Via Diário as Beiras
sexta-feira, 5 de agosto de 2022
O granel
Via A barbearia do Senhor Luís
"Dois anos de pandemia (que continua, embora já não se fale dela) e cinco meses de guerra na Ucrânia provocada pela ilegal invasão da Rússia de Putin puseram o Mundo – a que os espertalhões chamam democracias liberais – a ferro e fogo.
Isto anda tudo ligado, como dizia o outro, sendo que “isto” é a situação nos hospitais, nos aeroportos e livre circulação, na inflação, na energia, na fome do denominado terceiro mundo, no retrocesso ambiental, nas liberdades e confinamentos, já para não falar no disparo da mortandade no Mundo e na Ucrânia em particular, na destruição do modo e qualidade de vida e nos migrantes e refugiados que tudo perdem.
Os noticiários fazem crer que a coisa é só por cá, mas não é.
É um agigantar de problemas universais para os quais não existem lideranças mundiais suficientemente capazes e competentes para combater e resolver.
Este granel é como certas procissões onde os santinhos mundiais de cerâmica foleira se passeiam em andores levados às costas por pé-descalços e os povinhos se embalam no som das fanfarras enquanto se agarram à fé com esperança em milagres.
O pior de tudo é que a procissão ainda vai no adro."
quinta-feira, 4 de agosto de 2022
Cinema: “A uma hora incerta”, de Carlos Saboga no CAE no próximo dia 10
Ainda mais longe
«Hoje ouvi, numa conversa entre pessoas inteligentes e informadas, que é normal que as classes médias ponham os filhos em colégios privados, porque querem que os seus filhos “vão mais longe”. Eu também quero que os meus filhos – e os filhos de outras famílias – vão mais longe no que aprendem na sala de aula e nas oportunidades que isso lhes abre. Por isso não me resigno com as insuficiências científicas e pedagógicas das escolas públicas que frequentam.
Mas quero que os meus filhos vão ainda mais longe. Quero que conheçam crianças e jovens com outras experiências de vida, de outros grupos socioeconómicos, de diferentes origens culturais. Quero que vão mais longe, mas também que vejam mais perto. Quero que vejam o país na sua diversidade, em vez de se fecharem nas bolhas de relações que a sociedade portuguesa - classista como é - tende a gerar. E isso só a escola pública lhes pode dar.»
quarta-feira, 3 de agosto de 2022
Estacionamento pago no HDFF: quase 9 anos depois como está o ordenamento do trânsito no parque de estacionamento que tem um Hospital dentro?
Pelo que tive oportunidade de ouvir, na altura, até o então presidente da autarquia já estava farto deste caso. E a procissão ainda ia no adro. Recordo palavras do falecido Dr. João Ataíde: "Não me agrada nada taxar ali o estacionamento". Mas taxou.
Recorde-se: o projecto resultou da "pressão" da administração do Hospital para a regulação do estacionamento, num investimento que rondou os 50 a 70 mil euros, custeados pela Figueira Parques.
“O meu acordo visa satisfazer uma situação de ordenamento do estacionamento na área envolvente do HDFF e agilizar uma necessidade do hospital, e não tem fins lucrativos, pelo contrário”, sublinhou.
O intrincado processo teve vários problemas (“Relatório da Proteção Civil municipal deteta falhas no parque de estacionamento do hospital”). Contudo, o estacionamento no Hospital Distrital da Figueira da Foz, passou a ser pago a 4 de Novembro de 2013!.. O grande argumento, "foi de que os banhistas ocupavam os lugares dos utentes do hospital."
Nesta ordem de ideias, o argumento também poderia também ter sido "o de que no verão os utentes do hospital ocupavam os lugares dos banhistas, indispensáveis à economia da Figueira. Assim, naturalmente, passaram a pagar todos: os utentes do hospital e os banhistas."
Portanto: no verão e no inverno sempre dinheiro em caixa.
Finalmente (depois de ter estado previsto para entrar em vigor em 1 de Setembro de 2013, quiçá por motivos eleitorais, foi adiado), a Figueira tinha algo de inédito a nível mundial: meteram um Hospital dentro de um parque de estacionamento!
Como, na altura escreveu o Eng. Daniel Santos, na crónica semanal que então publicava no jornal AS BEIRAS:
“A garantia de estacionar num parque de um estabelecimento de saúde por razões que tenham a ver exclusivamente com ela é um dever do Estado, assente na receita proveniente do bolo geral dos impostos que os cidadãos já pagam. Acresce que os utentes do SNS pagam taxas moderadoras recentemente agravadas.
Pode então inferir-se que o estacionamento pago no parque do Hospital Distrital da Figueira da Foz, para além dos problemas operacionais já tornados públicos, constitui uma dupla (ou tripla?) tributação.
Não é despiciendo que subsista à solução uma intenção de cariz neoliberal que é a de dissuadir os cidadãos de acederem aos serviços de saúde a que têm constitucionalmente direito. Porque, para tal, já pagam impostos e outras taxas.”
