«...o aburguesamento dos militantes do PSD e do PS está a deixar a maioria do eleitorado a outros.
Como disse Marcelo: «quem vota é o povo»...
E se os portugueses, além de votarem noutro Governo, também votassem noutro Presidente?
«...o aburguesamento dos militantes do PSD e do PS está a deixar a maioria do eleitorado a outros.
Como disse Marcelo: «quem vota é o povo»...
E se os portugueses, além de votarem noutro Governo, também votassem noutro Presidente?
Confesso: tenho raiva dos raivoso. E tenho raiva de ter raiva dos raivosos. Lamento ter a doença da raiva por ter raiva dos raivosos. Tenho tudo: excepto a raiva de não ser raivoso. Não sou raivoso, mas tenho raiva por não conseguir ser raivoso. No fundo, só tenho raiva dos raivosos.
Note-se bem que não houve nenhum caso de ‘off-the-record’. De resto, compromete muito o desempenho jornalístico, a falta de perceção que a classe jornalística portuguesa (se é que existe) está a mostrar sobre o conceito. O ‘off-the-record’ é o entendimento entre repórteres e os objetos de notícia onde o único compromisso eticamente possível é salvaguardar o anonimato da fonte. Nunca pode ser invocado para obliterar conteúdos ao sabor da conveniência dos entrevistados. Divulgar matéria noticiosa é a obrigação jornalística. Sem a divulgação inconveniente de conteúdos noticiosos não teria havido conhecimento do escândalo de Watergate, das infâmias da Casa Pia, da roubalheira no BPN ou das irregularidades nas contas de Sócrates. Na verdade, sem a divulgação dos conteúdos obtidos por trabalho jornalístico, não há democracia. Não divulgar o que Costa disse sobre os médicos seria um ato de censura.
Uma situação de entrevista (tanto mais na residência oficial do primeiro-ministro) é o mais formal dos atos de colheita de informação que pode haver numa democracia. Tudo o que for dito é registo público. Os jornalistas não se podem comportar aqui como confidentes dos estados de alma de um entrevistado grosseiro, como foi o caso da equipa do Expresso a avaliar pela bondosa entrevista que conduziram que só fez notícia a sério na parte que não queriam divulgar.
Quando há quatro anos António Costa, por causa de um deslize de linguagem inconsequente, empurrou João Soares para fora do seu Gabinete, justificou-se chamando os media e dizendo: «(...) recordei aos membros do Governo que, enquanto membros do Governo, nem à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do Governo e, portanto devem ser contidos na forma como expressam as suas emoções.» Mais adiante nesta mesma declaração, que foi o equivalente à punhalada nas costas dada durante um abraço fraterno com que Macbeth assassina o seu amigo Banquo, António Costa referiria a prudência e o bom senso que é necessário ter «(...) nestes espaços comunicacionais que hoje não são de conversa privada nem reservada tornam-se, naturalmente, públicos.» Prudência e bom senso que lhe faltaram neste contacto com jornalistas onde seguramente não se portou como o mais importante membro do Governo. Mas, enfim, provavelmente Costa disse aquelas coisas porque se sentiu muito à vontade com jornalistas do Expresso. A entrevista denota isso, particularmente na forma irada e brusca como Costa descreveu para os seus venerandos, obrigados, assustados e tão passivos entrevistadores o entendimento absurdamente restritivo que tem das atribuições da Ordem dos Médicos: «(...) as Ordens não existem para fiscalizar o Estado! Ponto final!») E eles ficaram-se. E mudaram de assunto.
Segundo Ato
António Costa é hoje primeiro-ministro de um estranho Gabinete formado por gente que amaldiçoa a vida pública portuguesa desde José Sócrates. Gente que serviu com empenho o ‘animal feroz’ durante o Freeport. Que andou com Soares, Guterres e Sampaio durante a Casa Pia e, já agora, gente que comprou meia dúzia de Kamov que não voam enquanto o país arde. E é também um homem com um nervo e calculismo raros. Testemunhei isso a 27 de maio de 2014 quando foi inaugurado na Ribeira das Naus um discreto monumento a Maria José Nogueira Pinto.
