Não foi um meteorito, são pessoas destruídas. Que fazer com esta tragédia?
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023
SÃO PESSOAS DESTRUÍDAS
«Os milhares de vítimas que a Comissão Independente trouxe esta segunda-feira para o meio de nós, dando espaço e tempo à sua voz, não são ‘meteoritos’ vindos do espaço. São pessoas que foram feridas e destruídas por quem era suposto garantir cuidado e transmitir confiança. (…)
O trabalho a empreender não vai ser fácil. A razão é simples: a Igreja perdeu credibilidade no modo como lidou com os problemas de abusos, ao sacrificar as vítimas ao “bom nome” da Igreja: “Foi dada prioridade à defesa da reputação institucional da própria Igreja em detrimento da empatia com a voz, o sofrimento e a credibilidade da vítima”, diz o relatório. Será assim de admirar que, do total de vítimas, 77 por cento nunca tenha apresentado queixa a responsáveis da Igreja e bastantes das que o fizeram tenham sido vitimizadas uma segunda vez, ao serem tomadas como caluniadoras ou vítimas da inoperância dos responsáveis eclesiásticos?»
As moedas têm duas faces...
Carlos e Celine
"Moedas, depois de ter sido criticado por Marcelo pelas declarações xenófobas, diz que não aceita lições de ninguém por estar casado com uma imigrante e por ele próprio ter sido emigrante. Se o lugar de fala fosse salvo conduto não haveria mulheres a fazer o jogo do patriarcado, negros em partidos racistas, LGBTQI+ a defender Israel ou pobres a votar nos ricos. Moedas não nos conta mas sabe que apesar do seu fausto liberalismo está disposto a governar com os novos fascistas e é por isso já lhe foge a boca para a xenofobia.
Moedas emigrou para a Goldman Sachs e a sua esposa não chegou de jangada para administrar os CTT. O casal Moedas devia retratar-se por se equivaler a algumas das histórias mais corajosas que a humanidade produziu, às costas de quem se atira ao mundo sem mais do que a força de vontade que gera o desespero. Há paralelos inaceitáveis, mesmo para um liberal que está a aquecer numa Câmara para vir governar o país numa coligação com as botas cardadas do Chega e do Ventura."
Via Aventar
Plano anticovid da Festa do Avante! 2020 vai integrar o espólio do Museu da Farmácia (parte 2)...
Realizar a Festa do Avante em 2020 foi uma decisão difícil. O país estava a atravessar uma fase aguda da covid-19, não havia vacinas e a solução preconizada pelas autoridades era o confinamento, apesar das tremendas dificuldades que essa opção implicou para o mundo do trabalho, para as atividades económicas, para a educação e a cultura, para a generalidade das esferas da vida social. Contudo, muitos trabalhadores tiveram de se manter na linha da frente, no Serviço Nacional de Saúde, nos bombeiros, nas forças e serviços de segurança, nos transportes, nos serviços públicos essenciais, na grande distribuição comercial, tomando as medidas necessárias para enfrentar o perigo real de contágio.
O PCP nunca teve uma posição negacionista. Nunca minimizou o perigo da covid-19 e nunca faltou com propostas para o enfrentar. Todavia, sempre considerou que o modo socialmente menos lesivo de enfrentar a covid-19 não era o confinamento puro e simples, mas a adoção de medidas sérias de proteção sanitária, de reforço significativo da capacidade de resposta do SNS e de apoio a todos os que vissem as suas condições de vida e de trabalho afetadas pela situação de contingência que se vivia. A solução, para o PCP, não era parar o país, mas adotar todas as medidas de segurança necessárias para que o país não parasse.
Entretanto, cedo se percebeu que a pandemia estava a servir de pretexto para muita coisa que só a generalização do medo tornava aceitável. Muitos despedimentos, muita redução de direitos e rendimentos, muitas arbitrariedades foram cometidas, não por causa da pandemia, mas a pretexto da pandemia.
