segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A vida resume-se a uma passagem...

Foto de Gilberto Vasco. Legenda: "Sensivelmente em frente ao mercado Eng.º Silva, na praia fluvial que aí existia. Meninos a trabalhar; levam o farnel aos mais velhos enquanto carregam a sacola da escola...os que podem ir à escola."

Esta  foto não é ficção: é a vida retratada. É a realidade de uma cidade pobre, presumo que dos anos 50/60 do século passado, sem esperança, onde mais de metade da população era analfabeta.
Possivelmente, alguns destes gaiatos, protagonistas nesta fotografia, são hoje homens que nunca foram meninos, porque cresceram numa sociedade onde, para a maioria, não havia lugar à infância e à juventude.
A riqueza e a pobreza tinham a ver, sobretudo, com as heranças e as castas familiares.
É por isso, ou pelo menos, sobretudo por isso, que eu, desde menino, nunca consegui ficar quieto e insensível perante as desigualdades sociais, perante a injustiça, perante a discriminação, perante a dor de um povo sofrido, um povo simples, que é o meu e ao qual pertenço.
A opção - a vida é sempre feita de opções - continua a ser, naturalmente, uma opção de classe, como de classe foram sempre - e continuam a ser - as minhas opções perante a realidade, que é a vida.

Há dias assim, belos e felizes..

...para quem, não está interessado em pagar salários obscenos a gestores públicos que não querem cumprir com as suas obrigações legais.
Há dias assim, em que temos que agradecer e reconhecer que tivemos sorte...

Daqui.

Sabe bem...

"No próximo ano, os franceses escolherão o seu Presidente, os alemães o seu Chanceler, os angolanos o seu Governo e os portugueses os seus autarcas locais. Na Figueira, vamos corajosamente eleger discutir os grandes temas estruturantes do futuro, ou continuar, enleados na “espuma dos dias”, condenados ao “diktat” da pós-…verdadinha?!…"
- Teotónio Cavaco, deputado municipal do PSD

Nota de rodapé.
Quanto à Figueira, oxalá seja eu a estar completamente enganado, mas, parece-me que em 2017, teremos o deserto pela frente...
Caminhemos então pelo deserto fora, pois não vejo outro remédio.
Há sete anos, com maior incidência, porém, nos últimos três (os tais da maioria absoluta...), eles sufocam a Figueira e criaram o seu próprio deserto...
Vamos ver, se mesmo as poucas ilhas que vão resistindo, lhes conseguem sobreviver!..
E, quem constata isto, é um bacano, quase sempre bem disposto, que ainda vai conseguindo fazer as coisas como gosta, pois está-se -  e vai-se - borrifando para os Ataídes desta vida.
O meu interesse não é criticar, ou apoiar, o que quer que seja. O que me interessa, mesmo, é,  ao olhar para mim,  sentir-me satisfeito.

Ainda não estamos na Ucrânia, mas...*

O secretário de Estado do Tesouro e Finanças foi  interrompido, na passada sexta-feira, no Parlamento, por protestos da bancada do PSD,  depois de dizer que o deputado social-democrata António Leitão Amaro tem um "profundo desconhecimento do RGIC [Regime Geral das Instituições de Crédito] ou uma disfuncionalidade cognitiva temporária".
O PSD ficou muito ofendido, a meu ver, sem razão, pois o governante limitou-se a sublinhar o desconhecimento técnico de Leitão Amaro da matéria em debate. 
O secretário de Estado do Tesouro limitou-se a dizer, para todos perceberem, o seguinte:  que o deputado estava sendo temporariamente parvo.
Será que a razão de ser do ruído do PSD teve a ver com a discordância sobre "o carácter temporário da disfuncionalidade"?..

* - título da postagem inspirado aqui.

Neste dia pequeno, coisas pequenas...

Na imagem os "milhares de mortos" do ditador Fidel que por estes dias enchem a boca à direita liberal da escola de Chicago
Se Fidel Castro tivesse chamado Milton Friedman para Havana, apesar de não ter sido um filho da puta sanguinário como Pinochet, ficava bem visto na direita liberal do "aliviar o peso do Estado na economia" e do crescimento económico a perder de vista.

Nota de rodapé.
Hoje, apetece-me passar um bom dia. 
E um bom dia a fazer o quê? 
Talvez, encontrar amigos. 
Talvez, ir a um sítio lindo.
Talvez, o gozo de uma boa refeição. 
Talvez, ver o mar...
Nada de muito elaborado,
Algo que seja genuinamente agradável.
Boa segunda-feira...

domingo, 27 de novembro de 2016

Há alturas em que, para ver melhor, apetece fechar os olhos e cerrar o punho...

Olhar.
Ver.
Reparar.
Não é tudo a mesma coisa: são palavras e conceitos diferentes. 
Podemos olhar, sem ver. 
Podemos ver, sem estarmos a olhar.
Mas, reparar necessita de algo completamente diferente. 
Sermos humanos.
Também numa urgência hospitalar, podemos encontrar, se virmos as coisas com um olhar humano, para além das desgraças, momentos com sentimentos de ternura e beleza.
A profundidade deste olhar íntimo partilhado pelo João Vaz chega a ser comovente.
A sensibilidade é uma coisa maravilhosa. 