António Costa era presidente da Câmara de Lisboa. Fez um lindíssimo discurso exaltando a figura de Maria José e o seu influente papel na vida portuguesa. Jaime Nogueira Pinto fechou a cerimónia com palavras de saudade que comoveram todos e nos deixaram no silêncio sem jeito das recordações que doem mesmo. Foi neste ambiente de soturno mutismo coletivo que António Costa dobrou as duas folhas A4 do seu elogio fúnebre, meteu-as no bolso de um amplo casaco de alpaca cinzenta clara, compôs a gravata, apertou a mão a dois ou três dos presentes, afastou-se uns dez metros do monumento e acenou às três câmaras de TV que estavam a cobrir a inauguração que correram para ele enquanto jornalistas estagiários no habitual frémito mediático estenderam microfones ansiosos.
Teriam passado uns cinco minutos desde que António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, tinha carpido um esgaçado e lacrimejante elogio fúnebre a uma pessoa excecional quando de costas para o monumento a Maria José Nogueira Pinto, anunciou que se ia candidatar à liderança do Partido Socialista declinando uma litania violenta contra o Secretariado de António José Seguro. Já se sabia que Costa planeava esta afronta, mas não se sabia quando tomaria uma atitude pública. Escolheu o dia do elogio fúnebre a Maria José Nogueira Pinto.
Ao ver isto vieram-me à cabeça as palavras de Miguel Torga num comentário que fez depois de conhecer um distinto socialista que em tempo esgravatou a liderança do PS e que acabaria por atingir gloria in excelsis nas alturas da vida publica, urbi et orbi : «O rapaz fala bem, mas não presta». A saber: o relato dessa conversa tida no consultório do Dr. Adolfo Correia da Rocha em Coimbra foi-me feito ‘off-the-record’.»
Requalificação da Vala do Galante e Espaço Verde Envolvente - Trabalhos Diversos, obra acabada em final de Maio já está neste estado:
Sacado daqui, com a devida e necessária vénia. |
Estão com pressa de saber quem é figura expoente máximo representativa de um concelho atrasado, analfabeto político, provinciano e parolo, como a Figueira, a partir de Outubro de 2021?..
Tenham calma: aguardem pelos resultados das autárquicas.
Não vai ser difícil escolher...
Estado, a vaca leiteira dos privados:
Existem várias razões para se publicar um blogue.
Este blogue começou por ser um passatempo. Facilmente se transformou num gosto. Prazer, como diz uma amiga minha, é outra coisa.
Um blogue também pode ser uma ilusão: a ilusão de ser lido.
Exprimir opiniões, divulgar informação, defender uma ideia, escrever sobre si próprio, publicar poemas ou fotografias, todos os motivos podem ser bons para escrever. Não existe uma razão única para um blogue ter sucesso, mas talvez todos os que o tenham partilhem uma razão comum: serem genuínos.
O que mede o valor de um blogue não é a sua visibilidade mediática, a quantidade de visitantes ou a periodicidade dos textos, antes sim o interesse e a qualidade do que lá se publica.
Ontem, publiquei um comunicado do CDS/PP sobre a concessão de jogo para o Casino da Figueira da Foz, que colocou na agenda um tema que deveria ficar resolvido até o final deste ano.
Em poucas horas mereceu a atenção de milhares de leitores. Ao ponto, de passadas poucas horas ser a postagem com mais visualizações neste OUTRA MARGEM na última semana.
Vamos lá entender isto: o CDS, no concelho da Figueira, não conseguiu eleger ninguém nas últimas eleições autárquicas, mas levantou uma questão importante para a nossa cidade que mereceu a atenção de milhares de leitores.
O Dr. Miguel Mattos Chaves esteve bem, "por trazer um tema pertinente para o debate político."
É para isso que serve o OUTRA MARGEM: para motivar abertamente a discussão sobre o que realmente interessa à Figueira.