domingo, 11 de outubro de 2015

Pescadores exigem socorro 24 horas por dia

Os pescadores estão com medo da barra da Figueira.
 "Tememos pela vida. O medo de que possamos naufragar está sempre na nossa mente", disse  ao Correio da Manhã José Santos, pescador da Figueira da Foz. 
"Sentimo-nos abandonados e com medo de não sermos socorridos", afirmou ao mesmo jornal o pescador José Carriço, para quem os serviços do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) devem estar abertos "24 horas por dia" e com duas equipas em permanência. 
É precisamente o encerramento deste serviço, às 18h00, que deixa revoltados os pescadores tendo em conta que é a partir daquela hora e até à meia-noite que se regista um grande movimento de entradas e saídas de barcos.

A segurança e o salvamento marítimo, um caso grave na barra da Figueira que acidente do Olívia Ribau pôs a nu...

Desde a passada quarta-feira que a Associação Sócio-Profissional da Polícia Marítima quer que seja aberto um inquérito à operação de socorro, desencadeada na sequência do naufrágio do dia anterior na Figueira da Foz.
"Este infeliz episódio deverá servir de alerta para as fragilidades do actual sistema de salvamento marítimo, sustentado no altruísmo dos profissionais da Polícia Marítima", frisa a ASPPM.
É tempo de "encarar a inoperância do sistema na busca e salvamento no mar com a frontalidade que a situação merece e responsabilizar as entidades competentes no salvamento marítimo, antes que se contem mais vítimas no seio da instituição policial", pode ler-se ainda no comunicado da ASPPM.
A associação sindical sublinha também que o "altruísmo que move os profissionais da Polícia Marítima não deve ser confundido como um dever especial de garante da vida humana no mar".

"As incontáveis vidas salvas por profissionais da Polícia Marítima não devem servir para ocultar a inoperância do actual sistema".

A realidade, segundo a ASPPM é que "os profissionais da Polícia Marítima não dispõem de competências para a busca e salvamento no mar, nem estão habilitados, treinados ou em prontidão para responder a ocorrências de naufrágio".
A Figueira tem um grave problema de segurança no salvamento a náufragos, que este acidente colocou a nu.
Um agente da Polícia Marítima, de folga, que por mero caso estava próximo da Figueira, e se muniu de uma mota de água e conseguiu salvar duas vidas, não pode servir para camuflar a realidade.
O Instituto de Socorro a Náufragos encerra às 18 horas numa barra que, a não ser que as condições do tempo não o permitam, permite entradas e saídas 24 horas por dia.
De sublinhar:
1. na passada terça-feira o Instituto de Socorros a Náufragos não tinha os meios necessários para acudir ao acidente, por uma das embarcações, a Patrão Macatrão, estar avariada
2. o facto da Protecção Civil Municipal da nossa cidade não ter tido conhecimento de que as instalações encerram às 18 horas!..
Depois de tudo ter falhado no naufrágio do Olíva Ribau,  espera-se que a justiça funcione.

sábado, 10 de outubro de 2015

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Naufrágio do "Olívia Ribau": depois de tudo ter falhado espera-se que a justiça funcione

O Ministério Público está a investigar as circunstâncias em que ocorreu o naufrágio do "Olívia Ribau", na Figueira da Foz, nomeadamente se houve falhas na prestação de socorro. 
Ontem, nas operações de resgate, foi encontrado o corpo de Américo Tarralheiro dentro do barco. Até agora estão confirmados quatro mortos e um pescador, Adriano Combóio, continua desaparecido. Apenas dois tripulantes foram resgatados com vida.

Fonte judicial confirmou ao Correio da Manhã que já foi instaurado um inquérito para apurar se terá havido ou não responsabilidade das instituições neste desfecho trágico. 
crónica publicada hoje no jornal AS BEIRAS
A par da investigação do MP, os familiares de um dos pescadores também já anunciaram que vão recorrer aos tribunais. Vítor Gaspar, advogado que representa a família de Adriano Combóio, disse que vai apresentar queixa por eventual omissão de auxílio e mover uma acção administrativa para responsabilizar "a actuação das instituições". A actuação dos meios de socorro tem sido fortemente criticada. 
Ontem, porém, a Autoridade Marítima reafirmava em comunicado que "as decisões tomadas foram inequivocamente as mais adequadas face a todos os factores presentes"
O comunicado alerta para a necessidade de "implementação de uma cultura de segurança, que aumente as probabilidades de sucesso em emergências desta natureza", responsabilizando assim os próprios pescadores por não adoptarem as necessárias medidas. À cabeça da lista dos exemplos negativos da falta desta cultura está "a não utilização de coletes pelos tripulantes em momentos de risco elevado, que diminui as probabilidades de sobrevivência na água não dando tempo para que o resgate se efectue". Outro exemplo referido é a entrada numa barra condicionada com o material desarrumado e sem estar preso, provocando instabilidade e a sua libertação à volta do barco, o que impossibilita "a chegada do socorro por via marítima"