A posição corajosa do PCP, de enfrentar a paralisia do medo e de nunca desistir de apoiar quem mais precisava de ser apoiado, serviu também de pretexto para uma violenta campanha mediática anticomunista que teve o seu clímax a propósito da realização da Festa do Avante de 2020.
É certo que já tinha havido vozes contra a sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República e contra as manifestações do Primeiro de Maio, mas a propósito da Festa do Avante, desde calúnias, acusações infundadas, provocações, tentativas de proibição e fake-news do mais grosseiro, valeu tudo o que a desonestidade conseguiu inventar. A campanha política e mediática contra a Festa do Avante e o PCP, envolvendo todas as televisões e praticamente todos os demais meios de comunicação social, assumiu uma violência, uma obsessão, um caráter sistemático e uma dimensão de ataques sem possibilidade de resposta que ficará tristemente assinalada nos anais do anticomunismo mediático nacional.
Foram dirigentes políticos de direita a dizer que a Festa deveria ser proibida. Foram reacionários oportunistas a avançar com uma providência cautelar para que a Festa fosse impedida pelos tribunais. Foram jovens betos de direita a afixar um cartaz provocatório, junto à porta da Festa, a afirmar que a covid sairia vencedora. Foram dirigentes locais do PS e do PSD do Seixal a instrumentalizar as populações e os comerciantes locais contra a realização da Festa. Foi Pedro Abrunhosa a dizer que o vírus saltaria “de camarada em camarada”. Foram as reportagens obsessivas, horas a fio, das televisões, contra a realização da Festa, arregimentando dezenas de comentadores. Foi a afirmação de que os demais espetáculos estavam proibidos, quando o que se passava é que os respetivos promotores não estavam dispostos a tomar as medidas de segurança sanitária que a Festa do Avante tomou. A campanha foi de tal dimensão que levaria muitas páginas a descrever, mas talvez a joia da coroa tenha sido a falsa primeira página do New York Times sobre a Festa do Avante postada nas redes sociais e que o Jornal da Noite da SIC divulgou como sendo verdadeira, e nunca pediu desculpa, nem aos espectadores, nem ao PCP, nem ao New York Times.
A campanha não deixou de ter efeitos. Acicatou o discurso do ódio contra o PCP, com repercussões nos esgotos das redes sociais. Terá convencido certamente muitas pessoas a não ir nesse ano à Festa do Avante e mesmo a condenar a sua realização. O PCP sempre assumiu uma atitude de compreensão relativamente a quem, por receio, não foi à Festa, mas garantiu que seriam tomadas medidas de segurança sanitária capazes de afastar esses receios. Garantiu e cumpriu.
A Direção-Geral da Saúde acompanhou a par e passo a preparação da Festa. Impôs uma lotação máxima que foi escrupulosamente cumprida. Definiu regras de segurança muito exigentes que foram escrupulosamente asseguradas.
A Festa foi realizada e nenhuma das acusações se confirmou. Não houve qualquer surto de infeções em resultado da sua realização. Os artistas puderam atuar depois de longos meses de paragem forçada. O vírus não andou de camarada em camarada, e apesar da Festa ter desaparecido dos noticiários, acabou por se tornar um exemplo da forma adequada de enfrentar a covid, vivendo a vida sem comprometer a segurança.
Não espero que os mentores da campanha contra a Festa do Avante de 2020 peçam desculpa. Aliás, meses mais tarde estavam a querer impedir o Congresso do PCP, e em 2022 estavam a vilipendiar os artistas que atuaram na Festa do Avante, acusando-os de apoiar a guerra na Ucrânia. Desses não espero nada, a não ser novos ataques, por tudo e por nada.
Porém, num momento em que as medidas de segurança tomadas com vista à realização da Festa do Avante de 2020 são assumidas como um exemplo museológico do combate à covid-19, é justo que muita gente que, de boa-fé, criticou o PCP por realizar a Festa do Avante, reconheça que o PCP afinal tinha razão e foi injustamente criticado."
terça-feira, 14 de fevereiro de 2023
Plano anticovid da Festa do Avante! 2020 vai integrar o espólio do Museu da Farmácia
Via Expresso:
"Em 2020 mantido sobre grande sigilo, o plano de contingência para a Festa do Avante! em plena pandemia passa agora a estar à vista de todos. Vai integrar o espólio do Museu da Farmácia, em Lisboa, sobre a covid-19."