Política figueirense: a silly season fora da época...

Dos bastidores à boca de cena...
Recuemos a 28 de julho do corrente ano.

Perante o problema, dado que o PS, decorridos meses, que eu saiba, ainda não avançou com nenhuma proposta para contornar esta curva apertada, eu atravesso-me.
Que tal, manter José Esteves como cabeça de lista  a Buarcos/S. Julião e avançar com Rui Duarte para vereador da Câmara Municipal da Figueira da Foz, na lista do PS?

O PS, forçosamente, tem que arriscar, sob pena de a melancolia tomar conta deles.
Na política, a vida é um risco permanente. 
Há uma ténue linha que separa o sorriso da amargura! 

Socialistas figueirenses, vamos lá, deixem-se de fitas: arrisquem...
Há sempre alternativas! 
Só para uma certa coisa, que todos sabemos o que é, é que não existe solução. 
Para o resto, não é possível encontrá-la hoje,  amanhã talvez ela surja. 
E se formos vários a pensar, criam-se sinergias fantásticas e as respostas vão aparecer como cerejas. 
E, a solução neste caso é tão simples!..
José Esteves, cabeça de lista na lista do PS a Buarco/S. Julião.
Rui Duarte, candidato a vereador na lista PS à Câmara da Figueira da Foz...

Escusam de agradecer.
Fico a aguardar o feed back...

sábado, 26 de novembro de 2016

Fidel, o último Comandante...

 "Gostaria de dizer que em Cuba as eleições são viciadas e o poder não é escolhido pela maioria. Pois, mas a América vai ter um presidente que teve menos voto do que a rival em eleições sobre as quais há muitas dúvidas e o mesmo já tinha sucedido na Florida, a mesma Florida dos exilados cubanos.

Se fosse descendente de um proxeneta dos tempos de Baptista, de algum latifundiário ou da burguesia cubana estaria a festejar agora a vitória de Fidel. Mas não tenho a certeza de que os cubanos estejam contentes ou mesmo indiferentes, como sugere uma blogger cubana.

Gostaria de dizer que os cubanos vivem mal por causa de Fidel, mas a verdade é que há mais miséria em todos os países da América Latina do que em Cuba, a verdade é que em muitos indicadores de desenvolvimento Cuba está ao nível dos países mais desenvolvidos e nalguns casos mesmo acima dos Estados Unidos.

Gostaria de dizer que em Cuba há uma ditadura, mas como posso ignorar que muitos dos democratas que criticam a ditadura cubana apoiaram uma ditadura no meu país, como posso fazer de conta que algumas democracias da América Latina têm tantos ou mais presos políticos do que Cuba.

Gostaria de criticar Fidel por ter optado pelo isolamento, mas como posso esquecer que foi Cuba quem travou uma das maiores batalhas no continente africano, derrotando as forças armadas do Apartheid, em Cuito Cuanavale. Como posso criticar o isolamento de Cuba se foram os EUA que lhe impuseram o maior boicote comercial na história da humanidade.

É verdade que Cuba não é uma democracia, mas está longe de ser sido a pior das ditaduras da América Latina. É verdade que os cubanos poderiam viver melhor, mas são dos povos com menos miséria da América Latina. É verdade que Fidel foi um ditador, mas muitos dos que dizem que Fidel é um ditador, ajudaram ou apoiaram o mais brutal dos ditadores a derrubar Salvador Allende. Fidel, o ditador, tinha mais autoridade democrática do que muitos governantes democratas que ajudaram ou promoveram ditadores bem mais brutais.

Nesta hora gostaria de criticar Fidel, seguindo os meus princípios. Mas, peço desculpa, não consigo."

Daqui

Razão tinha o então líder da bancada social-democrata, Luís Montenegro, quando afirmou, em fevereiro de 2014:


“Hasta da victoria, siempre”.

Morreu Fidel Castro o histórico líder cubano

Nota de rodapé.
Goste-se ou não do Homem e, sobretudo, da ideologia, Fidel foi sempre fiel ao seu povo e ao seu país.
Tão diferente do vazio, que é a tristeza que para aí anda nos dias de hoje...

A realidade pode ser sempre a grande surpresa...

"Figueira Respira com mais ar nos pulmões"
- Via AS BEIRAS

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

O que interessa é roçar a felicidade (como sabem, atingi-la é mesmo muito difícil!..)

aqui gente viva e que sente... 

Aviso:
Postagem não aconselhável a espíritos que se emocionem facilmente e sensíveis.

Zona industrial: requalificação...

Remover ou recuperar?
Gastam o dinheiro em quê?..
Obras à entrada para «encher o olho», ou, como diz o outro, «para inglês ver».

25 de novembro

para ler melhor clicar na imagem
Hoje, pelo menos para a minha geração,  é um dia a não esquecer. 
Foi num dia 25 de novembro, já lá vão 41 anos, que  terminou o sonho de uma geração - a minha - que acreditava num mundo melhor.

Nesse dia, em Portugal, a democracia sofreu  uma derrota histórica.
As suas consequências, ficaram visíveis pelos governos que se seguiram. Porém, só depois da governação de Passos/Portas, a partir de 2011, é que nos apercebemos da realidade em toda a sua dimensão.

Na derrota de há 41 anos, não se pode acusar a direita de ser responsável por nada. 
A responsabilidade foi nossa - da esquerda. 
A responsabilidade pertenceu aos que na euforia de vitórias de curta duração foram sectários, triunfalistas e não tiveram capacidade para fazer e consolidar alianças que, num espírito de compromisso democrático, garantissem a vitória.

A História, sem deturpações, é conhecida. A partir do momento em que o genuíno MFA se fraccionou, depois de já terem sido politicamente eliminados os elementos espúrios que por oportunismo político tinham alinhado no 25 de Abril, ficou selada a derrota. 
Tudo começou e acabou ai.

Importa também sublinhar que, nem todos, embora fossem poucos, os que estavam com o 25 de novembro concordaram, posteriormente, com os seus desenvolvimentos.
Muitos nem suspeitavam da amplitude das mudanças que estavam a promover como protagonistas activos.

É evidente, que havia, na maioria conjuntural que se formou há 41 anos, gente perfeitamente integrada na lógica da direita e ao serviço das suas estratégias.
Outros há, e são muitos, que nesse tempo estavam do lado das forças que foram derrotadas, mas, hoje, renegam esse passado...
Esses, são os que desprezo...

A ficção em que vive a Figueira...

Há crise, nomeadamente política, na Figueira.
Os partidos não existem.

Há crise, nomeadamente da democracia, na Figueira.
O problema é político.

Há crise, também e nomeadamente, por os políticos que governam na Figueira há décadas, terem tidos vistas curtas e almas de merceeiros.

Há crise, nomeadamente porque estamos onde estamos (com o respeito devido aos merceeiros, uma classe profissional em vias de extinção, tal como a conhecíamos...).

Existe um culto muito moderno da especialização (no caso, da especialização económica) e um culto da objectividade (a que a economia não chega)...
Acredita-se que atirar números para cima da realidade acabará por explicá-la...

É um raciocínio que até se pode caracterizar, algo aporeticamente, como mágico.

Estes gestores são os teólogos de um Deus chamado Mercado!
É nesta ficção que vivemos.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

A normalidade só tem de ser encarada como normal...

"Passos vota contra a integração de precários na função pública".
- Via Diário de Notícias 

"Esquerda aprova aumento de seis e dez euros para as pensões em Agosto".
- Via Público

Tratam-nos como se fossemos parvos... E lá terão as suas razões...

"Quando nos governos de direita é o saltitar entre empresas privadas e cargos de administração pública, ou até para tutelar ministérios e secretarias de Estado com a tutela das áreas de onde se veio, como no caso de Maria Luís Albuquerque e Sérgio Monteiro, por exemplo, no privado a negociar com o Estado e, depois no Governo, a supostamente renegociar com o privado o que antes haviam negociado, é o Estado a necessitar dos melhores que, vá-se lá saber porquê, estão sempre no privado, bancos incluídos, e posteriormente os melhores a não poderem ficar castrados da sua carreira profissional, e do seu futuro no sector privado, só por terem feito uma comissão de serviço, também supostamente para defenderem os interesses do Estado, que é como quem diz, os interesses de todos os cidadãos, em economês, o dinheiro do contribuinte, se bem que os resultados finais desse amor pátrio e da defesa do interesse comum seja sempre a delapidação do património do Estado mais o onerar da carga fiscal e dos sacrifícios exigidos a cada um.
Quando sob a égide de um Governo do Partido Socialista, suportado pela esquerda parlamentar, um administrador contratado, e ainda com vínculo ao sector privado, participa, como observador, em actos públicos relacionados com o banco que vai tutelar, é a falta de transparência, é a promiscuidade, é o acesso a informação confidencial e privilegiada, é a falta de ética, é um fato talhado por medida, é o diabo a sete.
Querem fazer de nós parvos?"

Figueira, a caminho de ser a Califórnia da Europa!..

Uma crónica de Rui Curado da Silva. Para ler melhor clicar na imagem.

Nota de rodapé.
Já o velho  e saudoso (para alguns...) Cavaco defendia que Portugal «deveria voltar a ser» a Califórnia da Europa...
Só que eu tenho um problema: não me recordo do Portugal tipo a «Califórnia da Europa»
Lembrei-me disto a propósito da crónica do Rui Curado da Silva, publicada hoje no jornal AS BEIRAS.
Será que é para aí que nos querem levar na Figueira?
Para a desprotecção social e para o mercado selvagem do emprego...
Já eu, que sou pouco exigente, preferia que, se nos tivermos de  assemelhar alguém, que seja a um qualquer país nórdico!..