A BARRA
Nos últimos quatro anos registaram-se três acidentes graves, com vítimas mortais, à entrada da barra da Figueira da Foz. Os pescadores apontam o dedo às obras ali realizadas. "Aquela barra ficou mais perigosa depois do aumento do cais. Temos mais areia e a navegação é muito mais arriscada", refere José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar. 
"Está na altura de questionar porque é que há tantos naufrágios", afirma, revoltado, Alexandre Carvalho, pescador na Figueira da Foz. "A barra transformou-se numa ratoeira para os pescadores", refere. Com o aumento do molhe em 400 metros, explica, "os barcos têm de entrar ou sair da barra atravessados, não há segurança"
Segundo José Festas, na altura em que foram realizadas as obras, a associação que representa alertou os responsáveis para o problema, mas sem sucesso: "Nós tentámos impedir que a barra fosse feita assim. Avisámos que ia matar muita gente"
O responsável por este blogue, dentro das suas modestas possibilidades, tem feito o que pode no alerta dos problemas da nossa barra - que, em abono da verdade, não são de hoje nem de ontem: na Figueira, há mais de 100 anos que os engenheiros se dedicam a fazer estudos para a construção de uma barra... 
Vejamos o caso do prolongamento em 400 metros do molhe norte.
Manuel Luís Pata, outra voz que tem andado a pregar no deserto, avisou em devido tempo, mas ninguém o ouviu... Recordo, mais uma vez, o já longínquo ano de 1996. Manuel Luís Pata,  no extinto Correio da Figueira, a propósito da obra que então se perspectivava e, entretanto,  concretizada, do prolongamento do molhe norte da barra da nossa cidade para sul, publicava isto que era um alerta, que ninguém teve em conta.
“Prolongar em que sentido? Decerto que a ideia seria prolonga-lo em direcção ao sul, para fazer de quebra-mar.
Se fora da barra fosse fundo, que o mar não enrolasse, tudo estaria correcto, mas como o mar rebenta muito fora, nem pensar nisso!..
E porquê?... Porque, com  os molhes tal como estão (como estavam em 1996...), os barcos para entrarem na barra  vêm com o mar pela popa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em direcção ao sul, teriam forçosamente que se atravessar ao mar, o que seria um risco muito grande...
Pergunto-me! Quantos vivem do mar, sem o conhecer?”

