"Foram importantes, a tomada de consciência do grave problema demográfico com que o país se depara, bem como a afirmação da necessidade de se melhorar a qualidade de emprego e de se criarem condições para conciliar a vida profissional e familiar. Estes objetivos, num contexto em que se conseguiu alguma descredibilização das "vantagens" da pobreza forçada, da precariedade e da emigração da juventude, deviam ser assumidos na sua plenitude. Entretanto, de imediato foi criado um cenário da sua desvalorização através de medidas anunciadas no "Acordo de Concertação Social" que o Governo, as confederações patronais e a UGT celebraram.
Travar a emigração e permitir o regresso de milhares de jovens que estão no estrangeiro e aqui fazem falta exige mudanças profundas, que causarão inquietação e perdas a patrões que espremem sem limites o fator trabalho; não se coadunam com as recomendações crónicas das instituições europeias; impõem bem mais que umas pequenas migalhas para os trabalhadores. E o combate à precariedade e a dinamização da contratação coletiva reclamam mais poder real para os trabalhadores e as suas organizações coletivas, nas empresas e serviços. No "Acordo" constatamos, por agora, a sua representação duvidosa, o aplauso da Direita e o tecer de condicionalismos à maioria parlamentar que sustenta o Governo. E vamo-nos interrogando sobre o que haverá de verdadeiro entre um certo "jogo de sombras" que veio a público e as implicações concretas de cada medida adotada.
A convergência dos nossos salários com os dos europeus não se alcança com acordos de encanar a perna à rã, tanto mais que tal objetivo está fora da agenda da União Europeia (UE).
Da "Europa" vêm hoje muitas sombras com impactos fortes em Portugal: as turbulências em Espanha e Itália; o euro encalhado e as pretensas reformas abandonadas; a guerra comercial à "Europa" declarada por Trump, com objetivos que incluem ataque ao setor automóvel alemão; avanços da extrema-direita em vários países; aplicação de políticas neoliberais que destroçam direitos laborais e sociais.
Os ideólogos liberais sempre pensaram o processo de integração europeia como uma libertação dos capitais e das mercadorias (e menos das pessoas) de todos os entraves e fronteiras. O comissário europeu Gunther Oettinger disse, a propósito da situação política em Itália, que "Os mercados ensinarão os italianos a votar bem". É um comentário desastroso mas revelador dos perigosos rumos trilhados pela UE. A rejeição da soberania "dos mercados" por parte dos eleitores tende a ser cada vez mais um facto, no quadro de uma UE bloqueada e de políticas nacionais que não respondem aos justos anseios das pessoas. Estes bloqueios alimentam o crescimento de forças de extrema-direita. Preparemo-nos contra todas estas sombras.
Em Portugal precisamos de seguir objetivos que o secretário-geral do PS enunciou. Governar por essa via é trabalhoso e difícil, mas foi assim que os portugueses respiraram melhor nos últimos três anos. Faça-se debate político sério, designadamente sobre o conteúdo e objetivos estratégicos do "Acordo de Concertação Social", se não queremos que tudo isto acabe num sufoco."
daqui
Travar a emigração e permitir o regresso de milhares de jovens que estão no estrangeiro e aqui fazem falta exige mudanças profundas, que causarão inquietação e perdas a patrões que espremem sem limites o fator trabalho; não se coadunam com as recomendações crónicas das instituições europeias; impõem bem mais que umas pequenas migalhas para os trabalhadores. E o combate à precariedade e a dinamização da contratação coletiva reclamam mais poder real para os trabalhadores e as suas organizações coletivas, nas empresas e serviços. No "Acordo" constatamos, por agora, a sua representação duvidosa, o aplauso da Direita e o tecer de condicionalismos à maioria parlamentar que sustenta o Governo. E vamo-nos interrogando sobre o que haverá de verdadeiro entre um certo "jogo de sombras" que veio a público e as implicações concretas de cada medida adotada.
A convergência dos nossos salários com os dos europeus não se alcança com acordos de encanar a perna à rã, tanto mais que tal objetivo está fora da agenda da União Europeia (UE).
Da "Europa" vêm hoje muitas sombras com impactos fortes em Portugal: as turbulências em Espanha e Itália; o euro encalhado e as pretensas reformas abandonadas; a guerra comercial à "Europa" declarada por Trump, com objetivos que incluem ataque ao setor automóvel alemão; avanços da extrema-direita em vários países; aplicação de políticas neoliberais que destroçam direitos laborais e sociais.
Os ideólogos liberais sempre pensaram o processo de integração europeia como uma libertação dos capitais e das mercadorias (e menos das pessoas) de todos os entraves e fronteiras. O comissário europeu Gunther Oettinger disse, a propósito da situação política em Itália, que "Os mercados ensinarão os italianos a votar bem". É um comentário desastroso mas revelador dos perigosos rumos trilhados pela UE. A rejeição da soberania "dos mercados" por parte dos eleitores tende a ser cada vez mais um facto, no quadro de uma UE bloqueada e de políticas nacionais que não respondem aos justos anseios das pessoas. Estes bloqueios alimentam o crescimento de forças de extrema-direita. Preparemo-nos contra todas estas sombras.
Em Portugal precisamos de seguir objetivos que o secretário-geral do PS enunciou. Governar por essa via é trabalhoso e difícil, mas foi assim que os portugueses respiraram melhor nos últimos três anos. Faça-se debate político sério, designadamente sobre o conteúdo e objetivos estratégicos do "Acordo de Concertação Social", se não queremos que tudo isto acabe num sufoco."
daqui