Fomos andando e a colocação de uma unidade hospitalar dentro de um parque de estacionamento, nunca deixou de ser polémica.
A exploração do estacionamento foi entregue à empresa municipal Figueira Parques.
Em Dezembro de 2018, foi vendida a posição da autarquia (70 por cento) na empresa Figueira Parques ao parceiro privado. A alienação, "sem concurso público", na opinião do PSD, "iria condicionar as opções estratégicas urbanísticas e os interesses dos habitantes, comércio e indústria nos próximos tempos", pelo que "a opção de privatizar a gestão do estacionamento afigura-se totalmente despropositada na actualidade", na opinião dos socialdemocratas figueirenses.
Mais: na altura disseram que "a única intenção foi arrecadar os 840 mil euros para fazer face a despesas em obras discutíveis, mesmo que, com isso, se hipoteque o futuro da soberania do município nesta matéria".
Recorde-se: a venda foi aprovada pelo PS, com os votos contra dos social-democratas.
E estamos chegados a Agosto de 2022.
Recorde-se: o projecto resultou da "pressão" da administração do Hospital para a regulação do estacionamento.
Vejamos a realidade em fotos de ontem, cerca das 13 horas. Carros estacionados por todo o lado e sinalização a precisar de tinta:
terça-feira, 2 de agosto de 2022
Alguém está a perceber a estratégia?
Nancy Pelosi aterra em Taiwan apesar das ameaças chinesas
«A líder da Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos, Nancy Pelosi aterrou, esta terça-feira, em Taipé, capital de Taiwan, apesar das ameaças chinesas. Vários caças chineses já atravessaram o estreito de Taiwan, anunciou a televisão da China.
A líder do Congresso, segunda na linha da presidência, é a primeira visita de um alto funcionário norte-americano ao país asiático em 25 anos. Pequim deixou claro que considera esta viagem uma grande provocação, aumentando as tensões entre as duas grandes superpotências mundiais. Nancy Pelosi defendeu esta visita como uma forma de honrar o compromisso com a democracia. "Reafirmamos que a liberdade de Taiwan, e de todas as democracias, devem ser respeitadas", escreveu numa publicação no Twitter.
A imprensa norte-americana avançou, na semana passada, a possibilidade de a viagem à Ásia de Pelosi passar por Taiwan, sendo que tanto representantes militares como civis chineses têm alertado para as possíveis consequências da visita da responsável norte-americana.
A China reivindica soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província rebelde desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para lá, em 1949, depois de perder a guerra civil contra os comunistas.
Taiwan, com quem o país norte-americano não mantém relações oficiais, é uma das principais fontes de conflito entre a China e os EUA, principalmente porque Washington é o principal fornecedor de armas de Taiwan e seria o seu maior aliado militar em caso de conflito com o gigante asiático.»
Quem não gosta da Festa, bom sujeito não é
Imagem via A Estátua de Sal |
«Neste ano de 2022, a campanha contra a Festa tem uma nova faceta e, diria eu, que às vezes ainda sou ingénuo, impensável, que é o autêntico bullying, e até ameaças diretas, de que são vítimas os artistas que vão participar, o que obrigou alguns deles, muito justamente, a defender-se publicamente e outros a aceitar submeter-se a entrevistas em modo de interrogatório policial de quem já vai condenado à partida. Claro que não faltaram, para animar a narrativa, artistas que não foram convidados a dizer que não participariam se tivessem sido, ao modo da fábula da raposa que, por não chegar às uvas, dizia, “são verdes e não prestam”.
Tudo visto e ponderado, o que move os detratores da Festa? É haver música sinfónica? É haver centenas de artistas, dos mais aos menos consagrados, a participar em vários palcos? É o teatro, o cinema, os livros e os discos? É o desporto ou a Ciência? É a gastronomia? Nada disso. Ao atacar a Festa atacam quem nela participa e o que nela se faz. Não hesitam em atacar e denegrir grandes músicos e cantores. Não hesitam em atacar a Cultura, a Ciência, o Desporto que tenha presença na Festa. Mas o móbil é o ódio.
O que de mal tem a Festa para os seus detratores é ser a Festa do Avante. É ser uma grande realização construída pelo PCP, não apenas para os seus, mas para todos os que nela queiram participar e a um preço relativamente acessível. Num tempo em que o espaço público e mediático se instala um discurso de ódio e o anticomunismo faz parte do livro de estilo, a Festa do Avante é um inimigo a abater, e tanto mais poderoso que não se deixa abater.
Assim, no primeiro fim de semana de setembro, vão lá e disfrutem. Podem ir ao comício, assistir a debates ou intervir se quiserem, ver espetáculos de música, cinema ou teatro, comprar um livro ou um disco, comer o que mais vos agradar, do leitão ao vegan, num espaço de convívio e tolerância. Ninguém vos pergunta em quem votam ou a que partido pertencem. E se lá forem pela primeira vez, vão perceber o que quem a conhece já percebeu há muito, que quem não gosta da Festa, bom sujeito não é.»
segunda-feira, 1 de agosto de 2022
Oligarcas lusitanos: os domadores de espíritos
«Na mesma semana em que Mário Ferreira se viu envolvido num escândalo associado à captação de dinheiros públicos e à manifestação porno-riquista da sua ida ao espaço, serviu-se da TVI, canal que detém, para falar numa entrevista conduzida pelo seu funcionário, Manuel Luís Goucha, que lhe deu palco para limpar a sua imagem.
