Ontem, liguei a televisão, cerca das 13 horas, para ver o jornal da tarde.
Dado que tinha acabado de acordar, depois de uma noite de trabalho, pretendia tentar ficar em sintonia com o que se passava no mundo.
Está um repórter em directo de um picnic de portugueses em Neuchâtel!..
Haverá mais alguma televisão de algum país a fazer isto? Ou, sequer, semelhante?..
“A VIDA oscila /Entre o sublime e o imundo /com alguma propensão/para o segundo.”
Ou será, apenas, porque existe " um desfasamento evidente entre o estado do País e a envergadura da nossa Selecção Nacional de Futebol. Na realidade não merecemos a Selecção que temos. O orgulho que nos inspira dissipa-se no momento seguinte em que lemos as notícias sobre o País. E eles, esforçados, disciplinados, confiantes, a marcarem golos para nos levantar a moral, distraindo-nos, formiguinhas, desta situação macabra em que nos enfiaram, pobres eleitores/consumidores/contribuintes com ilusões de democracia."
Obrigado selecção. Se não fossem vocês a desgraça ainda era maior. Espero é que cheguem à final e ganhem. Porque a não ser assim, não sei não ...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário