Isso é fundamental em todos os partidos.
Esse marco, foi a expressão máxima do triunfo dos aparelhos partidários sobre as regras democráticas mais elementares. Foi a vitória dos pragmáticos do poder sobre os idealistas que partem das velhas referências de valores, competência, conhecimento e ideias.
A vitória aparelhística de Santana, foi o triunfo de um político que tinha sobre todos os outros do seu partido a vantagem de conhecer melhor que ninguém o "interior real" do PSD.
Santana sempre foi melhor que ninguém a explorar nos mecanismos de decisão interna as omissões de todos os "notáveis" que têm da política uma visão superior e cómoda, que desprezavam essa emanação do povo militante que são os baronetes das concelhias e das distritais e, sobretudo, têm de si próprios e da sua importância uma ideia desproporcionada do peso real que lhes é dado pela máquina partidária.
Esses "notáveis" não perceberam que são meramente utilitários, quase residuais, consoante as circunstâncias da política e que só adquirem real poder quando as máquinas partidárias pressentem que através de um deles podem chegar ao poder ou credibilizar governos frágeis. O poder primordial é de quem os escolhe e não dos próprios, que raramente passam do estatuto de líderes tolerados.
Cavaco Silva ascendeu à liderança em circunstâncias excepcionais e conseguiu um ciclo de liberdade plena perante o partido de seis anos. A partir de 1991 foi amplamente derrotado pelo aparelho que se esforçou por mudar mas não conseguiu.
Durão. Santana. Sócrates. Passos. Costa. E o que há-de vir a seguir...
Sobre a breve passagem de 5 meses de Santana Lopes como primeiro-ministro, sobraram as memórias de um Governo curto onde aconteceu tudo. E na primeira pessoa.