O SOCORRO
O Sindicato dos Trabalhadores das Administrações Portuárias revelou  que há estações de salva-vidas "com um só elemento" quando deveriam ter seis. No País há 60 tripulantes dos salva-vidas, mas a lei prevê 130, diz o comunicado. Nuno Leitão, porta-voz da Autoridade Marítima, confirma que existem 60, mas recusa comentar o comunicado. Serafim Gomes, do Sindicato, diz que na Figueira da Foz só foi usada a moto de água porque não havia pessoal para tripular os salva-vidas. 
Em declarações aos jornalistas, João Ataíde, presidente da câmara da Figueira da Foz, disse que a estação salva-vidas do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) não tinha os meios necessários para acudir ao acidente, por uma das embarcações, a Patrão Macatrão, estar avariada, e criticou o facto da Protecção Civil Municipal não ter tido conhecimento de que as instalações encerram às 18 horas.
Consciente do papel de destaque que se encontra reservado à protecção civil ao nível do bem estar da população figueirense, tendo em conta o cumprimento do estatuído no artigo 5º do Decreto-Lei nº 203/93, de 3 de Junho, que ao regulamentar a Lei nº 113/91, de 29 de Agosto (Lei de Bases da Protecção Civil), impôs aos municípios a promoção da criação dos seus serviço municipais de protecção civil, aos quais cabe desenvolver actividades de coordenação e execução tendentes a prevenir riscos colectivos inerentes à situação de acidente grave, catástrofe ou calamidade de origem natural ou tecnológica, atenuar os seus efeitos e socorrer as pessoas e bens em perigo, quando aquelas situações ocorram das populações, deixo duas perguntas: 
1ª. - para que serve a Protecção Civil Municipal da Figueira da Foz?
2ª. - quantas reuniões de coordenação existem por ano com todas as entidades envolvidas?
Recordo, para quem não se lembre, que o presidente da Câmara tem a seu cargo a direcção das actividades a desenvolver no âmbito da Protecção Civil, cabendo-lhe designadamente, "criar e dirigir o Serviço Municipal de Protecção Civil Concelhio, procurando garantir a existência dos meios necessários ao seu funcionamento".
Isso passa, entre muitas outras coisas, por "convocar e presidir às reuniões da Comissão Municipal de Protecção Civil", "promover a cooperação de cada organismo ou entidade interveniente, diligenciando assim, o melhor aproveitamento das suas capacidades", "coordenar a elaboração do Plano Municipal de Emergência e promover a preparação, condução e treino periódico dos respectivos intervenientes", "promover e contribuir para o cumprimento da legislação de segurança relativa aos vários riscos inventariados, oficiando para o efeito aos órgão competentes", "promover reuniões periódicas da Comissão Municipal de Protecção Civil, sempre que necessário e no mínimo duas vezes por ano".

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Apareceu o cadáver de mais uma vítima...

Foi encontrado mais um corpo dentro do Olívia Ribau... 
Na terça-feira tinha sido resgatado um corpo e na quinta-feira mais dois. Falta aparecer um tripulante. Da tripulação constituída por sete elementos apenas se salvaram dois.

Apesar de algumas manobras com o arrastão naufragado terem decorrido com sucesso ...

...4 dias depois do acidente a barra da Figueira da Foz permanece fechada.

Tão bom comentador que ele era e agora não passa dum candidato a suceder a Cavaco!..

"Marcelo Rebelo de Sousa anuncia candidatura a Presidente da República às 18 horas"...

Esclarecimento da Marinha e AMN - Naufrágio da embarcação Olívia Ribau

Na sequência das declarações vindas a público, criticando as operações de socorro após o naufrágio da embarcação de pesca Olívia Ribau, a Autoridade Marítima Nacional (AMN) vem reafirmar que as decisões tomadas foram inequivocamente as mais adequadas face a todos os factores presentes.
Permanece a duvida:
"Como é que os meios existem e foram adequados, e foi tudo um sucesso se quem salvou está de licença de paternidade e nem sequer trabalha na Figueira da Foz????? 
Os dispositivos de segurança será que é assim que funcionam, por mero acaso????"

O Comandante Nuno Leitão acabou de responder ao Presidente da Câmara da Figueira da Foz em directo na CMTV

Começou por dizer que as críticas do senhor presidente da câmara da Figueira da Foz "foram críticas infelizes."
Depois, em tom manifestamente exaltado, perdeu mais uma bela oportunidade de estar calado, pois repetiu o que já disse inúmeras vezes nos últimos três dias.
Mais uma vez, esteve "infeliz" este inenarrável porta voz da Autoridade Marítima Nacional, mais um insuportável pesadelo que se veio juntar à tragédia que nos assolou na passada terça-feira ... 
Como pergunta e bem João Traveira:
"Uma coisa que é tão simples e que ninguém se está a lembrar, nem a comunicação social, pois ainda não vi ninguém fazer esta pergunta ao sr. Leitão. Como é q os meios existem e foram adequados,e foi tudo um sucesso se quem salvou está de licença de paternidade e nem sequer trabalha na Figueira da Foz????? Os dispositivos de segurança será que é assim que funcionam, por mero acaso????" 
Sinceramente, ouvir Nuno Leitão é cada vez mais o mais perto que se pode estar de ter um pesadelo acordado.

