terça-feira, 24 de junho de 2008
Gosto de musica, mas detesto gente ordinária
Alguém anda a tentar dar-me musica ...
Só que, para que conste, informo que já pertenço a um tempo em que os discos se dividiam em duas partes: o lado “A” e o lado “B”.
Era o tempo dos discos de vinil, que se riscavam nas pesadas agulhas dos gira-discos. Foi isso que aconteceu ao anónimo que pretende dar-me musica: riscou o disco.
Hoje, nestes tempos “sem memória”, tudo isso está ultrapassado com o CD.
Só que o CD não tem a resistência do “vinil”. Mal tratado o CD pouco resiste.
As coisas são o que são. Mesmo o maravilhoso, fabuloso, inquebrantável e duradouro CD dos tempos modernos, revela um comportamento idêntico ao do vinil: se o tratamos com cuidados de coleccionador, audófilo, ou outra espécie rara, aguenta-se como o vinil se aguentava com esses cuidados.
É cruel o mundo não é?
Nas guerras morrem milhares de adultos, mas quando uma criança é assassinada, aí é que acontece o verdadeiro crime.
E porquê?
Quando se mata um adulto mata-se parte da humanidade, mas quando se mata uma criança mata-se parte do futuro, isto é, mata-se a esperança...
É claro que isto é literatura...
Na vida, tal como nos livros, as transformações acontecem quando nos mostram aquilo que não queríamos ver. Nos livros interessam-me mais os que me dizem coisas que me sacodem, do que os que me dizem coisas que preferia nem saber.
Esses são os livros que contam...
Os outros, os que acariciam o ego, os que nos dizem coisas que sozinhos conseguimos ver, esses não interessam.
A vida, tal como a literatura, é uma bela mentira que tenta levar-nos sempre até à verdade. Por vezes de forma ínvia e ziguezagueante. Tal como a escrita que é uma mentira que tenta sempre alcançar a verdade.
No fundo, é a procura da aproximação ao humano.
Como disse anteriormente, continuo a gostar muito mais dos discos de vinil do que dos CDs. O vinil tem os dois lados, o “A” e o “B”.
Meu caro anónimo ordinário: a tua vida, a minha vida, todas as vidas têm algo de ritual. Todos fazemos coisas por necessidade, mas o que é importante é aquilo que corresponde ao nosso desejo íntimo às nossas necessidades íntimas.
Todos temos personalidade e essência. E os rituais servem para satisfação da personalidade.
Satisfazer a essência é algo mais complexo e doloroso, pode passar pela destruição da personalidade. Estou a falar, evidentemente, da essência no sentido da meninice e da pureza.
Tu, que penso que és Crente, conheces melhor do que eu a frase do Evangelho, que diz que só as crianças entram... Se calhar, é preciso voltar a ser menino, voltar a ser criança para entra no Reino dos Céus...
Espero que não seja necessário voltar aos 4, 5 anos....espero que voltar a essa pureza de intenções a essa pureza de sentimentos seja o suficiente...
Já sei que, realisticamente, temos de ter personalidade...até porque a sociedade, ou o meio a isso obriga...
Mas essa personalidade não pode tomar conta de nós e abafar a essência. O ideal seria encontrar o ponto de equilíbrio entre a essência e a personalidade.
Teríamos de mudar muito, não era? Sobretudo as prioridades, sobre a forma como encaramos e usamos a vida...
Mas isso daria muito trabalho...
Entretanto, se quer ver os seus comentários publicados, assine-os e veja se tem maneiras.
Também há por aqui Senhoras.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Resposta:
Vira o disco e toca o mesmo
A expressão vem do tempo em que os discos se viravam. Eram pretos, feitos de vinil e tinham dois lados, vulgarmente designados por Lado A e Lado B. Os discos eram colocados no gira-discos. Um aparelho de construção mecânica composto por um prato, uma agulha e um botão onde se definia quantas rotações sobre si próprio deveria o prato cumprir durante um minuto. Os singles rodavam a 45 rpm e os Lp's a 33 rpm. Tirava-se o disco da capa, colocava-se no prato, seleccionavam-se as rotações apropriadas, passava-se a agulha sobre o vinil e, enfim, ouvia-se.
Quando o Lado A chegava ao fim, virava-se e ouvia-se o Lado B. Se depois de virar o disco tocasse a mesma música, era extremamente desagradável, enfadonho, chato... o ouvinte sentia-se defraudado, no direito de reclamar. Daí ficou a expressão "vira o disco e toca o mesmo", que ainda hoje se aplica, sempre num sentido depreciativo.
Em quase todos os casos, quando se virava, o disco não tocava o mesmo. Havia toda uma forma de pensar e criar assente na ideia de dois lados. Uma lógica de equilíbrio entre as duas faces. Se todos os sucessos estivessem concentrados na Lado A, de que valeria ouvir o Lado B? O nome "faixa", ainda hoje usada para designar os temas de um álbum, também vem do tempo dos LP's. Entre as linhas de vinil por onde a agulha girava, havia uns traços mais grossos e salientes, que se traduziam em silêncio e separavam o disco em faixas. Para ouvir uma canção que não estivesse no início, era necessário acertar com a agulha na linha grossa correspondente. O que, diga-se, não era propriamente prático.
Os LP's tinham uma capacidade muito limitada. Se o disco tivesse mais de 60 minutos, teria que ser duplo. O formato típico de um disco pop era 10 canções em 45 minutos. O que era extremamente funcional pois permitia gravar dois álbuns numa cassete de 90 minutos. Mas se um LP tivesse 35 minutos ninguém se sentia lesado.
Enviar um comentário