"Em 2020 mantido sobre grande sigilo, o plano de contingência para a Festa do Avante! em plena pandemia passa agora a estar à vista de todos. Vai integrar o espólio do Museu da Farmácia, em Lisboa, sobre a covid-19."
"Santana Lopes aconselha que não se interprete o seu silêncio como não estando a fazer aquilo que deve fazer e que o não tomem como distraído"
Via Diário as Beiras. «Depois de, em
dezembro último, o Bloco de Esquerda ter feito
um comunicado sobre o
número de avençados do
município no atual mandato autárquico e os respetivos honorários, este
mês foi a vez da TVI fazer
uma reportagem sobre o
assunto.
Em ambos os casos, o visado é o presidente da Câmara da Figueira
da Foz, Santana Lopes.
“O que está na origem
de tudo isso são os mesmos que não queriam
que eu fosse candidato
à câmara. Não perdoam,
não engolem. Sãos os que
impugnaram, foram para
os tribunais, não queriam
que eu fosse candidato. E
não param de se mexer”, afirmou o autarca ao DIÁRIO AS BEIRAS.»
Recorde-se. Via Diário de Notícias: "em 23 de Agosto de 2021, a menos de um mês das autárquicas de Setembro 2021, depois do Tribunal da Figueira da Foz ter rejeitado nova reclamação do PSD contra Santana Lopes (a segunda reclamação apresentada pelo PSD - candidatura de Pedro Machado - a ser considerada improcedente contra a candidatura de Santana Lopes às eleições autárquicas), os sociais-democratas recorreram para o Tribunal Constitucional."
De novo via Diário as Beiras:
«Santana Lopes concorreu à presidência da câmara pelo movimento
independente Figueira A
Primeira. Quem tentou
impugnar a sua candidatura no tribunal foi o
seu antigo partido, o PSD,
que entrou na corrida das
Eleições Autárquicas de
2021 tendo como cabeça
de lista Pedro Machado,
que não foi além dos 10
por cento.
“As pessoas têm de perceber que, para estes trabalhos e estes projetos
acontecerem ao fim de
um ano de trabalho, é
preciso muita gente. São
necessários os funcionários da câmara e, às vezes,
não só os da câmara”, defendeu Santana Lopes.
O autarca deu o exemplo da prova internacional de ciclismo que se
realizou no concelho no
fim de semana, em cuja
organização trabalharam funcionários e colaboradores do município
e centenas de voluntários.
Autarca confia no discernimento das pessoas
“Para eu levar a cabo os
projetos que prometi aos
figueirenses, por exemplo, na área da investigação científica, tenho
de contratar mais pessoas. Os fins não justificam os meios, mas o que
interessa é tirar muito
rendimento das iniciativas que se tomam e isso
refletir--se na vida das
pessoas”, acrescentou
Santana Lopes.
Ainda sobre as avenças,
Santana Lopes sustentou
que “todas as autarquias
(as) fazem”. E acrescentou: “Confio na capacidade de discernimento
das pessoas. Sobre assuntos menores, não
falo, mas não tomem o
meu silêncio como não
estando a fazer aquilo que devo fazer. Não me
tomem nunca como distraído”.
Alegando falta de recursos humanos internos para os projetos que
tem em mãos, Santana
Lopes advogou: “Das
duas uma: ou abrimos o
quadro para mais pessoas, mas reforça o peso da
despesa com o pessoal
para sempre, ou contratamos pessoas para tarefas pontuais”.
“Em todos os casos”,
abonou, deve prevalecer
a “competência e a defesa do interesse público”.
Contudo, ressalvou que
há situações previstas na
lei que permitem contratar pessoas e serviços
diretamente, incluindo
para cargos de confiança
política e pessoal.
