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sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Nasceu há 128 anos: José da Silva Ribeiro, um Homem que dedicou a vida a cultivar o Povo


José da Silva Ribeiro, um Homem do Teatro e do Jornalismo, que quis fazer sempre mais e melhor pela Cultura da sua Terra

Homem de Cultura, repartiu a vida entre o Jornalismo e o Teatro, actividade em se notabilizou. O seu nome confunde-se com a Sociedade de Instrução Tavaredense, fundada tinha ele 10 anos. Começou logo aí a sua ligação com a Arte de Talma. 
Não a praticou noutro sítio: “Eu sou apenas Tavarede e mais nada”.

Nota de rodapé.

Há momentos que valem uma vida..
Recordo o episódio do meu único encontro com José da Silva Ribeiro.
Corria o ano de 1975 e eu, então, um jovem, era um dos componentes do GAU (Grupo de Acção Unida), um grupo de jovens da Cova-Gala ligado à Igreja católica.
Tínhamos várias actividades, entre elas o Teatro.
Por essa altura, encenada pelo Senhor Ferreira, estávamos em ensaios para levar à cena “As Duas Causas”, do Ramada Curto. Tínhamos imensas dificuldades. Entre elas, estávamos com dificuldades em arranjar o guarda roupa. Foi então que resolvemos ir falar com o Mestre José Ribeiro, ao SIT, a Tavarede. E, na delegação do GAU, lá fui. 
Fomos recebidos com toda a deferência. Nunca mais esqueci aquela noite única e especial.
Para além do guarda roupa, que facilmente nos foi cedido a título de empréstimo, trouxe uma injecção de entusiasmo, que me tem ajudado a encarar a vida e as suas vicissitudes. Obtive, também, de forma completamente espontânea e informal uma lição de Teatro, gosto esse que, se é verdade, já existia, me foi refinado naquela noite pelos ensinamentos e incentivo do Mestre, detentor de uma sensibilidade e de um entusiasmo, a que juntava o prazer de transmitir o gosto pela sua paixão de sempre, sem nos dar a entender que nos estava a dar uma lição.
Aquela lição, naquela noite única e irrepetível na minha vida, ficou para sempre gravada na memória de um jovem incipiente, mas aberto ao conhecimento. A minha gratidão para com o Mestre José da Silva Ribeiro não é possível de traduzir em palavras, por mais autênticas, sentidas e genuínas que elas sejam.
José Ribeiro, na única vez em com ele falei, marcou-me profundamente. Vi logo que estava perante um Homem de grande envergadura cultural, cívica e política, que se preocupava com a transmissão do saber e da cultura ao povo.
Foi, aliás, isso mesmo, a sua preocupação com a instrução do povo, que o fez ser uma vítima, mais uma, do ditador Salazar.
Portugal não se tornou um País inteiramente livre em 25 de abril de 1974.
Falar de respeito, é uma coisa, mas o que existia nesses tempos da ditadura não era respeito, era medo. Medo da prisão, medo da tortura, medo do vizinho, medo da PIDE.
Essa mesma PIDE que prendeu José da Silva Ribeiro, um Homem que gostava apenas que o seu Povo fosse Livre, isto é, tivesse cultura e instrução.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

José da Silva Ribeiro, um Homem do Teatro e do Jornalismo, que quis fazer sempre mais e melhor pela Cultura da sua Terra

José da Silva Ribeiro, Homem de Cultura, repartiu a vida entre o Jornalismo e o Teatro, actividade em se notabilizou. O seu nome confunde-se com a Sociedade de Instrução Tavaredense, fundada tinha ele 10 anos. Começou logo aí a sua ligação com a Arte de Talma. 
Não a praticou noutro sítio: “Eu sou apenas Tavarede e mais nada”.
Quase que por acidente, descobri no espólio da RTP, três videos sobre José da Silva Ribeiro, "um Homem que dedicou a vida a cultivar o Povo".
Não resisti. Para os ver basta clicar.

Encontro com José Ribeiro

O Homem de Tavarede – Parte I

Se fosse vivo, José da Silva Ribeiro teria completado ontem 127 anos. No face, a recordar a data, li uma postagem que também não resisti a citar.

Para além da Vida, uma Obra, uma Lição...

