Walt
Whitman escreveu em “Folhas de Erva”: “De nada, nem o tempo nem
lugar – de nada vale a distância, talvez pouco evidente que a vida
poderá ser. Assim será, mas nem sempre”. Quando o autor procura,
na memória, nos acontecimentos, nas sensações, reinventando,
reorganizando o caos, e reergue uma realidade, com o seu tempo
próprio, tudo é diferente.
António
Tavares, que conheci como director de “Linha do Oeste”, finalista
do Leya com "As palavras que me deverão guiar um dia", editado
pela Teorema na passado mês de Agosto, criou um universo no qual
participaram alguns dos maiores escritores contemporâneos.
Steinbeck, Carson Mac Cullers, Italo Calvino, Camus, Lautréamont, Tolstoi,
Dostóievski, Virgínia Wolfe, Kafka, Proust e Joyce, Clarisse
Linspector e muitos outros,
filósofos como Kirkegaard ou Kant.
Não
é erudição pura e dura, berloques a enfeitarem, mas fazem parte da
vida do autor.
Estão
no seu sangue, na sua procura de mudar a mundo (embora não pareça).
Livro de alguma tristeza, muito amor, quase um breviário escrito, na
cabeça, de como viver e sobreviver, em Angola, entre uma biblioteca
itinerante e uma sucata.Com sumo de limão vivificador, sexo de
atingir o caminho da maturidade. Em liberdade livre e desejo de
embrulhar a entropia em palavras escritas com amor.