«Nos tempos que correm, os interesses de Portugal no plano externo só podem ser eficazmente defendidos por um Presidente da República que tenha alguma experiência no domínio da política externa e uma formação, capacidade e disponibilidade para analisar e acompanhar os dossiers relevantes para o País».
A frase, de Cavaco, que pode bem vir a ficar para a História como o "Presidente do Silêncio", consta do prefácio escrito na IX edição dos "Roteiros" de Belém, publicado hoje pela Presidência da República.
Santana Lopes, que acha que encaixa no modelo de PR defendido por Cavaco
já veio apressar-se a vir à colação, dizendo que cumpre os requisitos do perfil. A memória é curta. Vejamos: é de uma arrogância extrema um Presidente ainda em funções dar-se ao luxo moral de traçar um perfil para o seu sucessor; é imprudente, Santana, para surfar a onda, esquecer-se rapidamente da "boa e má moeda", em que ele próprio foi o destinatário, num artigo de Novembro 2004 no Expresso escrito por Cavaco Silva, então professor.
Recorde-se: em 2006, dois anos depois depois da queda do seu governo, o ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes chegou a atribui-la a “uma conjugação objectiva de interesses de diferentes origens partidárias” e considerou que Cavaco Silva “foi um protagonista importante” neste período político.