estávamos bem longe deste “território comanche” onde abundam empresários instantâneos e de vão de escada que descobriram o filão de terem órgãos de informação. Como se pudessem – e alguns podem – fazer deles lavandarias dos seus próprios currículos (e dos amigos). Que, de resto, tresandam.
Por momentos, pensei que o senhor iria dedicar dois/três minutos da sua intervenção a esses “bons rapazes” ou que iria anunciar algumas medidas para que empresários de fancaria deixassem de ter a vida tão facilitada por estas bandas para se tornarem “donos disto tudo” na Imprensa.
Já olhou para o tipo de gente que hoje se acha no direito de frequentar uma redação e dar ordens? Já dedicou cinco dos seus preciosos minutos a tentar perceber o emaranhado de paraísos fiscais, de redes transnacionais e interesses subterrâneos que representam? Ou ainda não reparou nas mais recentes crises que abalaram grupos de comunicação social? Já pensou que foi o mercado, com rédea solta, que nos trouxe aqui? E, já agora: o que fez o PSD na Europa para contrariar a ditadura do Google y sus muchachos? Ou fica satisfeito com uma regulação fofinha, tipo filme da Disney?
Mas voltemos ao que disse sobre o jornalismo que se pratica.
Na verdade, doutor Montenegro, se bem me lembro, o próprio PSD, na oposição, já brindou e se embebedou com este jornalismo apressado, de “auricular” ou lá o que é. Ou estarei equivocado?
Se não fosse esse jornalismo dos diretos televisivos eternos e insanos, do jornalismo de corpo presente ou pé de microfone, dos casos e casinhos em pingue-pongue e servidos à saciedade com frases bombásticas, se não fosse, enfim, esse jornalismo da espuma dos dias, do fogo na pradaria, do comentário inflamado, no País onde um chefe de governo se demite por causa de um parágrafo misterioso, um ex-ministro pode ser filmado em pijama na rua a passear o cão e um líder parlamentar de taberna se ofende com o que não devia - e, ainda assim, passa 50 vezes na TV - poderia garantir, com toda a certeza, que teria chegado a primeiro-ministro?
Ai quer sossego, agora?
Desculpe, não me leve a mal, mas faz lembrar aquelas vedetas de telenovela ou certa aristocracia falida que adora aparecer nas capas das revistas do coração quando o sucesso, os barcos e os amores navegam de feição, mas se indignam com a invasão de privacidade quando tudo se desmorona. Lamento, mas o pior do jornalismo também lhe vai tocar a si. O que era refresco no governo dos outros agora é pimenta no seu.
Quanto ao bom jornalismo, continuará por aí. Com inquietação, inquietação, que é o que se pede a quem faz bem o seu trabalho.
Mas, se quer mesmo mudar algo, em vez de dirigir o seu (pouco) subtil ataque aos operários do jornalismo, talvez fosse de pegar no telefone – não censurava, digo-lhe – e chamar à pedra aqueles que, no topo da hierarquia, são os engenheiros e arquitetos da luta pelas audiências e entregam de mão beijada a agenda mediática aos tweets, à latrina das redes sociais e aos spin-doctors (há exceções, claro!) Não se esqueça daquele antigo diretor de canal e jornal que reconheceu o enorme contributo que o seu grupo de comunicação deu para criar um líder político entre a “rua segura” e o “pé em riste”. Deu-lhe palco, tempo de antena e criou um Frankenstein. Agora anda por aí e é um problema seu. E nosso.
Pense: acha mesmo que foram os jornalistas "bravos do pelotão", os que contabilizam mais horas de trabalho do que folgas, os que têm mais mês do que salário, os escravos do clique, “do que está a bombar” e da produção jornalística de fábrica têxtil que são os culpados deste ecossistema?!
Sabe, doutor Montenegro?
Durante uma década, pelo menos, recebi na redação onde trabalhava dezenas de alunos de jornalismo que me procuravam para um conselho, ajuda num trabalho ou entrevista para uma investigação académica. A esmagadora maioria era gente bem-intencionada, com os valores da profissão no sítio. E tinham um sonho: contribuir, através do jornalismo, para uma sociedade mais decente, uma democracia mais íntegra e poderes mais escrutinados. Em síntese: melhorar as nossas vidas. Sabe como acabaram? Sabe por que desistiram?
Era por aqui que deveriam ter começado as medidas que o seu governo estudou durante este tempo. Pela dignificação do ofício, das redações, do relevante serviço público que o jornalismo, a viver no osso, ainda presta à democracia, tão ameaçada em muitos lugares por estes dias. Mesmo que o Estado e os governos de turno não possam, como é óbvio, solucionar uma crise que é mundial.
Repare: o problema não é o Estado. É o estado a que chegámos.
E as suas medidas para a RTP não auguram nada de bom. O que fez foi apenas concretizar o eterno sonho húmido de alguns players (é assim que se diz, não é?) arrastando a empresa pública e os seus trabalhadores para um fim “amigável”. Amigável para quem, senhor primeiro-ministro?
Quanto ao financiamento público, fale com o Joaquim Fidalgo, meu camarada de ofício, fundador do Público. Talvez ele lhe possa fornecer os dados que apresentou no nosso último congresso. Dizem o seguinte: raro, na Europa, é não haver apoio estatal ao jornalismo. Há muitos modelos. É só escolher. Ou fazer um mix. Outra dica (mas não conte a ninguém): até há países, bem maiores do que o nosso, onde o financiamento sério a um bem público como o jornalismo não é motivo de controvérsia política, veja lá…
Acredite em mim: foi o sistema - não aquele de que fala o doutor em Direito que só sabe dizer “chega” e "vergonha" - que nos trouxe aqui.
Um modelo económico-financeiro falido, mas que repetimos, uma e outra vez.
Um modelo de sociedade que prefere gastar o pouco que tem em raspadinhas em vez de comprar um livro ou um jornal.
Um modelo de sociedade que vende a precariedade como liberdade e os direitos como arqueologia.
Um modelo de comunicação tik-tok que se excita com a raiva, a polémica, o horror, para vender horas de “informação” de forma tão pornográfica que até um telejornal deveria ter bolinha.
Este modelo, senhor primeiro-ministro, é que nos engaiolou.
Já não somos livres, na verdade. Somos alimentados, a horas certas, através da portinhola que daria acesso ao sonho, mas não temos a chave. O pesadelo vive-se por dentro das redações, das nossas vidas, dos nossos afazeres de ratinhos de laboratório, cobaias de novas experiências de sucesso, sempre votadas ao fracasso.
Querem-nos cada vez mais produtos de aviário.
Já não voamos, por vezes já nem nos mexemos e pedem-nos cada vez mais ovos. Os horizontes que nos prometeram e com que sonhamos - não mais do que viver dignamente e trabalhar com decência em nome de uma sociedade melhor, mais escrutinada e justa - já não estão ao nosso alcance.
Para que algum jornalismo que preza o seu nome ainda se faça por estes dias muitos de nós esfrangalham as suas vidas pessoais, amarrotam os melhores dias das suas existências, congelam a esperança, vão viver para longe ou espremem-se num quotidiano miserável. Move-nos uma missão impossível, um sentimento de pertença a algo que, para o cidadão comum, está em liquidação. Sim, é essa a palavra: liquidação.
Por isso, lamento dar-lhe a má notícia: tal como um jornal datado, aquilo que anunciou só servirá, quando muito, para embrulhar o peixe de amanhã.
Talvez os líderes passem e o jornalismo fique, que sei eu...
Resistir é o nosso nome do meio.
Às vezes escrevemo-lo em caixa alta ou fazemos um título com ele.
Mas se soubéssemos a força que temos, seríamos manchete.
E aí, parafraseando o velho Almada, talvez Portugal percebesse de vez, caso a sua cegueira não seja incurável, a necessidade que tem de ser, de uma vez por todas, “qualquer coisa de asseado”. Pim!

