Logo à tarde há o Leirosa-Cova-Gala, o dérbi da margem sul do Mondego….
Não vou poder assistir por motivos profissionais. Todavia, inspirado por esse jogo, sempre emotivo, deu-me para recuar até à década de 60 do século passado…
Herdei o gosto pelo futebol do meu Pai.
Foi nos primeiros anos da década de 60, do século passado, tinha o Sporting aquela equipa que venceu a Taça das Taças, com o celebérrimo “cantinho de Morais”, que eu comecei a ir ver jogos de futebol ao desaparecido Estádio José de Alvalade.
Nessa época, o intervalo entre as viagens, de mais ou menos um mês à pesca nos mares do Cabo Branco, que o meu fazia a bordo do ilha de S. Vicente, não dava para ele vir a casa, à Gala, e, então, era a minha Mãe que se deslocava a Lisboa, normalmente acompanhada por um dos filhos. O outro, mais tarde os outros, ficavam na Gala, com a minha querida e saudosa Avó Rosa Maia.
Eram tempos difíceis, muito difíceis mesmo, mas dos quais, porém, consigo reter algumas gratas recordações.
Uma delas, eram as idas ao José de Alvalade, ao domingo à tarde, para ver o “meu” Sporting, ao vivo.
Recordo, que eram partidas magníficas e emotivas, presenciadas de pé, num sector do campo que, hoje, era impensável que existisse num campo de um dos grandes de Portugal:
“o chamado peão”.
Há já muitos e muitos anos que não ia aos Estádios de futebol da chamada I Liga – a excepção aconteceu no recente Naval-Académica, mas o “nosso” Bento Pessoa não pode ser considerado um estádio – pelo que não estou em condições de comparar um estádio do euro, com um, onde as alternativas eram sentar o cu na pedra, ou no cimento, derconfortável e frio da bancada, ou ver em pé, e os modernos, confortáveis (ao que ouço dizer), caríssimos e desaproveitados monstros de cimento que são os conhecidos estádios do euro 2004.
No tempo em que eu ia ao futebol pela mão do meu Pai,
ao domingo à tarde - os jogos dos campeonatos nacionais eram todos disputados ao domingo à tarde – o futebol não era uma ficção. Era uma festa. Nesses idos de 60, do século passado, o futebol era um desporto. Agora, é uma indústria, dizem que dominada por crâneos brilhantes – economistas, juristas, engenheiros, empresários e outros endinheirados…
Nesses idos de 60 do século passado, quem queria assistir a jogo de futebol tinha de ir ao campo, ou ouvir o relato pela telefonia – era o tempo de grandes relatores como Amadeu José de Freitas, Nuno Brás, Artur Agostinho, Fernando Correia….
Agora, uma jornada do campeonato é servida em capítulos, qual telenovela, normalmente de sexta a segunda-feira. Televisão obriga.
Depois, os bilhetes são obscenamente caros para a qualidade dum espectáculo, que ainda dizem de futebol, e para o bolso do português médio ou remediado…
Depois, admiram-se que os estádios, do euro e os outros – Figueira, Coimbra, Aveiro e Leiria, só para focar exemplos perto –, estejam às moscas….