A verdadeira fotografia é aquela que
nos ajuda a compreender e a interpretar a realidade.
A fotografia pode ser mais directa do
que a escrita, pois pode transmitir “a pura verdade”, a tal
verdade por vezes inquietante e incómoda, que um artista
inquieto acabará por descobrir e transmitir e que pode
ser compreendida por todos - mesmo pelos analfabetos.
Isto tornou-se ainda mais verdadeiro
com a “democratização” do próprio acto de fotografar.
Há muitas formas de pensar a
fotografia, mas é preciso fazê-lo criticamente. Se não o fizermos
há o perigo de a reduzir ao seu lado estético.
As fotos que o fotojornalista Pedro Agostinho Cruz vai mostrar na exposição que vai ficar patente ao
público no Mercado da Gala, a partir de amanhã, têm essa vertente,
mas têm, ao mesmo tempo, algo que nos inquieta e que nos agride, pois
mostra a violência de uma força da natureza brutal e poderosa –
o mar em todo o seu esplendor e crueldade.
É claro que também há beleza nas paisagens fotografadas, mas é uma beleza estranha - é uma beleza que nos causa desconforto.
É claro que também há beleza nas paisagens fotografadas, mas é uma beleza estranha - é uma beleza que nos causa desconforto.
* Título roubado à entrevista que a jornalista Andreia Gouveia fez ao Pedro Agostinho Cruz, hoje publicada no Diário de Coimbra.