A história repete-se
O que se está a passar,
afiançou Santana Lopes,
“é a mesma conversa da
outra vez (no seu mandato 1997 - 2001). Dizem
que se investiu muito,
que houve dívida; pois
houve, mas, se não houvesse, não havia Centro
de Artes e Espetáculos e
não havia (mosteiro de)
Seiça (e outras obras e
aquisição de património
que enumerou)”.
O importante, defendeu o autarca, “é que
fique (obra) para várias
gerações”.
“O que estou
a fazer agora é a mesma
coisa. Acham que, num
ano, se consegue trazer
a Universidade de Coimbra e outras realizações
que têm acontecido só
com quem está ou trabalhando-se com horário
de funcionário público?
Não, é preciso trabalhar
muito”, frisou ainda.»
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023
A maioria dos abusos sexuais na igreja foram cometidos por homens e padres...
O relatório completo está disponível online.
"A comissão que em janeiro de 2022 começou a investigar abusos sexuais na Igreja Católica em Portugal divulgou esta segunda-feira as conclusões do seu trabalho. Foram apuradas perto de 5000 vítimas. Maioria dos abusadores são padres e, em mais de metade dos casos, os abusos ocorreram mais do que uma vez. Quase 50% só denunciou pela primeira vez à Comissão Independente, que pediu que o prazo de prescrição de crimes sexuais infantis seja alargado até aos 30 anos da vítima."
"... a Igreja católica de há muito trata a sexualidade e o desejo de uma forma tão culpabilizante que só pode ter multiplicado situações desta natureza que jamais serão reparadas. E isto, é claro, continua calado."
"A comissão que em janeiro de 2022 começou a investigar abusos sexuais na Igreja Católica em Portugal divulgou esta segunda-feira as conclusões do seu trabalho. Foram apuradas perto de 5000 vítimas. Maioria dos abusadores são padres e, em mais de metade dos casos, os abusos ocorreram mais do que uma vez. Quase 50% só denunciou pela primeira vez à Comissão Independente, que pediu que o prazo de prescrição de crimes sexuais infantis seja alargado até aos 30 anos da vítima."
"... a Igreja católica de há muito trata a sexualidade e o desejo de uma forma tão culpabilizante que só pode ter multiplicado situações desta natureza que jamais serão reparadas. E isto, é claro, continua calado."
O ciclismo foi importante. Porém, o destaque foi o espectáculo "da beleza paisagística do Concelho" que se viu na transmissão televisiva do canal Eurosport 2 no decorrer da Figueira Champions Day/Casino Figueira
Desde o século XIX, altura em que surgiu na Europa, que a bicicleta contribuiu para acicatar a imaginação e foi meio para o empreendimento de grandes desafios desportivos.
No início do século XX andar de bicicleta adquiriu um novo significado que transcendeu o mero conceito de passeio e divertimento.
A bicicleta era, então, uma maravilha criada pelo Homem. Depois do balão de hidrogénio e do comboio (o irmão mais velho da bicicleta, como então se dizia) a bicicleta é encarada como a resolução dos problemas de locomoção do homem, relegando a tração animal para um plano secundário.
A seguir, o ciclismo passou a ser uma modalidade competitiva, desafiadora e exigente, tornando-se um desporto capaz de transformar indivíduos comuns em heróis.
É no contexto vivido no último quartel do século XIX na Figueira da Foz (porto marítimo e comercial aberto ao meracdo internacional, estância balnear a crescer e a ter cotação a nível da Península Ibérica e, ainda, como potência desportiva a seguir a Lisboa e Porto), que nasce o desportista figueirense José Bento Pessoa.
No início do século XX andar de bicicleta adquiriu um novo significado que transcendeu o mero conceito de passeio e divertimento.
A bicicleta era, então, uma maravilha criada pelo Homem. Depois do balão de hidrogénio e do comboio (o irmão mais velho da bicicleta, como então se dizia) a bicicleta é encarada como a resolução dos problemas de locomoção do homem, relegando a tração animal para um plano secundário.
A seguir, o ciclismo passou a ser uma modalidade competitiva, desafiadora e exigente, tornando-se um desporto capaz de transformar indivíduos comuns em heróis.