Quando a realidade ultrapassa a ficção

Recordam-se? Foi há poucos dias...
Paulo Portas, em plena campanha eleitoral, com a desfaçatez, à vontade e falta de vergonha que lhe é peculiar, deu a entender que os empresários só estavam à espera de saber se ele e Passos Coelho seriam reeleitos para decidir dos investimentos na economia - na tal economia que cria emprego, do tal emprego que cria riqueza, da tal riqueza que traz bem-estar às pessoas e proporciona o tal crescimento económico ao país!...
O blah-blah-blah do costume,  que, tal como a música pimba, entra mesmo nos ouvidos  dos mais distraídos desta coisa da política, pois foi repetido até à exaustão pela tal comunicação social - tipo câmara de eco...
Passaram-se  apenas 4 – quatro dias - 4, e a resposta dos empresários, que investem na economia, que cria emprego e coisa e tal, aí está.
«O ministro da Economia, Pires de Lima, admitiu hoje ficar preocupado com o encerramento da fábrica de Santarém da Unicer, que poderá envolver o despedimento de 150 pessoas"...

"Estive 15 anos naquele barco. Reformei-me em 2015, não imaginam o que estou a viver”

Via jornal AS BEIRAS

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

João Ataíde confirmou: a estação salva-vidas da Figueira da Foz "fecha às 18 horas e a embarcação de busca e salvamento estava há dois meses incapaz" ".

O Sindicato dos Trabalhadores Portuários acusou a Marinha de estar a iludir as pessoas sobre o naufrágio da Figueira da Foz e de o Instituto de Socorros a Náufragos não ter meios para acudir.
Segundo o JN, Serafim Gomes, da direcção do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações e Juntas Portuárias, frisou que o Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) não tinha meios disponíveis aquando do alerta, cerca das 19.15 horas de terça-feira, porque a estação salva-vidas da Figueira da Foz "fecha às 18 horas", dado que os seus funcionários "têm o regime normal da função pública como qualquer funcionário de secretaria", acusou.

"O porta-voz da Marinha está a iludir as pessoas. Diz que os pescadores deviam usar coletes salva-vidas e que foi o estado do mar e as redes na água, mas não diz que o ISN não tinha meios para acudir quando o alerta foi dado", frisou Serafim Gomes.

"Isto é uma situação incrível, que se arrasta há mais de uma década e que não serve para um socorro deste tipo. É como se os polícias e os bombeiros tivessem um horário limitado", comparou.

Serafim Gomes revelou que o salva-vidas do ISN Patrão Macatrão, fundeado na Figueira da Foz, "está avariado há duas ou três semanas" e não podia ser utilizado para acorrer às vítimas do naufrágio, que provocou um morto, havendo ainda quatro pescadores desaparecidos.

"Se tivessem uma embarcação em condições e meios humanos, se calhar, nada disto tinha acontecido", lamentou.

Serafim Gomes disse ainda que os capitães do porto possuem a "arte do desenrasca", porque não havendo meios no ISN "mandam polícias marítimos que não têm preparação" para operações de salvamento.

Ouvido pela Lusa, o comandante Nuno Leitão, porta-voz da Autoridade Marítima, disse que as declarações de Serafim Gomes "não fazem qualquer tipo de sentido", embora tenha admitido a avaria no salva-vidas do ISN.

"São declarações de quem não conhece minimamente a realidade de uma operação de busca e salvamento. Lamento que as pessoas, nestas alturas, apontem o dedo a outras pessoas que estão a fazer o seu melhor e com os meios todos disponíveis para o sucesso da missão", frisou Nuno Leitão.

"Esse sucesso resultou em duas vidas salvas pelo meio empregue , estou nessa tristeza também, foram vidas que se perderam, situações que se podiam ter evitado se as pessoas estivessem a envergar os coletes salva-vidas, se tivessem cumprido aquelas regras elementares que a Marinha e a Autoridade Marítima diariamente divulgam", adiantou Nuno leitão.

"Agora, não podem estar a apontar o dedo a atrasos do salvamento quando aquilo que foi possível fazer foi feito" justificou. No entanto, Nuno Leitão admitiu que o salva-vidas do ISN "está avariado".

"A avaria que tem é uma avaria normal, está a espera de peças para ser reparado. A capacidade da estação salva-vidas nunca deixou de estar em causa", garantiu.

O porta-voz da Autoridade Marítima frisou ainda que se a embarcação do ISN estivesse em condições de ser utilizada "não tinha qualquer tipo de empregabilidade" no socorro, por ser um navio "grande, com capacidade oceânica".