Com os melhores cumprimentos
Miguel Carvalho 

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Obrigado Campeão das Províncias


Para todos, e cada um de nós, as memórias são diferentes. Cada um de nós tem muitas memórias. Todas essas memória constituem a história e reforçam as raízes de um País, de uma Cidade e de uma Aldeia.
Um País, uma Cidade e uma Aldeia, tem também muitas memórias. Cada um de nós, tem muitas memórias.
A partir da divulgação pública desta  pequena publicação, muitas das minhas memórias ficam diluídas na memória colectiva de quem a ler. Há memórias individuais, que ao tornarem-se memórias colectivas podem contribuir para partilharmos com alguns experiências que nos ajudam a perceber de onde viemos e que somos.

Atentos é que não estiveram...

... tiveram de apanhar o comboioem movimento...

Ventura entalado

As dúvidas em torno da proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) continuam e o desfecho só deverá ser conhecido ao cair do pano, uma vez que depois de propostas e contrapropostas, Governo e Partido Socialista (PS) não se entendem quanto ao IRC. As últimas novidades chegaram na noite de terça-feira, quando o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou, numa entrevista à SIC,  que a proposta "está fechada" e a versão final será aprovada já hoje em Conselho de Ministros. Minutos antes, revelou, tinha informado o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, de que não iria avançar com uma contra-contraproposta, sem espaço para mais cedências no IRC, após o entendimento quanto ao IRS Jovem.
Sem "mais nada a negociar", Montenegro remeteu assim para os socialistas a decisão de viabilizar ou não o documento, mas mudou o tom das últimas semanas, manifestando-se convicto de que a proposta orçamental do Governo, que será entregue no parlamento na quinta-feira, será aprovada pela Assembleia da República.
Entretanto, Ventura também ficou entalado...
Via Correio da Manhã
«André Ventura deixa cair “irrevogável” e aprova Orçamento do Estado.
Chega troca de posição para evitar eleições antecipadas. Líder do partido esteve com os deputados e afirmou que a decisão final “será a posição do grupo parlamentar”
O Chega, o tal partido que diz ser contra os tachos, tem neste momento 50 deputados nas cadeiras de São Bento, mais todos os que já vivem à custa da máquina partidária. Já é muita gente a "mamar" à custa do orçamento do Chega.
E se o mais patriótico for convocar eleições e reduzir o Chega a metade? 

Assembleia Municipal da Figueira da Foz: sessão extraordinária para debater Bioadvance e prevenção de incêndios

A reunião, que se realiza na próxima sexta-feira, acontece a pedido do presidente  da câmara, Santana Lopes

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