foto sacada daqui |
A verdade é que, a nível geral, em Portugal e na sociedade
portuguesa, é hoje em dia absolutamente dramática e dolorosa a falta de
conhecimento, de familiaridade, de experiência e de respeito pelo Mar…! Como se
ele não existisse... Como se ele fosse simplesmente um cenário… Um cenário mais…
igual a todos os outros cenários (os cenários virtuais de que as vidas, hoje em
dia, são feitas...). Um cenário imóvel, ou movendo-se, virtualmente, lá no seu
lugar…
Num país de pretensiosismo e preconceito social, em que tudo
o que for real, prático e produtivo, é desvalorizado por ser
"popular" (e as populações e as novas gerações são incentivadas para
valorizarem socialmente sobretudo aquilo que for bizantinamente teórico e
académico, ritual, e alienado da verdadeira realidade), atingiu-se na sociedade
e na cultura portuguesas uma situação última e paradoxal — uma situação
incompreensível, e inacreditável... — de afastamento do mar, e da consciência
marítima, e de toda e qualquer espécie de experiência das coisas marítimas (até
as coisas mais elementares...!). E tudo isto está a acontecer ao mesmo tempo
que, como sempre, se continuam a repetir as retóricas do "país
marítimo", e dos "Descobrimentos", e do "regresso ao
Mar"…! Ora, a verdade é que, infelizmente, Portugal virou as costas ao Mar
e está, desde há muito, a ignorá-lo, e a esquecê-lo, e a viver completamente de
costas voltadas para ele.
Infelizmente, em Portugal, hoje em dia, entre as populações
em geral, e entre a juventude, não se tem prática nem sequer das mais
essenciais e mais básicas das experiências do mar: as da rebentação, na
praia... as que tão bem conhecem, no seu dia-a-dia, os Surfistas e os
Pescadores da "Arte-Xávega".
"Ao Mar, nunca
se vira as costas"…! Mas, em Portugal, infelizmente, hoje em dia,
atingiu-se o último grau — o grau zero — da consciência marítima.
CEMAR
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