É no contexto vivido no último quartel do século XIX na Figueira da Foz (porto marítimo e comercial aberto ao meracdo internacional, estância balnear a crescer e a ter cotação a nível da Península Ibérica e, ainda, como potência desportiva a seguir a Lisboa e Porto), que nasce o desportista figueirense José Bento Pessoa.
Para consolidar o ciclismo de estrada, como um dos desportos mais difíceis e exigentes, aparece o "Tour de France", que uniu num único evento, o ciclismo e a cultura nacionalista e patriótica dos franceses, onde participou 4 vezes o maior ciclista português da década de 50 do século XX: o figueirense Alves Barbosa.
A beleza estética do ciclismo, a par do fascínio sobre a dor e o sofrimento prenderam a atenção dos amantes do desporto.
Foi esse espectáculo que a Figueira viu ontem, com a realização da prova profissional do calendário da União Ciclista Internacional (UCI) e da Federação Portuguesa da Ciclismo Figueira Champions Classic/Casino Figueira.
Participaram cerca de 130 ciclistas, alguns dos melhores mundo, que levaram a Figueira Champions Classic/Casino Figueira às 14 freguesias do concelho. A prova teve transmissão directa via Eurosport 2 e CMTV, levando as belas imagens que só a Figueira e concelho podem oferecer a dezenas de países, a partir de câmaras em terra e do ar. Para o efeito foi utilizado um helicóptero.
Segundo o Diário as Beiras, a "hotelaria e a restauração registaram níveis de ocupação nunca visto nesta época do ano."
Para o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, é deste tipo de eventos de que o concelho necessita. “Este, então, leva-nos a todo o mundo. É preciso trabalhar muito e ter arte para conseguir juntar desporto, turismo, gastronomia, património, cultura, natureza…”.
Santana Lopes não esqueceu o trabalho realizado pela equipa da câmara municipal que integrou a organização, que envolveu cerca de 400 voluntários e foi coordenada por Rui Ramos Lopes: “é um trabalho notável”, sublinhou Santana Lopes.
“Só o facto de a Figueira Champions Classic/Casino Figueira, passar nas 14 freguesias do concelho é fantástico. E é a primeira vez que Portugal tem uma prova destas. Isto não é conversa, não é propaganda barata, [é um facto]”, acrescentou ainda o presidente de câmara da Figueira da Foz.
Segundo o Diário as Beiras, a "hotelaria e a restauração registaram níveis de ocupação nunca visto nesta época do ano."
Para o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, é deste tipo de eventos de que o concelho necessita. “Este, então, leva-nos a todo o mundo. É preciso trabalhar muito e ter arte para conseguir juntar desporto, turismo, gastronomia, património, cultura, natureza…”.
Santana Lopes não esqueceu o trabalho realizado pela equipa da câmara municipal que integrou a organização, que envolveu cerca de 400 voluntários e foi coordenada por Rui Ramos Lopes: “é um trabalho notável”, sublinhou Santana Lopes.
“Só o facto de a Figueira Champions Classic/Casino Figueira, passar nas 14 freguesias do concelho é fantástico. E é a primeira vez que Portugal tem uma prova destas. Isto não é conversa, não é propaganda barata, [é um facto]”, acrescentou ainda o presidente de câmara da Figueira da Foz.
A autarquia figueirense assinou um contrato para a realização da Figueira Champions Classic/Casino Figueira para três anos. Tendo em conta o balanço, considerado positivo, as duas próximas edições deverão contar com a participação de mais equipas do circuito mundial (World Tour) da UCI.
Artur Lopes foi director da UCI durante 20 anos. Em declarações ao Diário as Beiras, disse: “Se este ano participaram seis equipas do World Tour, para o ano tenho a certeza que virão 10, ou mais”. “Nos anos vindouros, o melhor pelotão internacional em Portugal será reunido na Figueira da Foz e na Volta ao Algarve”.