Apesar da explicação do porta-voz da Autoridade Marítima sobre a falta de adequação do salva-vidas do ISN à operação, vários pescadores lembraram que há cerca de dois anos, em outubro de 2013, o "Patrão Macatrão" salvou cinco pescadores num naufrágio de uma embarcação de pesca, sensivelmente na mesma zona do acidente do arrastão Olívia Ribau, junto à barra da Figueira da Foz e com condições adversas de mar.


Hoje, João Ataíde falou sobre o naufrágio.  Sublinhou que "as condições de prevenção e segurança" do porto da Figueira da Foz não "estavam nos seus devidos termos". O ISN "fecha às 18 horas e a embarcação de busca e salvamento estava há dois meses incapaz".
"Não direi que falhou o socorro, falharam as medidas de prevenção. Esta questão de [não] termos conhecimento de que o Instituto de Socorros a Náufragos fecha às 18:00 é demasiado grave", frisou João Ataíde, que por inerência é o responsável pela Protecção Civil na Figueira. O autarca figueirense sublinhou que "não havia ninguém disponível" no ISN para acudir ao naufrágio e registou que o salva-vidas Patrão Macatrão "que é o único que tem condições para acudir a estas situações, estava indisponível devido a uma avaria técnica".
João Ataíde disse ainda que um porto comercial com a envergadura do da Figueira da Foz "merece ter a necessária prevenção", alegando que o ISN devia ter articulado com a administração portuária a permanência de meios que permitissem acudir a um acidente como o que ocorreu terça-feira. João Ataíde notou que nos últimos três anos, "este é o terceiro acidente" mortal junto à barra do porto da Figueira da Foz. 
Por outro lado, o Presidente da Câmara lembrou que há mais de três anos que a autarquia vem fazendo "insistentemente" apelos para a dragagem da barra, a última vez em abril de 2014, dando nota das dificuldades das embarcações dos pescadores para entrarem no porto, após as obras de prolongamento do molhe norte em 2010. 

E agora senhor comandante Nuno Leitão, o problema continua a ser os coletes?..

"Sem me querer mandar muito para fora de pé", deixo uma questão pertinente que acabei de ouvir no programa da manhã de hoje da SIC "Queridas Manhãs", sobre o naufrágio do Olívia Ribau, cerca das 13 horas e trinta e três minutos...

"A Figueira é a barra mais difícil do País... Não podemos cortar nas questões de segurança. Quando cortamos dá azar... O acidente deu-se às 19 horas e 13 minutos e se verificarmos a hora a que o helicóptero foi pedido, ficaremos a perceber muita coisa: verificamos que não há maus exércitos, há maus generais... E isso também se aplica ao mar... 
As autoridades devem saber... 
Na incapacidade de decisão pode estar o destino de muita gente..." 

- Hernâni Carvalho, é jornalista auditor da defesa nacional. Não fala de cor...

Actualização às 14 horas e 28 minutos:
O vídeo pode ser visto aqui.

Dois corpos encontrados esta manhã dentro de arrastão Olívia Ribau ...

Já apareceram mais 2 cadáveres, o que eleva para 3 o número de mortos confirmados.
Os trabalhos de busca vão prosseguir durante o dia de hoje.
O naufrágio provocou três mortos, dois corpos continuam desaparecidos e há ainda a registar o salvamento de dois pescadores.

NA FIGUEIRA E NO PAÍS EXISTE UM GRANDE PROBLEMA: A BARRA.

Recordo uma postagem de 11 DE ABRIL DE 2008, uma sexta-feira.
“O prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz foi hoje adjudicado, um ano depois do lançamento do concurso público que sofreu reclamações dos concorrentes e atrasos na análise das propostas.
A obra, considerada fundamental pela tutela e comunidade portuária, vai permitir a melhoria das condições de acessibilidade ao porto da Figueira da Foz e deverá estar concluída até Fevereiro de 2010.
Com um preço base de 12,5 milhões de euros, a intervenção compreende a extensão do molhe em 400 metros, bem como a ampliação do canal de navegação.”
Mas, será que alguém sabe, porque estudou, as REPERCUSSÕES QUE MAIS 400 METROS NO MOLHE NORTE terão?

Mas, neste País de merda,  já tinha havido "avisos" anteriores a quem de direito.
Vou recuar até ao já longínquo ano de 1996. 
Manuel Luís Pata,  no extinto  Correio da Figueira, a propósito da obra, entretanto  concretizada, do prolongamento do molhe norte da barra da nossa cidade para sul, publicava isto.

