segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

domingo, 4 de janeiro de 2015

Na véspera dos 61...


Gostava de ter mais tempo e mais algum dinheiro. 
Tempo para usar o tempo e o dinheiro da forma mais ajuizada, sem esquecer a auto-estima, os amigos e a família...
Mas, o que gostava mesmo, era de ter um blogue que não fosse lido por ninguém...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Mensagens presidenciais...

"Devo ainda referir que circunstâncias várias, para que, felizmente, não concorri, fizeram diminuir a minha movimentação e o número de presenças em cerimónias inaugurais e comemorativas. Mesmo assim não estive demasiadamente parado". 

Janeiro de 1974. Américo Tomás "dixit"...

"Rejeito em absoluto uma ideia demagógica e populista, que alguns pretendem incutir na opinião pública, segundo a qual os partidos e os seus dirigentes se alheiam dos interesses do país e das aspirações dos cidadãos. Devemos recusar o populismo e fazer um esforço de pedagogia democrática, tendo presente que os partidos políticos são essenciais para a qualidade da democracia e para a expressão do pluralismo de opiniões.

Mas esse esforço de pedagogia democrática só pode ser feito através da força do exemplo. Os partidos e os agentes políticos têm de demonstrar, pela sua conduta, que são um exemplo de transparência, de responsabilidade e de civismo para os Portugueses."

Janeiro de 2015. Cavaco Silva "dixit"...

“Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte”...

As coisas, neste novo ano, continuam simples em Portugal: desde o vulgar trabalhador até aos detentores dos cargos políticos, quando exercidos em exclusivo, continua a não ser possível enriquecer com os actuais salários. 
Por isso, não se pode aspirar a viver em médias casas, passear em médios carros e gozar médias férias - no fundo, usufruir de um nível de vida médio, com um salário, mesmo que seja de político. 
Não pode. 
Ponto. 
Quando assim acontece, quando não é lotaria, nem herança, nem bens próprios anteriores, ou a família a pagar, é outra cosia
E essa coisa não é boa. 

Esta coisa, evidente e percebida por qualquer português que tenha passado uma vida de trabalho em Portugal, não necessita de explicações, pois é fácil de entender. 
Mas, em Portugal, também temos a outra coisa - a classe dos milionários, uma classe pequena mas crescente... 

Guerra Junqueiroin Pátria -  deu a explicação.
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...)  
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e estes, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.  
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas;  
Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, a-pesar-disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...) “  

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Ano novo?..

A felicidade e a dignidade não passam por um estatuto conferido por um cargo político, um emprego ou o dinheiro do euromilhões... 
Muito menos, a felicidade e a dignidade passam por um carrão ou por cartões de crédito.
O ano prestes a finar-se, 2014, foi duro para a generalidade de todos nós. Ficámos mais pequenos, mais pobres, mais desesperados e mais à deriva.
O ano que hoje acaba, mostrou-me, mais uma vez, que a felicidade e a dignidade passam por outras coisas mais ao nosso alcance, mas não menos difíceis e importantes de alcançar. 
Nomeadamente, por andar de cabeça erguida e a coluna vertebral direita. 
Passam também por, em qualquer circunstância, tentarmos dar o nosso melhor.
O que sabemos que é difícil, pois vivemos numa sociedade - e numa cidade - em que o medo se transformou num instrumento ideológico ao dispor da classe dominante. 
Resta resistir.
Quem tem experiência de vida e memória sabe que já passámos por pior. 
Entretanto, fica o desejo do possível 2015 para todos.

Muito bem...


No último dia do ano o líder do PS foi a Évora para visitar José Sócrates no estabelecimento prisional de Évora, onde o ex-primeiro-ministro está em prisão preventiva. 
À saída, António Costa defendeu a existência de meios para a investigação poder executar o seu trabalho e a garantia dos direitos de defesa, tendo apelado a que se deixe a «justiça funcionar em todos os seus valores».

Uma história figueirense e portuguesa...