Para Acácio Silva, um dos maiores ciclistas portugueses de todos os tempos (chegou a vestir a camisola amarela no Tour de France), esta prova “é uma estrela do ciclismo que está a brilhar na Figueira da Foz, porque, provas como esta, são muito raras em Portugal, de resto, é a primeira”. Acácio Silva afirmou que, perante “o nível elevado desta prova, é de se tirar o chapéu à organização”.
Para quem é da Figueira e assistiu, via televisão, longe ao evento proporcionado pela realização da Figueira Champions Classic/Casino Figueira, sentiu algo especial, perante o espectáculo que era a paisagem que foi possível ver.
Nós, figueirenses, somos, também, essa paisagem.
sábado, 11 de fevereiro de 2023
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023
"José Bento Pessoa ou Alves Barbosa estariam orgulhosos por ver a “sua” Figueira da Foz acolher a Figueira Champions Classic"
A Figueira é uma Terra com tradições muito antigas no ciclismo.
Desde logo, o enorme e espantoso atleta, que foi o figueirense José Bento Pessoa, nascido a 7 de Março de 1874, campeão mundial e o maior ciclista de velocidade do seu tempo.
No final do século XIX, o homem da Figueira tinha um carácter forte, independente, mas aberto às influências do estrangeiro.
A foz do Mondego, era um porto de mar aberto ao comércio internacional, o que propiciava a convivência com os povos mais evoluídos do Norte da Europa.
A Figueira, então uma pequena cidade com cerca de 5 000 habitantes, vai viver por volta de 1895, uma época áurea. Local privilegiado à beira mar plantado, a sua praia, então "a mais bela de Portugal", e a lhaneza da sua gente, atraem veraneantes de vários cantos da Península Ibérica. Nos meses de verão, isso é decisivo para o desafogo financeiro e novos conhecimentos que marcam o figueirense. Todavia, como tudo na vida, também tem um ponto menos positivo: a instabilidade e a incerteza profissional.
Não esquecer, porém, a importância da influência inglesa no desenvolvimento da Figueira do final do século dezanove, tanto a nível comercial, como desportivo.
Um porto de mar que permitia a entrada dos maiores barcos comerciais de então, quase todos de pequeno calado, teria de receber a visita dos britânicos.
Recorde-se: o tratado comercial luso-britânco 1703, conhecido por Tratado de Metwen, nome do negociador inglês, permitiram a vinda de britâncos a Portugal e à Figueira.
Havia permutas comerciais que englobavam os nossos vinhos e os têxteis ingleses.
É neste contexto, por influência dos povos do Norte da Europa, que os figueirenses começam a ver o desporto como uma necessidade.
Surgem as regatas realizadas na foz do Mondego. Criam-se os primeiros Clubes: Associação Naval Figueirense, Clube Ginástico e a Associação Naval 1º. de Maio.
No S. João de 1893, realiza-se um festival velocipédico. O entusiasmo provocado pela prova leva à criação de mais uma colectividade: o Clube Velocipédico Figueirense, mais tarde designado por Ginásio Figueirense.
Progressivamente, foi assim que a Figueira, rapidamente, se torna a terceira potência desportiva do nosso País.
A par do remo e da canoagem, a vitalidade desportiva da Figueira, passa pela ginástica, esgrima, futebol, tiro, hipismo e ciclismo.
A bicicleta era, então, uma maravilha criada pelo Homem. Depois do balão de hidrogénio e do comboio (o irmão mais velho da bicicleta, como então se dizia) a bicicleta é encarada como a resolução dos problemas de locomoção do homem, relegando a tração animal para um plano secundário.
É no contexto vivido no último quartel do século XIX na Figueira da Foz (porto marítimo e comercial aberto ao meracdo internacional, estância balnear a crescer e a ter cotação a nível da Península Ibérica e, ainda, como potência desportiva a seguir a Lisboa e Porto), que nasce o desportista José Bento Pessoa.
Nadou, remou, defendeu bolas no futebol, mas acabou por preferir a novidade dos velocípedes. Após as primeiras vitórias na Figueira da Foz, com apenas 20 anos de idade, José Bento Pessoa fica lançado no meio desportivo português, como um extraordinário atleta.