 “Prolongar em que sentido? Decerto que a ideia seria prolonga-lo em direcção ao sul, para fazer de quebra-mar.
Se fora da barra fosse fundo, que o mar não enrolasse, tudo estaria correcto, mas como o mar rebenta muito fora, nem pensar nisso!..
E porquê?... Porque, com  os molhes tal como estão (como estavam em 1996...), os barcos para entrarem na barra  vêm com o mar pela popa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em direcção ao sul, teriam forçosamente que se atravessar ao mar, o que seria um risco muito grande...
Pergunto-me! Quantos vivem do mar, sem o conhecer?”

Como ninguém ligou, ninguém tratou do problema, o resultado aí está: desde que a obra que aumentou em 400 metros o molhe norte da barra da Figueira da Foz ficou concluída,  temos um grande problema.
Tratar o problema é urgente: exige colocar ordem na desordem, que é a administração do território, e colocar ordem na desordem, que existe na gestão do litoral português.

António Miguel Lé, presidente da Cooperativa de Produtores de Peixe Centro Litoral, ONTEM, no decorrer da manifestação frente à Capitania da Figueira, disse aos jornalistas que “muita coisa falhou”, acrescentando que “não houve operação de socorro”. O armador figueirense relacionou a vaga de naufrágios de embarcações de pesca com mortos ocorridos à entrada da barra nos últimos cinco anos com as obras de prolongamento do molhe Norte
“É a conclusão que toda a gente tira”, afirmou Lé, exortando que se faça a “correção” antes que aconteça outro acidente. A empreitada teve como finalidade melhorar o acesso e a segurança do porto comercial, mas as embarcações de pesca têm-se deparado com dificuldades, por terem de fazer uma abordagem à barra lateral, ficando mais vulneráveis a golpes fortes de mar. Foi o que terá acontecido com o “Olívia Ribau”.

Na mesma oportunidade, em declarações ao mesmo DIÁRIO AS BEIRAS, João Traveira defendeu que o “país tem que despertar para os problemas da barra da Figueira que estarão na origem de naufrágios com um saldo de 15 mortos, nove nos dois últimos anos”

E tudo poderia ser diferente:  a Figueira poderia ter um grande porto... 

Naufrágio do arrastão Olívia Ribau gera onda de revolta e solidariedade na Figueira

A tarde de ontem ficou marcada pelos protestos de cerca de 300 manifestantes, entre familiares das vítimas, pescadores, muitos anónimos e praticantes de desportos de mar, que frente ao edifício da Capitania da Figueira da Foz, acusaram as autoridades de falta de meios e atraso no socorro e exigiram a colocação da bandeira a meia haste na capitania.



Entretanto, ontem também, a Câmara da Figueira da Foz decretou três dias de luto municipal na sequência do naufrágio de terça-feira à entrada da barra. A bandeira do município será colocada a meia haste em todos os edifícios municipais e nas 14 juntas de freguesia.

Por sua vez, a Direcção da Naval, com o acordo do Paços de Ferreira, solicitou à F. P. F. a emissão de 9500 ingressos para o encontro a realizar entre os dois clubes, referente à III Eliminatória da Taça de Portugal, que terá lugar na Figueira da Foz no próximo dia 18, ao preço único de 5.00€, cuja receita reverterá na íntegra para auxiliar as famílias dos pescadores da unidade pesqueira “Olívia Ribau”.

Sindicato da Polícia Marítima alerta para fragilidades do salvamento.
Esta Associação Socioprofissional da Polícia Marítima alertou ontem, quarta-feira, para as "fragilidades do actual sistema de salvamento marítimo" e enalteceu a actuação de um agente daquela polícia que salvou dois pescadores num naufrágio na Figueira da Foz.
Sabe-se também que a Autoridade Marítima vai fazer uma análise interna à operação de busca e salvamento no naufrágio do arrastão Oliva Ribau na entrada da barra da Figueira da Foz.

