"O Estado vai pagar as indemnizações por despedimento que os novos donos do BPN deveriam pagar."
Já que se continua a sacar, será que isto não poderia ter efeitos retroactivos?..
Em 1993, era Mário Soares presidente da República, Cavaco Silva primeiro ministro, Manuela Ferreira Leite ministra das finanças e eu funcionário de uma firma de despachantes oficiais, por via da entrada de Portugal como membro de pleno direito na CEE, fiquei, eu e os meus colegas, sem emprego, sem salário e sem indemnização.
Isto, num contexto em que nenhum habitante de um país aderente à CEE (diziam os políticos...) iria ser prejudicado por o seu país ter aderido à CEE!..
Eu e os meus colegas recorremos aos mecanismos legais. Resultado: decorridos todos estes anos, a sentença do Tribunal do Trabalho da Figueira da Foz ainda está por cumprir!.. Isto é: nunca foi possível receber aquilo a que legalmente tínhamos direito!
Será que esta medida para os trabalhadores do BPN não poderia ser um pouco mais alargada?..
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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