O ciclismo, na altura, era um desporto de elite. Comprar uma bicicleta só estava ao alcance de uma minoria.
José Bento Pessoa vai para Lisboa trabalhar para um comerciante com uma loja de bicicletas - Manuel Beirão de seu nome.
É a partir daí que Bento Pessoa tem a oportunidade de viver do ciclismo.
Profissionaliza-se. É inscrito na União Velocipédica Espanhola (não estava ainda fundada a União Velocipédica Portuguesa) e começa uma carreira que espantou Portugal e o Mundo.
Correu em Espanha, França (Paris) Bélgica (Gand), Suiça (Genebra), Itália (Turim) Alemanha (Berlim) e Brasil (Pará).
Em Espanha, torna-se um ídolo: nas 68 corridas que lá fez, venceu-as todas.
A 10 de Abril de 1898, no Velódromo de Genebra, na Suíça, perante 20.000 pessoas, bate o invencível campeão suíço Théodore Champion. Em Berlim a 8 de Maio de 1898, talvez o ponto mais alto da sua carreira, no decorrer do Grande Prémio Zimmerman, à época a prova velocipédica mais importante da Europa, em honra de Arthur Augustus Zimmerman, vence o campeão do mundo Willy Arend.
Quando as notícias das suas vitórias chegavam à sua terra, o entusiasmo dos figueirenses expandia-se em manifestações ruidosas e festivas: saíam as filarmónicas, a fachada do Teatro Príncipe iluminava-se, havia marchas, au flambeaux – uma loucura.
Quando o campeão vinha descansar – meia Figueira ia festejá-lo. Chegou a ir da estação do caminho-de-ferro para casa aos ombros dos mais entusiastas.
Em 1 de Setembro de 1901, os clubes ciclistas do país prestaram uma homenagem ao grande campeão. Para lhe ser entregue uma mensagem e um brinde, organizou-se a estafeta ciclista Lisboa-Figueira.
José Bento Pessoa morreu na Figueira da Foz, a 7 de Julho de 1954.
A Câmara da nossa cidade, em 1955, prestou-lhe uma homenagem ao atribuir o seu nome ao Estádio Municipal.
Outro ciclista de grande nome no panorama velocipédico nacional, foi António Alves Barbosa, um dos maiores desportistas figueirenses de todos os tempos.
António Alves Barbosa nasceu em 24 de dezembro de 1931, na Fontela, freguesia de Vila Verde, concelho de Figueira da Foz.
Foi o maior ciclista português da década de 50 do século XX.
Era filho de José Alves Barbosa, que foi contemporâneo e amigo de outro ciclista figueirense: o já atrás referido José Bento Pessoa, o melhor ciclista do mundo de 1892 a 1902.
Poucos recordarão a loja onde José Alves Barbosa alugava bicicletas, na actual Avenida 25 de Abril, na Figueira da Foz, junto do Grande Hotel, por debaixo da Piscina Praia.
Em 1947, com 16 anos de idade, António Alves Barbosa iniciou-se no ciclismo, filiando-se na Associação de Ciclismo do Norte, como aluno.
Começou a usar o nome do pai, tornando-se conhecido por ALVES BARBOSA. Em Portugal representou o Sangalhos. Em França a Rochet e a Rapha-Gitane. Em Espanha a Faema. Correu de 1949 a 1962. Foi 3 vezes vencedor da Volta a Portugal (1951, 1956 e 1958), 2 vezes Campeão Nacional de Fundo/Estrada (1954 e 1956), 5 vezes Campeão Nacional de Velocidade/Pista (1954, 1955, 1956, 1958 e 1959) e duas vezes Campeão Nacional de Ciclo-cross (1961 e 1962).
Participou 4 vezes na Volta a França, 3 na Volta a Espanha, 2 na Volta a Marrocos, 2 na Volta à Andaluzia, 2 no Paris-Nice e em muitas, muitas outras corridas no estrangeiro.
