Esta manhã fomos alertados para a notícia dos 4.500 euros pagos pela Solverde a um primeiro-ministro em exercício, o que corresponde, porém, apenas a um terço do que esse primeiro-ministro recebe de outras empresas e da mesma forma.
Citando o Expresso, «Montenegro trabalhou para a Solverde entre 2018 e 2022. A concessão de jogo termina este ano. O Gabinete remete para o debate da moção de censura "os esclarecimentos devidos sobre questões profissionais e patrimoniais".
A relação entre o grupo Solverde e Luís Montenegro é antiga e ainda não terminou. Dias depois de ter sido mencionado no Parlamento como uma eventual cliente da empresa familiar de
Luís Montenegro, aquele grupo de casinos e hotéis sediado em Espinho
revelou ao Expresso que paga à Spinumviva uma avença mensal de
€4500 desde julho de 2021 a troco de um conjunto de “serviços especializados de compliance e definição de procedimentos no domínio da
proteção de dados pessoais”.
A ligação ganha relevo porque Montenegro trabalhou para a Solverde
entre 2018 e 2022, tendo sido o representante do grupo nas negociações
com o Estado que resultaram numa prorrogação do contrato de
concessão dos casinos de Espinho e do Algarve. Esse contrato termina
no final deste ano e, como tal, o Governo terá de decidir o que fazer. O
primeiro-ministro garante que pedirá escusas no geral, mas não revela a
lista de incompatibilidades. O acordo de consultoria entre o grupo Solverde e a Spinumviva foi
angariado seis meses depois de a empresa ter sido registada com a
morada de casa e o número de telemóvel pessoal de Montenegro.
Durante 10 meses, até maio de 2022, a Solverde continuou a pagar
serviços jurídicos no valor de €2500 por mês à sociedade de advogados
do chefe do Governo, que Montenegro abandonou quando foi eleito
presidente do PSD. Daí para a frente, e até hoje, manteve a avença de
€4500 mensais à Spinumviva.
O MISTÉRIO DA EMPRESA FAMILIAR
Continua sem se saber quais são os restantes clientes da Spinumviva
responsáveis pelos outros dois terços da faturação em 2024. O Expresso
enviou perguntas para quatro empresas, além da Solverde, cujos nomes
têm circulado nos bastidores desde a semana passada, incluindo a Media
Livre (dona do “Correio da Manhã”, para a qual o primeiro-ministro já
admitiu ter prestado serviços na área de proteção de dados) e duas
outras de que Montenegro foi presidente da assembleia-geral no passado:
a Rádio Popular e a Ferpinta. Nenhum dos pedidos de esclarecimento
teve resposta.
A Rádio Popular parece corresponder à descrição feita pelo primeiroministro no Parlamento de “uma empresa de retalho com dois mil
funcionários, com lojas físicas e online, com uma base de dados com
dois milhões de clientes”, e a Ferpinta quanto ao que disse ser um grupo
industrial do ramo do aço, sem querer, contudo, revelar os seus nomes.
A lista detalhada de questões remetida a Montenegro pelo Expresso,
incluindo sobre os nomes de todos os clientes da Spinumviva e das
pessoas que fazem o trabalho de consultoria para a empresa desde que
decidiu vender a sua quota à mulher, com quem é casado em comunhão
de adquiridos, e os filhos, teve como resposta uma declaração genérica
do diretor de comunicação - “O primeiro-ministro prestou perante o
Parlamento e o país os esclarecimentos devidos sobre questões
profissionais e patrimoniais" - , remetendo para o debate da moção de
censura, que decorreu na semana passada, todos os esclarecimentos.
Mas logo na altura, partidos como o PS e a IL disseram que ainda havia
perguntas que tinham ficado sem resposta.»
Será que a seguir vão aparecer escutas escutas telefônicas?
Sem comentários:
Enviar um comentário