Por Paula Simões

"A 18 de novembro de 1894, nasceu em Tavarede, num humilde,mas feliz lar, onde reinava a fraternidade, o respeito, a compreensão e a tolerância, José da Silva Ribeiro.
Pequeno ainda, lidou no campo, partilhou a vida dura dos trabalhadores rurais, o que o levou, mais tarde, a lutar pela melhoria das suas condições de vida.
Aos dez anos, estreou-se no teatro como amador. O teatro haveria de ser sempre uma constante de toda a sua vida.
Aos doze anos, entrou como aprendiz na Tipografia Popular. À noite, frequentava as aulas na Escola Dr Bernardino Machado. Deslocava-se a pé da Figueira para Tavarede, o que aliás, sempre fez até a doença lho permitir.
 Em 1908, com 14 anos, dirigiu o jornal O Poeta.
Mais tarde, ingressou nos escritórios dos Caminhos de Ferro da Beira Alta.
Entretanto, começa a Primeira Guerra Mundial.  Embarca para Moçambique em 1916. Aí, recebe a triste notícia da norte de seu pai.
Regressa a Portugal  em setembro de 1919.
Volta para a Voz da Justiça, mas agora, como secretário da Redação. Ingressa como amanuense na Escola Dr Bernardino Machado, cargo que exerceu com maior zelo, até 1923.
Em 1933, é preso. Foi deportado para Angra do Heroísmo, onde permaneceu, durante um ano, em regime de extrema incomunicabilidade.
Regressando do exílio, volta ao jornalismo.
O seu jornal, era um incômodo para o governo da época. Em julho de 1937, o Voz da Justiça é silenciado... em junho de 1938, Jose Ribeiro é de novo preso. Detido pela PIDE...
A sua vida não foi fácil !
Nunca desistiu de lutar pelos seus ideais, mesmo sabendo o quanto isso lhe custava...
Sempre disponível para os outros, familiares ou não, defensor constante dos humildes e desprotegidos, do civismo e da educação, autor de livros infantis , era um Homem verdadeiramente excepcional na vida da nossa cidade.
Depois do 25 de abril de 1974, com um simples requerimento, poderia ter solicitado, como muitos outros, uma indemnização ao Estado. Negou-se a fazê-lo.... Era assim, José Ribeiro!
Um Homem Bom, consciente, humilde...
Foi um enorme orgulho ter privado com Ele. Ora na Escola dos Quatros Caminhos, onde ensaiava a nossa Festa de Natal, ora na SIT, onde era o meu MESTRE.
Lembro-me tão bem de um dia, vinha eu da catequese com o meu avô, quando ao longe avistei o “ mestre”... Disse ao meu avô:
- Avô, vem ali o meu ensaiador! É ele que me anda a ensinar a ser Nossa Senhora na Festa de Natal da escola!
Entretanto, vamo-nos aproximando e paramos para cumprimentar o Sr. José, como lhe chamava o meu avô...Ao reconhecer-me, diz ao meu avó:
- Ó João, não me digas que esta menina é tua neta. Ela tem muito jeito para o Teatro! 
Olha, leva lá a menina à Sociedade que tenho um papel para ela...
E o meu avô levou-me...
Foi o início de uma grande paixão, o início de um Amor para a vida toda!
Parabéns, Mestre!
Obrigada, por me ter ensinado a amar e a viver o Teatro!
Se ainda pertencesse ao “ nosso mundo”, faria hoje 127 anos!
Este foi, sem a menor dúvida, o “ maior” filho da minha Terra!"

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Tavarede vai homenagear Mestre José da Silva Ribeiro

Nesta  foto de 1978, sacada daqui, Mestre José Ribeiro recebe das mão do Dr. David Mourão-Ferreira,
 na altura  Secretário de Estado da Cultura,  a Medalha de Ouro da Cidade da Figueira da Foz
Amanhã, sábado,  pelas 21h30m, a Sociedade de Instrução Tavaredense realiza um espectáculo de homenagem a José da Silva Ribeiro.
Participarão o Grupo de Teatro da Escola Dr. João de Barros, com a peça "O Segredo da Serra Azul" e o Coral "Cantigas de Tavarede".
Registe-se esta justa homenagem a “um Homem que dedicou a vida a cultivar o Povo”.

terça-feira, 17 de abril de 2007

José da Silva Ribeiro: um Homem que dedicou a vida a cultivar o Povo





Homem de Cultura, notabilizou-se no Teatro. O seu nome confunde-se com a Sociedade de Instrução Tavaredense, fundada tinha ele 10 anos. Começou logo aí a sua ligação com a Arte de Talma. Que não a praticou noutro sítio: “Eu sou apenas Tavarede e mais nada”. Textualmente.
Encenador por excelência, também escreveu, adaptou inúmeras obras e, imagine-se, também pisou o palco. Representou na Filarmónica Figueirense e na Filarmónica Dez de Agosto.
Falamos de José da Silva Ribeiro, um humanista, para quem o centro era o Povo, a educação e a instrução das classes populares.
Foi com pesar que recordou o fecho do jornal que dirigiu, “A Voz da Justiça” (a tipografia foi roubada - palavras dele), numa entrevista que me concedeu em 1984, para o “Secção Cultural” da Associação Naval 1º de Maio. Não desarmou, ludibriou a PIDE e o regime, e no ano seguinte, decorria o ano de 1938, apareceu com outra publicação, desta vez com o nome de “Jornal da Figueira”, de que saíram 24 edições.
Considerava Gil Vicente seu padrinho e usava uma sua frase como ex-libris: “E eu ey nome ninguém e busco a consciência”. Tinha o Shakespeare completo em inglês, em francês e em português, além de admirar o Garrett, de achar o “Camões grande, mas é fora do teatro que o considero espantoso”. Pudera, o escriba também é dessa opinião. Entre outros dramaturgos da sua preferência encontra-se o Lorca, a quem ele se referiu assim: “o nosso grande Espanhol Federico Lorca”.Outra paixão do Mestre, que ele considerava genial, era Molière. Não sem razão, pois teve tempo de o ler convenientemente. Foi nos calabouços do anterior regime que Mestre José Ribeiro recebeu uma belíssima prenda: a obra completa daquele dramaturgo, oferecida por um outro figueirense ilustre, que a comprara num leilão - Maurício Pinto.

Alexandre Campos