Foi o primeiro ciclista português a vencer três vezes a Volta a Portugal, em 1951, 1956 e 1958. É o ciclista com mais etapas ganhas na Volta a Portugal (Alves Barbosa 33; Cândido Barbosa 25 e Joaquim Agostinho 24).
Em 1951, com apenas 19 anos de idade, cometeu a proeza de vencer a Volta a Portugal com a camisola amarela do primeiro ao último dia.
Em 1956 ganhou a Volta a Portugal, triunfando em 10 das 23 etapas.
Em 1958, envergou a camisola amarela na 2ª. etapa da Volta a Portugal, entre Lisboa e Alpiarça. Nunca mais a despiu, como já tinha feito em 1951.
Na década de 50, provavelmente, teria ganho todas as Voltas a Portugal, não fossem as mais diversas vicissitudes:
- Em 1952 foi impedido de participar porque estava a cumprir o serviço militar;
- Em 1953 e 1954 a Volta não se realizou;
- Em 1955 foi agredido por espectadores, perto da cidade do Porto, quando já era camisola amarela e ia ganhar a etapa e a Volta com um avanço significativo (desta forma perdeu para Ribeiro da Silva).
Ainda em 1955 obtém mais uma vitória no estrangeiro, na “Corrida 9 de Julho”, em São Paulo (Brasil), então a maior prova ciclista da América do Sul, que registou a participação de 500 concorrentes.
Alves Barbosa disputou a Volta a França em 1956, 1957, 1958 e 1960 e a Volta a Espanha em 1957, 1958 e 1961. Foi o primeiro ciclista português a ficar colocado nos primeiros dez da Volta à França.
O cinema aproveitou-se da sua popularidade. Em 1958, foi rodado o filme "O HOMEM DO DIA", em que Alves Barbosa foi protagonista e motivo temático para captar um público que começava a fugir das salas de cinema para a recém-chegada televisão.
Em 1961 iniciou uma carreira de treinador de ciclismo, no Sport Lisboa e Benfica.
De 1975 a 1978 e de 1989 a 1992 foi director técnico nacional da modalidade.
Alves Barbosa foi ainda comentador de ciclismo na rádio, na televisão e em diversos jornais.
Em 1990 recebeu a medalha de mérito desportivo.
Em 2007 foi condecorado com a Medalha de Ouro da Juventude e dos Desportos de França.
Alves Barbosa faleceu no dia 29 de setembro de 2018.
A Volta dos Campeões, que se realizou a partir de 1931 e durou até atá à década de sessenta do século passado, é outro marco da relevância do ciclismo no concelho da Figueira da Foz
Teve como vencedores nomes famosos do panorama ciclista português: por exemplo, em 1932 José Maria Nicolau, ganhou a 2ª. edição da Volta dos Campeões. Em 1961, um ano antes de terminar a sua carreira, o vencedor foi o nosso Alves Barbosa.
São inúmeras as chegadas da Volta a Portugal à Figueira da Foz.
Porém, a chegada à nossa cidade da edição desta prova, em 1973, ficou célebre.
Nesse ano, Joaquim Agostinho, na opinião de muitos, o maior ciclista português de todos tempos, cometeu talvez a sua maior proeza desportiva em Portugal.
Aconteceu na etapa que trouxe a caravana voltista de Abrantes até à Figueira da Foz. Nessa etapa, que tve lugar ao sexto dia da prova, Joaquim Agostinho isola-se ao pelotão logo no início da tirada. Num autêntico contrarrelógio, de quase 200Km, finaliza uma das mais épicas etapas da Volta a Portugal, com 13 minuto de avanço sobre o pelotão.
A importância duma prova de um desporto que movimenta muita gente, como o ciclismo, ficou plasmada na reunião da Câmara da Figueira da Foz que aprovou, por unanimidade, um apoio à realização de uma prova clássica internacional de ciclismo, em fevereiro de 2023.
Esse investimento, vai ser compensado, não só pela “muitíssima gente” que a Figueira Champions Classiccidade vai trazer à cidade, como também pela promoção que a cobertura televisiva vai fazer em 11 e 12 de Fevereiro de 2023.
Via Diário as Beiras
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