sexta-feira, 18 de julho de 2025

O estado do sítio

Filipe Luís

"Dificilmente os senhores deputados se debruçarão sobre o caso do são-tomense Manuel dos Santos, que, no bairro do Talu de, em Loures, reuniu os materiais que apa nhou dos escombros da demolição da sua habitação precária, umas tábuas, uns ara mes, um cobertor, para construir um abrigo ainda mais débil, uma casa igual às dos dois mais novos dos três porquinhos, onde “dormiu bem”. Mas onde receia o “sopro” do socialista Ricardo “Lobão”, perdão, Leão, presidente da Câmara de Loures: “Antes quero viver numa barraca do que debaixo da ponte”, disse à Antena 1 este operário da construção civil que, embora apenas ganhe o salário mínimo, foi mandado “procurar casa”. Ele não procura casas, ele constrói-as para que outros as procurem. Sim, se todos resolverem construir uma barraca à espera de receber uma “casinha” da câmara, isto nunca mais acaba. Sim, é preciso reprimir a construção clandestina e impedir que regressemos ao tempo das barracas, que costumam alastrar como mancha de óleo. Mas isso faz-se a montante, prevenindo, não demolindo. Ou então, como apontou o socialista Miguel Prata Roque – que pediu a retirada da confiança política do PS a Ri cardo Leão… –, a câmara demolidora terá de arranjar um teto para as pessoas que desa loja. Se o seu presidente não for o lobo mau, claro. E este é, também, o estado da Nação."

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