TRAGÉDIA DO ARRASTÃO OLÍVIA RIBAU EM 15 FOTOS IMPRESSIONANTES

Mais 14 Fotos de Paulo Octávio. Para ver clicar aqui.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Hoje pela 18 horas e 30 minutos frente à Capitania do Porto da Figueira da Foz

Actualização.
A manifestação silenciosa, agendada para as 18h30 desta quarta-feira em frente às instalações da Capitania do Porto da Figueira da Foz, pretende contestar a actuação dos meios de socorro no naufrágio ocorrido terça-feira.
Em declarações à agência Lusa, João Traveira, um dos promotores do protesto e praticante de 'bodyboard', frisou que a manifestação pretende contestar a demora na actuação dos meios de socorro e a versão da Marinha, que alega que as condições do mar e a existência de redes na água não permitiram que embarcações com hélices se aproximassem do navio naufragado. 
"Dizem que não saíram porque o mar estava mau e havia redes na água. Mas quais redes? Onde estão as redes? Se houvesse uma ou duas motos de água com pessoas que soubessem andar no mar tinham salvado toda a gente", criticou João Traveira. 
O promotor do protesto disse ainda que o agente da Polícia Marítima que estava de licença e veio a resgatar dois pescadores que estavam numa balsa à entrada da barra, mais de uma hora depois do naufrágio, "actuou sozinho, à revelia" da Autoridade Marítima, versão que o porta-voz daquela entidade, Nuno Leitão, desmentiu, alegando que a moto de água foi accionada pelo Comandante do Porto da Figueira da Foz.

As vítimas do naufrágio do arrastão “Olívia Ribau”

foto Pedro Agostinho Cruz
Estavam sete pescadores a bordo.  
Até ao momento: um morto, quatro desaparecidos e dois sobreviventes.
Seis dos sete pescadores são da Figueira da Foz (Leirosa, Costa de Lavos e Cova-Gala) e um é de Mira. 
João Paulo Conceição, de 45 anos, e Adriano Conceição, de 32, foram retirados com vida pela Polícia Marítima, às 20H40, com recurso a uma moto-de-água. Eram os únicos náufragos que se encontravam na balsa. 
Além dos dois irmãos da Leirosa, encontravam-se no pesqueiro Rui Gonçalves, Américo Tarralheira (Praia de Mira), os irmãos Adriano Comboio e Joaquim Comboio (da Cova-Gala) e António Fernando Mendonça. 
Todos na casa dos 40 anos, os dois últimos, com 56 e 57, respectivamente. 
Segundo o Jornal de Notícias, Joaquim Comboio, de 57 anos, é a vítima mortal. Quatro pescadores continuam desaparecidos.
Neste momento, está a dar a notícia na CMTV. Esta estação continua a afirmar que os 2 sobreviventes foram salvos por um elemento da Polícia Marítima que se encontrava de folga.
Isto, contraria em absoluto o que foi dito pelas autoridades competentes, nos directos feitos por esta mesma televisão.
Há muita coisa por apurar sobre mais um lamentável e grave acidente na barra da Figueira da Foz. 
Este vídeo é impressionante. 
Citando Camus: “Quando o grito mais dilacerante encontra a sua linguagem mais rigorosa, a revolta satisfaz a sua verdadeira exigência, e extrai dessa fidelidade a si mesma uma força de criação. Se bem que isso vá contra os preconceitos da época, o mais belo estilo em arte é a expressão da mais viva revolta.” (O Homem Revoltado)

Para quando um inquérito - a sério - à operacionalidade da barra depois das obras do prolongamento do molhe norte?

Depois da conclusão das obras do molhe norte, já aconteceram diversos acidentes na barra da Figueira.
Só em 2013, morreram 6 pessoas nesta nossa barra.
Os pescadores e os seus representantes, não se cansam de  alertar para o perigo da barra da Figueira da Foz de há 5 anos a esta parte. 
Em outubro de 2013, "a forma como a barra do porto da Figueira da Foz foi construída pode ter ajudado ao naufrágio da Jesus dos Navegantes".
Essa foi, pelo menos, a tese do mestre José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar.
Entretanto, os responsáveis – os que projectaram e mandaram executar a obra do prolongamento do molhe norte, apesar dos avisos que foram feitos – continuam alheios à realidade.
Num país a sério, já teria sido mandado abrir um inquérito para apurar o que se passa, na realidade, com a operacionalidade da barra da Figueira da Foz...
Alguém tem conhecimento que, apesar da anormalidade do número dos acidentes ocorridos nos últimos anos, tenha acontecido alguma coisa?..
Ontem, houve mais um acidente grave que trouxe dor e revolta a famílias de homens do mar da minha Terra.
Quantas pessoas é preciso morrer ainda para que se apurem as verdadeiras causas dos sinistros na barra da Figueira nos últimos anos?..