Também nesta semana, o Tal & Qual, jornal revitalizado por Marco Galinha, dono da Global Media, fez capa com Luís Marques Mendes, com o título "A família é a minha única equipa". Assinale-se a ironia de um jornal conhecido pelas suas palavras violentas dirigidas a alguns políticos escolher fazer uma entrevista suave e emocional, de manifesta promoção de imagem, ao pregador de domingo da direita e provável futuro candidato a Presidente da República dessa área política.
Face a estes dois exemplos, e a tantos outros, só os ingénuos podem fingir que a concentração de capital privado na comunicação social não ameaça de forma crescente a democracia portuguesa. Pensar em novos meios de financiamento para uma comunicação social mais plural é uma urgência democrática.»
A gestão do ambiente e os campos de golfe
Todos conhecemos o problema da seca que tem a ver, não só, mas também, com a realidade que é a escassez de chuva.
Um dia destes, o presidente da câmara da Figueira da Foz deu conta do seu propósito da implantação de um campo de golfe com 24 buracos, que será projetado para uma zona do concelho, que não revelou. O autarca frisou que, no Centro Litoral, não há campos de golfe, equipamentos desportivos que, segundo Santana Lopes, são “uma razão de atratividade [turística] imensa”.
Todos sabemos que a gestão ambiental na industria do golfe, neste momento, é uma prioridade. Na gestão dos campos, a gestão do ambiente é um custo obrigatório por imposição legal. Para um gestor que queira investir na área, a implementação de um sistema de gestão ambiental num campo de golfe, é reconhecido como um investimento que contribui para a melhoria da performance económica e ambiental do equipamento.
A exploração de um campo de golfe, é uma actividade que, como qualquer outra, gera impactes no meio onde se quer implementar. O campo de golfe terá de integrar-se no sistema de gestão ambiental da zona onde se insere e fazer parte do âmbito da gestão geral.
Estas responsabilidades devem ser compatíveis com a gestão do campo e devem, ao mesmo tempo, ser capazes de dar um contributo válido à protecção ambiental.
Mas, o que é um Sistema de Gestão Ambiental de um campo de Golfe?
Um sistema de gestão ambiental de um campo de golfe, faz parte de um sistema de gestão funcional, que inclui a estrutura funcional, actividades de planeamento, responsabilidades, e procedimentos com o objectivo de implementar, concretizar, rever e manter a política do ambiente.
É, também, uma ferramenta estratégica para o gestor, que permite identificar oportunidades de melhoria reduzindo ou minimizando os impactes da actividade da empresa sobre o ambiente.
O conceito de Gestão Ambiental nos campos de golfe Portugueses, desenvolveu-se oficialmente a partir de 1995. A evolução deste conceito partiu da fase de exploração e manutenção para a fase de projecto. Este trajecto resultou da alteração do comportamento dos gestores dos campos bem como do público em geral, do aparecimento de nova legislação e da evolução de desenvolvimento sustentável.
Os novos campos de golfe podem incluir muitos dos benefícios ambientais dos campos de golfe já existentes, se forem correctamente localizados, projectados e construídos, respeitando os princípios das correctas práticas de gestão ambiental.
De acordo com a nova lei de estudos de Impacte Ambiental (DL 96/2000, de 3 de Maio);Campos > 18 buracos ou » 45 ha), se o campo se localizar em áreas sensíveis, todos os projectos são sujeitos à avaliação de impacte ambiental.
Questões de sustentabilidade aplicada ao sector do turismo, redução do consumo e desperdícios excessivos, uso sustentável dos recursos, preservação da diversidade natural, social e cultural, formação e sensibilização ambiental no sector do turismo, preservação da diversidade natural, social e cultural, integração do turismo no planeamento, terão de ser tidas em conta para a aprovação do projeto.
Qualquer actividade humana e, naturalmente, também um campo de golfe, tem potencial para melhorar o seu desempenho ambiental.
A melhoria do seu desempenho ambiental irá incidir sobre um vasto grupo de actividades de gestão. A saber: gestão da água; gestão de efluentes líquidos; gestão de resíduos; ar; ruído; fauna; flora; segurança; paisagem.
Qualquer equipamento que se coloque numa área tem consequências no meio ambiente em redor. O maior e mais flagrante exemplo disso são os molhes que definiram a barra da Figueira. Todos sabemos as consequências.
Cada vez mais, a melhoria do desempenho ambiental, dum campo de golfe ou de qualquer outra actividade humana, é factor primordial.
A começar na gestão e separação do lixo produzido nas nossas casas.