Por vezes, neste desgraçado País, ainda há quem tenha
dignidade, integridade e coerência.
Neste Portugal, onde
a mentira é lei e a pulhice regra, onde a “chico-espertice” fez escola, sabe
bem sabermos de um caso destes de vez em quando.
Leiam o texto abaixo de Miguel Esteves Cardoso, publicado no
jornal Público em 24 do corrente, há 2 dias, portanto.
Poucos, mais ainda temos portugueses de verdade, como António
Arnaut.
"Já me tinha esquecido da integridade. Deve ter sido
isso que me fez chorar. É aquilo que tem António Arnaut, um dos fundadores do
Serviço Nacional da Saúde (SNS) que, sofrendo de cataratas nos olhos, não só
recusa todos os favores dos amigos para ser operado no sector privado, como
insiste em ser operado pelo SNS, como qualquer utente anónimo.
No PÚBLICO foi justamente elogiado por denunciar a campanha
cada vez mais descarada para propagandear as empresas hospitalares com fins
lucrativos à custa dos hospitais públicos do SNS.
António Arnaut tem dinheiro e amigos para já estar livre das
cataratas há mais de seis meses. Mas escolheu esperar e sofrer para ser igual
às ideias dele. Que, no caso dele, foram tornadas em instituições que
beneficiam todos os portugueses, salvando as nossas vidas. Há um aspecto, no
entanto, que ainda é mais corajoso e honesto: é que António Arnaut, para além
de rebelde, ainda acredita na qualidade do SNS que criou. Não é acreditar: sabe
que o SNS tem qualidade. Tem é medo que a privatização obsessiva em curso
liquide o SNS. Entenda-se: vender a algumas empresas endinheiradas, por um
preço baixo, tudo o que pertence a todos os portugueses, por ter sido
completamente pago pelos impostos que pagamos.
António Arnaut não é um mártir: é um grande político que usa
todos os meios ao dispor dele para conseguir o que deseja para os outros. Para
os outros, com ele próprio incluído. Ele quer ser - e é - como todos nós."
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