"Recentemente, o surfista Garrett McNamara pronunciou-se sobre as excelentes condições que a costa portuguesa oferece para a prática do surf. O recordista mundial opinou que há muitos talentos em Portugal, muitos surfistas que são muito bons, pelo que o país poderá em breve ter um campeão do mundo… “em ondas pequenas e em ondas gigantes”. Também afirmou que o vento aqui é complicado e que, em lado nenhum do mundo, chegam ondas tão grandes e com tanta frequência. Ouvi as suas declarações na televisão e logo me ocorreu a comparação com a actual situação do país e, em particular, da Figueira. Vieram-me à mente os nossos campeões, dispersos por esse mundo fora, na área do desporto, da ciência, da literatura, das empresas, no mundo do trabalho. Ultrapassando “ondas gigantes”. Como também a Figueira e as suas potencialidades, em particular na área que ele tão bem domina: o mar. Nas suas diversas vertentes. Também metaforicamente, senti os ventos adversos que sopram por estas paragens e as sucessivas ondas de austeridade que vêm afectando a generalidade dos portugueses. No final do ano e início do seguinte, faço votos que a reflexão de McNamara seja premonitória e que se dê início a um processo de reversão que vença as ondas gigantes e os ventos adversos. A solução está nas mãos de todos e de cada um de nós. Os problemas só se resolvem se os enfrentarmos, tal como o surfista enfrenta as ondas."

O texto é do Eng. Daniel Santos e foi publicado hoje no jornal AS BEIRAS. 
O título é da responsabilidade do autor do Outra Margem.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O Paulo Portas tem as costas largas...



Enzo no Valência. 
Explicação do Benfica: 
"uma proposta irrevogável"...

Só nós dois é que sabemos...



Assim a vida passa vagarosa: /O presente, a aspirar sempre ao futuro: /O futuro, uma sombra mentirosa.*

"No início do próximo ano iniciar-se-ão as obras de requalificação do museu dr. Santos Rocha, de manutenção do CAE e do forte de Santa Catarina. Em suma, a passos sustentados, vencida a falência técnica de há cinco anos, a câmara reinicia uma nova vida."

Em tempo.
Citação do Dr. António Tavares, vereador PS, hoje, na sua habitual crónica das terças no jornal AS BEIRAS. 
* Título da responsabilidade do autor do Outra MargemUma citação de Antero de Quental, “Sonetos” (1860-62).

“Tudo existe. O que se Inventa é a descrição”

Joaquim Namorado e Guilhermina Namorado no dia do seu casamento.
Coimbra, 1942.
Para assinalar o Centenário do Nascimento de Joaquim Namorado, Vila Franca de Xira, através do Museu do Neo-Realismo, está a prestar a devida homenagem ao Poeta, contista e ensaísta.
A vida e o percurso de Joaquim Namorado decorreram num contexto e num tempo difícil: o Portugal fascista do século XX, tempo em que se agravaram as condições de vida do povo português.
As migrações rurais, na maioria no sentido de Lisboa, têm um peso enorme na vida do país. A instabilidade política e a guerra civil de baixa intensidade que se arrasta agravam a situação. A crise financeira, o advento do Estado Novo, a concentração capitalista têm consequências pesadas, fazendo com que os anos 30 e 40 do século XX em Portugal sejam de grande crise e pobreza para o povo português.
A situação das classes mais desfavorecidas, dos estratos mais vulneráveis da população era de tal maneira complicada e difícil que não podia deixar de chamar a atenção dos intelectuais daquele tempo em Portugal. Mais do que uma corrente intelectual, do que uma resposta a este ou aquele movimento artístico, mais do que a expressão de uma força política, o movimento neo-realismo foi a expressão de uma solidariedade, de uma tomada de posição perante o sofrimento agravado do povo português. Mário Dionísio disse que apareceu espontaneamente, não por encomenda deste ou daquele. Impôs-se o sentimento de dar conteúdo à arte, como demonstram as polémicas sobre o primado do conteúdo ou da forma na arte, bastante acesas e de inegável interesse.
Um observador atento, sem ideias pré-concebidas, confirma com facilidade que o âmbito do neo-realismo é bastante mais vasto do que muitas vezes se apresenta. Figuras como Ferreira de Castro, Aquilino Ribeiro e José Rodrigues Miguéis produziram obras que devem ser consideradas como fazendo parte da literatura neo-realista, sem qualquer espécie de dúvida. No cinema, por exemplo na fase inicial da obra de Manuel de Oliveira, denotam-se preocupações afins ao movimento.
E, ao contrário do que alguns tentam fazer crer, o neo-realismo não se pode reduzir a uma literatura regional, do Alentejo ou do Ribatejo. Não se pode esquecer a importância da revista Sol Nascente, fundada por estudantes do Porto e editada naquela cidade de 1937 a 1940, ou da Vértice, que aparece em Coimbra em 1942, entre outras publicações. E que o Novo Cancioneiro, também editado em Coimbra pela mesma altura, incluiu poetas de todo o país. Ainda em Coimbra são numerosas as publicações próximas do neo-realismo, a maioria, é verdade, de vida efémera: Altitude, Cadernos de Juventude, Síntese. Em Lisboa destaca-se O Diabo.
O neo-realismo cumpriu o papel de denúncia do sofrimento do povo português. Mostrou o papel que podem ter a arte e a cultura em geral na luta social e política. Não foi propriedade de ninguém, nem mesmo exclusivo de Portugal. Foi o contributo da cultura para apoiar o povo a que seus agentes pertenciam.
É neste contexto que a obra de Joaquim Namorado tem de ser vista: “um organizador colectivo, mais do que original; um poeta e um crítico de obra exígua; um militante que rebatia arte sobre a política e, em política, queria ser reconhecido pela sua ortodoxia”.

Conheci pessoalmente Joaquim Namorado, creio que no ano de 1978, devido ao projecto barca nova.
Em 1982, aparece em 3º. Lugar na lista APU concorrente à Assembleia Municipal da Figueira da Foz - e é eleito.
Em 1983, por iniciativa do semanário barca nova é lançada a ideia de uma “homenagem a Joaquim Namorado”.
Realiza-se a homenagem projectada pelo barca nova. Dela faz parte uma exposição sobre “O neo-realismo e as suas margens”, que depois será apresentada em Coimbra, Guimarães e Fafe, em versão simplificada.
O executivo da Câmara Municipal da Figueira da Foz cria o “Prémio Joaquim Namorado”, para ser atribuído a contos inéditos, invocando a acção cultural exercida por Joaquim Namorado no nosso concelho.
Em 29 de Janeiro é conferida a Joaquim Namoarado a Ordem da Liberdade – Diário da República nº. 62, 2ª. Série de 16/3/1983.
Seguiram-se outras homenagens. Recordo que a Assembleia Municipal de Alter do Chão, sua terra natal, em reunião de 4 de Fevereiro, por unanimidade, resolve associar-se à “Homenagem nacional prestada a Joaquim Namorado".
A Junta de Freguesia de S. Julião, delibera na sua reunião de 14 do mesmo mês no mesmo sentido.
A Assembleia Municipal e a Câmara de Coimbra atraibuem-lhe, por unanimidade, a Medalha de Ouro da cidade.
Por esse tempo, Joaquim Namorado era um Homem feliz. Por esse tempo, eu, como elemento de um colectivo que se chamava barca nova, também era um homem feliz.
Joaqui Namorado, o Joaquim Namorado com quem convivi e tive a felicidade de receber a sua amizade, ao contrário do que dizem não era um durão: era um ser humano do melhor que passou pela minha vida – e a quem estarei eternamente grato pelo muito que me ensinou.
A carta reproduzida, dirigida à sua esposa D. Guilhermina Namorado (Amor da Minha Alma/Joaquim Namorado - 1938. Carta escrita a prever  sua prisão: "esta carta, se te chegar às mão, significa que fui preso")  fala por si.
para ler melhor clicar na imagem 

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O que faz a malta não ler... Mas, os amigos são para as ocasiões...

Ainda se lêem livros em Portugal?
Tenho sérias dúvidas.
Sei que existem profissionais da leitura, como o Marcelo Rebelo de Sousa, mas muito pouca gente já lê por ócio ou prazer.
Por isso, pelo menos para mim, é inexplicável que continuem a aparecer editoras, que as feiras do livro sejam um sucesso, que haja novos autores, que tantos livros sejam comprados.
O problema, se chegar a haver, será o facto disto ter rebentado, como rebentou a bolha do imobiliário...