Um dia após encerrado o debate de dois dias na Assembleia da República sobre o Programa do Governo, que culminou com a sua rejeição e consequente queda do executivo PSD/CDS-PP, Rangel fez questão de “chamar a atenção” da Comissão Europeia para o facto de “todo o esforço que a população portuguesa fez nos últimos quatro anos, com resultados tão prometedores e tão inspiradores”, estar agora “comprometido” devido ao “acordo de forças da extrema-esquerda com o PS, que põe em causa o equilíbrio que até agora tem sido seguido em Portugal”.
Imediatamente, Marisa Matias pediu a palavra para “perguntar ao colega Paulo Rangel se não sabe que o problema de Portugal é mesmo o desemprego, a falta de procura, a pobreza e a situação miserável a que o Governo nos trouxe com a ajuda das reformas estruturais” e explicasse então “qual a contradição entre melhorar os salários, o mercado de trabalho, a procura e o crescimento económico e desenvolvimento”, as prioridades do semestre europeu.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
1 comentário:
Tinha esquecido esta "ajuda" internacional chamado Rangel. Na verdade a lista de futuros candidatos na sucessão de Passos e de Portas tem gente de fino quilate. Bem na linha Le Pen! Que melhor dupla caceteira do que Rangel e Nuno Melo?
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